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História Quer brincar comigo? - Mais alguém na brincadeira


Escrita por: Mallagueta

Capítulo 4 - Mais alguém na brincadeira


– De novo aquele sonho! Gente, isso tá estranho demais! – Sarah murmurou para si mesma irritada por ter acordado quando ainda faltava uma hora para o despertador tocar. Uma hora de sono desperdiçada!

Ela levantou-se muito frustrada e ficou andando pelo quarto, já que não ia conseguir dormir novamente. Sua pele ainda estava arrepiada de frio e durante um tempo ela sentiu os membros dormentes. Aquele sonho tinha se repetido, com alguns detalhes a mais. Ela tinha ouvido a mesma voz lamentando o frio, mas também ouviu outra que lhe causou medo.

– Menina ruim, ordinária! Isso é para você aprender a não fazer mais isso! – depois disso, o som de algo que parecia ser um chicote seguido de gritos apavorados de uma menina.

Isso fez com que ela corresse pelo pomar tentando encontrar a origem daqueles sons, o que mais uma vez foi inútil. A mulher continuava bradando, xingando e batendo enquanto a menina continuava gritando e implorando para que ela parasse. E o sonho acabou aí, deixando-a apavorada. Céus, o que estava acontecendo?

– O Victor tem razão, eu preciso falar com o Cebola ainda hoje! Ele pode ajudar a resolver isso porque eu não tô entendendo nada!

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O dia estava amanhecendo, permitindo que o galpão ficasse menos escuro e assim ela pôde ver quem era a garota que aquela mulher louca tinha trazido na noite anterior arrastando pelos cabelos. Maria Mello! Sim, era sua amiga que também estava amarrada e com um esparadrapo enorme na boca. Sobre o esparadrapo ela viu o desenho de uma boca vermelha sorridente como se fosse de boneca. Ela também tinha sido vestida com um vestido de aparência infantil que estava todo velho, sujo e rasgado em algumas partes.

Seus cabelos tinham sido penteados e presos no alto da cabeça com algumas presilhas, num arranjo desordenado feito por uma pessoa de mente perturbada. O susto foi recíproco, já que Maria finalmente descobriu o que tinha acontecido com Denise. O rosto dela estava cheio de hematomas e ela também tinha um esparadrapo na boca. Por que aquela mulher louca desenhou uma boca sorridente sobre o esparadrapo?

As duas passaram horas de terror e tormento nas mãos daquela psicopata, que penteava seus cabelos, amarrava e desamarrava vários laços de fita, fingia lhes dar comida e sempre as esbofeteava quando achava que elas se comportavam mal.

Elas se olhavam chorando e morrendo de medo, embora lá no fundo sentissem algum conforto por estarem com uma pessoa conhecida. Maria, assim como Denise, não conseguia se libertar daquela corda que parecia ser de aço. Elas só podiam chorar e se contorcer de medo, esperando a hora em que aquela louca ia voltar para lhes torturar por quase uma noite inteira.

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Magali acordou sentindo o corpo doendo.

– Ai, acho que dormir de mau jeito. Que dor! – ela mexeu o braço e o ombro várias vezes tentando aliviar o desconforto e por fim resolveu tomar um banho quente para ver se resolvia alguma coisa.

Normalmente ela tomaria um banho morno, já que fazia calor, mas ultimamente ela tem sentido tanto frio! Por que tinha esfriado tanto? O pior era que seus pais pareciam não perceber nada, como se só ela sentisse frio. Só de pensar nisso alguns arrepios desagradáveis corriam pela sua espinha.

Ela saiu do banho sentindo-se um pouco melhor e foi tomar o café da manhã. Comida sempre resolvia muitas coisas.

– Bom dia mãe, bom dia pai!

– Bom dia. - Os dois responderam e Carlito perguntou. – Você não dormiu bem essa noite?

– É, acho que não. Meu braço tá doendo um pouco, acho que dormi toda torta, credo!

