História Queen of disaster - Capítulo 6

E eu dormi, dormi como eu não dormia há dias.
Nem mesmo a minha enorme cama me causava tanto conforto como o colchão de Peeta atirado no canto do apartamento me causou. 
Já era dia quando eu abri os olhos e me ajeitei melhor no colchão, o cheiro de café era maravilhoso. Me sentei buscando Peeta com os olhos. 
- Bom dia, florzinha. - ele sorriu saindo do banheiro com seu tronco molhado assim como seus cabelos. - Dormiu bem? 
- Já tive noites melhores. - respondi tentando não prestar atenção nas tatuagens dele. A escrita na costela era a mais sexy. - Onde você dormiu? - perguntei procurando por roupas de cama no sofá.
Ele então sorriu e sentou no sofá para calçar o tênis. Quando o tênis já estava no pé ele apontou o meu lado na cama e eu arregalei os olhos.
- Você dormiu aqui comigo? - quase gritei e ele sorriu colocando a camiseta. - Por quê?
- É a minha cama. - ele respondeu normalmente. - Queria que eu tivesse dormido onde? - ele me deu as costas e caminhou até o banheiro.
Coloquei ambas as mãos no rosto e depois as enfiei em meus cabelos puxando eles com força em um ato de desespero. 
A minha situação com Peeta estava fugindo do meu controle. Nós não tínhamos nada, nada mesmo, e ainda assim eu me sentia presa a ele. 
Levantei e catei as minhas coisas saindo de seu apartamento com o cabelo desgrenhado e a roupa dele em meu corpo. 
Eu precisava mudar essa situação. 
- Katniss, onde você estava? - foi a primeira coisa que Cressida perguntou assim que entrei em casa. - E essas roupas? 
- São do Finnick. - falei começando a subir os degraus. - Passei a noite lá por culpa da chuva. - menti. 
- Essas roupas não parecem com as de Finnick. - seu tom de voz era desconfiado. - Onde você estava?
Eu não respondi, apenas entrei na sala de dança jogando minhas sapatilhas em qualquer lugar. Procurei pelo som e o liguei, enquanto eu me alongava. 
Eu não tinha nada melhor para me desestressar do que dançar. Quando a música lenta mudou para algo mais ritmado eu comecei a dançar. Dancei com força, com garra. Dancei para me acalmar. Dancei até sentir meu corpo cansado. Dancei até esquecer Peeta Mellark.
- Cressida está preocupada com você. - foi a voz suave de Finnick que fez com que eu abrisse os olhos. - O que houve?
- Nada. - mudei de posição na cama colocando o edredom sobre a minha cabeça.
- Nada não te deixaria assim. - ele tirou o edredom da minha cabeça. - Sou eu que estou aqui, bombonzinho, você pode falar.
- Eu não tenho nada para falar, Finnick. - me sentei na cama segurando o edredom firmemente.
- Você dançou a manhã toda e depois dormiu a tarde inteira, não quis comer ou beber nada. - seus olhos se estreitaram. - Sem contar que passou a noite fora e não foi na minha casa como Cressida disse que você contou. 
- Finnick...
- O que aconteceu naquela carona? - ele tocou no assunto do qual eu não queria falar. - Peeta fez algo a você? Porque se ele fez, eu posso muito bem esquecer que ele é um lutador e ir até a casa dele e deixar a outra sobrancelha dele falhada.
Foi impossível não sorrir com o jeito de Finnick. 
- Ele partiria você no meio sem grandes esforços. - comentei baixo. - A chuva estava forte demais, ele me convidou para tomar um café e de começo eu neguei, mas ele roubou as minhas chaves e eu me obriguei a segui-lo. Entrei no apartamento dele, era pequeno, simples e velho demais, tomei o café e por culpa da roupa molhada tomei um banho e coloquei as roupas dele. A chuva cada vez aumentava mais e ele me convidou para passar a noite lá e eu passei. 
- Vocês transaram? - Finnick perguntou normalmente.
- Não, não fizemos absolutamente nada além de dormirmos juntos. - suspirei. 
- Mas o que tanto te aflige? - fechei os olhos demoradamente. 
