História Raging - Newtmas Fic - Season 2 - Fault

Oliver sorri em meio ao sangue. É como se os punhos de Thomas estivessem fazendo cócegas em seu nariz.

 Meu mundo ficou mudo, não ouço nada nem ninguém. Eu estou parado me acabando em lágrimas, enquanto Thomas está socando a cara do garoto de olhos azuis.

 Cole e Evan estão tentando separar, enquanto Scarlet e Ariana estão aplaudindo tudo, como um show.

 Há pedaços de vidro e porcelana no chão. Há uma quantidade preocupante de sangue também.

 Aos poucos eu vou caindo na real e percebo o que está acontecendo. Uma briga.

— Meu Deus! — Grito. — Thomas!

 Vou para cima e ajudo Evan e Cole a tirar Thomas de cima de Oliver.

— Evan, faça alguma coisa! — Pede Cole.

— Não posso! — Evan é atingido pelo cotovelo de Tommy.

— Eu posso. — Thomas cospe sangue no chão. Em seguida a torneira da cozinha voa em direção à parede da sala e água jorrar por todos os lados, mas isso só por alguns segundos.

 Até Thomas tomar todo controle da coisa. Ele começa a levar água em direção ao corpo imóvel de Oliver que ri descontroladamente. Ele é louco.

— Thomas… — Chamo.

— Fica na sua. — Isso doeu, admito, mas tento não demonstrar.

 A corrente de água de Thomas começa a encostar no rosto de Oliver e se espalhar, o garoto prende a respiração.

— Thomas, não! — Grita Cole.

— Façam alguma coisa! — Pede Ariana.

 A água congela e se quebra em vários pedaços.

— Eu não vou deixar você acabar com um rostinho bonito. — Diz Scarlet. — Não na minha frente.

— Está tudo certo. — Oliver se levanta, seu rosto limpo e sem nenhum arranhão. — Bom, eu já estou indo.

 Seu olho não está inchado, seu lábio não está cortado e nem seu nariz quebrado.

 Oliver simplesmente abre a porta e sai.

— Vocês viram o que eu acabei de ver? — Pergunta Dylan. — Quero dizer, como alguém sai de uma briga, após levar vários socos, sem nenhum arranhão?

 Admito, foi realmente muito estranho.

— Não vai correr atrás de seu namoradinho, Newt? — Pergunta Thomas de punhos fechados pingando sangue.

 Apesar dessa cena doer mais em mim do que nele, não posso deixar que isso me derrube.

— Só se você não socar toda a minha cara. — Isso parece ter mexido com ele. Não do jeito que eu queria.

 Ele corre em minha direção e ameaça me bater, mas antes que ele o faça minhas mãos se inflamam completamente.

— Você não faria isso. — Ele sussurra.

— Você estava pronto para me bater, é claro que eu faria. — O olhar de Thomas muda. Ele encara todos, que estão nos observando ansiosos para a próxima atitude, em seguida ele me olha novamente. Depois soca o armário e sai correndo para o segundo andar.

— O que diabos está acontecendo na minha cozinha? — Ouço Elena perguntar. Ela não está nada feliz. — Ethan…

— Eu vou limpar? — Pergunta Ethan com cara de cachorro sem dono.

— Sim e eu vou para meu quarto. — A mulher mal nos cumprimenta e sobe para seu quarto.

— Congratulações aos pombinhos. — Ethan se dirigiu a mim, já que Thomas não estava aqui. — Eu não vou limpar porra nenhuma. Chamem o Thomas e peçam para ele descer agora. Vocês dois dão um jeito nisso.

 Reviro os olhos.

— Enquanto isso — continua —, Bradley, vamos continuar seu treino.

— Quer que eu fique para te ajudar, Newtie? — Ariana abraça meus ombros.

— Não, Ari. — Sorrio. — Vou ficar sozinho.

— Tudo bem. — Ela então vai até o pé da escada. — Vocês ouviram o Newtie, ele quer ficar sozinho!

 Então todos sobem, exceto Tyler, que vai para o quintal.

 Olho para todo aquele sangue e vidro no chão.

 Foi tudo culpa minha. Eu beijei Oliver. Eu me entreguei quando ele pediu. Eu fui tolo de voltar com Thomas.

 Finalmente choro.

 Como eu pude perdê-lo? Coisas como Thomas são chamadas de Blue Moon é quando algo é raro demais.

 Eu perdi minha lua azul, mas dessa vez ela não vai mais voltar.

×××

 Thomas não me ajudou a limpar, ele nem sequer desceu. Eu o entendo, fiquei assim quando li as mensagens no celular dele.

×××

 Subo para o quarto. Quando chego, vejo que Thomas não está lá. Todos me encaram sem falar comigo. É como se eu tivesse matado alguém.

 Deito na cama e coloco os dois fones.

 A única que realmente vai se sentar comigo é Ariana. Ela me abraça e eu me permito chorar um pouco em seus braços, ando muito sensível esses últimos dias.

 Ela começa a acariciar meu cabelo. Quase durmo, mas antes que possa fazê-lo Elena entra no quarto. Ela fala alguma coisa olhando para mim, mas não a escuto por conta da música. Então retiro um dos fones.

— Perdão? 

— Preciso falar com você. — Fodeu de vez. Ela com certeza vai me mandar procurar um outro lugar para ficar. — Me siga.

 Os outros me olham novamente. Eu fecho a porta.

 Chego na primeira porta do corredor.

 Elena a abre.

 O lugar tem um aroma de incenso, o que me deixa confortável. 

 Há dois armários, um preto e um marrom.

 Uma cama tamanho Queen, forrada com um lençol verde e com dois travesseiros brancos. Uma mesa de vidro com duas cadeiras de madeira forradas com almofadas.

