História Queen of disaster - Capítulo 17

- Ai, essa água 'tá gelada. - foi a primeira coisa que Katniss disse quando eu a coloquei de roupa e tudo embaixo do chuveiro. 
A minha vontade era de não ter aparecido na festa de aniversário dela, apenas para provar que ela não era o centro do mundo, ou pelo menos tentar provar, já que ela havia virado a minha vida de cabeça para baixo. Já havia passado das duas da manhã quando eu resolvi me arrumar e ir até o local marcado, com certeza eu encontraria um bando de adolescentes podres de bêbados. 
O amigo de Katniss, o tal Finnick estava no meio da pista principal olhando feio para mais de meia dúzia de caras que pareciam encantados com a ruivinha que vivia grudada em Katniss. Sorri comigo mesmo antes de aceitar o copo com a bebida desconhecida que a garota me ofereceu quando passou por mim, olhei para os lados e sorri, a patricinha sabia dar uma boa festa. 
- Isso é pra você aprender. - falei a segurando firme pelos ombros enquanto a água molhava ela e a mim também. 
A cena seguinte que eu encontrei não era nada agradável, meu sangue chegou ao meu rosto em poucos segundos e a vontade de quebrar meu copo entre meus dedos só aumentou quando eu vi Katniss quase nua em cima do balcão. Os caras gritavam, aplaudiam e ela parecia estar feliz enquanto rebolava e passava as mãos por suas curvas tão bem definidas dentro daquela roupa de oncinha e caralho, a raiva de ver os caras a comendo com os olhos falou mais alto do que a minha tentativa de ignora-la. 
- Eu queria o meu licor de pêssego. - ela choramingou e eu desliguei o chuveiro. - Tinha quase meia garrafa. 
- Você é louca. - falei a enrolando na toalha e a tirando do banheiro. - Fica aí. - a coloquei sentada no sofá. 
Caminhei até a minha cômoda e peguei uma camiseta e uma calça minha para ela usar quando voltei para perto, ela sorria. 
- Você foi na minha festa. - ela falou sorrindo. 
Fui. Fui e tirei você quase nua de cima de um balcão onde você dançava podre de bêbada e depois disso tive que ligar para a minha prima louca e pedir para ela ir até lá e trocar de automóvel comigo para que eu pudesse trazer você em segurança para a minha casa. E agora estou aqui cuidando de você e perdendo cada vez mais a minha sanidade, na verdade estou quase abandonando a minha tentativa de ignorar você e te dizer o que eu sinto de verdade e o que eu senti quando te vi lá tão exposta. 
- Claro que fui. - comentei sorrindo. - Tinha bebida grátis. Veste isso. - joguei as roupas em seu colo. 
Caminhei até a cozinha e coloquei a água no fogo para poder passar um café bem forte para espantar a bebida do corpo dela. Passei o café pelo coador e coloquei uma quantia generosa em um copo antes de voltar para a sala. 
- Porra! - falei quando o pouco café escorreu por meus dedos. - Cadê a calça? - perguntei.
- Eu não consegui vestir. - ela falou erguendo a minha camiseta e caralho. - Peguei uma cueca sua. - ela sorriu. 
- Toma isso aqui. - estendi o copo para ela que pegou. - Eu...Eu vou tomar um banho. - falei e fui para o banheiro.
Katniss estava deitada em meu colchão, minha camiseta ficava bem nela como nunca havia ficado em nenhuma das garotas que haviam passado pela minha vida. Ela era magra, magra como uma bailarina tem que ser, mas ao contrário da maioria ela tinha um quadril largo e coxas muito grossas e chamativas. 
- Faz dias que eu quero falar com você. - sua voz abafada me fez tirar os olhos de suas pernas e olhar para o seu rosto. - Mas você não tem feito questão de falar comigo direito. - ela falou a última parte mais baixo. 
- Esse não é o melhor momento para discutirmos isso. - falei sentando no sofá. 
- Eu estou bem. O banho e o café fizeram um bom trabalho. - ela sorriu um pouco. 
- Tudo bem. - curvei meu tronco para frente e descansei meus braços nas pernas. - Você aceitou muito fácil me pedir desculpas na frente de geral, achei que o castigo devia se prolongar porque pensei que você não tivesse aprendido uma boa lição. - dei de ombros. - Então, se eu não falasse com você iria ser melhor e mais fácil de você aprender que o mundo não gira ao redor do seu umbigo. Nem tudo vai sempre funcionar da maneira que você deseja, Katniss. Nem tudo no mundo pode ser comprado com dinheiro e se um dia você quiser chegar em algum lugar não pode tentar chegar pisando nas pessoas. 
