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História Que capa vermelha você tem II - Á espera


Escrita por: MisakiMisa

Notas do Autor


Desculpa a demora humanos, a universidade tem me ocupado muito. Mas finalmente aqui está o capítulo. Eeehhh!!!!

Capítulo 9 - Á espera


Marcus veio morar comigo de vez, apesar da cara dos nossos pais. E eu sinceramente agradeço aos céus por ele ter me pedido logo em casamento ao invés de enrolar, eu o conheço pela metade que eu me lembro de minha vida, e eu quero que ele continue comigo pelo resto dela, o trabalho está indo bem e todo dia almoçamos juntos na casa dos pais dele (Raffael está morando aqui até providenciar a viagem de todos). Marcus é um noivo extremamente ciumento, mas quem sou eu para julgá-lo? As vezes tenho vontade de arrancar as mãos de Ana com os dentes por ela encostar no MEU noivo, como agora por exemplo. Está anoitecendo e os demolidores estão se dirigindo para suas casas, acabei de conversar com as meninas sobre os vestidos que vão usar, pretos, por uma questão de gosto geral (já comentei que quase todos os meus amigos são góticos ou punks?), os rapazes vão de camisa social e calça jeans, provavelmente de coturnos, e devemos usar casacos, parece que o inverno decidiu finalmente aparecer, tem estado muito frio, e essa é a desculpa de Ana para se pendurar no MEU homem lobo enquanto seguimos para a casa de Lucia Evalin e Raffael

– Está tão frio! – exclama ela pela milésima vez – E ficando escuro também, que bom que topei com você agora, seria horrível andar sozinha essa hora. Chapéuzinho, não está com frio?

– Não. – digo curta e grossa, imaginando exatamente o que seria horrível o suficiente para mantê-la longe pra sempre – Estou usando minha capa, se não percebeu.

– Não sei por que usa essa coisa esquisita. – diz torcendo o nariz – O que tem contra casacos? Não me diga que está esperando um caçador vir te salvar desse lobo aqui? – diz apertando o braço de Marcus que retira seu braço do dela educadamente, ela finge não perceber e se pendura outra vez, ranjo os dentes

– Na verdade, Chapeuzinho Vermelho e Lobo Mau sempre foi o melhor par possível. – digo arreganhando os dentes – Essa garotinha tem um lado selvagem que faria o caçador fugir se fosse inteligente.

– Bom, está certa sobre ser uma garotinha. – diz aparentemente compreensiva, me seguro para não chutá-la até o próximo quarteirão – Não sei como não tem medo de Marcus, ele é tão selvagem e vigoroso.

– A Red com certeza não é uma garotinha. – murmura meu noivo – Ela é a mulher da minha vida. – praticamente derreto ouvindo ele falar assim

O celular dele toca ele ouve algo e se vira pra mim

– Amor, eu esqueci uma coisa na casa do Luca, vocês podem ir sem mim? – pergunta – Fique com meus pais, já chego lá e nós vamos pra casa juntos, ok?

– Ok, te espero lá então. – ele me dá um beijo rápido e sai na direção oposta da que caminhamos

– E você? Tem alguém Anazinha? – pergunto meiga quando ele some numa curva, ela odeia esse trocadilho com seu nome – Por acaso está namorando?

– No momento não. – responde no mesmo tom – Mas eu tenho esse alguém que eu sei que me ama, sabe, ele está com outra, mas é só pra me esquecer. Embora o primeiro amor, o amor verdadeiro, não se esqueça. Tenho certeza que logo ele volta pra mim.

– Nossa, que confiança! – retruco, ela não é nada sutil – Boa sorte com isso.

– Não preciso de sorte. – diz – Ele nunca será capaz de esquecer o que teve comigo.

Quer saber? Marcus pode ser educado demais pra colocar as coisas do modo que essa piranha precisa ouvir, mas eu não seguro minha língua em momentos assim, nem minhas garras.

– Quer saber, já chega. – ronrono – Não sou mulher de ficar jogando veneno devagarinho, entenda o seguinte: um, eu amo o Marcus e ele me ama, dois: eu confio nele e sei que nunca foram pra cama, apesar das suas insinuações, três: ficar dando em cima de um homem comprometido é extremamente indecoroso, peço que não faça isso consigo mesma e afaste-se enquanto ainda tem um pinguinho de dignidade.

