Chegou o grande dia, bombonzinho. - Finnick estava escorado no batente da porta do camarim.
O dia do Show havia finalmente chegado e com ele a reta final para a minha aposta com Clove se cumprir, ou seja, eu tinha pouco tempo para contar tudo a Peeta. Eu sabia que já deveria ter contado a verdade há muito tempo, mas só eu sabia o quanto era difícil olhar naqueles olhos azuis e simplesmente dizer que eu havia apostado o coração dele.
- Eu esperei muito por esse dia. - sorri para meu amigo.
- Eu vim lhe desejar sorte. - ele caminhou em minha direção. - O seu lutador está com Annie lá fora e ele parece mais nervoso do que você.
- Eu não sei como ele conseguiu me manter tão calma sendo que ele está muito mais ansioso do que eu. - comentei soltando um pequeno sorriso. - Eu ainda não consegui, Finn.
- Eu imaginei que não, mas você precisa, Katniss. - meu amigo me segurou pelos ombros. - Você precisa.
- Eu sei, mas não é tão fácil quanto parece. - suspirei baixo, encarando os olhos verdes de Finnick. - Eu não quero machuca-lo.
- A mentira machuca mais que a verdade, Kat. - meu amigo sorriu fraco. - Experiência própria.
- Eu tentei contar no aniversário dele. - fechei os olhos. - Mas era um momento tão nosso que eu não quis estragar.
- Hey, badboy. - sorri assim que Peeta estacionou sua moto em frente à escola.
- Olha só se não é a patricinha mais sexy de Chicago. - sorri antes de correr em sua direção e praticamente me jogar em seus braços. - Que bela recepção. - ele sorriu, enquanto me girava sustentando meu peso com um único braço.
- Feliz Aniversário, baby. - apertei meus braços ao redor de seu pescoço.
- Obrigada, Florzinha. - ele me soltou e olhou em meus olhos. - O dia mal começou e eu já sei que esse é o meu aniversário favorito.
- Bobo. - selei nossos lábios rapidamente. - Para onde vamos hoje? - ele fez uma careta.
- Acho que nós precisamos dar um tempo nessa coisa de matar aula. - ele colocou uma mecha de cabelo atrás da minha orelha. - Você vai acabar se prejudicando e eu não quero isso.
- Eu não vou me prejudicar. - sorri beijando seu queixo. - Eu sou a melhor aluna dessa escola, depois de Annie Cresta, claro. - ele sorriu.
- Flor...
- Eu prometo que não vou mais matar aula esse mês. - ele gargalhou, antes de apertar as minhas bochechas.
- Espertinha. - recebi um beijo na ponta do meu nariz. - Hoje é o último dia do mês de agosto. - ele beijou minha testa antes de me abraçar. - Vamos sair daqui então.
- Eu entendo, Kat. - meu amigo me olhou de maneira terna. - Mas eu realmente estou preocupado com toda essa situação.
- Não mais do que eu. - confessei. - Mais ainda hoje Peeta vai saber toda a verdade.
- Você não precisava me dar nada. - Peeta comentou assim que eu entreguei o pequeno embrulho a ele. - Você é o meu melhor presente.
- Eu sei que sou. - falei sorrindo e ele rolou os olhos. - Mas eu quis comprar mesmo assim.
- Sendo assim, obrigado. - ele agradeceu e começou a abrir o embrulho.
Nós havíamos aproveitado a manhã para passear pelas ruas de Chicago. Peeta havia deixado eu pilotar sua moto na maior parte do trajeto. Escolhemos comer comida japonesa e confesso que Peeta soube lidar com os hashis melhor do que eu. Ele só fazia me surpreender cada dia mais e eu não podia estar mais encantada e apaixonada por aquele lutador.
- Uau. - foi a primeira coisa que ele disse assim que viu a corrente. - Isso é... Uau.
- Espero que esse “uau” seja o mesmo que “gostei”. - sorri e ele me encarou.
- Com certeza é. - ele sorriu e voltou a olhar a corrente. - Obrigado, Flor.
- De nada, baby. - me ajeitei melhor no sofá de sua casa. - Vou colocar em você, vem.
- Isso não vai soar meio gay? - ele brincou e eu revirei os olhos. - Tudo bem, coloque.
- Prontinho. - Peeta virou para mim.
- Como estou? - ele colocou uma mão atrás da cabeça e ergueu o rosto.
A corrente com o pequeno pingente de moto combinava perfeitamente com seu peito forte coberto por tatuagens e ainda mais com a sua pose de badboy.
- Perfeito. - divaguei e pude ouvir ele sorrir. - Como sempre.
Era aniversário dele e eu não queria estragar aquele momento. Mas ao mesmo tempo eu sabia que talvez eu não tivesse outra chance. Na verdade, eu sentia.
