História Queen of disaster - Epílogo

O amor muda tudo. Essa frase nunca fez tanto sentido para mim como faz agora. 
Felicidade é, finalmente, saber o que o amor faz. O que ele pode fazer. Nunca duvidem de que o amor tem poder para transformar as pessoas. Ele pode até transformar um dia cinza, no mais ensolarado, do ano. É tudo questão de acreditar. E eu acreditei. 
Katniss Everdeen. A primeira vista, apenas uma patricinha, mimada e prepotente. A garota sem escrúpulos, que foi capaz de apostar o coração do "bad boy" da escola. A garota que colocava seus sonhos, acima de qualquer outra coisa no mundo. A garota que só pensava em si. Pode até parecer loucura ou coisa de livros e filmes, mas essa garota não existia mais. Por mais que eu procurasse, tudo o que eu via na minha noiva, era o contrário do que um dia ela já foi. 
Katniss Everdeen. A melhor dançarina de Chicago. Dona da melhor academia de dança da cidade. A patricinha do sorriso mais encantador do universo, que conseguiu fazer com que eu me apaixonasse mais ainda por ela, quando finalmente conseguiu ir a Julliard fazer um curso de dança temporário. 
Katniss havia conquistado o seu lugar no mundo. Havia conseguido se tornar uma dançarina de valor, e a cada dia que passava, ela fazia com que eu me apaixonasse mais por ela. 
- “Não. Smoking e Peeta Mellark na mesma frase, não combinam.” - sorri para Finnick, ainda me encarando no espelho. - Você é um desgraçado. Como conseguiu ficar apresentável de terno, mesmo com essa quantidade toda de tatuagem, e esse brinco na orelha? 
- É um dom. - dei de ombros, e me virei para o loiro.
- All Star? - encarei meus pés, e sorri concordando. - Você vai casar de tênis? - ele perguntou incrédulo, e eu apenas assenti novamente. - Eu te odeio. 
- Cala a boca. - empurrei ele para o lado. - Acho que eu estou começando a ficar nervoso. 
- Peeta Mellark, nervoso? Isso sim é uma novidade.
Revirei os olhos para Finnick. 
- Você é insuportável. 
- Concordo. - Annie atravessou a porta, sem nem mesmo bater. - Eu concordo. Ele é insuportável. 
- Coração, por que não bateu? Peeta podia estar pelado. 
Annie corou. 
- E desde quando, ver Peeta Mellark pelado, é algo desastroso? - foi a vez de Madge aparecer. - Ele é quente pra caralho, e lindo pra cacete. 
- E seu vocabulário é sujo pra caramba. - Annie reclamou.
- A beleza de Peeta, é de família. - Johanna sorriu, se escorando no batente da porta. - Você está muito quente, priminho. 
- Eu sou quente. - brinquei com ela. - Pergunte a Katniss. 
- A última vez que tentamos falar com Katniss, quase apanhamos. - Annie falou, enquanto arrumava a gravata de Finnick. - Ela está uma pilha de nervos. 
- Mais chata que o normal. - Johanna completou. - Eu já disse que foi uma péssima escolha? 
- Marvel não é lá grande coisas. – retruquei, e minha prima fechou a cara. 
- Vocês dois nem comecem a querer discutir sobre qual tem o parceiro melhor. O amor é cego e ponto. - Madge finalizou a discussão, antes mesmo que ela começasse.
Não era novidade para ninguém que eu amava a minha patricinha, mais do que qualquer coisa, e que um dia acabaríamos no altar. Eu fui contra tudo o que um dia eu havia planejado para mim, no dia em que me ajoelhei aos pés dela, e a pedi em casamento. O sim mais demorado e esperado da minha vida. Também não era novidade que eu não saberia dar seguimento ao nosso novo passo na relação, já que, depois do pedido, foi necessário mais de três anos, para que finalmente subíssemos ao altar. 
Katniss vivia dizendo que eu havia mudado a vida dela, mas a verdade é que ela também havia mudado a minha. Eu era uma pessoa melhor, graças a ela.  
Nossas pequenas brigas, sempre foram por causa do mesmo motivo: a mãe dela. Evellyn havia abandonado Katniss e Haymitch, sem dar nenhuma explicação. Assim como minha mãe havia me dito coisas dolorosas, eu sabia que a mãe de Katniss também havia feito o mesmo. A diferença é que eu não tive tempo de fazer mais por minha mãe. Eu só queria que Katniss aproveitasse a chance que o destino havia dado a ela. E depois de anos, a minha noiva aceitou o meu pedido, e conversou com a mãe. 