 Há uma janela que no momento está fechada, a única iluminação é a de um abajur com uma lâmpada amarelada, o que deixa o quarto ter um ar mais misterioso e reconfortante ao mesmo tempo.

— Com licença. — Falo baixo.

— Sente-se. — Elena abre o armário preto e tira de lá uma bola de vidro. Eu a obedeço. — Primeiramente, aquilo não foi culpa sua. Você e Thomas não estavam se falando, você estava vulnerável.

— Como?

— Agora me conte sobre seu sonho? — Meu coração acelera. Uma névoa branca começa a tomar conta da bola. Tive a impressão de ver meu rosto e o de Thomas. Sinto também que me vi trajando uma roupa preta. Eu estava segurando uma arma. Como no sonho do coma.

— Q-Que sonho?

— Quando você entrou em coma…

— Como sabe que…

— Me conte! — Elena ordena. Engulo em seco. Em seguida começo a contar meu sonho, sem poupá-la de nenhum detalhe. — Newt, você deve se preparar para o que está por vir. Precisa de alguém para te ajudar a passar por isso. Ainda há muito por vir. Vejo guerra e mortes. Você precisa de uma pilastra

— O quê? — Pergunto ainda confuso e assustado.

— Thomas está no telhado. — Elena se levanta e vai até o meio do quarto. Ela puxa uma escada que revela uma clarabóia. Foi Thomas quem contou sobre o sonho. — Converse com ele.

 Subo as escadas e chego até o telhado. Coberto de neve.

 Thomas estava de costas, com certeza observando.

 A casa é alta, temos uma vista do bairro inteiro.

 Caminho até ele e sento-me ao seu lado.

 Ficamos num silêncio torturante, sem nenhum contato visual. Até que eu finalmente decidi falar alguma coisa:

— Por que você contou do sonho para Elena?

 Thomas me olha com desdém, quase nojo. Como se eu tivesse o acusado de um crime que ele não cometeu.

 Percebo também que seus olhos estão vermelhos e inchados. Seus punhos não estão mais sangrando, mas estão cortados.

— Do que você tá falando? — Sua voz saiu falhada.

— Elena me pediu para contar o son…

— Que porra de sonho, Newt?

 Thomas está tão frio, de um modo que eu nunca vi.

 Então eu percebo que nem Thomas e nem ninguém sabe sobre o sonho do meu coma. Eu não tive tempo de contar a eles.

 Como Elena sabia?

— Thomas eu…

— Não precisa se explicar, Newt. — Me interrompe. — Elena já me falou tudo. Isso também é culpa minha.

— Não, mas…

— Eu ainda não terminei. — Thomas me corta mais uma vez. — Continuando, não deveria ter me afastado de você.

— Mas fui eu quem…

— Caralho, Newt. — Thomas se irrita. — Posso terminar de falar? Ou você quer continuar sem falar comigo?

— Desculpe. — Me entrego.

— Última vez… — Thomas recomeça — Eu errei de trocar mensagens com Tyler e admito que eu quis.

 Ouvir isso sair da boca do próprio Thomas é como um tiro. Machuca e dilacera.

— Mas eu percebi que Tyler não é a pessoa certa. — Thomas volta a olhar para a cidade. O vento frio balança seus cabelos. É tão lindo que poderia tirar uma foto agora mesmo. — Eu quero e preciso de você, Newt.

 Não é estranho ver Thomas admitindo isso. Mas isso faz meu coração acelerar e lágrimas ameaçarem sair dos meus olhos.

 Pisco para afastá-las. 

— Posso começar a me explicar agora? — Pergunto sorrindo.

 Ele apenas confirma com a cabeça.

— Oliver foi o primeiro garoto com quem fiquei. — Começo. — Namoramos até você chegar na escola. Foi quando eu comecei a olhar para você de outra maneira.

 Thomas sorri.

— Você terminou com ele só por minha causa?

— Basicamente… eu comecei a me afastar dele e não queria que continuasse do jeito que estava.

— Então?

— Caralho, Thomas. — Imito. — Posso terminar de falar? Ou você quer continuar sem falar comigo?

— Desculpe. — Ele solta uma risada fraca e então se cala.

— Terminamos, mas eu ainda beijava ele algumas vezes. Sempre que podíamos, mas isso durou apenas até aquela semana da festa de Halloween. — Continuo. — Simplesmente paramos de nos falar.

— E então eu apareci. — Thomas fala sorrindo e olhando para o horizonte.

— Sim. — Sorrio. — Só quero falar que agora há pouco… Quando ele me beijou… eu não queria, mas…

— Shhh! — Thomas põe o indicador em meus lábios.

— Posso te abraçar? — Peço. 

 Então o garoto abraça minha cintura e ficamos lá, Parados. Observando o sol se pôr enquanto a neve caía, me fazendo sentir um pequeno arrepio a cada dez segundos.

 Thomas finalmente me abraça direito.

— Não quero mais segredos, Newt. — Ele fala baixo. — Nunca mais.

— Sem segredos, Thomas Jackson. — Encosto minha cabeça em seu ombro.

 Ouço um barulho vindo de trás, mas deve ser apenas um pássaro.

— Meninos, já está na hora do jan… — Elena para de falar quando eu a olhei por cima do ombro. — Desculpe interromper, o jantar já está pronto. Desçam quando quiserem.

 Então ela desce novamente.

— Por que você ficou tão bravo com Oliver? — Pergunto.

— Porque ele estava beijando o amor da minha vida. — Então finalmente o sol some. E naquele momento eu tive a certeza absoluta de que era ele. Thomas era minha pilastra.