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História Quer brincar comigo? - Presa na escuridão


Escrita por: Mallagueta

Capítulo 2 - Presa na escuridão


O clima na sala de aula era de tristeza e preocupação. Fazia dois dias que Denise tinha desaparecido e quanto mais o tempo passava, mais pensamentos negativos povoavam as mentes de todos.

Mônica tinha organizado algumas buscas pelo bairro, mas não conseguiu nada. Ela não estava nos lugares de sempre e ninguém fazia idéia de onde ela poderia ter ido.

- Eu já tô ficando sem idéias... – Mônica reclamou esfregando a cabeça que doía um pouco. Magali também estava apreensiva.

- Será que ela não escondeu na casa de algum parente?

(Cascão) – Por que ela ia fazer isso? É mais fácil ela ter sido abduzida e... (pedala!) Ô Magá, tava só brincando!

- Não se brinca com esse tipo de coisa!

Cebola entrou na sala com um sorriso de vitória e se juntou ao grupo.

- Eu consegui os telefones do pessoal que tava ajudando a Denise a organizar a festa. De repente, um deles pode saber de alguma coisa. – Mônica se animou.

- Acha mesmo?

- Claro! É bem provável que ela tenha saído no meio da noite para resolver um assunto da festa e alguma coisa aconteceu no meio do caminho. Se pudermos entrar em contato com quem falou com ela por último, podemos descobrir por onde ela andou.

Se não estivesse namorando o DC, Mônica teria dado um beijo no rosto dele.

- Nossa, você é mesmo um gênio! Boa idéia!

O sorriso do Cebola dobrou de tamanho e ele sentia muito orgulhoso da sua genialidade. Ainda assim ele tentou se conter. DC ainda estava no hospital e ele não queria que Mônica percebesse que ele estava se aproveitando da situação. Bem... no amor e na guerra valia tudo, certo? Ele não queria que nada de ruim acontecesse com seu rival, mas já que as coisas tinham acontecido daquele modo, por que não aproveitar? Ainda assim ele pretendia ir devagar e com cuidado. Mônica tinha voltado a confiar nele, então ele não podia estragar tudo dando um passo errado. Uma coisa de cada vez.

Se ele conseguisse desvendar aquele mistério e encontrar Denise, ela ia admirá-lo e apreciar sua grande inteligência, o que podia ser um passo no caminho da reconciliação. Era por isso que ele não podia falhar.

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No banheiro da escola, Maria Melo escovava os cabelos enquanto conversava com Isa. O assunto do dia era o desaparecimento misterioso da Denise.

- Será que vão achar ela? Coitada, tô morrendo de dó! – Isa falou lavando as mãos.

- Eu também tô preocupada, viu? Já pensou que perigo? Tanta gente some todo dia e não aparece nunca mais!

Após escovar os cabelos, ela retocou o batom e passou um lápis de olho suavemente. Depois um pouco de blush nas faces que estavam um tanto pálidas. De repente, seu corpo magro tremeu.

- Credo, tá soprando um ventinho frio!

- Vento frio? Tá o maior calorão aqui!

- Pois eu tô sentindo muito frio, se pudesse colocava um agasalho.

Isa não sentiu nada, achando que a amiga devia estar sentindo frio por causa da fome. Às vezes ela mal conseguia se manter de pé. Quando terminou de retocar a maquiagem, as duas saíram do banheiro sem perceber uma gota de água saindo da torneira e congelando logo em seguida antes de pingar dentro da pia.

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Ela sabia que era dia do lado de fora por causa da luz que entrava pelos pequenos buracos das lonas que cobriam as janelas. Isso fazia com que o lugar ficasse escuro, com apenas alguns pontos de luz que ao invés de iluminar, só serviam para deixar tudo mais assustador. Havia muitas caixas espalhadas, sujeira, cheiro de mofo e o ar ali era quente e abafado por causa do calor.

Denise tentava respirar desesperadamente e seu nariz parecia congestionado por causa da poeira. Em alguns momentos ela pensou que fosse sufocar, já que não podia respirar pela boca por causa do enorme esparadrapo que a cobria. Ela estava sentada no chão, com as costas apoiadas nas paredes e as mãos presas por cordas muito fortes presas a um cano de metal que atravessava o chão, rente a parede. Após várias tentativas de se libertar, seus pulsos estavam machucados e nenhum progresso foi feito. Apesar de finas, as cordas pareciam de aço embora ela tivesse a impressão de que fossem feitas de tecido.

A roupa que ela usava, que na verdade era um vestido grande, cheio de rendas, babados e anáguas só faziam com que o calor piorasse ainda mais. Seu estômago as vezes roncava de fome, outras vezes embrulhava ferozmente e ela pensava se alguém ia encontrá-la algum dia.

