História Quebrando promessas - Concentração

Me tranquei no banheiro nervosa. Aliás, porque eu estou nervosa? É só o Zlatan.
Tomei um banho rápido e vesti um shorts e uma camisa. Fiz um coque mal feito no cabelo e desci. Encontrei Zlatan em pé olhando de perto minhas fotos e recordações de viagens. Eu tinha uma parede só com essas coisas, eram fotos, souvenirs, quadros e tudo que eu trazia das viagens que eu fazia. 
Cheguei perto e ele não percebeu, acho que estava bem entretido olhando uma foto em que um amigo meu, o Vinicius, beijava minha bochecha e eu sorria como uma boba. 
- essa foi no Peru, Machu Picchu. - eu falei parando ao seu lado.
- seu namorado? - ele perguntou parecendo estar interessado.
- Ah não! O vini é um amigo. - falei sorrindo.
- geralmente não se namora com inimigos. - ele soltou e foi analisar outra foto.
Aff ele tinha que me lembrar com quem eu estava lhe dando. Com o supremo irritante, Zlatan Ibrahimovic! 
- ele não é meu namorado, nos conhecemos quando fui pra argentina uma vez e por incrível que pareça nos encontramos no Chile alguns meses depois. Foi então que marcamos uma viagem para o Peru junto com nossos amigos em comum. Satisfeito? - eu perguntei e arquei uma sobrancelha, mas só deu tempo dele me encarar com meio sorriso no rosto porque a campainha tocou. 
Fui atender e eram as pizzas. Paguei e fui pra cozinha chamando por Zlatan. Ele demorou mas logo apareceu.
- ficou encantado com as fotos? Pensei que não ia querer comer mais. - falei brincando.
- você já viajou praticamente o mundo todo! Poucos tem essa chance. - ele disse me encarando e sentando na bancada se servindo.
- não, ainda falta muito pra eu conhecer o mundo todo, mas espero  chegar lá! Agora Você sim já deve ter conhecido metade do mundo.
- eu? Talvez um dia, por enquanto minha carreira não permite. Mas que lugar... - o telefone dele tocou e aquele Zlatan falante que tinha surgido na minha frente desapareceu.
Ele falou em uma língua diferente, deduzi que era sueco. Ele foi tão frio durante a ligação que eu desviei o olhar tentando não demonstrar que eu estava prestando atenção, mas prestando atenção em que? Eu não tava entendendo nada mesmo!
- Mariana, eu preciso ir. - ele mal desligou o celular e já se levantou falando.
- Aah, mas você nem comeu direito, não me deixe sozinha com duas pizzas.
- eu preciso ir, já perdi meu tempo demais.
Eu o encarei com fúria. Porque ele não podia ser gentil? PORQUE?Respirei fundo e caminhei na frente dele, abri a porta com muita raiva e dei espaço pra ele passar. Ele passou, mas antes de sair se virou pra mim:
- você me entendeu errado.
- não perca seu precioso tempo comigo, vá embora logo! - falei e bati a porta na cara dele com força. IDIOTA! 
Meu celular estava tocando então corri pra atendê-lo:
- alô?
- oi mariii, é o david! Cade você? Estamos te esperando!
Merda, esqueci dos meninos. 
- David mil desculpas! Nossa eu esqueci de vocês. - ouvi ele suspirar do outro lado da linha. - mas david é que eu tive um pequeno imprevisto...
Eu expliquei pra ele sobre o pequeno acidente, mas que estava bem. Ele ficou super preocupado e contou pros meninos. Paul queria porque queria ir me ver, conferir se eu estava bem. Por fim eu consegui convencê-los de que estava bem e só precisava descansar. E precisava mesmo. A dor na minha cabeça e o estresse gerado por Zlatan me fizeram dormir ali no sofá mesmo, assim que desliguei a ligação.
Acordei no sábado com a luz do sol no meu rosto e toda torta. Eu tinha a manhã livre, então organizei minhas coisas e arrumei minha mala já que iríamos ficar concentrados a partir daquela tarde. Comi qualquer besteira em casa, pra ser mais  exata a pizza que sobrou da noite anterior, me arrumei e fui pro CT.