– Finalmente, mostrando as garras. – sibila ela agarrando a gola da minha capa – Afaste-se dele, ele é meu, e estaríamos juntos se você não estivesse manipulando ele. Não adianta me ameaçar, você sabe que é de mim que ele gosta. Se não deixá-lo e abrir caminho pra mim vou mandar acabarem com você.

Olho pra ela de cima pra baixo, posso ter um metro e sessenta e oito, não é exatamente muito alto, mas a infeliz só tem um metro e cinquenta e dois e ainda vem me agarrar pela gola? Pego sua mão com a ponta dos dedos, demonstrando meu nojo e pressiono feliz em ver sua expressão de dor. Exibo os dentes e sua expressão muda, o sol se foi, meu rosto está parcialmente na sombra e meus lábios rubros estão puxados em um sorriso falso, imagino o que ela está vendo e meu sorriso se torna real, o cheiro do medo emanando dela é adorável e eu nem fiz nada.

– Não me importo com o que sente. – digo – Ele não sente nada por você, e você sabe disso. Olha, não ligo que fale com ele, mas sinceramente odeio peixe, principalmente piranha, então mantenha suas mãozinhas longe dele, antes que eu as arranque fora pra você.

Largo sua mão e não escondo o desdém em minha face ao partir com minha capa rubra esvoaçando atrás de mim e o vento frio acariciando minha pele, ela anda quieta atrás de mim pelo resto da quadra, medo e ódio mais que óbvios em seu cheiro, em sua expressão, não ligo. Chego na casa dos meus sogros e entro em silêncio, ambos estão na cozinha, Raffael começando um bolo, solto um grito de advertência e coloco a capa no encosto de uma cadeira antes de tomar dele os ingredientes. Ele pode saber fazer muita coisa, mas bolo de morango com certeza não é uma delas. Bato as gemas e o açúcar enquanto ele sai para pendurar minha capa em um lugar melhor com uma expressão revoltada no rosto

– Vai explicar por que a vizinha está com tanto medo que dá pra sentir o cheiro só de passar na frente da nossa janela aberta? – pergunta ao voltar

– Ela insinuou que tinha dormido com o Marcus, depois me mandou ficar longe dele, depois me ameaçou. – respondo pegando um morango, enfio o dente nele antes de continuar – Eu não aceitei muito bem e falei exatamente o que vou fazer se ela encostar nele de novo.

– E esse é um dos motivos pelos quais eu amo essa mulher. – fala Marcus atravessando a porta e me dando um selinho – Ela é tão ciumenta e aterrorizante quanto eu.

– Você tem a vantagem de se transformar num lobo negro do tamanho de um garanhão puro sangue. – retruco acrescentando margarina á mistura – Não tem como a comparação ser justa.

– Amor, você já se viu irritada? – pergunta sorrindo, um braço enlaçando minha cintura – Os dentes afiados naquele sorriso de gelar o sangue, os olhos verdes como um broto de primavera cintilando no tom do veneno e esses cabelos cor de fogo que parecem incendiar o mundo... Meu amor, você é a princesa da escuridão.

Ouvimos um pigarro vindo da mesa e eu coro, Marcus ri e vai despejando a farinha de trigo na mistura que eu volto a mexer. Cada um conta como foi seu dia enquanto mexo, coloco a mistura no forno e coloco o chantilly na batedeira, lavo os morangos e preparo o café. O bolo só vai estar pronto pra ser comido em algumas horas, mas acho que precisamos desse tempinho, meus pais chegam com uma garrafa de vinho, única bebida alcoólica que eu não odeio e todos se dirigem para a sala enquanto o bolo assa, é quinta e amanhã eu não vou trabalhar, o que quer dizer que posso dormir um pouco mais tarde, mas terei que cuidar por que Marcus trabalha ás sextas. Ele e os rapazes vão colocar tudo no lugar domingo de manhã, mas eu es as garotas é quem estamos arranjando tudo. Mamãe conseguiu faixas, luzes, som, velas e mais um monte de coisas, gostei da ideia das velas, acho que vou coloca-las no lugar das lâmpadas, considerando as fogueiras, acho que ninguém vai ficar no escuro. Mamãe também disse que providenciou azevinho e que acha que talvez caia neve, eu torço para que sim, amo neve, amo demais. As conversas giram em torno de lembranças, sejam de nós quando crianças, sejam dos mais velhos. Até que resolvo perguntar sobre algo que me incomoda

– Mas se lobos não tem o mesmo tempo de vida que os humanos, por que vovó envelheceu? – pergunto, não faz sentido

– Por que ela escolheu isso. – responde mamãe – A imortalidade não é realmente o que todos pensam e existe uma hora em que não desejamos mais a juventude eterna, quando essa hora chega passamos a envelhecer, mas lentamente que os humanos sim, mas envelhecemos e finalmente morremos. Sua avó fez essa escolha antes mesmo que você nascesse, ela escolheu isso meio século atrás.

