História Queen of disaster - Capítulo 7

E a sexta chegou. Com ela a minha indecisão. Uma parte de mim queria ir até o porão ver a luta de Peeta e a outra implorava para que eu tivesse um pouco de juízo. Fazia quase uma semana que Peeta não falava comigo. Ele passou a me ignorar, assim como eu estava fazendo com ele e eu não sei o porquê isso me deixava tão mal. 
- Olha que novidade. - Madge apareceu acompanhada de Annie. - Ela está dançando, Ann. -revirei os olhos. 
- Olha que novidade. Ela adora me criticar, Annie. - revidei parando o som. - Boa noite. 
- Nós viemos te buscar. - Annie quem falou. 
- Me buscar? - perguntei abrindo a minha garrafa de água. 
- Para ir ver o Peeta lutar. - Madge falou e eu fiz uma careta. 
- Eu não vou. - falei sem certeza. - Vocês vão e eu vou ficar aqui ensaiando. 
- Ah, você vai. - Madge falou. 
- Não, Madge. - me encarei no espelho. - O festival está chegando e eu preciso passar nos testes para entrar no Dance.
- Você já está perfeita. - Annie sorriu. - A vaga já é sua. 
- Obrigada, Ann. - sorri para a ruiva. - Apoio é tudo o que eu preciso. 
- Vamos? - Madge insistiu e eu neguei. - Por quê? 
- Qual a parte do “eu não quero Peeta Mellark perto de mim”, você não entendeu?
- A parte em que a sua voz falha ao falar o nome dele. - ela retrucou.
- Eu não vou, Madge. Sério. - falei voltando a ligar o som. 
Eu sabia que minha amiga iria desistir, e não precisou de muito tempo para que eu me sentisse sozinha na sala de dança. Parei de dançar e apoiei ambas as mãos no joelho, eu estava ficando cada vez mais louca. 
- Você é louca, Everdeen. - falei para o espelho. 
Desci do carro depois de alguns minutos procurando uma vaga. A rua estava lotada com veículos, e eu mal podia acreditar que tanta gente cabia naquele porão. Na verdade, eu desacreditava que eu estava ali.
Depois de tanto relutar, eu, Katniss Everdeen, me enfiaria no meio daquela gente, apenas para assistir uma luta.
Assim que entrei naquele porão procurei por um lugar onde eu pudesse assistir a luta sem ser notada. Arrumei minha roupa e comecei a caminhar entre as pessoas de cabeça baixa. Encontrei uma parede e fiz dela o lugar perfeito para assistir a luta de Peeta. Ele já estava no ringue, com um short preto, seus cabelos estavam em uma bagunça total e mesmo de onde eu estava podia notar o quão desconcentrado ele estava, os pulinhos que ele dava e as sacudidas na cabeça demostravam isso. 
- Boa noite. - Cato subiu ao ringue segurando seu microfone. - Nesta noite teremos uma luta inédita. - ele caminhou até estar próximo a um careca enorme. - O universitário Brutus Campbell. - arregalei os olhos ao descobrir que Peeta lutaria com aquele brutamontes. - E o nosso já conhecido Peeta Mellark. - começou uma gritaria e eu percebi que Peeta era o preferido. - Façam suas apostas. 
- E aí, patricinha. - Gloss apareceu. - Vai apostar em alguém? 
Olhei para o ringue e observei Peeta por alguns segundos. As tatuagens dele eram tão atraentes, até para mim que odiava tatuagens. 
- Duzentos dólares no moreno. - apontei Peeta e Gloss sorriu. 
Peeta se aproximou de Brutus e os dois tocaram as mãos em um soquinho amistoso. Cato ergueu os braços no ar e os desceu em poucos segundos dando início a luta. Em menos de um segundo Brutus partiu para cima de Peeta e o acertou um soco certeiro no rosto, só então eu tive a certeza de que Peeta não estava nem um pouco concentrado. 
Peeta sacudiu a cabeça e uniu suas sobrancelhas antes de finalmente atacar Brutus também. Eu não entendia nada de luta e os socos eram tão rápidos que eu não sabia quem estava apanhando e quem estava batendo, mas de uma coisa eu tinha certeza, Peeta não estava no seu melhor dia. Quando Brutus deu um chute no peito de Peeta o largando deitado no chão eu percebi que a coisa estava feia. Cato pediu uma pausa e eu não vi outra saída a não ser me espremer no meio daquelas pessoas. 
