-Fábio acorda cara, o professor Júlio já vai entrar- Douglas me chamava, e eu mal o escutava.
Era difícil não dormir, eu sentava no meio do meio, ninguém prestava atenção em mim ali, a sala tinha 45 alunos e os professores só se preocupavam com o fundão (turma dos bagunceiros) e com a frente (turma dos nerds), era assim com todos os professores mas sempre há uma exceção, a nossa era o Júlio, o professor de língua portuguesa, ao contrário dos outros ele se preocupava era com o pessoal do meio, porque o meio era a turma dos despreocupados.
Aquela era a primeira aula dele no ano (era o terceiro dia de aula) e eu pretendia causar uma boa impressão, mudar as antigas.
-Bom dia 1 ano- gritou Julio da porta antes que eu pudesse me levantar- Bem vindos ao ensino médio, quase todos me conhecem, mas quem não, sou Júlio o professor de Língua portuguesa, espero que se dediquem ao máximo a esse novo ano.
Eu finalmente despertei-me, ao levantar a cabeça percebo que a sala estava uma bagunça, e o professor mantia-se parado esperando o silêncio dos alunos da classe, e então ele começou a escrever alguns nomes na lousa, mas o meu não estava lá, claro que não.
- Ah qual é, por acaso a gente ta na quarta série?- A louca gritou lá do fundo da sala.
Carla era estranha, eu não consigo entendê-la, cada instante ela é alguém diferente, as vezes é quieta, outras respondona, como agora.
- Cala boca garota, se toca ridícula.- Douglas, meu melhor amigo, disse exatamente o que eu queria dizer.
-É louca mesmo, problemática- pensei alto, mas em um tom de voz extremamente baixo, ninguém escutaria nem mesmo Julia, que sentava atrás de mim.
Em um piscar de olhos o professor fez uma cara tão nervosa que calou absolutamente a todos.
- Finalmente ficaram quietos, bom, esses nomes que estão na lousa, irão fazer um trabalho para me entregar no fim do ano, esses, permaneçam na minha sala no fim dessa aula.
E a aula se seguiu, todos prestaram muita atenção na aula, até o fundão apesar das reclamações (com exceção de Carla, todos estavam com nome na lousa).
Depois de 1h40 mins intermináveis, a aula finalmente acabou, arrumei o meu material e estava pronto pra ir pro treino, eu estava muito animado já que hoje eu seria nomeado capitão do time, não tenho dúvidas, eu sou demais.
Assim que o sinal bateu sai correndo, mas o professor me parou na porta e disse que eu teria de ficar pro castigo, ele ouvira eu chamando a estranha de louca, no mínimo esse cara tem super poderes, impossível ele ter escutado, o mesmo aconteceu com a Carla, mas ela foi por ter respondido, sentei e apenas esperei saber o que era o trabalho.
-Eu sinceramente estava cansado de pedir silêncio e ninguém me escutar, de prometer castigos e não cumprir.
Enquanto o professor falava Isabela levantou o braço, e o professor parecia feliz com a educação da menina em não atropela-lo então ele a deixou falar:
-Professor você pode ir direto ao ponto, não sei quanto ao resto mas eu tenho compromisso após a aula- ela disse enquanto brincava de trançar e destrançar os seus longos cabelos loiros.
E é claro que concordei com ela, a sala toda o fez na verdade.
Dito isso o professor apenas cedeu:
- Ok, irei direto ao ponto, vocês dependerão deste trabalho para passar de ano... Mas ah ah ah-nesse momento ele fez com a mão um gesto que dizia 'não'- nem pensem que é só vocês fazerem esse trabalho e acabou, "fui aprovado na matéria", pois apesar de só passar se receber ao menos 8 de nota, o trabalho não entrará no fechamento de notas anuais...
-Que saco!
O professor me ignorou.
-O trabalho será em dupla e eu vou escolhe-las.
-Que droga de trabalho!!
-Ah senhor Sprignelli, já que está tão respondão, irá fazer com a senhorita respondona, Carla,- ao dizer o nome dela ele desviou o olhar que me fitava e começou a fita-la.
-Ah, ótimo!- falei em um tom sarcástico- Não posso fazer com o Douglas?
-Não Fábio, você não pode, o Douglas fará com o Jorge.
- Não tem nenhuma outra pessoa?
- Respeita a minha decisão!
- Respeitar a sua decisão? Que droga é essa? E o meu direito de expressão? Quero fazer com outra pessoa, ela é louca.
Ele me ignorou e eu desisti pois não adiantaria insistir ele não ouviria porque ele assim como todos os professores nunca escuta o que os alunos tem pra dizer.
- Vocês terão que fazer um video, sobre uma doença, qualquer uma, e relaciona-las com a linguagem, e no final do vídeo, falarão sobre seus companheiros, o vídeo tem que ter duração de ao menos 1 hora, fora o que falará sobre seus companheiros.
Ele escrevera tanto requisitos na lousa que minha cabeça girou um pouco.
Quando acabou aquela tortura, corri pro treino, e como esperado, eu era o novo capitão do time, fiquei tão feliz que tacleei todos os demais jogadores.
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