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História Questão de Escolha - A Falta que a Coragem Faz


Escrita por: LucyFrancesTimm

Notas do Autor


Espero não estar indo muito rápido!
Quero muito que vocês gostem da fic! Estou me dedicando muito nela!

Capítulo 3 - A Falta que a Coragem Faz


Não tive coragem o suficiente para falar com Tara, o fim de semana passamos praticamente em silêncio, mas eu podia reparar claramente que ela estava inquieta.
Na manhã de segunda-feira anunciaram no primeiro noticiário de que a área onde antes o Pinguim ameaçava estava agora limpa graças a polícia de Gotham e que a região poderia voltar ao normal.
-Está atrasada. –Minha tia falou friamente me vendo entrar na cozinha. –Sempre dorme muito tarde.
-O problema é que eu não durmo. –Brinquei, porém ela permaneceu séria. Limpei a garganta. –Vai me levar hoje
-Não posso.             
-Esse tom seco é pelo telefonema, estou certa? -Não consegui me conter. Essa frieza nas palavras havia acontecido o final de semana inteiro e era completamente irritante. –Eu ouvi semana passada você falando com alguém muito irritada.
-Quando pensou que poderia invadir minha privacidade? –O semblante se contorceu, as bochechas ficaram avermelhadas. –Lucy, não pode simplesmente ficar ouvindo minhas conversas pessoais!
-Achei que nosso lema era ser honesta uma com a outra, sempre contar tudo, como amigas. –Levantei as mãos tentando acalma-la. –Só me diga o que está acontecendo.
-Não tem nada acontecendo! –Berrou.
Soltei um riso debochado.
-Então por que toda esta histeria? Por que está tão séria?
Tara maneou a cabeça para trás. Pareceu ser atingida por algo, o rosto ficou pálido rapidamente.
-O que você disse?
-O quê?
-Lucy! –Ela se aproximou, o ódio pareceu tomar conta dela. –Nunca mais, repita isso. –Esgoelou-se. -Nunca!
Em poucos segundos eu me perdi o equilibro e involuntariamente dei dois passos para trás. O tapa foi rápido e dolorido. Senti as bochechas queimarem, mas o pior deve ter sido a dor interna. Tara nunca havia feito isso e sempre fora contra violência, principalmente contra mim.
Ao mesmo tempo que pus a mão no rosto, ela cobriu a boca.
-Lucy! –Tara se aproximou colocando as mãos em meu rosto. –Perdão! Oh, querida, eu não queria! Não sei o que deu em mim.
-O que você fez? –Afastei as mãos dela. –O que tem de errado com você?
-Eu juro que você sem querer meu amor!
Me afastei, peguei minha bolsa e corri até a porta. Sem protestos por parte dela não hesitei em sair. O tempo frio pareceu piorar a situação, pois me paralisava lentamente.
Andei rapidamente nos primeiros metros, conforme pensei no que havia acontecido as lágrimas escorreram e eu diminuí o passo, acabei parando poucos minutos depois para me sentar no meio fio da rua. Olhei para o céu nublado por alguns instantes, meu peito doía como se algo estive o apertando por dentro e o choro me deixava com uma certa falta de ar.
Abaixei a cabeça novamente colocando-a entre as mãos.

