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História Quero que você saiba - Enfrente seus sentimentos


Escrita por: ClotsQueen

Notas do Autor


Oiee!!

Estavam com saudades? :)

Algumas coisas sobre esse capítulo:
→ Não tirem impressões precipitadas, nem tudo (ou cada um) é o que parece, avaliem bem antes de julgar =P
→ Leiam as falas do Kenny com mucha safadeza, mucha sacanice, mucha perversão... entenderam? ( ͡° ͜ʖ ͡°)
→ Leiam as falas do Clyde do mesmo jeito... só que o Clyde é mais "inocente" :v
→ Apreciem a Gang do Craig :)

No mais, nos falamos nas Notas Finais :3
* A capa foi feita a partir de uma fanart de preoprix *

Capítulo 5 - Enfrente seus sentimentos


Fanfic / Fanfiction Quero que você saiba - Enfrente seus sentimentos

 

Era início da tarde de sábado, sentado no chão da sala de jogos de Tolkien, Craig olhava para a tela do celular consternado, ele não obtivera resposta de uma mensagem enviada ainda ontem para Tweek, isso era algo totalmente fora da rotina o entre ele e Tweek, e agora o moreno se esforçava para não pensar no motivo que levou o loiro a não lhe responder, quebrando um padrão tão intrinsecamente incluso na vida deles.

Craig desligou a tela do celular e enfiou-o no bolso, ele tentava duramente não passar nenhuma emoção em seu rosto, mas sua sobrancelha teimava em franzir, como se tivesse vontade própria.

— Craig, parceiro, desista disso e vamos jogar! — Clyde falou bufando. — Daqui algumas horas eu e o Tolkien temos compromisso.

— É, cara. O Tweek não vem, esquece! Vou chamar o Kevin ou o Jimmy, um deles pode fazer dupla com você! — Tolkien falou puxando o celular. — Aliás, Kevin é bom, Craig, você sabe que ele é até melhor que o Tweek.

— Não! — Craig disse de repente, Tolkien e Clyde trocaram um olhar. — Não, nos jogos de terror o Tweek é imbatível! Não vou jogar sem ele!

Clyde se levantou entediado.

— Só que ele não vai vir, parceiro! O Tweek saiu com o Kenny ontem à noite, e agora pela manhã você viu o que eu vi! — O garoto da jaqueta grená com o símbolo do Colorado Rapids se aproximou de Craig, apontando um dedo na cara dele, como se o acusasse. — Por que você fugiu e não perguntou nada, seu imbecil? Agora vai ficar aí de negação, enlouquecendo! Pelo amor de Deus!

Tolkien suspirou, devolvendo o celular para o bolso observando Craig erguendo o dedo médio para Clyde.

— Vocês podem me situar? O que diabos aconteceu afinal?! — Tolkien apanhou um grande copo de refrigerante e observou Craig e Clyde com olhos questionadores.

— Tweek deve estar dando uns amassos no Kenny. — Clyde falou sem rodeios, Tolkien engasgou um pouco e tossiu.

— Não fode. — Foi tudo o que o amigo respondeu, Tolkien franziu as sobrancelhas e soltou o copo. — Contem isso direito!! Craig, fale alguma coisa, homem!

Craig continuava olhando apático para o celular, além da primeira, havia mais cinco mensagens que ele enviara a Tweek entre ontem e hoje, todas as seis receberam o mesmo tratamento: Nem ao menos foram visualizadas. O moreno apenas ergueu um dedo do meio para Tolkien , o amigo não se abalou voltando seus olhos escuros para Clyde, à espera.

— Estou falando sério, parceiro! Senta aí que vou contar tudo o que vimos! — Clyde respondeu em tom de conspiração.

Craig caminhou em direção à janela dando as costas para a falação de Clyde, seu estômago deu uma cambalhota estúpida quando ele começou a lembrar da cena.