- Eu preciso te contar uma coisa... - comecei devagar.
- Agora não, Flor. - ele me cortou.
- É importante. - tentei mais uma vez e ele sorriu se aproximando. - Na verdade é muito importante.
- Não mais do que isso. - e ele me beijou.
- Flor? - foi a vez de Peeta aparecer. - Eu posso entrar?
- Claro que pode. - terminei de amarrar minhas sapatilhas. - Na verdade você deve. - me coloquei em pé para receber seu abraço. - Eu estou mais nervosa do que nunca.
- Você vai se sair bem. - ele afundou seu nariz em meu pescoço. - Eu não tenho dúvidas.
- Eu vou fazer o meu melhor. - me soltei dele e encarei seus olhos azuis. - Você vai ter orgulho de mim.
Ele sorriu.
- Eu já tenho orgulho de você. - ele tocou meu queixo. - Eu tenho muito orgulho de você, amor.
Não devia. Não devia ter.
- Peeta, antes de eu entrar no palco eu gostaria de dizer que... Eu queria que você soubesse que... - suspirei. - Eu quero dizer...
- Shii. - ele colocou seus dedos sobre meus lábios. - Se concentre, Flor.
- Mas é que...
- Depois você me diz o que quer me dizer. - ele sorriu. - Boa sorte.
- Você é toda a sorte que eu preciso. - imitei sua fala a meses atrás.
- Essa fala é minha. - ele fingiu estar zangado.
- Muitas coisas são suas, Peeta. - mordi o interior da bochecha. - Inclusive o meu..
- Sua vez, Everdeen! - Cinna apareceu na porta do camarim.
Encarei meu professor de dança e voltei a olhar para o meu namorado. Seus olhos azuis sorriam para mim assim como seus lábios finos. Não pensei muito antes de me jogar em seus braços e o abraçar o mais apertado que eu podia, como se a qualquer momento ele pudesse ser tirado de mim.
Como se aquele abraço pudesse ser o último.
- Katniss. - Madge apareceu ao meu lado atrás das cortinas. - Eu preciso falar com você.
- Eu já vou entrar, Mad. - comentei com minha amiga. - Depois nós falamos. - falei nervosa.
- Eu preciso falar agora. - ela choramingou. - Você sempre teve razão sobre Gale. Ele não presta. - Madge soltou tudo de uma vez. - Ele sempre gostou de você e só estava me usando, me perdoa.
- Perdoar você? - perguntei confusa - Por que?
- Eu... Eu contei a ele sobre aposta. - senti meu corpo gelar. - Eu sinto muito, me perdoa. - eu não conseguia focar meus pensamentos em nada. - Me perdoa.
As cortinas se abriram e um holofote focou diretamente em mim fazendo com que eu fechasse os olhos e os abrisse com dificuldade. Inalei o ar com força antes de ficar na posição inicial da minha coreografia. Eu podia enxergar Finn e Annie, meus pais e Cressida na primeira fileira e na segunda Peeta sentado ao lado de Johanna. Meu namorado sorriu para mim me mandando uma piscadela em seguida. Senti meus olhos lacrimejarem, mas evitei que as lágrimas caíssem.
- Eu sinto muito. Eu amo você. - sussurrei na esperança de que Peeta entendesse.
A música que eu havia escolhido para a coreografia havia começado, mas antes que eu pudesse iniciar a minha apresentação, ela foi cortada sendo substituída pela minha voz e no telão que ficava no meio da plateia apareceu meu rosto. Procurei por Peeta e pude notar que ele parecia tão atordoado como todo o restante do pessoal que parecia não entender o que estava acontecendo.
- Vamos lá, Everdeen. - Clove se posicionou ao meu lado. - Você começa.
- Por que eu? - perguntei e ela revirou os olhos.
- Anda logo, antes que alguém chegue. - ela me empurrou para perto da janela.
Suspirei e encarei a câmera.
- E se ela contar a alguém? - apontei o dedo para a câmera
- Ela não vai. - Clove garantiu. - Começa logo.
- Eu, Katniss Everdeen, aposto que consigo fazer com que Peeta Mellark se apaixone por mim.
- Não se esqueça do resto. - Clove sussurrou.
- E que consigo destruí-lo depois. - falei tentando ser convicta.
- E se ela conseguir, eu, Clove, dou minha vaga no Dance' a ela. - Clove soltou um risinho. - Caso contrário. - Clove me deu um cutucão.
- Eu abandonarei as líderes dando a Clove o direito de tomar o meu lugar e...
- Dificultar a entrada dela no Dance' de todas as maneiras possíveis e também, Katniss nos dará a honra de contar o porquê ela virou amiga de Annie Cresta a "nova" rica de Chicago.
O vídeo chegou ao fim e eu fechei os olhos sabendo que junto com ele a minha mentira também havia acabado.
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