Autora POV
- O que vamos fazer agora? - Sam perguntou ao irmão, que insistia em olhar fixamente para o nada, emburrado.
- O que você acha, Sam? - Dean rebateu, afiado como uma lâmina - vamos pegar o Colt e matar esse desgraçado de olhos amarelos.
- Mas a arma não está com a gente. Papai…
- Papai está morto, Sam. Somos só eu e você agora. E eu não vou parar até matá-lo. Ele levou tudo o que tínhamos.
- Nós nem sabemos onde procurar - Sam tentou argumentar e Dean folheou o diário de John, abrindo em uma página e jogando sobre a mesa para Sam, batendo com o dedo na folha.
Sam suspirou, aproximando-se para ler:
- “Pittsburgh, Pensilvânia. Elliot Colt.” - Sam leu e esperou, olhando para Dean - isso devia significar alguma coisa?
- Ele está com o Colt - Dean disse e Sam franziu a testa.
- Só por causa do sobrenome?
- Não, eu falei com Bobby. Ele confirmou.
- E você vai simplesmente fazer as malas e ir atrás desse homem? - Sam indagou e Dean o encarou, bufando.
- Tem ideia melhor? Aceito sugestões - Dean respondeu, secamente.
- Eu só acho que você deveria desacelerar - Sam pediu, receoso em sugerir tal coisa, ouvindo Dean bufar novamente.
- Nós já esperamos demais, Sam.
- Nós não temos um plano. Acha que é só chegar e ele vai nos entregar a arma?
- Se ele não entregar, nós pegamos à força - Dean jogou sua mochila sobre as costas e abriu a porta - vamos.
Pittsburgh, Pensilvânia
21h45
- Kathryn - Amylee chamou pela irmã assim que saiu do banheiro, enxugando seu cabelo com uma toalha - papai já chegou?
- Yep - Kathryn respondeu, deitando-se na cama - está jogado no sofá lá embaixo.
- Você jantou? - Amylee indagou, esfregando seu cabelo com a toalha.
- Nop. E nem vou. A comida está horrível, você precisa aprender a cozinhar melhor.
- Como foi a aula? - Amylee perguntou, desviando da provocação da irmã.
- Péssima, como tudo sempre foi - Kathryn respondeu com um tom raivoso - o questionário acabou? Posso dormir?
Amylee apenas assentiu, suspirando, voltando para o banheiro.
A madrugada avançava e Amylee aproveitava a insônia para assistir a um filme qualquer, quando o seu estômago gelou ao ouvir vozes estranhas vindo do andar de baixo.
- Eu não estou pedindo, estou ordenando que me dê a arma! - a voz disse de um jeito firme e Amylee deixou o notebook sobre a cama, olhando para a irmã que acabava de acordar, olhando-a de um jeito assustado.
- Fique aqui - Amylee sussurrou e Kathryn assentiu, encarando a irmã que saía silenciosamente do quarto.
O coração de Amylee batia descontroladamente no peito à medida em que ela avançava pelo corredor, ligeiramente trêmula.
- Dean, acalme-se - outra voz pediu e Amylee imaginou se seriam apenas dois estranhos que haviam invadido a casa.
- Acalme-se? Eu estou calmo. Só estou pedindo a arma pacificamente, mas, pelo jeito, vou ter que estourar seus miolos e pegar por conta própria - Amylee ouviu e desceu as escadas, parando na porta da sala, absorvendo a cena: seu pai estava sob a mira de uma arma, arma esta segurada por um homem com olhos verdes amedrontadores, cruéis. Ao seu lado, outro cara alto estava parado, preocupado com toda aquela situação.
- Pai? - Amylee disse, arrependendo-se no segundo seguinte, martirizando-se por não ter pensado em nocauteá-los e assumir o controle da situação.
- Amylee? - seu pai virou-se, nervoso ao ver a filha ali.
Dean, tomado pela adrenalina, mirou seus olhos em Amylee, que retribuiu seu olhar, encarando-o fixamente, o que fez algo lá no fundo despertar, aumentando as batidas do coração de Dean, entorpecendo-o. Dean sorriu sem graça, abaixando a arma, enquanto Amylee só conseguia olhá-lo, concluindo que ele era o homem mais bonito que ela já havia visto, o que a fez corar de imediato.