 

Flashback – Dez horas da manhã, mesmo dia

 

A manhã de sábado estava fria como já era de se esperar do início de outubro, nevara durante a noite, e as calçadas estavam cobertas por uma faixa de gelo respeitável, Clyde chutou a neve irritado.

— Droga, odeio andar até a casa do Tolkien, é longe pra caralho! Por que não marcamos essa reunião na casa do Tweek? Pelo menos já estaríamos quase lá! — O garoto puxou o capuz da jaqueta de nylon grená.

Craig bufou, sua respiração formando uma nuvem condensando o ar frio daquela manhã, eles estavam se dirigindo à casa de Tweek para apanhá-lo para mais um sábado de jogos e maratonas de séries na Mansão Black.

— Você mesmo concordou com a ideia de ser na casa do Tolkien! Pare de reclamar, Clyde, só falta mais duas quadras! — Craig girou os olhos e declarou sem emoção.

— Era só por causa da calefação e da comida de lá! Olha, quer saber? Vou implorar pro pai do Tweek nos emprestar o carro! SIM, que ideia incrível! — Clyde arregalou os olhos impressionado com a própria sugestão, mas quando olhou para ver a reação de Craig, o moreno estava com olhos vidrados encarando à frente, em seguida Craig o puxou para um canto atrás de um muro. — Que porra, Craig...?

— Shhhh!!! — Craig cobriu a boca de Clyde com ambas as mãos, escondido atrás do amigo, o moreno puxou Clyde, abaixando-se quase até o chão.

— Mas você gostou do meu desempenho, Twinkie... — A voz de Kenny flutuou no ar, sensual e sarcástica. — Admita... a noite foi divertida, huh?

Então Craig soltou Clyde e se ergueu lentamente, Clyde se levantou também, por trás de uma mureta dava para ver Kenny conversando com Tweek no patamar da porta dos Tweaks, Craig sabia que os pais de Tweek estavam na cafeteria a esta hora, mas não conseguia entender porque Kenny estava lá tão cedo em um sábado.

O moreno se preparou para ir até lá, ajustou a mochila no ombro e quando inclinou o corpo para sair do esconderijo, congelou ao som do riso de Tweek.

— Tudo bem, foi satisfatório... foi uma distração razoável durante a noite. — Tweek falou baixinho, ele parecia nervoso, suas bochechas estavam um pouco coradas. — Mas você também falou que eu me superei!

O loiro acusou, e aquele sorriso com olhos fechados estava lá, exposto para Kenny, Craig se encolheu sem poder tirar os olhos da cena, algo frio escorregando no seu interior.

E essa é a mais fodida verdade, porra! Você faz maravilhas com as mãos, cara... — Mesmo de longe deu para ver o sorriso vibrante de Kenny, ele se aproximou e alisou a bochecha de Tweek com um polegar. — E eu vou te ajudar a ficar ainda melhor!

Clyde jogou um olhar perplexo para Craig, que tinha os punhos fechados e apertava a mandíbula, Clyde quase podia tocar a aura assassina que emanava de Craig. Ele puxou o amigo pela manga do casaco azul royal, Craig o encarou como se fosse o próprio demônio, ele fervia de ódio, Clyde tinha certeza.

Você é muito convencido, homem! — A voz de Tweek voltou a oscilar entre eles, o loiro dera um passo à frente e tocava com um dedo o peito de Kenny, empurrando-o para o degrau abaixo. — Já falei que eu poderia ter pedido ao Stan ou o Tolkien, não pense que você é muito especial, não.

Craig viu Kenny descendo do degrau da porta de Tweek ainda de costas, ele jogou a cabeça para trás, uma gargalhada sonora fez alguns pássaros voarem, Tweek tinha no rosto um olhar desafiador, e Craig sentiu um pouco de orgulho dele.

Cara! Não o Tolkien! — Kenny continuou rindo. — Talvez o Stan... ele não tem experiência suficiente, mas com aquele enorme coração, com certeza. Tolkien, no entanto... Não, cara, ele resolveria a coisa de outro jeito!

