Eu não conseguia me concentrar na aula, enquanto o professor explicava mais uma das matérias minha mente se perdia em pensamentos, em tudo que aconteceu durante esse ano. Não acredito ainda que se passou um ano desde o dia em que entrei pela porta daquela mansão apenas com a cara e coragem, sem conhecer ninguém e noiva de um cara que eu nunca tinha visto na minha vida, mas o que eu não faço pelo meu pai? Então para mim tudo isso valeu a pena.
Finalmente terminei aquela aula torturante, caminhei até uma das mesas que tinha no pátio da universidade esperando Lucien trazer qualquer coisa para comermos, depois de um tempo acabamos nos tornando bons amigos, ele me escutava sempre e me aconselhava, posso dizer que os melhores conselhos vinham dele.
- No que está pensando? - Ele perguntou sentando com dois sanduíches em mãos
- Na decisão que tenho que tomar - Eu disse mordendo meu sanduíche
- Pensei que tinha resolvido isso semana passada quando tivemos essa conversa - Ele disse revirando os olhos
- Lucien, só me escuta - Eu disse repreendendo ele
- Estou aqui pra isso, você sabe - Ele respondeu
- Eu estava certa da minha decisão, mas ultimamente estão acontecendo coisas que me machucaram muito e eu não sei mais.. - Falei suspirando
- Porque você não conversa com ele? - Lucien sugeriu
- Nós estamos distantes, acho melhor tomar essa decisão sem ter essa conversa com ele - Eu disse
- O que te deixou assim? Lembro que semana passada você estava decidida em não ir embora - Ele perguntou
- Suas atitudes estranhas nas últimas semanas que me machucaram muito, além de tudo penso na minha família e em como vou estar distante deles por muito tempo - Eu disse
- Mesmo machucada, você ainda ama ele? - Ele perguntou me olhando
- Sim, eu amo ele demais e não pensaria duas vezes em perdoá-lo por tudo que aconteceu - Eu disse dando um sorriso tímido
- Então acho que tem uma resposta e vocês podem ir visitar seus pais durante as férias dele - Ele disse comendo seu sanduíche
- Obrigada, você é o melhor - Eu disse colando meus lábios em sua bochecha e saindo em seguida
Entrei no carro seguindo para casa que não era tão distante assim da universidade, eu não conseguia nem me concentrar direito no caminho pois os meus pensamentos estavam em como eu iria contar para Marco que aceitaria sua proposta para ser sua noiva de verdade.
Havia um carro parada na entrada na casa, estranhei mas não dei muita importância pois minha mente só conseguia pensar em uma maneira para ele minha resposta, tenho certeza que ele ficará tão feliz quanto eu estou agora. Peguei as chaves no bolso, mas não precisei usar porque a porta estava destrancada, empurrei com cuidado e tive a pior visão da minha vida.
O chão que eu pisada simplesmente sumiu, eu sentia que haviam colocado a mão dentro de mim e estavam brincando de arrancar meu coração, nunca tinha sentindo uma sensação tão ruim quanto essa. Eu me sentia uma menina idiota de quinze anos que perdia seu amor para a vadia popular, mas tudo era minha culpa pois eu sempre soube desde o início que eu seria a pessoa que sairia mais machucada nisso tudo e mesmo assim me deixei levar por ele.
Minha vontade era de morrer, de sumir ou de desligar todos os meus sentimentos para não sentir mais essa dor, como ele poderia dizer que me amava e depois transar com essa vadia no sofá da nossa casa? Será que ele estava querendo me mostrar que eu nunca vou ser parte desse mundo asqueroso? Ele não precisava ter transada com ela na nossa casa, ainda com a porta aberta e sabendo que eu não demoraria para voltar da universidade, porque ele tinha feito aquilo de prepósito?
Fechei as portas, eu não suportava mais olhar aquela maldita cena sem ter ânsia de vomito, minhas pernas tremeram e meus olhos deixavam as lágrimas saírem como uma cachoeira, eu não sabia nem para onde iria por essa noite, mas amanhã irei embora e nunca mais coloco os pés nesse maldito país. Entrei no carro mais uma vez, arrancando dali para qualquer canto que não fosse aquela maldita casa, não quero ver nada que me lembre dele nunca mais.
Nesse momento eu não queria ninguém perto de mim, ninguém que pudesse ver o quanto sou fraca e idiota por ter deixado uma pessoa como Marco partir o meu coração, eu não quero ninguém me olhando com pena.
- Oi - Eu disse tentando parecer o mais normal possível pela ligação
- Mia, você está chorando? - Lucien perguntou de imediato
- Não está tudo bem. Será que você pode me deixar passar um tempo no seu apartamento? - Perguntou segurando o choro
- Sim, ele será seu o fim de semana inteiro, mas tem certeza que não vai precisar de mim? - Ele perguntou preocupado
- Não se preocupe, obrigada - Eu disse em seguida desligando o celular
Eu peguei as chaves reservas com o porteiro do seu prédio, peguei o elevador até o décimo andar, entrei no apartamento e me joguei no sofá. Então mais uma vez eu chorei como uma criança, por que eu tinha que ter me apaixonado por esse babaca? Por que sempre acabo escolhendo o que me faz mal? Eu poderia muito bem ter cumprido meu papel de noiva de mentirinha, mas fui idiota o suficiente para acreditar que eu teria um futuro junto a um dos jogadores mais importantes da seleção alemã.
O que mais me doí é saber que da sua boca saíram tantas mentiras, planos para um futuro juntos onde nos casaríamos e teríamos filhos, juras de amor onde ele dizia que me amaria até seu último suspiro, que nunca me abandonaria, que eu era a melhor coisa da sua vida e que tinha mudado de verdade.
Me olho no espelho e não enxergo nada além de um vazio enorme, como se uma parte de mim não existisse mais, como se minha sorte boa tivesse sido corrompida depois de ver aquela cena horrorosa que eu tanto quero esquecer. E agora estou me sentindo menor do que eu sou, estou sentindo que não posso mais viver nesse mundo e que deve esquecer tudo isso, com certeza ele não lembra mais nem de mim ou talvez note que finalmente está livre do contrato de noivado idiota.
Ficarei aqui até amanhã quando acabará nosso contrato pois irei honrar minha palavra e depois disse estarei livre para voltar para minha vida nos Estados Unidos. Será melhor assim, ele nem vai lembrar que eu existo, mas eu sempre vou lembrar dele.
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