- Estes são… - Elliot, o pai de Amylee começou, sem jeito - Sam e Dean Winchester. Filhos do John.
“Dean”, Amylee pensou, “combina”.
- Oi - Sam disse e Amylee ignorou-o.
- Então esses são os lendários Winchesters? - Amylee disse, com um brilho repentino no olhar - e pelo visto vieram atrás do Colt - Amylee concluiu, obrigando-se a desviar seus olhos de Dean.
- Sim - Sam respondeu e Dean pigarreou.
- Lendários? - Dean indagou, soltando um sorriso torto que deixou Amylee hipnotizada - gostei - ele olhou para o irmão - precisamos do Colt para matar o… - Dean olhou para Elliot, sussurrando: - ela sabe? - Elliot assentiu e Dean continuou - para matar o demônio que matou nosso pai. E nossa mãe.
- Que demônio? - Amylee perguntou.
- Azazel - Sam respondeu e Elliot o olhou, surpreso. A resposta provocou nele e Amylee a volta da sensação ruim da perda.
- O demônio que matou a mamãe - Amylee sussurrou para seu pai e ele olhou para os meninos.
- Qual o plano? - Elliot perguntou e Dean recuou, pensando se havia ouvido certo.
- Espere. Você é uma das crianças? - Dean perguntou para Amylee.
- Não - Kathryn surgiu ao lado de Amylee, cruzando seus braços - eu sou. Agora vocês podem me explicar que palhaçada é essa que está acontecendo aqui? - Kathryn indagou, recebendo uma cotovelada de advertência de Amylee.
- Sam é uma das crianças - Dean confessou, olhando para Elliot - então você deve saber o quão importante para nós é acabar com esse desgraçado.
Elliot bufou, colocando as mãos na cintura, travando uma batalha interna, ponderando os ônus e bônus daquela situação.
- Eu sei - Elliot confessou - eu conheci seu pai - ele olhou para Dean - nós passamos pelas mesmas coisas naquela época. Deve ser por isso que vocês me encontraram agora.
- Senhor, por favor - Sam pediu - nós precisamos da arma. Só ela pode matar Azazel.
- Eu sei - Elliot respondeu, com pesar - e eu também sei o peso de uma missão dessas.
- Nós garantimos que cumpriremos essa missão - Dean respondeu com tamanha segurança, surpreendendo Elliot - eu matarei Azazel, eu prometo. Farei isso mesmo que custe minha vida.
- Faremos - Sam corrigiu e Elliot olhou para Amylee, que esperava a resposta do pai, aflita.
- Esperem aqui - Elliot pediu e seguiu na direção do porão, indo buscar a arma.
- Eu quero o alto - Kathryn sussurrou para Amylee - imagina aqueles braços me levantando do chão - Amylee olhou-a, incrédula - não me olhe com essa cara de santa, você é pior. Acha que o outro está bom pra você?
- Não é hora pra isso, Kath - Amylee repreendeu-a, olhando disfarçadamente para Dean, o qual a olhava de volta, deixando Amylee desconfortável.
- Você devia aproveitar seu tempo restante - Kath insistiu - ele parece que tem uma pegada forte, não acha? Vai te destruir.
- Kath! - Amy repreendeu-a.
- Seu tempo é que está acabando, baby.
- Aqui está - Elliot surgiu minutos depois, carregando um estojo com a arma, entregando-a para Dean - tem apenas uma bala. Não erre.
- Não vou - Dean respondeu, pegando o estojo - fez a escolha certa.
- Eu espero que sim.
- Aqui está nosso contato - Sam entregou um cartão para Elliot - ligue se precisar de algo.
- Tudo bem - Elliot respondeu com um ar cansado.
- Obrigado, senhor - Sam respondeu - não vamos desapontá-lo.
- Tudo bem, rapazes. Vão embora. Já me causaram preocupações demais pra uma noite - Elliot abriu a porta e Dean olhou para Amylee uma última vez antes de sair, sorrindo brevemente, fazendo Amy corar.