Eu perguntaria mais, mas o timer avisa que é hora de tirar o bolo do forno, eu sigo para a cozinha e ponho meus fones de ouvido antes de passear pela cozinha organizando tudo. Meu noivo me abraça por trás enquanto lavo a louça e tira meus fones depositando um beijo em minha testa, embora ele seja muito carinhoso dentro de casa nós não somos o tipo de casal que sai se beijando em todo canto, o que torna bem importante o fato dele ter me beijado quando Ana estava irritando. Ele aspira o aroma de meus cabelos que prendi em um coque e pega um pano de prato antes de se escorar na pia ao meu lado e se por a secar a louça.

– Está ouvindo? – pergunta – Estão falando de nós.

– Ah, essa história de novo não. – resmungo

– Dê um desconto, meu pai nunca ouviu ela. – diz sorrindo.

É claro que ele sorri, a vítima na história fui eu enquanto ele foi o herói. Bufo em protesto mas fico quieta enquanto termino a louça e me dedico ao bolo outra vez, preparando o recheio

– Eles já eram unha e carne aquela época. – diz minha mãe – Foi a primeira vez que eles passaram um mês sem se ver desde que se conheceram.

– E não foi fácil convencê-la á ir naquela viajem sem os amigos. – reclama papai – Penso que se tivéssemos levado todos não teríamos nos preocupado tanto.

– Eu quase perdi meus cabelos. – resmunga Lucia – Quase morri de pura preocupação.

– Me deixaram curioso. – reclama Raffael

– Deixa eu contar do começo. – diz papai em sua voz melodiosa – Ela tinha dez anos, ele doze, eu a levei comigo e Kaerem numa viagem de férias da minha empresa. Viajamos para a costa, do outro lado do continente, ficamos em um resort na beira da praia, era pra ser por uma semana, mas Kallhin foi sequestrada.

– Sabíamos que ela estava bem, mas não conseguíamos encontrá-la. – lembra minha mãe – E procuramos como loucos, fossem com os recursos humanos ou não. Se passaram duas, três semanas e nada, estávamos praticamente em desespero.

– Mas aí ela conseguiu por as mãos num telefone. Ela tinha fugido havia duas semanas do cativeiro, acontece que ela não sabia direito o que era na época, mas era uma quadrilha de comércio de garotinhas para prostituição infantil. – não preciso estar na sala pra saber a expressão que meu pai está fazendo ao contar isso, para a maioria das pessoas ele fala que eu me perdi, não conta nada disso – Ela estava se escondendo e sobrevivendo sozinha, na mata, por duas semanas sozinha, mas ela achou civilização e um telefone, e ela tinha reconhecido a floresta. Por muitos motivos, a base da quadrilha era nessa reserva, bem longe daqui, já que essa reserva é gigantesca, mas ela estava nesse país e sabia que eu a mãe dela estávamos longe, então ela ligou pro Marcus.

Continuo com o bolo mecanicamente, meu noivo me abraça por trás seu queixo descansando em minha cabeça, as mãos acariciando de leve minha cintura

– Ele levou cinco dias pra achar ela. – diz mamãe – Ela tinha visto policiais envolvidos, então ao invés de correr o risco de ser pega ela chamou ele, os dois soltaram as meninas, tocaram fogo no lugar, que felizmente não era tão afundado assim na floresta, chamaram toda a polícia e a imprensa também, e sumiram antes que fossem vistos.

– Eles chegaram aqui uma semana depois das notícias saírem no jornal. – diz Lucia Evalin – Era noite, e ele parecia um menino das selvas, ela usava um moletom vermelho grande demais pra ela e os demolidores estavam todos a reboque, eles tinha encontrado eles entrando na cidade e os trouxeram escondidos até aqui em casa.

– Eu investiguei e descobri o que tinha acontecido. – fala meu pai – Cuidei do que havia restado da quadrilha.

– Cuidamos. – diz minha sogra

– Nós só contamos para eles o que eles tinham encarado anos depois, quando eles já eram grandes o bastante para entender de verdade. – continua papai – Eles nunca mais se desgrudaram até uns meses atrás, e você sabe o que aconteceu depois.