  
~uma hora e meia depois~
Talvez uma hora depois, eu cansei de chorar. Uma certa raiva tomou conta de mim, mas a frustação era maior. Eu não conseguia entender o motivo da minha tia em me bater, uma frase foi o suficiente e parecia ser impossível acontecer com ela que sempre foi calma. Reanalisei minhas falas em toda discussão, não encontrei nenhum erro aparente.
Me levantei e andei sem rumo. Gotham continuava agitada com seus crimes e assaltos. As pessoas continuavam a andar sem olhar para o lado ou pedir desculpas por ter esbarrado em outra.
Esse caos todo, acalmou meu pensamento. O barulho silenciou meus pensamentos e deixou que eu pensasse melhor e aceitasse em desculpar minha tia.
Fui até a cafeteria em busca dela. Mas ela não havia ido trabalhar.
“Claro que não está aqui” –Pensei comigo mesma.
Peguei um táxi para conseguir voltar mais rapidamente para casa.
Chegamos em poucos minutos.
E o alivio ao sair do carro foi instantâneo, Tara estava pronta para sair e parou quando me viu abrindo um sorriso enorme.
Corri até ela vendo as lágrimas escorrendo em seu rosto. O abraço foi reconfortante e eliminou qualquer vestígio de raiva que eu tinha.
-Me desculpa. –Ela disse abafada por estar com o rosto apoiado em meu ombro. –Eu só... estou tão cansada e acabei descontando em você.
-Tudo bem. –Me afastei e puxei uma mexa dos fios vermelhos que caía no rosto dela, sorri. –Mas eu realmente preciso saber o que está acontecendo e o que tanto te preocupa.
Ela suspirou, pareceu ceder finalmente.
-Vamos entrar sim, você não deve ficar tanto no frio.
Entramos e nos sentamos no sofá, uma de frente para outra. Tara segurou minha mão, mas parecia estar pedindo forças ao invés de me dar.
-Lucy, nunca comentei com você sobre seus pais. –Ela começou. –E você também, tão passiva nunca perguntou.
-O que isso tem a ver com hoje?
-Eu lhe disse que seus pais morreram. –Afirmou. –Mas acho que está na hora de desfazer essa mentira.
-Mentiu pra mim? Por quê?
-Olhe, seu pai era muito violento com a sua mãe. Por inúmeras vezes eu ia visita-lá no hospital depois de uma crise de raiva dele. –Um suspiro. –Sua mãe amava ele incondicionalmente e por isso não reparava nos abusos, mas sabia que ele não era um homem para se ter filhos. Então quando ela soube que você estava vindo ela se afastou dele e veio passar um tempo comigo. Ela ficou aqui até você completar quatro meses. Ela te visitava algumas vezes, mas você não se lembra pois era muito pequena.
-Ela está viva? –Arqueei as sobrancelhas confusa. –Você me disse que ela tinha morrido. –Me levantei instantemente. –As histórias que você contava ela não havia sobrevivido ao parto.
-Eu pensei que seria melhor assim.
-Melhor? Você tem idéia de quantas vezes eu me senti culpada pensando nisso? –Um nó se formou na minha garganta. –Eu pensava que era culpada por tê-la matado porque ela teve que se sacrificar por mim.
-Eu nunca quis que você se sentisse assim. –Tara abaixou a cabeça com as lágrimas escorrendo. –Sua mãe sempre foi tão inconsequente, quando ela se afastou de todos para ir com seu pai nós brigamos muito. E então uma noite ela me ligou desesperada, pedindo pra que eu a ajudasse. Mas logo depois, mesmo com todas as provas que ele não sentia falta dela, ela voltou correndo para aquele ninho de cobras.
-Meu pai. –Pensei, era alguém que eu não tinha imaginado nem em meus sonhos mais malucos. –Como ele era?
Ela hesitou.
-Me fala! –Berrei.
-Ele é um monstro, Lucy. –Disse somente. –Sem nada para oferecer, ele só toma tudo o que pode da pessoa e depois joga fora. Por isso sua mãe lhe afastou das mãos deles.
-Quero saber mais. Preciso saber mais. –Olhei ela. Chorava intensamente. –Tia, por favor. Naquela hora da discussão eu disse alguma coisa, algo que fez você congelar como se tivesse se lembrado de algo terrível.