Ao som do nome de Tolkien, Clyde fez menção de sair do lugar, mas Craig o puxou novamente, arrastando-o, eles deram as costas para a cena e desceram a rua dando a volta na quadra, o percurso ficou mais longo e foi feito em silêncio, até que Clyde estourou.

— Porra, parceiro! Você vai ficar aí com essa cara?? Você não acha que eles estão se pegando... acha? — Craig continuou caminhando ignorando a explosão de Clyde, o amigo passou as mãos nos cabelos castanhos. — Cara, eu não esperava por isso, quer dizer... o Kenny costuma flertar com todo mundo, mas o Tweek...

Craig ajustou a mochila no ombro e puxou o velho chullo azul com bola amarela escondendo até mesmo seus olhos.

— Olha, Clyde. Não quero falar sobre isso, tá legal. Estamos atrasados, o Tolkien vai ficar irado se demorarmos demais, sabe como ele é.

— Não, cara, eu quero falar sobre isso! — Clyde quase gritou. — Você tem andado estranho ultimamente. Distante, pensativo, fazendo muralhas para proteger o Tweek dos avanços do Kenny, ou de quem quer que seja!

Craig jogou um olhar vazio para Clyde, mas o amigo notou um pequeno franzir de lábios.

— Tweek é meu amigo, não quero que ele seja usado como um brinquedo sexual, nem pelo McCormick, nem por ninguém.

O moreno estava de costas, então Clyde não podia ver suas pequenas mudanças de expressão para definir o quanto essa declaração era real.

 

Tempo atual – Meio dia

 

— E foi mais ou menos isso. — Clyde falou mordendo um taco, o recheio caiu um pouco na sua mão e ele lambeu sem rodeios.

A boca de Tolkien estava aberta e seus olhos estatelados, ele procurou Craig que estava quieto sentado encarando a paisagem dos Jardins da Mansão através da janela.

— Estou mais curioso em saber no que eu poderia ter ajudado o Tweek. — Tolkien declarou sentando na frente de Clyde. — Quer dizer, se ele precisa de mim, sabe que pode pedir, não sabe?

Clyde jogou-lhe um olhar sugestivo, balançando as sobrancelhas.

— O que você acha que seria, hein, Azul Meia-Noite? Mas eu mesmo queria confirmar, o Craig ali não deixou.

Clyde se inclinou e passou um dedo através do peito de Tolkien, a blusa azul-marinho de gola alta delineava os mamilos, e foi ali que o dedo de Clyde parou, brincando.

Aos poucos a compreensão surgiu no rosto de Tolkien, ele deu um tapa na mão de Clyde que riu sonoramente.

— Não... não... não... cara...

— Ah, vamos lá, companheiro. Você nunca pensou em... — Clyde mordeu os lábios, fazendo movimentos estranhos de vai-e-vem com a mão perto da virilha. — ...dar uma mãozinha pra um amigo?

Tolkien saiu do sofá, pegando um canapé e aproveitando para manter alguma de distância “elegante” de Clyde.

— Não! — Ele falou como se fosse óbvio.

— Ah, qual é... só na broderagem, sabe? Bro-job, parceiro! — Clyde piscou charmoso se levantando e perseguindo Tolkien.

— Não, cara, para com isso! — Tolkien falou sério, mas Clyde sorriu.

— Você faria sim, dependendo do Brother, você ajudaria.

Clyde levantou a mão pronto para tocar no rosto de Tolkien que o encarava com um olhar régio de aviso.

Craig se aproximou, seu olhar vagou de Clyde para Tolkien.

— Entendo que vocês héteros tenham algumas curiosidades, a tal da broderagem, mas Clyde, o Tolkien não apenas gosta de garotas, ele é o que chamam de “straight as an arrow”*. — Craig falou cheio de conhecimento, Clyde sorriu.

— Eu também gosto de garotas, mas sei lá... Pode ser divertido fazer as coisas mais brutas às vezes. — Clyde declarou rindo, Tolkien ainda o encarava com expressão entediada.