- Eu não sei. - e eu realmente não sabia. - Ele só me deixa... Louca.
- E é por isso que você ainda não tirou a camiseta dele? - Finnick sorriu cheio de covinhas e eu olhei para o meu tronco, vendo o quão bem a camiseta cinza de Peeta ficava em mim. 
- Estou confusa. - falei encarando os olhos verdes de meu amigo. - O que eu faço?
- Descubra o que você sente. - Finnick arrumou meus cabelos. - E depois me conte. - recebi um beijo na testa e me permiti sorrir.
Estacionei meu carro na minha vaga e desci trancando o mesmo em seguida. 
A moto de Peeta estava a poucos metros de onde eu estava e ele estava sentado sobre ela.
Não o olhei por muito tempo, mas o suficiente para notar seu olhar sobre mim. Eu teria que passar por ele para entrar no colégio e por um breve momento pensei em dar meia volta e voltar para casa, mas eu não podia fazer isso, então apenas me forcei a caminhar sem olhar para os lados.
- Bom dia, Peeta. - ouvi a voz de Clove e nem assim o olhei. - Tudo bem?
Me forcei a caminhar mais rápido antes que eu falhasse na minha tentativa de ignorar Peeta Mellark e assim que entrei no prédio da escola me permiti respirar aliviada. A escola estava praticamente vazia e por um momento eu amaldiçoei a péssima noite de sono que eu havia tido na última noite. 
- Bom dia, Kat. - a voz de Annie me fez dar um pulo. - Nossa, por que você está tão assustada? 
- Por nada, Ann. - sorri para a ruiva. - Eu só estava distraída. 
- Tudo bem. - a ruiva sorriu. - Eu fiz aquele trabalho de álgebra e coloquei o seu nome. Eu imaginei que você estaria ocupada com os ensaios e não lembraria de fazê-lo. - por um momento meu coração se contraiu. 
Eu não era uma boa amiga para Annie. 
- Obrigada, ruivinha. - a abracei de lado fazendo-a sorrir mais ainda.
- Bom dia, vacas. - Madge se juntou a nós.
- Olá, Mad. - comecei a caminhar em direção ao meu armário com as duas ao meu lado. - Como foi o cinema ontem? 
- Normal. - a loira sorriu. - Mentira, foi muito hilário. 
- Foi horrível. - Annie se manifestou. - Finnick não parava de gritar 'gostosa' para a loira das mechas coloridas. 
- Bem Finnick. - sorri parando em meu armário. 
- Você vai ao ringue sexta? - Madge perguntou e eu remexi nas minhas coisas. - Peeta vai lutar com um cara da faculdade que parece ter o dobro do tamanho dele. 
Eu quase me preocupei quando Madge falou que ele lutaria com um homem maior que ele, mas foi só quase mesmo. 
Me preparei para responder minha amiga, mas a voz grossa e rouca daquele lutador de uma figa me fez parar. 
- Olá, florzinha. - foi o que ele disse e eu fechei os olhos com força antes de me virar para encara-lo. - Tudo bem? - ele sorriu.
- Tudo sim. - sorri falsamente para ele que estreitou os olhos em minha direção. - O que você quer? - perguntei grossa. 
- Er... Eu não sei se você já sabe que eu vou lutar com um cara da faculdade sexta... - ele colocou ambas as mãos nos bolsos da calça. - Pensei em te convidar. Meus convidados tem lugar especial, bem na frente do ringue para ver a luta mais de perto. - ele sorriu erguendo as sobrancelhas para mim e eu respirei fundo. 
- Não, eu não quero ir assistir a sua luta sem graça naquele porão fedorento com aquele monte de gente fedorenta e sem classe também. - falei tudo rapidamente. - Obrigada pelo convite. - foi o que eu disse antes de dar as costas para Peeta. 
- Katniss, que crueldade foi aquela? - Madge me parou e eu revirei os olhos pra ela. - O garoto ficou com a cara no chão, você tinha que ter visto a cara dele. 
- Não me interessa Madge, eu não quero saber daquele garoto perto de mim, entendeu? - falei tentando ser firme com a minha amiga. - Eu não quero Peeta Mellark perto de mim.