-Eu só vi seu pai uma vez. –Disse com a voz baixa. –Ele invadiu uma festa onde eu estava. Tudo o que podia se saber da sua mãe ele sabia. Quando me reconheceu veio atrás de mim. –Colocou a mão no pescoço como se sentisse um incômodo. –O rosto dele, era... assustador. Sempre tão sádico, tão cruel. Enquanto a gangue pegava as jóias ele segurou um canivete em meu pescoço e perguntou da sua mãe, disse que ela estava tentando ser normal e queria que eu dissesse que estava comigo.
E ela estava? –Tara não respondeu, estava praticamente em transe. –Ela estava? –Falei com mais intensidade.
-Não. Ele riu quando eu neguei, eu estava em prantos. –Respirou fundo. –Você disse a mesma coisa que ele.
-Por que está tão séria. –Me senti culpada por ter feito minha tia repassar por um trauma como esse novamente, mas mais do que culpada eu me sentia traída.
-Sinto muito por nunca ter lhe contado a verdade. –Levantou a cabeça olhando-me nos olhos. –Prometi pra sua mãe que lhe daria a melhor vida normal e confortável que eu pudesse. Por esse motivo saímos de Gotham.
-E por que voltamos? –Sentei ao lado dela. –Se queria ficar tão longe de tudo assim, por que voltar agora?
-Ela me ligou alguns meses atrás. Disse que havia passado por coisas terríveis e que isso havia mudado ela. E que te ver seria um motivo para não voltar a vida de antes.
-O que mudou sua idéia? –Recordei de ouvir minha tia dizendo que minha “mãe” não poderia me ver pois não tinha condições.
-Muitas coisas que fiquei sabendo fez com que eu mudasse minha opinião. Ela não pode te ver, seu pai vai ficar sabendo e pode machucar vocês.
-Quem são eles? –Perguntei finalmente. –Quero nomes.
-Isso não. –Negou com a cabeça. –Não vai atrás deles.
Me preparei para protestar, o telefone tocou e minha tia foi até ele rapidamente escapando pela tangente.
-Alô. –Imediatamente ela abaixou a cabeça. -É engano, desculpe.
-Quem era? –Perguntei, embora a reação dela já denunciar tudo. –Era ela, não era?
-Lucy...
O telefone tocou novamente, corri até ele. Empurrando minha tia com força para que não me impedisse.
-Alô? –Alguns instantes se passaram e nenhuma resposta, apenas chiados que pareciam carros distantes. –Mãe, é você? Sou eu, Lucy!
-Lucy. –A voz falou em um suspiro carregado de tristeza.
-Lucy, sim! –O desespero aumentou, eu precisa ouvir a voz dela pelo menos uma vez. –Por favor mãe, fala comigo.
-Lucy. –Um choro baixo. –Sinto tanto.
-Mãe, fala comigo por favor. –A outra linha ficou muda. As lágrimas rolaram por meu rosto. –Mãe! Mãe! Fala comigo.
Deixei o telefone cair. Meu estômago doía, eu estava enjoada e com uma dor no peito.
Minha tia se aproximou lentamente, me abraçou chorando também.
-Por quê? –Apertei-a mais forte. –Por que ela não falou comigo?
-Ela deve estar confusa e com medo, meu amor. –Ela se afastou e acariciou meu rosto. –Não a culpe, se ela conseguisse se livrar do seu pai... tudo seria diferente acredite.
-Por que ela não consegue?
-Há muito tempo estou tentando entender, Lucy. –Lamentou. –Mas procurar essa resposta agora não vai te ajudar. Vamos, você precisa se acalmar e ainda está muito gelada.
Subimos as escadas, e como há muito tempo não fazíamos, minha tia me ajudou a tomar banho, era algo que ela sempre fazia depois de uma das minhas crises.
Ficamos em silêncio o tempo todo, somente com alguns ruídos dos nossos choros. Com o tempo, ela se recuperou, talvez para mostrar calma para que eu me acalmasse também. Me senti melhor quando essa técnica finalmente fez efeito.
Mas as perguntas ainda não estavam totalmente respondidas. Eu não sabia o nome dos meus pais, não sabia o quão ruim meu pai era e por que minha mãe havia me rejeitado por uma segunda vez.


Notas Finais


Que tal? Capitulo meio tenso, eu sei.
Mas quando se coloca personagens tão insanos quanto o Coringa e a Arlequina numa fic é difícil puxar pra outro lado.
~Beijinhos Venenosos


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