Craig de braços cruzados na frente de Clyde ergueu a sobrancelha, Tolkien balançou a cabeça.

— Você é goy*, Clyde. Essa sua curiosidade do caralho ainda vai dar trabalho pra Bebe. — Craig informou. — Agora que já esclarecemos isso, podemos voltar pro almoço?

— Craig, você só quer fugir de enfrentar seus sentimentos. — Clyde acusou. — Admita que está louco de medo de perder o Tweek.

— O Tweek não é meu, idiota...

Os dois se encararam e uma batida suave na porta desmanchou o enfrentamento, a mãe de Tolkien entrou com uma pizza enorme de quatro sabores, atrás dela o Sr. Black carregava latas de refrigerante. Alheia ao clima, a mãe de Tolkien largou a pizza no centro da mesinha da sala de jogos de Tolkien, e encarou o filho bem mais alto que ela.

— Querido, eu e seu pai estamos indo almoçar com alguns amigos, voltaremos à noite, depois me envie uma mensagem com o resultado do seu jogo, sim?

— Mãe... é só um amistosinho com a galera de North Park, nada demais! — Tolkien sorriu benevolente.

— Mas eu queria assistir! — A Sra Black fez um beicinho.

— Eu disse a você, eu só tinha uma senha! Não podemos colocar muita gente lá, a diretora Vitória cedeu gentilmente o ginásio da Escola Elementar! — Tolkien explicou dando um beijinho na testa de sua mãe. — Da próxima vez será um jogo sério, então quero você, o papai e a Nicky na primeira fila!

— YEAH! — A Sra Black vibrou. — Vou gritar mais que a Sheila Broflovski!

Tolkien e seu pai trocaram um olhar sorridente.

— Certo, querida, agora vamos, Tolkien tem poucas horas para aproveitar com os amiguinhos dele! — O Sr. Black falou puxando a esposa pela cintura.

— Clyde, boa sorte no seu jogo também, fiquei sabendo que será contra um time de Denver?

Clyde engoliu uma dentada de pizza.

— Ah, sim, nada demais também, estamos apenas aquecendo pras eliminatórias intercolegiais!

— Espero que se divirta! — A mulher sorriu bondosa para Clyde, então seus olhos encontraram os de Craig, e o sorriso dela esmoreceu um pouco, ela se aproximou esticando o braço para fazer um carinho na cabeça do garoto. — Você está bem, Craig? Parece triste por trás desse olhar frio e durão.

— Tô legal. — Ele falou sem expressão.

A mãe de Tolkien esticou os lábios apiedada, sabia que apesar da máscara de frieza estoica, era óbvio que Craig estava com algum tipo de problema, ela lançou um olhar a Tolkien e Clyde, com certeza os amigos também perceberam isso e o ajudariam.

— Muito bem! Estamos indo! Tchauzinho garotos!

O casal Black ondulou as mãos em uma dupla despedida, na sala Clyde engolia um enorme gole de refrigerante acenando para eles, Tolkien sorria e Craig estava com a cabeça em outro lugar, seu telefone vibrou e ele apanhou com pressa na expectativa de que fosse uma mensagem que tanto esperava...

 

 

~*~*~*~*~*~*~*~*~*~*~*~*~

 

 

Uma faixa de luz branca entrava pelas cortinas entreabertas, Stan abriu os olhos aos poucos, o cheiro de Kyle estava presente em toda a parte e, situando-se rapidamente, o moreno percebeu que estava na cama do amigo, mas sozinho.

Stan virou de lado e esticou o braço tocando o local na cama onde Kyle certamente dormira, o travesseiro estava amassado e o lugar dele ainda estava aquecido.

Era tudo parte de uma rotina entre eles, sempre dormiam na mesma cama e o dono da casa sempre preparava o café da manhã, no entanto hoje especialmente Stan queria ter acordado primeiro, queria ter visto o rosto de Kyle dormindo ao seu lado.

