Dean POV
Abri a porta do bar e a brisa fria da noite logo me atingiu em cheio. Saí para o lado de fora e olhei ao redor, procurando por Amylee. Andei até onde o Impala estava e não vi nenhum sinal dela. Uma espécie de van fazendo um “chiado” insistente virou na esquina ao lado do bar, tomando distância.
- Amylee? - chamei-a, esperando por uma resposta. Abri a porta e olhei lá dentro, mas ela também não estava lá. Vi o diário em cima do capô e eu o peguei, olhando em volta mais uma vez, sentindo uma agonia insistente crescendo - Amylee! Apareça, vamos.
Mas não havia nada ali fora. Olhei para a câmera no poste, encarando-me com um silêncio quase culposo.
⛤
Abri a porta do quarto de hotel com um estrondo e Sam me olhou. Ele estava mexendo em seu notebook sobre a mesa e Jo folheava um livro sobre a cama.
- Que cara é essa? - Sam perguntou e eu olhei o quarto, na falsa esperança de que Amylee estivesse lá.
- Amylee está aqui? - indaguei.
- Ela estava com você - Jo disse - o que aconteceu?
- Acho que a pegaram.
⛤
- Em que podemos ajudar, policial Washington? - a policial disse. Eu estava em uma delegacia enquanto Sam e Jo pesquisavam sobre o possível paradeiro de Amylee.
- Estou em um caso de desaparecimento - respondi.
- Não sabia que Jenkins era caso da estadual - ela respondeu, referindo-se ao desaparecimento que nos trouxe até a cidade.
- Não. Não. É outra pessoa. Na verdade, é… Minha prima - eu menti, sentindo-me levemente constrangido. Estávamos bebendo em um bar perto da estrada. Não a vejo desde então.
- Sua “prima” - a policial disse, analisando-me com um ar desconfiado - tem problema com bebida?
- Amylee? Não. Ela não estava bêbada. Estava legal.
- Certo - ela disse e andou até sua mesa. Eu a segui - qual é o nome completo dela?
Eu abri minha boca, sem saber a resposta.
- Amylee Colt? - eu respondi, sem jeito.
- Não sabe? - ela me olhou.
- Talvez tenha um segundo nome, não sei - menti - ela nunca comentou - a policial assentiu, digitando em seu computador.
- Nada nos registros - ela disse e olhando para o computador.
- Ah, já tenho uma pista - eu disse - vi uma câmera de vigilância na estrada.
- Câmera de trânsito?
- Sim. Acho que a câmera filmou o que a pegou. Ou quem.
- Bem - ela respondeu - tenho acesso aos vídeos no Departamento de Obras. Mas bem, enquanto isso, façamos do jeito certo - ela pegou um papel da gaveta e colocou na mesa em minha frente - por que não preenche um relatório de desaparecimento e fica por aqui?
- Policial - eu disse e me levantei, assim que ela ameaçou sair da sala - ouça, ela é importante pra mim. Eu meio que… Sinto que preciso tomar conta dela. Tem de me deixar ir junto.
- Lamento. Eu não posso.
- Bem, diga uma coisa. Seu condado tem muitos desaparecimentos. Algum deles voltou? - a policial olhou para o chão e eu olhei aproveitei a deixa - eu preciso ajudá-la. Ela voltará. Eu a trarei de volta.
⛤
Eu estava sentado em um banco de praça, depois de me atualizar com Sam, esperando a policial voltar com as imagens das câmeras. Ele e Jo estavam levantando dados sobre os desaparecimentos anteriores e Jenkins, tentando juntar uma linha que ligasse os casos.
- Greg - ela disse e eu assenti (era meu nome falso) - acho que temos algo. Essas câmeras de segurança tiram fotos a cada três segundos. Parte do sistema de alerta. Essas imagens são de quando sua namorada desapareceu - ela me entregou a foto e eu vi um furgão nela.
- Não é bem o que eu procuro - respondi.
- Espere. A próxima - ela disse e eu mudei a página, vendo uma camionete velha com a carroceria fechada - veja a traseira dessa coisa. Agora veja a placa.
- Parece nova - percebi, lembrando do furgão que eu vi saindo da esquina do bar - provavelmente roubada.
- O motorista daquela lata velha deve estar envolvido - ela disse e eu me virei ao ver uma van passando, o mesmo barulho da van na noite passada, quando Amylee desapareceu.
- Ouviu esse motor? - falei - parece choroso, não? Ora, ora - murmurei.
Amylee POV
Abri meus olhos ao mesmo tempo que o ar entrou em meus pulmões repentinamente, fazendo-me engasgar. Eu me sentei no chão frio e olhei em volta, percebendo grades de metal ao meu redor, como uma cela de cadeia. Haviam mais celas ao meu redor, parecendo uma espécie de prisão. Fiquei em pé e segurei as grades geladas em minhas mãos, balançando-as, sentindo o frio congelando-me aos poucos.