Eu não poderia dizer que elas haviam se tornado melhores amigas, porque eu estaria mentindo, mas as mágoas haviam sido deixadas para trás. 
- O tempo passa, e eu continuo achando que casamento é perda de tempo. - Johanna cochichou em meu ouvido. 
- Cala a boca. - Madge ralhou com a minha prima. 
- Vai tomar no cu. - Johanna educada como sempre. 
- Você acha que eu fico bem de azul turquesa, Finn? - Annie questionou ao namorado, mostrando seu vestido da mesma cor que todas as madrinhas usavam. 
- Você fica linda de qualquer maneira, coração. - Finnick beijou a testa da ruiva. - Pelada então, é uma loucura. 
- Finnick! 
- Eita. – Cato, que estava acompanhando Madge no altar, começou a rir, fazendo com que todos o imitassem. 
Algumas gargalhadas aconteceram, o que fez com que o pastor olhasse de cara feia para todos nós, afinal, já estávamos no altar, apenas esperando a noiva. 
- Ele é muito safadão. - Marvel fez uma voz estranha, o que causou mais risos. 
- Katniss está demorando. – reclamei, olhando as horas em meu relógio. 
- Acho que ela desistiu. - Finnick soltou rindo, e eu revirei os olhos. 
- Olha bem pra mim, capitão.
Finnick me analisou rapidamente, antes de voltar a me olhar nos olhos. 
- Talvez ela não tenha desistido, não. - ele se corrigiu, fazendo todos rirem.
- A noiva chegou. - meu pai gritou, entrando na igreja, e eu senti todo o meu sangue se esvair. 
Caralho.
Lá estava eu, parado no altar de uma igreja, esperando a mulher da minha vida cruzar pela enorme porta de mogno. E quando ela finalmente apareceu, foi como se tudo ao meu redor começasse a fazer sentido. Até enquanto eu estava esperando ela no altar, eu conseguia sentir falta dela. 
Meu coração passou a bater de maneira rápida, e eu cheguei a achar que ele sairia pela minha boca. O sorriso em meus lábios, era tão grande, que eu pensei que meu rosto fosse se partir ao meio, mas não. 
Katniss estava linda, e quente demais, dentro de um vestido justo na cor branca. Seus cabelos estavam meio presos, e ela tinha uma pequena coroa sobre a cabeça. 
Pude ver um sorriso largo desenhar seus lábios, coloridos com um batom rosa, quando ela encarou meus pés. Dei de ombros, antes de aceitar a mulher maravilhosa, que Haymitch me oferecia. 
- Cuide bem da minha Lindinha. - foi o pedido do meu sogro. - E faça ela feliz. 
- Vou dar a minha vida, para faze-la feliz. - foi a minha resposta, e ele sorriu. 
- Eu acredito em você, garoto. 
Segurei a mão de Katniss com força, e encarei seus olhos cinzentos e brilhantes, antes de depositar um beijo em sua testa. 
- All Star? - foi a pergunta dela. 
- Agradeça pelo smoking, Flor. – sussurrei, enquanto nos virávamos para encarar a autoridade. - Eu quase coloquei a jaqueta. Qual você preferia? 
- Eu prefiro você do jeito que for. - ela respondeu, me fazendo sorrir. 
- Pelado, sobre uma cama coberta de pétalas de rosas, é uma boa opção? – questionei, fazendo Katniss rir. 
- A melhor delas. 
- Eu amo você. – falei, encarando seus olhos e ela sorriu. 
- Eu amo você. - ela respondeu, e foi eu quem sorri dessa vez. 
Aquele foi um dos dias mais felizes da minha vida. 
Só perdeu para o dia em que Ethan chegou ao mundo. O dia em que eu me tornei pai, pela primeira vez. O dia em que um pedacinho do meu amor e de Katniss, havia nascido, para nos fazer mais felizes ainda. 
- No que você tanto pensa? - Katniss questionou, deitando ao meu lado, na nossa cama. 
- Em você. - respondi prontamente, e ela sorriu puxando o lençol, para nos cobrir. - Ethan dormiu? 