Por um momento a cena da noite passada voltou a sua mente e o moreno pensou que houvesse sonhado, ele jogou o braço cobrindo os olhos, um calor lavou seu corpo dos pés à cabeça enquanto a emoção experimentada chacoalhou algo dentro dele, Stan se ergueu da cama e abriu a gaveta ao lado, e lá estavam algumas provas do que acontecera: Havia lubrificante e lenços de papel.

Stan puxou o edredom para revelar que estava vestindo sua boxer vermelho-terra, ele não estava vestindo nada da cintura para cima e não sabia como foi que sua boxer voltou ao seu corpo. O moreno olhou para a cadeira da escrivaninha, e lá estava sua roupa de ontem, dobrada cautelosamente. Então ele tinha certeza que fora tudo obra de Kyle.

— Hey, cara! Você acordou?

Kyle atravessou a porta sorrindo para Stan, o ruivo equilibrava uma bandeja nas mãos enquanto fechava a porta com um pé, ele viu o moreno olhar confuso e ainda vestindo apenas a cueca que Kyle conseguira com algum custo colocar em um Stan adormecido na noite anterior.

— Hey!

Stan cumprimentou timidamente, ele desviou os olhos e Kyle sentiu-se um pouco ignorado, mas sua mente não se prendeu neste sentimento nem por um segundo, pois ao ver o peito nu de Stan ele lembrou de tudo o que fizera na noite passada.

— Você... quer café da manhã?

Kyle colocou a bandeja na mesa e alcançou um prato com dois ovos fritos e bacon, isso capturou a atenção de Stan definitivamente.

— Whoah! Você fez panquecas com gotas de chocolate?! — Stan delirou encarando o outro prato que Kyle dispunha na mesinha.

— Claro que fiz, cara! São suas favoritas, afinal! — Kyle disse sorrindo.

Stan comeu os ovos tão rápido que poderia ter engasgado.

— Isho axi xá uuto om, Aio... * — Stan falou com a boc cheia e Kyle não teria entendido se não fosse os anos que viveu com aquela cena repetida toda vez que ele fazia o café da manhã.

— Vai se engasgar, Stan... depois não quero o seu time na minha cola, igual àquela vez que você vomitou e culparam meu Milk Shake. — Kyle enfiou o garfo calmamente na sua omelete, achando graça de Stan falando com a boca cheia.

Stan engoliu tudo acompanhado de um enorme gole de suco de laranja.

— Cara, todo mundo não sabia que eu vomitei porque a Wendy tinha inventado de me beijar? — Stan falou como se fosse um conhecimento geral.

— Sim, porque obviamente é fácil culpar a Presidente do Grêmio Estudantil, não acha? — Kyle respondeu sarcástico, enquanto tomava um gole do seu próprio suco.

Stan deu de ombros, terminou seus ovos e o suco, os dois se envolveram em um silêncio confortável, alguns minutos se passaram quando o moreno começou a comer suas panquecas, Kyle assistiu deliciado quando Stan derrubou uma boa quantia de calda de chocolate nas panquecas.

— Cara, isso é incrível! Quem diria que você pode fazer um café da manhã tão bom! — Stan falou lambendo os dedos sujos de chocolate.

Kyle girou os olhos.

— Cara... Por favor, eu sou filho de Sheila Broflovski! Minha mãe faz questão que aprendemos a nos virar, até o Ike sabe fazer panquecas e waffles!

Stan grunhiu qualquer coisa antes de dar uma enorme garfada em um pedaço de panqueca encharcado de calda, Kyle sentiu sua garganta apertar quando olhou para o amigo, mirando direto em seu peito exposto.

Stan terminou seu suco e engoliu feliz o último pedaço da panqueca, ele ainda lambeu os dedos outra vez, sonoramente, para desespero de Kyle que o encarava com grandes olhos verdes e a boca entreaberta.

O ruivo inclinou o rosto para a frente por cima da mesinha, seu nariz a um centímetro do de Stan.

— Ah... o quê?

— Você... tem chocolate bem aqui.