- O que é isso? - eu murmurei, forçando a grade.
- Você está viva? - ouvi uma voz perguntar e eu me virei em um pulo, vendo um cara preso em outra cela, igual a minha.
- Você está bem? - perguntei, olhando-o.
- Pareço estar bem?
- Onde estamos? - perguntei, ignorando a resposta irônica.
- Eu não sei. No campo, eu acho. Tem cheiro de campo.
- Você é Alvin Jenkins, não é?
- Sim.
- Eu estava procurando por você - lamentei.
- Ah, é?
- É - eu disse e olhei em volta, procurando por um meio de sair dali.
- Bem, sem ofensas, mas que porcaria de resgate.
- Meus amigos estão lá fora - falei - procurando por nós. Então…
- Eles não nos acharão. Estamos no meio do nada esperando eles fazerem conosco só Deus sabe o quê.
- O que são eles? - perguntei, encarando-o - você os viu?
- Do que está falando?
- O que nos pegou. Como se parece?
Um barulho ecoou do fundo do “galpão” e Jenkins recuou, agachando-se no canto de sua cela.
- Veja por si mesmo - ele disse e eu me afastei da grade, sentindo-me vulnerável ali dentro.
Alguém usando uma capa escura com capuz entrou, colocando uma chave no que parecia ser o sistema de segurança e um barulho de trava abrindo ecoou.
- Deixe-me em paz - Jenkins disse quando a criatura abriu sua cela - não me toque. Deixe-me em paz!
A criatura veio até minha cela e depositou uma bandeja com comida.
- Ora, ora - falei ao ver ele se afastando, religando o sistema - são apenas pessoas.
- Sim - Jenkins disse da sua cela - o que esperava?
- Com que frequência o alimentam? - perguntei.
- Uma vez por dia. Usam aquela coisa ali para abrir a jaula - ele disse apontando para o sistema que eu havia visto.
- E você os vê nessa hora?
- Até agora. Mas estou esperando.
- Esperando o quê?
- Virar mocinha - ele respondeu e me olhou de cima a baixo - se bem que eu acho que você vai primeiro.
- Idiota - falei - isso é o menor dos seus problemas.
- É? O que acha que querem então?
- Depende de quem são - eu olhei para cima e vi o que parecia ser um cano de alimentação ligado ao sistemas.
- São caipiras psicopatas e ignorantes. Procurando amor nos lugares errados.
Eu agarrei o cano e o puxei, forçando-o para baixo.
- Acha que vai conseguir arrebentar isso? - ele resmungou.
- Observe - eu disse e puxei com mais força.
Dean POV
- Certo - eu disse, remexendo em algumas folhas que estavam eu meu colo. Eu estava com a policial em seu carro, enquanto seguíamos o suposto caminho que a van fez - a próxima câmera de trânsito… Fica a 80 quilômetros e a camionete não passou por ela.
- Então… - a policial disse e eu a olhei.
- Parou em algum lugar - respondi e olhei o mapa - mas não vejo outras estradas aqui.
- Muitas dessas propriedades no meio do mato possuem estradas particulares - a policial explicou.
- Ótimo - falei.
- Então - ela disse e mexeu na tela em seu carro - Gregory?
- É - assenti.
- Chequei seu distintivo - ela disse e eu senti um frio subir por minha espinha - é praxe no trabalho com a polícia estadual. Para fins contábeis e tal. E, eles acabaram de me responder. Dizem que seu distintivo é roubado. E há uma foto sua - ela virou a tela e eu vi a foto de um cara um pouco acima do peso e negro.
- Emagreci - menti - e tive aquela doença do Michael Jackson.
- Certo - ela disse e parou o carro - quer sair do carro?
- Ouça, ouça, ouça - falei - quer me prender? Tudo bem. Vou cooperar, juro. Mas antes, por favor, deixe-me achar a Amylee.
- Eu nem sei quem você é.
- Olhe nos meus olhos e diga se eu estou mentindo.
- Roubo de identidade? Finge ser policial?
- É o seguinte. Amylee não merece acabar desse jeito. Escute… Eu já a perdi uma vez, não posso deixar isso acontecer de novo. Por favor.
- Ela é sua prima - a policial disse, julgando-me.
- Menti sobre isso também - sorri sem graça.
- Sinto muito. Você não me dá escolha. Preciso prendê-lo - ela disse e suspirou - depois que acharmos Amylee.
Muitos usuários deixam de postar por falta de comentários, estimule o trabalho deles, deixando um comentário.
Para comentar e incentivar o autor, Cadastre-se ou Acesse sua Conta.