História Quem eu sou(?) - Sem vida

Uma manhã como qualquer outra, exceto, por ele estar deitado sobre a cama comigo. Definitivamente, aquilo mudava tudo. Eu o tinha comigo, finalmente.

Lentamente fui levantando, sem alarde para que não o acordasse e aquele momento mágico da manhã, fosse perdido. Eu queria surpreendê-lo com todo o clichê possível, desde o café na cama, ao beijinho de bom dia ao acordar. 

Dentro de mim, um mundo colorido explodia, todas as melhores sensações saindo para fora por entre meus poros. Sentei a beirada da cama, olhando-o enquanto dormia, ou fingia. Ele não mexeu um centímetro desde que levantei, certeza que já estava acordado e queria que eu pensasse o contrário. Só para manter minha luz acessa. Ele era desse tipo, um tipo que eu não conhecia, mas que estava amando sempre mais conhecer.

Selei os lábios dele com os meus. Seus olhos foram se abrindo e um sorriso o acompanhava, uma das imagens mais lindas que meus olhos tristes já puderam ver. O cheiro do café, das torradas e das frutas invadiam seu olfato. 

Aquela foi a manhã mais importante que já vivenciei. Acreditei que o dia se seguiria tão maravilhosamente, quanto se havia começado. Eu me enganei.

Paramos a porta de um banco para que ele fizesse um saque. Ele precisava, pois, o que trouxe para a viagem parecia não ser suficiente. Não que ele estivesse gastando de mais, só não queria passar perrengue.

Lá estava ele, saindo e novamente me oferendo um sorriso, eu nunca imaginei que pudesse ser tão perfeito. Mas, ele o desfez rapidamente, eu não compreendi, algo estava errado. Alguma coisa estava acontecendo. Ele tentou alcançar o carro mas foi puxado para dentro do banco. Eu não conseguia entender e sai a sua procura. Eu o via gritar para que eu ficasse onde estava.

Não pude. Eu não podia deixá-lo ser tirado de mim. Eu tentei por tudo alcançá-lo, eu queria por tudo salvá-lo e ouvi um disparo em minha direção. Mais alguns muitos lá por dentro. Eu continuei correndo. Consegui chegar a porta, 3 metros, pareceram de repente, 3 quilômetros.  Meus sentidos ainda o buscava, por todos os lados. Por cada canto, em todos os corpos deixados no chão.

Eu o achei. Aqui está. O homem que me fazia feliz até poucas horas atrás, o homem que eu deixei entrar na minha vida, a pessoa para quem baixei a guarda. Com quem imaginei um futuro. Aqui está. Caído, pálido, gélido.

Eu morri. Ele morreu.