Kyle deslizou o dedo no peito de Stan, limpando o chocolate, em seguida lambeu o próprio dedo, tal como Stan fizera inconscientemente um minuto antes, agora o moreno o encarava com olhos azuis nublados.

Os olhos de Kyle pousaram nos lábios de Stan, havia uma mancha de chocolate ali implorando para ser lambida, então Kyle se aproximou lentamente, Stan estava paralisado, todo seu corpo em expectativa, Kyle chegou a botar a língua pra fora, indo em direção a Stan...

Então o celular de Kyle tocou alto e estridente, não era uma mensagem, mas sim uma chamada, o ruivo tinhas as bochechas vermelhas e jogou um olhar irritado para o celular, ele se afastou rapidamente e apanhou o telefone do outro lado do quarto.

Stan se recostou na cama atrás dele, chateado, corado e trêmulo, o que teria acontecido se o celular não tivesse tocado? Stan olhou para baixo e notou sua ereção surgindo descarada em sua boxer vermelho-terra.

“Jesus, eu sou um adolescente com tesão ou o quê?” Stan pensou desgostoso, entreouvindo Kyle falar ao telefone.

— Hey, Rebecca! Está tudo bem?

O moreno empurrou um último pedaço de panqueca goela abaixo, ao som do nome de Rebecca, a panqueca não parecia mais tão deliciosa.

— Tudo bem, estarei aí em 30 minutos!

Kyle acenava com a cabeça se despedindo, ele lançou a Stan um olhar apologético, o moreno não pôde esconder sua insatisfação.

— Cara, não me diga que você precisa sair? — Stan questionou, havia uma mágoa na voz dele que fez o rosto de Kyle cair. — Eu não gosto dessa garota! Se lembra daquela vez que ela raspou sua cabeça?

— Cara... ela tinha oito anos, ela não é mais assim...

O moreno se levantou e começou a se vestir, o estômago de Kyle afundou, ele queria ter ficado mais tempo com Stan, esse era o plano inicial.

Stan por sua vez demonstrava irritação e havia um toque de mágoa em sua expressão concentrada, ele puxou o casaco pela cabeça e arrumou a barra da roupa, pensando que talvez não fosse mais “útil” para Kyle e seu precioso treinamento para conquistar alguém, estava tão certo de que estava se aproximando mais de Kyle, estava jogando o jogo dele, estava aderindo às regras dele, mas como fazer isso se estivessem separados?

Kyle olhava para Stan enquanto o amigo fechava o zíper da calça jeans, não queria deixá-lo ir assim, com este sentimento ruim, queria passar a maior parte do seu tempo com Stan e mais ninguém, ele agora achava que estavam ainda mais próximos, não poderia estragar todo esse trabalho.

— Eu preciso ir até a escola, estamos nos preparativos finais para aquele Encontro com o Clube de Debates de North Park, a Rebecca e o David me chamaram para revisar algumas pautas. — Kyle disse de repente. — Você quer ir para lá comigo? Isso... isso pode ajudar no meu treino...

Stan foi arrancado de seu entorpecimento, “sim, o tal treino estava lá novamente”.

— Eu tenho esse jogo com os caras de Denver, preciso estar lá pra reunir o time às 2:30 da tarde. — Stan falou se virando e enfrentando Kyle. — Eu posso ir com você, mas preciso mandar umas mensagens antes e precisarei voltar em casa para pegar meu material para o jogo.

Kyle apertou os olhos para ele.

— Sim, eu tenho um jogo com a galera de North Park às 3:30... mas, você é o responsável pelo almoço, lembra? — Kyle cruzou os braços tentando soar brincalhão. — Acho que já fiz muitas coisas gostosas pra você, não é?

O sorriso sujo de Kyle fez Stan pensar em tudo, menos no café da manhã, o moreno tentou ignorar o arrepio que esta frase causou em todo seu corpo, e apenas voltou seu rosto para Kyle.

— Tem razão, antes dos jogos vamos ao Whistlin' Willy's hoje, por minha conta.