- Sim. Depois de um bom banho, e uma bela mamadeira, ele sempre dorme. - ela respondeu, se aconchegando em meu peito. 
- Se ele acordar de madrugada, pode deixar que eu levanto. - me ofereci, e ela riu. 
- Que gentil. - sua resposta me fez rir. 
- Chame como quiser. – falei, girando meu corpo de modo que eu parasse sobre o dela. - Mas eu vou te deixar exausta, em poucos minutos. E não é justo não te deixar descansar, já que, quando você acordar amanhã, pretendo te deixar exausta novamente. – expliquei, fazendo o sorriso no rosto da minha esposa crescer. 
- Vai ano e vem ano, e você continua o mesmo safado. - ela soltou, começando a subir a minha camiseta. - E eu adoro isso. 
- Depois eu que sou o safado. 
- Somos safados. Somos dois velhinhos safados. - me apoiei nos joelhos, para que ela finalizasse o trabalho de tirar a minha camiseta. 
- Nem chegamos aos trinta ainda. - me defendi. - Somos jovens, e temos muita disposição. 
- Claro que temos. 
Debrucei meu corpo sobre o de Katniss, e deixei que meus lábios cobrissem os dela, em um beijo cheio de carinho, mas também de desejo. Minha mão alcançou a barra de sua camisola, e em poucos segundos, eu já havia arrancado a mesma, jogando-a em um canto qualquer do quarto. 
O tempo podia passar, mas para mim, cada vez que eu amava Katniss, era como se fosse a primeira, e talvez, esse fosse o segredo de estarmos juntos há mais de dez anos. 
O choro vindo da babá eletrônica, me fez quase chorar junto com meu filho, mas de decepção. 
- Sua vez. - minha esposa deu dois tapinhas em meu ombro. 
- Mas eu nem lhe usei. - soltei a frase, de maneira chorosa. 
- Resolve com seu filho, garanhão. - Katniss riu, e eu sai de cima dela, colocando minha camiseta novamente. 
Katniss girou na cama, puxando o lençol sobre o seu corpo novamente, e fechou os olhos, em seguida. 
- Tenham uma boa noite. - ela desejou.
- Eu ainda não te deixei exausta, para você dormir. – falei, caminhando em direção a porta. 
- Eu vou adorar que você me deixe exausta, mas não agora. Apague a luz quando sair. - foi o que ela disse, e eu apenas obedeci. 
Em passos largos, caminhei em direção ao quarto azul de Ethan. Quando cheguei ao berço, meu filho já não chorava mais. Com cuidado, peguei o pequeno bebê em meus braços, e caminhei até a poltrona, onde Katniss costumava sentar com ele. 
- Qual o prazer que você tem, em acabar com a noite do seu pai? - questionei ao bebê, de cabelos loiros e olhos azuis. - A mesma alegria que você tem em tomar mamadeira eu tenho em... Esquece. - acabei aceitando que ele ainda não tinha idade para entender. - Um dia você vai me entender, e quando trouxer a sua namorada pra dormir em casa, eu vou atrapalhar vocês. 
Ethan me encarou com seus olhos azuis brilhantes, e em poucos segundos, soltou uma gargalhada. 
A primeira gargalhada do meu filho havia sido para mim. Na verdade, de mim.
- Está rindo da minha cara, é, garoto? – questionei, me fazendo de zangado. - Espera só até você virar adolescente. 
Ethan dormiu em seguida, como se ele tivesse entendido o que eu disse. E naquela noite, eu cansei a mãe dele, assim como na manhã seguinte, e em todos os outros dias que se seguiram. 
Eu era feliz. Eu finalmente havia encontrado a minha felicidade, ao lado de Katniss e do nosso filho.
O destino é o rei das surpresas, isso é uma verdade. Hoje você está por baixo, amanhã você pode estar por cima. Tudo depende da sua maneira, de enfrentar os golpes que a vida te dá. Tudo depende da sua força para lutar, e da sua garra em saber, que se cair, tem que ser capaz de levantar. E você precisa acreditar. Acreditar em você, nas pessoas, na mudança e no amor. E eu acreditei, e acreditava em tudo isso, principalmente, no que o meu pai dizia.
“Quando um Mellark ama, ele só ama uma vez”, e nem em mil anos, eu deixaria de amar a minha “Rainha do desastre”.

                             Fim