Me espremi no meio daquela gente cheia de adrenalina da melhor forma possível. Ouvi a voz de Finnick chamar o meu nome mas estava longe demais, então apenas me forcei até estar com o rosto próximo ao rosto de Peeta que permanecia deitado mas com os olhos abertos. 
- Eu não acredito que você me convidou para vir aqui apenas pra ver você perder, Peeta. - foi o que eu disse e ele se sentou para me observar. 
- Flor? - sua voz demonstrava descrença. 
- Eu sei, eu não ia vir. - comecei envergonhada. - Eu fui grossa, me desculpa. 
- Tudo bem. - ele sorriu me fazendo sorrir também. - Que bom que você veio. 
- Pare de apanhar e ganhe essa luta. - foi o que eu disse antes de voltar para o meu lugar. 
Eu não precisei dizer mais do que isso, quando Cato deu início ao segundo round Peeta já parecia ter voltado ao seu estado normal. E eu pude respirar aliviada ao ver aquele lutador lutando como só ele sabia fazer. Peeta deu um último e certeiro soco bem no meio da a cara de Brutus e quando ele cambaleou Peeta o chutou o fazendo cair com força no chão. 
Era grotesco o jeito que eles lutavam mas eu entendia. 
Quando a luta se deu por encerrada e o gritaria ficou mais alto eu comecei a sair do porão. 
- Ei flor. - Peeta me parou e eu respirei fundo. - Você já vai? 
- Já. Tenho que ensaiar. - falei rude e ele ergueu as sobrancelhas. 
-Eu pensei que você fosse ficar, afinal você se preocupou em ir me dar apoio e eu achei que...
- Eu apostei em você, apostei porque eu realmente achei que você sabia lutar, por isso te dei apoio. - falei já voltando a caminhar.
- Garota, você é louca? - ele perguntou, mas eu não respondi. - Katniss! - eu já estava do lado de fora do porão quando o ouvi gritar meu nome. - Espera caralho! - exclamou com raiva. Apressei os passos. - Eu mandei você esperar. - ele disse entre dentes.
Senti um puxão no meu braço e antes que eu pudesse reclamar Peeta já prensava meu corpo na parede. Arregalei os olhos e abri a boca pronta para reclamar, mas seus olhos azuis escurecidos me fizeram calar. 
- Está fugindo de mim por que? - foi o que ele perguntou e para o que eu fiquei sem resposta. - Foi por termos dormido juntos? - sua mão soltou meu braço e ele segurou os dois lados do meu rosto com uma única mão. - Fala alguma coisa, porra. - ele estava muito puto, sua voz e a força que ele usava para esmagar meu corpo contra o seu demostrava isso. - Vou te dar um motivo para fugir de mim. - sua mão que segurava meu rosto se soltou e pegou meus pulsos os levando acima da minha cabeça. - Um motivo descente. 
E antes que eu abrisse a boca para reclamar ele colou seus lábios aos meus, sem a menor delicadeza. Sua mão livre voou para os meus cabelos onde ele a enterrou puxando meus cabelos com força enquanto sua língua duelava com a minha. 
Sua boca era quente, sua língua era quente, ele era quente, eu estava quente. 
Forcei minhas mãos e ele as soltou me permitindo enfiar minhas unhas compridas em sua nuca enquanto as deles apertavam a minha cintura e puxavam meus cabelos sem a menor piedade.
Meu coração batia forte e meus pulmões já pediam por ar, mas nem eu e nem ele parecíamos dispostos a parar com aquela loucura. Deixei que minhas mãos passassem por seus braços fortes e tocassem seu abdômen tão bem definido, senti seus dentes puxando meu lábio inferior antes dele colar nossas bocas novamente. 
Nós nos beijávamos como se dependêssemos daquilo para viver, nos beijávamos como se aquilo pudesse fazer com que aquela confusão dentro de nós se ajeitasse. Meus lábios já formigavam quando Peeta mordeu meu lábio com força me soltando em seguida. E eu tive que me apoiar na parede para não cair. 
Seus olhos azuis me encararam por um breve segundo antes dele me dar as costas e desaparecer me deixando ali com dificuldade até para respirar.