O sorriso torto de Stan fez o coração de Kyle falhar uma batida dentro do seu peito.

 

 

 

~*~*~*~*~*~*~*~*~*~*~*~*~

 

 

 

Já passava das duas da tarde quando Tweek acordou, ele acabara desabando na cama em um sono profundo logo depois de se despedir de Kenny na manhã daquele sábado, o loiro esfregou os olhos se encarando no espelho e secando os cabelos molhados de um banho recente — que não serviu para lavar o sono que ele ainda sentia —, as olheiras estavam bem fracas como por milagre, talvez o tempo com Kenny tenha ajudado a relaxar, por muitas horas naquela noite foi como se ele não tivesse problemas; foi como se neste momento só o que importasse fosse este sentimento de plenitude por fazer algo tão bom.

Mesmo quando ele e Kenny simplesmente apagaram de exaustão, Tweek se sentia inflado de uma nova energia. Acordaram cedo e continuaram de onde haviam parado, Kenny tinha uma disposição absurda e isso deixava Tweek totalmente satisfeito. Ele apanhou um copo de café esfregando os olhos, tomou de uma golada só, feliz pelo que fizera, ele sentou-se ao chão admirando a antiga gaveta de cuecas totalmente lacrada com fita antignomo, cortesia de Kenny, também.

Então os olhos de Tweek se voltaram para baixo da cama e ele notou seu celular lá, agitado o loiro amassou o copo de café que acabara de ingerir, jogando-o no lixo ao lado, ele rastejou até o celular e para sua surpresa o aparelho esteve desligado durante todo este tempo.

Tweek puxou o carregador de uma gaveta e plugou na tomada, havia esquecido totalmente que tinha um celular, o aparelho ligou e ele esperou alguns instantes o sistema iniciar para olhar intrigado mensagens de Clyde e Tolkien. Mas seus olhos se arregalaram quando, com assombro inegável, encontraram mensagens de Craig.

Seis mensagens de Craig, para ser exato.

Tweek jogou em cima da cama a toalha que estava em seus ombros e correu os dedos abrindo cada uma das mensagens de Craig.

A primeira era da noite anterior.

 

Me diga como convencer os bundões a jogar Layers of Fear?

Eles querem Counterstrike, ugh.

 

Tweek soltou o celular como se tivesse levado um tapa na cara, esqueceu completamente que tinham uma reunião na casa do Tolkien, e que Craig sempre contava com ele para convencer os outros a jogarem os games de terror.

Era parte da rotina de Craig.

Tweek torceu os lábios, apanhou o celular e notou que a segunda mensagem fora enviada perto da meia-noite, e Craig NUNCA enviava mensagens tarde assim.

 

Os atletas sem cérebro têm compromisso, vamos pegar você às 10.

 

Havia mensagens de Tolkien e Clyde, confirmando que teriam de antecipar a reunião, ambos tinham compromisso com seus respectivos times. Clyde ainda fez uma piada sobre contar com Tweek para convocar seus amigos gnomos para roubar as cuecas dos times adversários.

E mais duas mensagens de Craig da manhã daquele dia, uma com intenção de acordar Tweek, e a outra confirmando o horário.

Tweek sabia que o horário coincidia com a saída de Kenny, mas Craig não passara lá, Tweek teria visto se ele se aproximasse.

Não teria?

Mas nada disso aconteceu, Tweek apenas se despediu de Kenny e capotou na cama, onde dormira por mais de quatro horas.

Então ele viu a última mensagem e seu coração acelerou.

 

Kevin é uma bosta neste jogo, cara.

Parece que ele perde para o Clyde de propósito.

Por que você não veio?

 

Tweek olhou para o horário, a mensagem fora mandada uma hora atrás, se ele corresse daria tempo de pegar o final do encontro, o celular ainda não estava carregado o suficiente, logo não poderia levá-lo.

O loiro puxou um casaco de lã xadrez verde do armário e jogou por cima da camiseta branca de mangas compridas, ele correu escada abaixo e saiu pela porta.

