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História Questão de Escolha - Traumas e Semelhanças


Escrita por: LucyFrancesTimm

Notas do Autor


Voltamos pra um capitulo delicinha!
Aqui vocês vão descobrir um pouco mais sobre a Lucy!
Espero que gostem dela!

Capítulo 5 - Traumas e Semelhanças


 -Por que está aqui hoje, Lucy? –Ele se ajeitou na poltrona. Seu nome era Joey e ele era meu novo psiquiatra. Sem julgamentos, ele parecia um cara legal, mas ao mesmo tempo soava arrogante.

—Porque tive uma crise de ansiedade dois dias atrás. –Suspirei enquanto olhava a chuva caindo lá fora. –Apesar de que, eu não considerei uma crise.

—Não acha necessário estar aqui?

—Não. –Olhei para ele. –Não leve para o pessoal, mas eu sei o que vai acontecer aqui.

—Conte-me. –Pediu.

—Você vai selecionar algumas coisas que eu disser e considerar importante. –Comecei. –A partir da sua conclusão vai me receitar remédios tarja preta sabendo que isso não vai me ajudar só me fazer dormir e vomitar o dia todo.

—Pensa isso? –Sorriu. –Você me parece uma moça inteligente, não irei fazer nada contra você.

Suspirei descrente.

—Conte-me sua memória mais antiga. –Ele se apressou.

—Eu e minha tia estamos no parque em Midway City em uma tarde de domingo.

—Associe a uma palavra. –Estreitou os olhos.

—Agradável.

 -Usou um sentimento. –Confirmou. –Parece alguém que pensa com o coração.

—Pode se dizer que sim.

—Me dei à liberdade de ligar para seu antigo psiquiatra. –Falou sem rodeios. –Ele me informou de tudo sobre você, e eu fiquei sabendo que passou por um trauma quando mais nova.

—Como assim? –Fiquei confusa.

—O balé era seu hobby favorito, não era? –Me analisou friamente. –Sei que se feriu e isso fez com que não pudesse dançar mais.

—Isso mesmo. –Engoli a seco e tentei respirar calmamente. Eu odiava ter que lembrar que isso havia acontecido. Já se fazia oito anos, só queria esquecer.

—Como se feriu?

—Eu ensaiei demais. –Retruquei. –No ensaio final eu me feri ensaiando o cisne negro.

—Diria que estava tentando demais? –Indagou. –Estava tentando ser perfeita?

—Não tentei demais. –Neguei. –O balé exige que a bailarina seja dedicada.

—É uma dança bem detalhada. –Acrescentou. –Por que escolheu o balé?

—Sempre gostei da dança, desde meus quatro anos brincava com bonecas bailarinas.

—Entendo. –Anotou algo no papel rapidamente e fitou-me com os olhos castanhos novamente. –E os seus pais?

A pergunta atingiu-me como um soco no estomago, logo senti o desconforto subindo e fechando a minha garganta.

—O que têm eles? –Disfarcei.

—Sente-se frustrada em não ter os conhecido?

—Claro, acho que todos os órfãos sentem isso.

—Se considera uma órfã? –Pareceu surpreso. –Não considera sua tia?

—Sim, claro que sim. –Suspeitei da surpresa dele com minha resposta. Nem em meus devaneios mais intensos meu antigo psiquiatra se surpreendia. –Mas é uma coisa diferente ter os pais presentes e em ser criada por algum parente.

—Sim, é verdade. –Sorriu de lado. –O que houve com seus pais?

Confundi-me no que dizer, eu deveria ser sincera.

—Minha tia diz que minha mãe morreu no parto. –Menti. –Meu pai sumiu logo depois.

Tudo bem essa não era a versão verdadeira, mas eu a ouvi durante anos.

—Sente-se rejeitada de alguma forma?

—Pelo o que meu pai fez? –Esperei a confirmação. –Não sei dizer, acho que ele teve os motivos dele.

—Muito bem. –Outra anotação. Era a terceira desde que a seção começara.

Xxxx

A seção terminou em quarenta minutos, acho que foi a mais rápida que já tive.

Joey perguntou sobre tudo, desde o que eu estava sentia no momento até as coisas aleatórias que eu não compreendia em como ajudaria no diagnóstico.

—Ela é uma menina guiada por sentimentos. –O ouvi dizer para minha tia. Não era certo ouviu a conversa encostada na porta, mas eu fazia isso religiosamente. –O trauma não é tão presente, mas mesmo assim ela vai precisar de alguns calmantes e atenção, eu notei que ela parece nervosa quando perguntada sobre os pais.