O tempo passava sem que ela pudesse contá-lo com precisão. Ela estava ali há um dia? Dois? Três? Uma semana? Sua noção de tempo tinha se perdido no meio do pânico de imaginar que qualquer noite poderia ser a última. Enquanto fosse dia do lado de fora, ela sabia que estava em relativa segurança. Os problemas começavam quando anoitecia. Era quando o verdadeiro pavor começava.

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Cebola desligou o telefone sentindo-se muito frustrado. Estava quase anoitecendo e ele não tinha conseguido descobrir nada. Droga, mais um plano indo por água abaixo. A pior parte era falar com a Mônica que toda sua busca tinha sido em vão. Nenhum dos alunos que estavam ajudando Denise com a festa tinham falado com ela na noite do seu desaparecimento.

- Hummm... se eu pudesse refazer os passos dela naquela noite...

A tarefa não era nada fácil. Pelo que ele sabia, a mãe dela precisou sair e a deixou sozinha. Quando voltou para casa, ela já tinha desaparecido sem deixar nenhum rastro. Não havia sinal de arrombamento, nem de violência. Por isso ele pensava que ela tinha saído espontaneamente. Será que ela tinha fugido de casa? Não, Denise nunca foi disso. E como ela não tinha namorado, a possibilidade de ter fugido com algum rapaz também não era viável. A não ser que fosse alguém desconhecido, o que também não fazia sentido.

Por outro lado, ela saiu sem levar o celular e ele sabia que Denise jamais sairia de casa sem ele. Muitas peças não se encaixavam e sem pistas ele não tinha como desvendar aquele mistério.

- Droga, eu tô ficando sem tempo!

Além de haver o risco de ela aparecer morta, o que o deixava muito preocupado, ele também tinha medo de decepcionar a Mônica. Isso não podia acontecer de jeito nenhum e Cebola continuou quebrando a cabeça noite adentro na esperança de descobrir algo.

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Ela andava com o corpo tremendo de frio e uma fumaça esbranquiçada saindo da sua boca. Sarah não conhecia aquele lugar e não entendia por que fazia tanto frio. Por acaso não era época de calor? Ela tinha a impressão de que a temperatura estava aproximando de zero. E que lugar era aquele? Ela não fazia idéia.

Parecia uma fazenda, já que tinha muitas árvores, pomares e um casarão mais a frente. Só que o casarão era de aparência antiga, como se fosse do século 19. Mas a aparência não era exatamente antiga porque a construção estava muito bem conservada, como se tivesse sido construída há pouco tempo e não no século retrasado.

Ela andava numa estradinha de terra que levava direto para o casarão. De um lado e de outro, o lugar era gramado, cercado de árvores e havia algumas carroças debaixo de um abrigo de palha. Também tinha um pequeno estábulo, cisterna e um pequeno córrego que parecia passar atrás da casa grande.

Mais longe, iluminada pela luz fraca da lua, ela podia ver uma plantação que parecia cana de açúcar e um cheiro suave de melado enchia o ar frio.

- Tá frio demais, não posso ficar aqui fora! – ela falou consigo mesma tremendo e se encolhendo toda. Talvez fosse boa idéia bater na porta da casa grande e pedir abrigo para aquela noite. Quem sabe usar o telefone e chamar pelos seus pais?

Pensando bem, como ela tinha ido parar ali mesmo? Sua memória estava embolada. Num momento ela estava em seu quarto olhando as cartas. Em outro, estava perambulando naquele lugar estranho e morrendo de frio. Embora sua intenção fosse ir até a casa grande, algo inexplicável fez com que desviasse do caminho, contornando a casa indo para os fundos.

Sua mente ficou confusa. De jeito nenhum aquele lugar parecia ser moderno. A pouca iluminação vinha somente de lampiões ao invés de luz elétrica. Após andar por alguns minutos, ela foi até o grande pomar. Ali parecia ainda mais frio e ela chegou a tossir várias vezes sentindo dor de garganta. Seus pés estavam ficando dormentes e andar estava cada vez mais difícil. Em algumas plantas ela pode ver cristais de gelo se formando. Era geada, algo que ela tinha estudado na escola, mas nunca pode ver de perto.

- Frio... muito frio... – uma voz fraca murmurou fazendo com que ela parasse.

- Oi? Tem alguém aí? – ela chamou e como resposta veio apenas o mesmo lamento.

- Frio...

Sarah tentou seguir a voz correndo pelo labirinto de árvores e chamando várias vezes. Ela apenas ouvia os sussurros cada vez mais fracos. Uma lufada muito forte de vento glacial veio em sua direção, fazendo-a cair de costas. Era como se cada célula do seu corpo tivesse congelado e ela podia sentir os ossos rangendo de frio.

- O quê? Ah, não acredito! – ela bradou sentando-se rapidamente na cama ao acordar de outro pesadelo com o vento entrando pela janela aberta e derrubando alguns papéis. O quarto estava escuro e pelo rádio relógio ela viu que eram duas da manhã. Será que aquele vento causou o sonho? Era pouco provável. Com certeza era outro sonho maluco.



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