História Que descolorirá - Capitulo unico

Olhei ao meu redor, tudo estava confuso, eu estava sem chão não tinha mais motivo para viver, olhei o caixão sendo inteirado lentamente, todos chorando e uma tempestade caindo em meus ombros, eu não entendia o que exatamente estava acontecendo, quando se tem sete anos não costumam te contar o que acontece, eu até diria que estava chorando loucamente e meu olho ardia, mas estaria mentindo, só podemos chorar quando sabemos o que acontece, eu naquele momento só sabia, que meu tio não morraria mas na minha casa para fazer o tratamento dele, que ele não iria mais fazer suas piadas sem graças só para puxar assunto, que ele não iria mais ouvir e dançar comigo minhas músicas infantis e que minha tia que nunca se deu bem com aquele meu tio tinha sido a pessoa mais gentil com ele nó últimos dias, era só isso que eu sabia, não estava triste eu simplesmente estava vazia por dentro.

                                                       ~~uma semana antes~~

      Eu estava olhando ansiosamente para janela, eu estava adorando os últimos anos, em que meu tio favorito estava morando lá em casa para fazer um tratamento qualquer, mas nesse último mês não sei porque ele foi para formigas junto com minha tia, a cidade em que ele nasceu, eu já estava morta de saudades.

      Mas hoje de manhã papai disse que iriamos ir vê-lo, mas não entendi porque ele estava tão triste, será que era porque ele preferia o titio de cabelo comprido? Eu também havia contestado quando ele raspou, mas no fundo sabia que não era tão simples.

     Quando chegamos na antiga casa da minha tia, logo percebi que avia algo muito errado, meu tio nunca se deu bem com minha tia.

     Minha desconfiança se confirmou, quando vi que minha mae e minha irmã estavam chorando atrás de mim

     --Papai, o que tá acontecendo? Me conta. – digo implorando

    Meu pai me olhou sério e vi que ele também chorava.

     --Viemos dar tchau para seu tio, ele terá que se mudar para um lugar muito longe.

     Entramos na casa e todos também choravam, o tempo pareceu se arrastar até que pude ir falar com a única pessoa que me contaria o que está acontecendo.

     Entrei no quarto, onde me assustei, meu tio estava triste deitado na cama e careca como se tivesse descolorido, mas assim que me viu forçou um sorriso.

     --Como vai minha pequena margarida?

     --O que tá acontecendo? - digo seria

    Ele me olhou e pediu para me sentar na cama.

    --Não está acontecendo muita coisa, eu só estou preço aqui temporariamente, mas relaxe tranquila que daqui a pouco eu serei libertado, mas tudo tem seu preço, eu não poderei mais falar com você, mas se lembre eu te amo.

     --Você está descolorindo? Como na música aquarela, que você cantava para mim?

     --Sim, mas eu ficarei melhor descolorido do que descolorindo.

     Então ele me abraçou...

     Não lembro mais exatamente o que aconteceu depois.

                                                      ~~seis anos depois~~

     Foi como uma faca no peito, para mim, estava bem na aula de artes quando a professora colocou aquela velha musica infantil, aquarela.

     Minha vontade foi de chorar, perdi a cabeça, perdi o chão.

     Minha amiga que sentava em minha frente percebe minha repentina tristeza, o que não era normal para alguém tão alegre e que costuma fazer piadas tão sem graças só para puxar assunto.

     --O que ouve? - ela me disse seria.

     --Nada, só me deu uma saudade do meu tio...

     --Ligue para ele, ué?

     --Acho que ele não irá atender...

     Foi ai que ela percebeu, me abraçou e voltou ao seu lugar, Vitoria nunca foi boa em consolar, mas sabia que ela estava tentando então simplesmente fingi estar melhor.

     Olhei para a grande janela e vi as árvores balançando, e no fim da música ouvi a voz do meu tio cantando para mim.

     Giro um simples compasso e num círculo eu faço o mundo (que descolorirá)