Já na rua Tweek nem percebeu que estava um frio enregelante, ele caminhou a passos ligeiros, quando não havia pessoas na volta ele corria um pequeno trecho, a casa de Tolkien não era tão longe, só 15 minutos mais e talvez ele conseguisse chegar lá antes que os garotos se despedissem.

Tweek correu a última quadra, ele sentiu o vento gelado cortando seu rosto, quando chegou próximo à esquina, diminuiu o ritmo, não sentindo o cansaço devido aos vários copos de café que ingerira durante a noite e naquela manhã.

Então ele dobrou a esquina, a Mansão Black suntuosa era a última residência no final de uma rua sem saída, e ele viu de longe Craig parado na frente de uma árvore, Tweek sorriu e respirou fundo, acalmando-se para se aproximar do amigo, em poucos passos Tweek percebeu que Craig não estava sozinho, ele conversava com alguém que estava encoberto pelo corpo do moreno, nenhum dos dois olhara na direção de Tweek, e de repente Craig deu as costas e caminhou, ele não ergueu a cabeça e não viu Tweek que estava a apenas alguns metros, foi neste momento que Tweek reconheceu os cabelos loiros de Thomas, o garoto puxou Craig pela mochila, uma rajada de vento bateu e foi impossível ouvir o que foi falado, mas Craig voltou-se para o outro garoto com uma expressão confusa em seu rosto.

Tweek então viu, como em câmera lenta, quando Thomas (o garoto loiro que Tweek lembrou amargamente: Craig tinha adoração), ergueu-se na ponta dos pés, jogou seus braços no pescoço do moreno, e esmagou sua boca contra a de Craig.

Tweek voltou seus olhos para o chão, encarando seus tênis cobertos de neve, e virou-se para voltar para casa...

 

 


Notas Finais


Woow...

Pessoas, a cena vai continuar no próximo capítulo :o

Glossário e algumas considerações não tão importantes sobre o capítulo:

Clyde usa uma jaqueta do Colorado Rapids, bem é um time de futebol (Soccer, o mesmo esporte que é ultra popular aqui no Brasil), vale lembrar que o Clyde é jogador de Futebol Americano (American football), mas nesta fic ele é um "jock" absoluto.
Jock, a critério de curiosidade é um estereótipo de atleta, mais como alguém que gosta de muitos esportes e manja desta cultura, também não é tão ligado aos assuntos acadêmicos, intelectuais ou culturais (← isso É totalmente o Clyde); "geralmente" abusa por ser um atleta, é arrogante e gosta da popularidade (← isso NÃO é o nosso Clyde, também conhecido como CryBaby ♥)

Azul Meia-Noite ~> Clyde usou isso pra brincar com o Tolkien, bem, este foi o apelido que as meninas deram ao Tolkien naquele episódio da Vadia, Mimada e Burra :D

* "Straight as an arrow" ~> Traduzindo: "Reto como uma flecha", usa-se muito em inglês, quer dizer um cara extremamente hétero, ele realmente faz dieta exclusiva de peitos e ppks! (Cara, isso é muito o Tolkien na minha percepção)

* Goy ~> Gente, é o cara que pratica, ou quer praticar, a broderagem... não tenho outra explicação =P

* Isho axi xá uuto om, Aio... ~> "Isso aqui tá muito bom, Kyle" (uma fala do Stan com a boca cheia... sim, eu enchi a boca e tentei falar =P )

Galera, vou me concentrar em umas fics-presentes que escreverei pra algumas pessoas especiais, sabem como é, final de ano todo mundo quer dar e receber =P então, a fic aqui vai ficar paradinha um pouco, mas ainda este ano vai ter atualização!

Agora, quero saber o que acharam, acompanhem, comentem, façam teorias, deem sinal de que estão (ou não) gostando! Vamos lá, galerinha, conto com vocês! ♥

Próximo capítulo, mais Butters, e o segredo do Kenny e do Tweek começa a aparecer :3

Mil Bjs,
Vivi


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