Mingau entrou na cozinha junto com Aveia e Mocotó a procura do seu café da manhã e quando Magali levantou para abraçar seus bebês, Mingau arrepiou os pelos, mostrou as garras e rosnou várias vezes ameaçando avançar nela.

– Mingau, o que é isso? Tá me conhecendo não? – a moça ralhou tentando pegar o gato que esperneava e arranhava seus braços tentando se libertar. Aveia e Mocotó também pareciam com medo e todos saíram dali em disparada, deixando a família inteira confusa.

– Eu heim, o que deu neles? – Lili perguntou.

– Esses gatos são malucos mesmo. Não sei como você agüenta, Magali.

– Ah, pai, fala assim não! Eles devem estar com medo de alguma coisa.

– Eles estão assim há uns dois ou três dias. É muito estranho porque comigo eles são bem dóceis.

– Pois eu continuo espirrando do mesmo jeito! – confirmar, ele deu outro espirro e continuou seu café da manhã.

Magali terminou de comer e foi para a escola bastante preocupada com seus gatos. No meio do caminho, ela encontrou a Mônica. Mais a frente, Cascão ia com Cascuda e ela achou melhor não falar nada para evitar confusão.

– E é isso, Mô. Meus gatos andam muito ariscos comigo e eu não sei o que fazer! – falou após contar o incidente de minutos antes. – Eles nem me deixam chegar perto!

– Que estranho! Os gatos sempre gostaram muito de você!

– Pois é. E o DC, como tá?

– Ele vai indo bem. Dentro de uma semana já pode ir pra casa. Aí eu vou cuidar muito bem dele, né?

As duas deram uma risadinha e riram ainda mais da cara azeda do Cebola que tinha chegado por trás e ouvido a última frase e continuaram andando para a escola. Elas ainda não sabiam que notícias ruins estavam por vir.

Dentro da sala de aula, o clima estava estranho e havia um burburinho. Um grupo ao redor da Sarah insistia para que ela lesse as cartas e a moça parecia relutar.

– Gente, dá um tempo! O dia nem começou ainda! – Mônica repreendeu e Marina se justificou.

– Ai, então vocês não sabem ainda? Gente, a Maria Mello sumiu!

O choque foi geral.

(Cebola) – Sumiu? Como assim?

– Desapareceu! – Carmem completou. – Ela tava lá em casa tirando umas fotos pra por no facebook, porque minha casa é muito chique e qualquer foto fica linda ali, especialmente nos jardins! Vocês sabiam que meu papi mandou colocar uma fonte ma-ra-vi-lho-sa no jardim da frente? Ela vai ser iluminada e...

Mônica bateu o pé no chão, fazendo a carteira tremer um pouco.

– Carmem, foco! O que aconteceu com a Maria?

– Com quem? Ah, tá. Ela saiu lá de casa faltando pouco pra oito da noite e eu achei que tudo tava bem, né? Só que não tava! Lá pelas dez da noite os pais dela ligaram perguntando por ela.

(Magali) – Então ela não tinha chegado em casa?

– Não. Ela saiu lá de casa, mas os pais dela falaram que ela não tinha chegado. E agora ela não apareceu na aula!

O burburinho voltou e as meninas pareciam muito assustadas.

(Isa) – Era por isso que a gente queria que a Sarah lesse as cartas pra gente. Ela sabia que isso ia acontecer!

A moça protestou.

– Eu não sabia não, sério!

(Cascuda) - Mas você avisou pra Maria não ficar sozinha!

– Foi só isso, mas eu nem imaginava que algo assim podia acontecer!

Não adiantou explicar muito. Os outros alunos insistiam e só foram para suas carteiras quando Mônica começou a fazer cara feia e estalar os dedos. Era um sinal para debandarem em disparada.

Quando o professor chegou, ela também foi para seu lugar e conversou baixo com a Magali.

– Dá pra acreditar? Agora são duas desaparecidas!