Chegando lá fui logo organizar tudo que eu iria precisar levar na pequena viagem que faríamos e depois segui pro ônibus que nos levaria.
O jogo vai ser aqui na Inglaterra mesmo, então a viagem de ônibus será curta e vamos passar a noite em um hotel, mas antes faremos um treino no estádio onde acontecerá o jogo. Entrei no ônibus e a maioria do pessoal já estava lá, tanto comissão quanto jogadores. Falei com alguns meninos e voltei a explicar que apesar do curativo em minha testa eu estava bem. Fui atrás de um lugar pra sentar, os meninos insistiam que eu sentasse com algum deles, mas não cedi, sentei sozinha. Ainda bem que eles não se levantaram pra sentar comigo.
 Fiquei do lado da janela, e logo coloquei meus fones. Eu ainda não tinha visto Zlatan, me peguei pensando nele, até que o vejo entrar no ônibus. Nossos olhares se encontraram e eu desviei, ainda estou com muita raiva. Ele veio andando em minha direção e sentiu ao meu lado.
- Mariana... Você está melhor? - ele pergunta sério e me encarando.
- por favor não perca seu tempo comigo. 
- por favor não seja infantil! - ele esbravejou.
Aumentei o volume dos meus fones e fechei meus olhos, eu não queria me estressar, hoje não.
Nos já estávamos a caminho do estádio. Zlatan não me incomodou mais e eu tentei não ligar muito pra presença dele ali, o que foi bem difícil.
Finalmente chegamos ao estádio e saímos do ônibus rumo aos vestiários. Eu me troquei e fui logo fazer meu trabalho com os meninos. 
Foi um fim de tarde e começo de noite de treino bem descontraído e tranquilo. Eu estava me dando muito bem com os meninos, o que era bom, me fazia esquecer de que eu estava com um pouco de raiva deles.
Estava indo tudo tão bem que eu arrisquei até uns toques de bola lá com os caras. E foi nessa brincadeira que uma bola não sei da onde bateu com força em minha testa, bem em cima do corte. Eu cai como uma fruta madura no chão e levei minha mão à testa. Droga estava sangrando! E muito!
- mari vc tá bem? - Paul correu em minha direção perguntando.
Ouvi o Mourinho chamando alguém pra fazer um curativo em mim. Eu me sentei e tirei o curativo que já estava encharcado de sangue de minha testa. Os meninos fizeram um aglomerado ao meu redor, e isso não estava ajudando. Não gosto dessa atenção exagerada. 
Um dos médicos chegou e começou com os primeiros socorros. Mourinho mandou todos saírem de perto e prosseguiu o treino. Percebi então  que Zlatan ficou lá. Ele ficou o tempo todo me olhando e quando o Steve terminou, Zlatan me pegou pela cintura me ajudando a ficar em pé. Eu cambaleei e me segurei em seus braços. E que braços! Foco Mariana!
- Mari, é bom você sentar e ficar repousando alguns minutos. - Steve,  falou me avaliando.
- vou levar ela Steve - Zlatan disse e me pegou em seus braços.
Dei um gritinho e me segurei mais em seus braços. Ele não precisava fazer aquilo! 
Zlatan me levou pra área do vestiário.
- você quer alguma coisa? Água? - ele perguntou me colocando em um dos bancos que tinham lá. 
- não obrigada, estou melhor já. 
- tem certeza? Acho melhor vc tomar uma água, sei lá. - ele falou me olhando e levando sua mão até minha testa, como no dia anterior, e fez carinho. 
Nossa! Eu poderia ficar ali pra sempre! Ele as vezes parecia ser outra pessoa.
- Zlatan... - eu falei baixinho - obrigada mas eu estou bem, você já pode voltar pro treino.
Ele prontamente tirou a mão da minha testa e disse se afastando:
- eu até iria se você me soltasse.
Eu ruborizei na hora. Onde eu estava com a cabeça que ainda estava segurando nos braços dele? Tinha que ser eu.
Soltei-o imediatamente e desviei o olhar. Percebi que ele sorriu de lado com a minha reação e logo depois saiu.