História Queen of disaster - Capítulo 36

Quando abri meus olhos novamente pude ver o holofote, que antes estava em mim, parar sobre Peeta. Seus olhos azuis estavam em minha direção e eu procurei neles mágoa, dor ou até mesmo decepção, mas tudo que eu pude ver foi ódio. Peeta Mellark estava com ódio de mim e eu não podia culpa-lo. Até eu tinha ódio de mim naquele momento. 
Ele ergueu seu corpo da poltrona e saiu passando por cima de tudo e de todos. Sua raiva era nítida até na sua maneira de andar. 
Eu tentei ir atrás dele no mesmo momento em que o auditório virou uma verdadeira bagunça. Pessoas rindo alto e outras gritando até o ponto de jogarem algumas coisas no palco na tentativa de me acertarem. 
- Vamos sair daqui. - senti um puxão em minha cintura. - Vem, Katniss! 
- Peeta. - sussurrei baixo. - Eu preciso falar com ele. 
Finnick girou meu corpo até que eu estivesse o olhando nos olhos. 
- Agora não é o momento, Kat. - ele falou calmo. - De um tempo à ele. 
- Ele vai me deixar, não vai? - perguntei tentando não chorar. - Ele vai me deixar. 
Finnick suspirou antes de me abraçar. 
- Eu não sei, Katniss. - ele me apertou em seus braços. - Eu realmente não sei. 
- Annie. - falei baixo. 
- Com ela você pode falar agora. - ele me soltou devagar. 
- Ela não vai querer me ouvir. - falei mais pra mim mesma do que para alguém. 
- Eu vou sim. - Annie apareceu logo atrás de Finnick. - Eu quero ouvir você. 
- Eu vou deixar vocês a sós. - Finnick me lançou um olhar cheio de pena antes de sair. 
- Annie, me perdoa. - comecei. - Eu era uma pessoa totalmente diferente do que eu sou agora. A seis meses atrás eu nem sabia direito quem eu era e não sabia dar valor as pessoas que eu tinha ao meu lado. E se eu me aproximei de você antes apenas porque você havia ficado rica eu quero que você saiba que eu mudei, eu não dou mais tanto valor assim ao dinheiro. Eu gosto de você Annie, gosto da sua amizade e me perdoa se eu não soube dar valor.  - senti mais lágrimas se alojarem em meus olhos. - Eu queria ter contado. Por Deus, eu queria ter contado a vocês dois sobre essa merda de aposta. Mas eu não consegui.
- Está tudo bem, Katniss. - minha amiga sorriu fraco. - Não importa por qual motivo você tenha se aproximado de mim. O importante é que você mudou e aprendeu a dar mais valor as pessoas do que ao dinheiro. - ela se aproximou de mim. - Você está perdoada, rainha do gelo. 
Foi impossível continuar segurando as lágrimas. Me joguei nos braços da minha amiga e ali chorei tudo que eu precisava chorar naquele momento. 
Duas batidas e a porta do apartamento do meu badboy se abriu, e antes que eu pudesse realmente nota-lo, ele me segurou pelo braço, pressionando seus dedos contra minha pele.
- É mentira, não é? - os olhos azuis de Peeta estavam escuros quando finalmente os encontrei com os meus. - Por Deus, me diga que é mentira e eu juro que eu esqueço essa merda toda, seguro a sua mão e nós vamos para a cama fazer amor agora mesmo.
Fechei meus olhos com força. A mesma força que Peeta usava para segurar meu braço. Ele buscava uma resposta que eu não podia dar a ele. 
Abri meus olhos e o encarei. Peeta pareceu entender que eu não poderia dizer o que ele queria ouvir. Foi quando ele me soltou, com seus olhos agora demostrando decepção.
- Eu não consigo entender. - ele sussurrou, enquanto bagunçava seus cabelos. - A troco de quê? 
- A dança. - eu ainda não chorava, mas eu sentia que estava tão destruída quanto ele. - Ela sempre foi tudo pra mim, até eu...
- Até você me conhecer melhor? - ele riu sem humor nenhum. - Agora você vai querer vir pra cima de mim com esse papo de que se apaixonou? 