—Sim, ela não gosta de tocar no assunto. –Minha tia respondeu. Será que ela mentiria também? –É uma coisa delicada entre nós.

—Você é irmã do pai?

—Da mãe. –Ela apressou-se. Notei o medo na voz dela, provavelmente o médico também. –Eu fiquei com a minha irmã até o fim.

—Lamento por sua perda. –Um momento de silencio e barulho de uma cadeira ser arrastada. –Eu vou receitar calmantes leves dessa vez, tenho quase certeza que Lucy guarda muitos sentimentos dentro de si.

—Sou culpada por isso. –Lamentou. –Não tenho muito tempo para ela ultimamente.

—Ela entende isso. –Afirmou. –Mas mesmo assim, tentem conversar mais.

—Claro.

Apressei-me em voltar ao meu lugar nas cadeiras da recepção. Cruzei as pernas para disfarçar alguma suspeita.

—Muito bem. –Joey saiu logo atrás da minha tia. –Recomendações ditas, espero continuar a vê-la Lucy.

—Verá sim. –Sorri. –Vamos tia?

—Vamos. –Ela voltou-se para o médico. –Muito obrigada, doutor.

—Por nada.

Xxx

Seguimos direto para a drogaria mais próxima. E curiosamente fomos para uma cafeteria, nunca fizemos isso, sempre íamos direto para casa depois de uma consulta.

Sentamos-nos em uma mesa perto da janela, a chuva continuava a cair fortemente. Pouco depois que nos acomodamos uma garçonete se aproximou.

—Vão querer o que meninas? –Perguntou sorrindo.

—Eu quero um expresso, por favor. –Minha tia pediu e logo olhou pra mim.

—Eu quero um cappuccino. –Falei sorrindo para a garçonete. Quando ela se afastou eu olhei minha tia por alguns segundos. –O que fazemos aqui?

—Nada. –Retrucou. –Só pensei que gostaria de sair um pouco.

—Com essa chuva? –Apontei a janela. –Fale o que aconteceu.

—Não aconteceu nada, Lucy. –Respirou fundo e pressionou o corpo contra o banco de couro. –Só quero ficar com você, não posso? Tem sido tempos difíceis.

Olhei-a me sentindo culpada, ela parecia cansada e triste.

—Desculpa. –Segurei sua mão. –Mas ainda não conversamos sobre tudo.

—Lucy, não. –Soltou a minha mão e cruzou os braços. –Estou cansada disso.

—Ela vai ligar a qualquer momento. –Aumentei um pouco minha voz. –E o que vai dizer? “Não vamos falar disso agora”? Eu passei dezoito anos da minha vida sem saber o motivo de ter cabelos escuros, ou de onde vieram os olhos azuis. Eu nunca liguei em conhecer meu pai por achar ele um imbecil, mas a minha mãe está viva e com ele. Eu preciso saber quem eles são!

—Não, você não precisa. –Tara me olhava furiosa. –E abaixe o tom comigo.

—Que droga. –Sussurrei. –Eu vou descobrir quem eles são. Você querendo ou não.

—Eu já disse que é perigoso! –Se inclinou pra frente. –Não vai atrás deles, e isso é uma ordem!

—Você não manda em mim. –Respondi com deboche.

—Mando sim! Eu dediquei minha vida a criar de você, a te proteger de tudo o que consegui. E você me deve respeito!

—Você não é minha mãe. –Falei por fim. Imediatamente senti a culpa por ter lançado essa frase. Era crueldade falar isso e eu sabia. Mas se eu não forçasse nunca iria saber de onde eu vim e o que eu seria. –Me criou muito bem, uma garota cheia de traumas, anti-social e com um transtorno de ansiedade desgraçado.

Ela ficou em silencio. Notei que seu olhar era o mesmo de dias atrás, quando eu falei igual ao meu “pai”. Será que fui longe demais? Minha tia parecia morrer de medo dele, e agora eu parecia ser uma cópia de tudo o que temia.

—Você parece ele. –Tara falou receosa. –Não faça isso consigo mesma, não fique igual aquele monstro.

—Eu só quero saber quem eu sou. –Falei.

Nos calamos depois disso. Passamos duas horas em completo silêncio.

Fiquei refletindo sobre tudo, me culpando por não ser mais compreensiva com ela, mas com medo de ser reaprendida com um castigo. 


Notas Finais


O que acharam dela?
~Beijinhos Venenosos!


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