- Eu pensei que você não fosse na minha festa. - ela quase sussurrou e eu sorri. 
- Eu não iria. - falei simplesmente. - Mas eu não podia perder a bebida grátis. 
- Foi só por isso? - ela ergueu uma sobrancelha em dúvida. 
Não. Não foi só por isso pirralha. Foi porque era o seu aniversário, o aniversário da patricinha mimada e prepotente pela qual eu estou fodidamente apaixonado. Eu não poderia deixar de estar ao seu lado, ao lado da minha Florzinha. 
- Foi. - falei por fim e ela olhou para as unhas. - Eu tenho algo pra você. - falei a fazendo me olhar.
Me levantei indo até a bancada da cozinha e de lá peguei a lembrança, caminhei até ela com uma das mãos atrás do corpo escondendo o presente. Eu não tinha a menor ideia do que dar a ela de aniversário, como eu não tinha planos de ir à festa acabei não pensando em nada. 
- Feliz aniversário, Flor. - falei estendendo a flor que eu havia roubado no caminho da festa para ela.
- Pra mim? - ela perguntou pegando a flor com delicadeza e eu assenti. - Obrigada.
- Desculpa a simplicidade, eu não tinha comprado nada para você então vi essa flor no caminho da sua festa e resolvi pega-la para você.
- Eu não sei o que dizer. - ela me cortou. - Eu amei, foi o melhor presente que eu poderia ter ganho. - a encarei sem entender. 
Seus olhos cinzentos brilhavam para mim e eu não conseguia entender o que aquela simples flor havia causado nela, na verdade eu nem tive tempo para processar tudo já que em poucos segundos Katniss chorava. Eu nunca havia visto ela chorar e confesso que eu preferia nunca ter visto, já que as lágrimas dela causavam dor em mim e me deixavam sem ação. 
- Flor? - chamei baixinho. - O que houve? - perguntei sem realmente saber o que fazer. - Não chore, eu roubei mas eu posso devolver amanhã. 
- Não é isso. - ela sorriu em meio as lágrimas. - É que, é que você é a primeira pessoa a me dar um presente de aniversário que não fosse algo que eu mesma tivesse pedido. 
- Eu não tenho condições de dar algo que você me peça, Flor. - falei sorrindo. 
- Meus pais estão sempre viajando a negócios e esse já é o meu terceiro aniversário sem eles, os presentes caros e as ligações não compensam mais. Eu sinto a falta deles todo o santo dia. Eu sinto falta de passar o meu aniversário ao lado de alguém que realmente se importe comigo. - ela falou tudo em um só fôlego e logo recomeçou a chorar. 
Eu nunca havia visto Katniss chorar e confesso que cada lágrima dela que rolava era um apunhalada no meu peito. 
- Eu estou aqui. - falei tocando sua mão pequena com a minha. - E eu realmente me importo com você. - ela me encarou e limpou as lágrimas.
 - Peeta, eu sei que nada justifica o fato de eu ter te julgado mal e depois ter ofendido você na frente do pessoal da escola. Mas eu gostaria que você soubesse que o discurso que eu fiz sobre você no ringue era verdadeiro, e eu sinto muito mesmo por ter estragado a nossa amizade muito antes dela começar. - mais um par de lagrimas rolaram e eu me sentia cada vez mais sem ação. - Eu não suporto não ter a sua atenção, eu não suporto ver você ficando com todas aquelas garotas e se quer olhar para mim, eu não aguento mais querer ter alguém que esteja sempre comigo e essa pessoa simplesmente não se importar. - ela deu um soluço audível. 
Por não suportar vê-la chorando me ajoelhei no colchão e a ergui pelos ombros até que ela também estivesse ajoelhada e segurei seu rosto vermelho pelas lágrimas entre minhas mãos. Arrumei seus cabelos que insistiam em cair em seus olhos e beijei sua testa, seu nariz e por último depositei um selinho em seus lábios cheios antes de aperta-la contra mim, a sufocando no meu abraço. 
- Está tudo bem, Florzinha. - sussurrei depois de longos minutos em silêncio. - Eu vou estar ao seu lado, sempre.