- Eu me apaixonei. - falei dando um passo em sua direção, mas ele se afastou. 
- Não! - ele gritou. - Você não se apaixonou. 
A veia em seu pescoço saltava por culpa da raiva. 
- Você não sabe! - eu acabei gritando de volta. 
- Claro que sei. Se você realmente tivesse se apaixonado, teria vindo até mim e me contado o mais rápido possível. - os olhos de Peeta estavam vermelhos. - Eu teria te perdoado, porra. 
- Você ainda pode me perdoar. - falei sentindo que a qualquer momento minhas lágrimas transbordariam. - Você ainda pode me perdoar. 
Peeta passou as duas mãos pelos cabelos os tirando do lugar com raiva, e me deu as costas para logo depois começar a caminhar em círculos. Seu corpo todo estava tenso assim como o meu. 
De repente, em um acesso de raiva, Peeta começou a chutar tudo o que via pela frente, derrubando a maioria das coisas no chão. Eu estava assustada e fiquei mais ainda, quando ele veio com a mão fechada em minha direção.
Fechei os olhos esperando pelo que viria a seguir e então o barulho alto veio, e senti algo se quebrar ao meu lado. Ele havia acertado a própria porta, deixando um buraco na mesma, e, consequentemente, machucando sua mão. 
- Eu não posso. - ele sussurrou com os dentes cerrados. 
- Peeta...
- Você me acertou onde mais dói, Katniss. - ele colocou a mão sobre o peito onde estava a minha tatuagem, encarando-me de perto. - De todos os golpes que eu já levei, esse é de longe o pior. - sua voz estava baixa, quase inaudível.
- Eu tentei te contar milhares vezes, mas eu fiquei com medo. - falei tentando segurar sua mão machucada. - Você está machucado. 
Seu peito subia e descia com pressa, e seus olhos haviam se tornado mais raivosos.
- Não importa! - ele disse entre dentes, sacudindo a mão com força para se soltar do meu toque. 
Peeta deu meio passo pra trás. 
- Mas quer saber? Parabéns, Everdeen. - ele bateu duas palmas para mim. - Seu joguinho sujo deu certo. Você conseguiu fazer com que eu te amasse, e agora eu estou totalmente quebrado. Você já pode seguir a sua vida sem mim.
O desespero de perder Peeta tomou conta de mim. Ele não podia me deixar. Não depois de tudo o que vivemos nesses últimos meses. Ele havia se tornado tudo pra mim. Muito mais do que a dança foi algum dia. 
Peeta se afastou, enquanto as minhas lágrimas caiam de maneira contínua, causando-me soluços audíveis, que cortavam minha garganta e machucava meu peito.
- Você não pode me deixar. - falei caminhando atrás dele. - Nós dois ainda...
- Acabou! – ele me interrompeu, virando em minha direção, fazendo-me parar de segui-lo. - Não existe mais nós dois. Na verdade, nunca existiu. 
- Existiu sim! - gritei não contendo meu desespero. - Você me amou, você me ama, eu sei que ama.
Ele então sorriu. Um sorriso seco, frio e cortante. 
- Não foi o suficiente. - ele levou a mão a corrente que eu havia lhe dado. - Te amar não foi o suficiente. - Peeta segurava o pingente enquanto falava, mas quando terminou a frase, ele puxou a corrente sem dó, arrancando-a do pescoço. - Você partiu a porra do meu coração. 
Ele jogou a corrente em minha direção, acertando meu rosto, e então saiu de seu próprio apartamento, deixando-me sozinha. 
Eu ainda tentei segui-lo, mas meus pés não me obedeceram, então eu deixei que meu corpo desabasse sobre o chão frio. 
Eu já havia perdido muitas coisas em minha vida, mas perder o carinho, o amor e a presença de Peeta Mellark era com certeza a pior de todas elas. 
Eu não sabia se eu suportaria.
- Katniss. - pude enxergar Finnick mesmo com a visão nublada. - Eu te falei que ele precisava de um tempo. - ele se ajoelhou ao meu lado. - Vamos sair daqui. 
- Eu o perdi Finnick. Por um capricho meu, eu perdi o homem que eu amo. - foi o que eu consegui dizer antes de Finnick me abraçar.