- Espero vê-los em breve - Dean disse.
- Nós não. E fiquem longe das minhas meninas - Elliot sussurrou para que só eles ouvissem e fechou a porta.
- Quem eram eles? - Kathryn perguntou ao pai, curiosa.
- Eu já disse, os Winchesters.
- E por que nós só os conhecemos agora? - Kath indagou e Elliot percebeu o tom que a filha estava usando.
- Ok, mocinha. Pra cama. Agora.
- Não pode me tratar como uma criança - Kath rebateu, fingindo irritação.
- Então não se comporte como uma. Boa noite - e ela se virou, subindo para o quarto - eu sei o que está pensando - Elliot disse para Amylee, sentando-se no sofá - vem aqui - Amylee andou até ele, sentando-se ao lado do pai, que a abraçou.
- Você acha que aquela vida vai voltar? - Amylee perguntou num suspiro.
- Eu prometo que vou fazer de tudo para que não - Elliot respondeu e Amy se aconchegou em seu abraço, fechando os olhos.
- Pai? - Amy chamou depois de um tempo.
- Sim?
- Você acha que um dia Kath vai me perdoar?
- Acho que ela não pensa mais nisso dessa forma.
Amylee ia respondê-lo, mas preferiu permanecer em silêncio, aproveitando aquele momento protegida no abraço do pai.
⛤
O barulho de vidro sendo quebrado acordou Amylee em um sobressalto. Ela olhou em volta e se viu sozinha no sofá; as luzes estavam apagadas e tudo estava quieto. Amylee se sentou e sentiu a mão de alguém pegando seu ombro.
- Shhhhh - ela ouviu seu pai dizer antes que ela pudesse protestar - venha. Quieta - ele sussurrou e Amy viu que ele segurava um taco de basebol em mãos.
- Pai? - ela chamou - o que está acontecendo?
- Demônios - ele disse e Amylee sentiu seu estômago gelar - eu os ouvi e vi entrando pela saída externa no porão. Vou segurá-los. Pegue sua irmã e me espere no carro. Aqui - ele entrgou o cartão que os Winchesters haviam deixado - ligue e diga que precisamos de ajuda. Fale para nos encontrar na Ponte Brooklyn em 15 minutos.
- P-pai…
- Vá! - ele sussurrou alto e Amylee assentiu, subindo as escadas, andando até o quarto, acordando a irmã.
- Kath - ela chamou - Kath, precisamos ir.
- O que…? - Kathryn balbuciou.
- Demônios estão tentando entrar, precisamos ir. Agora - Amy disse e pegou sua mochila, colocando o notebook, celular e carregadores dentro, puxando a irmã ainda sonolenta para a garagem.
No andar de baixo, Elliot havia empurrado a estante na frente da porta na qual os demônios tentavam abrir, batendo constantemente.
- Muito bem, meninas. Vamos - ele empurrou as duas para a garagem.
Amylee e Kathryn entraram na camionete e Elliot pegou algumas caixas com armas guardadas na garagem, carregando no carro. Ao mesmo tempo, Amylee discava o número no celular, aguardando resposta.
- Alô? - a voz de Dean foi rapidamente reconhecida por ela, que travou momentaneamente.
- Dean, é a Amylee - Amylee disse.
- Oh, oi. Foi rápida, gosto assim.
- Precisamos de ajuda - ela disse e o pai entrou na camionete, ligando-a.
- O que aconteceu? - Dean perguntou em um tom sério.
- Demônios invadiram a casa, estamos fugindo.
Elliot ligou a camionete e a porta da garagem abriu, revelando dois demônios no lado de fora.
- O que eu posso fazer? - Dean perguntou e Elliot acelerou, atropelando os demônios, acelerando pela rua - Amylee? O que foi isso?
- Nos encontre na Ponte Brooklyn. Depressa - e ela desligou.
- Sabe como funciona ainda, certo? - Elliot perguntou, entregando a bolsa de armas que estava em seu colo para Amylee. Ela assentiu, ainda sentindo a adrenalina pulsando em suas veias - carregue-as. Vai ser uma longa noite.
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