– Tá dando até medo! Será que tem algum maníaco raptando moças no bairro? Foi por isso que a Sarah falou pra Maria não ficar sozinha e acho que ninguém mais devia ficar.

– É mesmo... vou falar pras outras meninas.

A aula começou e no seu lugar, Cebola ficou remoendo o que tinha acontecido. Droga, ele nem tinha conseguido desvendar o mistério da Denise e agora Maria Mello desapareceu? O que ele devia fazer? Como procurar pistas? Um bilhete chegou na sua carteira e ele abriu discretamente. Era da Sarah.

“A gente pode conversar no recreio? É importante!”

Ele ficou muito intrigado, mas não falou nada. Talvez ela tivesse visto algo mais naquelas cartas que não queria compartilhar com ninguém, nem mesmo com a Mônica. Melhor assim, talvez fosse uma boa pista para ajudá-lo a desvendar aquele mistério.

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As garotas estavam distraídas fofocando e Sarah tinha falado que não estava bem e preferia ficar sozinha. Só assim (e com a ajuda da Mônica) para ela ter algum sossego. Os dois estavam no estacionamento do colégio, onde podiam conversar com privacidade e ela contou ao Cebola tudo o que tinha visto nas cartas e seus estranhos sonhos.

– Eu não sei se isso tem algo a ver com o desaparecimento delas, mas Victor aconselhou a falar com você e ele acaba sempre tendo razão. – Cebola coçou a cabeça.

– Ainda não sei quem é esse Victor, mas beleza. Esse lance da Maria ficou sinistro mesmo! Você falou pra ela não ficar sozinha e agora ela sumiu! Tem que ter algo a ver! Mas esse negócio do frio é que tá muito estranho... Ela sentiu isso mesmo?

– Sim. Ela reclamou que estava sentindo esse frio toda hora, mas que as pessoas não sentiam nada, só ela!

– E você também sente a mesma coisa?

– Sim, já senti várias vezes, especialmente quando acordo depois de ter esses sonhos.

– Hum... normalmente eu diria que é só coincidência, mas você já acertou várias vezes, então deve estar certa nisso também. Como é mesmo essa fazenda do seu sonho?

– Ela parece bem rústica. Não tem luz elétrica, vejo carroças, estábulo com cavalos...

– Curioso. Parece aquelas fazendas antigas do século 19, só que não tem nada assim na cidade. Quer dizer, tem um hotel fazenda, mas pelo que você falou não deve ser isso.

Após pensar um pouco, Cebola perguntou.

– Você sempre sente frio nesse sonho?

– Nossa, muito frio! Meus pés ficam até dormentes.

– Interessante... e a Maria também andou sentindo esse frio... será que com a Denise foi a mesma coisa?

– Se aconteceu, ela nunca falou nada.

– Então é melhor ficar de olho nas outras meninas pra ver se elas falam algo a respeito. Se alguma delas disser que sente muito frio, a gente fica de olho.

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Pouco antes de bater o sinal, Carmem foi ao banheiro retocar a maquiagem. Que coisa chata fazer isso sozinha... a companhia da Denise estava fazendo muita falta. As conversas, fofocas, passeios no shopping, dicas sobre moda... Carmem não conseguia ter esse mesmo entrosamento com as outras garotas.

– Tomara que achem ela logo. E a Maria também! – Era outra coisa que não saía da sua cabeça. Por que ela foi deixar a amiga ir para casa sozinha? Não custava nada ter mandado o chofer levá-la e tiraria essa preocupação da sua cabeça.

Quando terminou de retocar a maquiagem, ela colocou as mãos debaixo da torneira para lavar e tirou bem rápido com um gritinho estridente.

– Ui, que gelado! – o choque com a água gelada pareceu queimar seus dedos e ela sacudia as mãos tentando esquentá-las. Um frio estranho atingiu sua nuca, fazendo-a tremer e ficar arrepiada.



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