Deixo de prestar atenção e coloco os fones de novo, me dedicando á decorar o bolo, com chantilly e morango. Marcus me ajuda em silêncio, eu não me lembrava direito dessa história, preferi acreditar na versão mais divertida, mas ouvi-la assim me faz lembrar, e eu não gostei de lembrar. A noite vai passando, o bolo fica pronto, e está lindo, nós jantamos e ele é uma ótima sobremesa, o vinho estava uma delícia e quando está tarde, meus pais vão pra sua casa e eu e Marcus pra nossa. Caminhamos em silêncio, braços entrelaçados, eu levo uma cesta com uma parte do bolo e uma garrafa de vinho. Chegamos em casa sem dizer uma palavra, eu estou simplesmente apreciando as partes boas das lembranças que me atacaram, andar de mãos dadas, dormir abraçados sob o céu estrelado, vê-lo chegar quando meu mundo estava destruído. Sempre foi ele, sempre será ele, me amando, me salvando, me cuidando. A cesta é esquecida quando nos sentamos perto da lareira, quando sem dizer nada eu o beijo, agradecendo sem palavras por tudo que ele é pra mim, por tudo que ele fez por mim, e eu me sinto amada e eu demostro meu amor quando com cuidado, devagar e carinhosamente tiramos nossas roupas peça por peça e fazemos amor ao pé do fogo. Mais tarde ele me pega nos braços e me carrega até nossa cama, onde nos amamos de novo antes de adormecermos abraçados.

O sol nasce brilhante e eu me levanto com ele, Marcus vem logo atrás farejando minhas panquecas e o café quentinho. Ele me beija antes de pegar o mel e pôr a mesa pra nós dois, comemos conversando sobre a festa, que pelo rumo que está tomando vai ser praticamente um ensaio pro casamento já que as madrinhas vão combinando, assim como os padrinhos, vamos trocar votos e alianças, nós já estamos morando juntos e minha mãe contratou um bufê e convidou no mínimo metade da cidade pra festa, sorte que a clareira é enorme. A partir de amanhã mamãe e Evalin vão dormir aqui e depois do pôr do sol a entrada dos homens é total e expressamente proibida.

Quando meu noivo sai pra trabalhar uma hora mais tarde, me despeço dele na porta e fico ali em pé esperando Levy e Maia que vem chegando de bicicleta, o principal meio de transporte da reserva. Imagino o que mamãe terá recomendado que todos vistam, mas acho que a maioria vai vir de carro (provavelmente todos amontoados dentro dos poucos carros que as pessoas aqui têm, já que a maioria prefere bikes ou motos devido ao tamanho reduzido da nossa comunidade. Olho em volta, acho que terão que estacionar perto da estrada, ainda bem que a casa é ao fundo da clareira e deixa bastante espaço no meio para o círculo de fogueiras, o riacho que contorna o lado esquerdo parece cantar e murmurar uma canção alegre apesar do frio que está fazendo, me enrolo melhor em meu robe, enxergando minha respiração. As garotas colocam as bikes na varanda, eu puxo as malucas para dentro e dou a elas café da manhã, provavelmente elas já comeram em casa, mas você nunca vai ver um demolidor recusando comida se não estiver rolando algo bem grave. Depois de terminarmos (eu comi mais um pouco) ligo o som e nos dedicamos ao trabalho, funcionamos melhor com música. Não leva quinze minutos pra Levy se aproximar de mansinho

– E então. – começa como quem não quer nada – Notamos que anda comendo bastante, você está grávida?

– O quê??? – indago muito tentada a por juízo nessa cabeça oca usando um taco de beisebol – Não sua louca, não estamos junto nem há um mês!

– Ah, mas...

– Sabe que estou comendo o tanto que como normalmente. – interrompo – Além disso eu e Marcus estamos nos cuidando, temos juízo, ao contrário de você. Devia arrumar um namorado e parar de se preocupar com minha vida.

– Arranjar um namorado talvez, parar de se meter na sua vida? Que tipo de amiga eu seria se fizesse isso?

– Uma amiga madura e educada. – interrompe Maia – Mas nenhuma de nós é e provavelmente jamais será assim, arrumação depois, vamos ver esse vestido de noivado.

Dito isso cada uma me segura por um braço e eu sou arrastada até o sótão para o encontro com o meu tão esperado vestido.


Notas Finais


Próximo cap sai na segunda se Deus quiser!!!


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