História Raging - Newtmas Fic - Season 2 - Rainy Day

A pior coisa dessa segunda-feira é não ter Cole na aula de biologia comigo hoje, mas tudo bem. É só até amanhã.

O sol ainda não saiu, tudo isso por causa do tempo frio e cinza, gotas de chuva escorrem pela janela.

Limpo meus olhos com as costas das mãos e fico encarando o teto, deitado na cama. Eu só queria não poder ir à escola hoje. Sem Cole, sem Tommy, sem ninguém. Um inferno.

— Newtie! — A irreconhecível, e doce, voz de Ariana faz com que eu me sente na cama. — Bom dia!

— Ari!

— Eles não vão hoje? — Ela sussurra. Ariana se refere aos outros.

Scarlet e Ethan dormem juntos em um dos colchões, Evan está em outro com Ariana. Thomas dorme em uma das beliches com Cole, enquanto eu ocupo a outra com Dylan. James deu sorte de deixarmos ele dormir na cama.

Todos estão num sono profundo.

Saio da cama e chacoalho, levemente, Dylan, na intenção de acordá-lo. Sem êxito.

Ariana faz o mesmo com Evan e Thomas. Igualmente sem sucesso.

— Acho que hoje seremos apenas nós dois. — Saímos do quarto e fomos em direção à cozinha. Elena, a madrinha de Ethan que nos recebeu, já deve ter saído para trabalhar, mas ao menos deixou panquecas prontas. — Ariana, eu vou subir e tomar um banho.

Ela concorda com a cabeça e se senta à mesa, enquanto eu subo de volta e vou ao banheiro.

A chuva aumentou e o barulho me dá mais vontade de ficar em casa, deitado no sofá assistindo algum filme. Com certeza é isso o que os outros farão.

Ligo o chuveiro e deixo a água cair.

Começo a pensar em tudo. Em exatamente tudo o que aconteceu há quatro meses atrás.

O convite para a festa, a festa, o dia seguinte, descobrir que eu não era o único, Ethan “invadindo” a casa de Cole, a volta de Chloe, Evan e Scarlet, a briga que tivemos, o desmoronamento da escola, meu coma. A morte da minha mãe.

Eu só queria que nada disso tivesse acontecido. Eu estaria em Westfield, indo para a escola e minha mãe viva.

As lágrimas se misturam com a água. Nem sei se realmente estou chorando ou apenas meu olho está ardendo por conta do shampoo. Mas sinto como se alguém estivesse apertando meu coração com toda a força.

Tudo vai ficar bem, Newt. Acredite. Tudo vai dar certo. Penso. Tudo isso vai ter valido a pena.

Então desligo o chuveiro, me seco, troco de roupa e desço.

Ariana sobe logo em seguida.

Termino de tomar meu café e vou ligo a TV. Nenhuma notícia sobre Westfield, nenhuma atualização, nada. É como se a cidade nem mesmo existisse.

Ouço passos na escada. Ariana já deve ter terminado. Pego minha mochila, desligo a televisão e viro-me esperando por ela.

— Bom dia. — O olho de Thomas ainda está roxo, por conta da briga. Seu lábio estava cortado, mas agora está apenas a marca. Eu gosto desse visual nele, fica mais sexy. Eu apenas sorrio. — Viu a Ari?

— Tomando banho.

— Já tomou café?

— Hum? — Não sei a quem ele se referiu.

— Perguntei se você já tomou café.

— Ah! Sim. — Respondi indiferente.

O garoto vai até a cozinha, ouço ele puxar uma cadeira em seguida a arrasta novamente.

Thomas e eu não terminamos, mas também não estamos mais nos falando direito.

Tudo começou quando peguei mensagens do Mellet no celular dele, não que isso seja um problema, mas eu falei para Thomas bloqueá-lo. Se ele respondeu, eu não sei. Mas as mensagens: largue ele, eu com certeza faço melhor, estavam lá. Eu surtei quando vi e acabamos discutindo. Desde então fica um clima estranho entre nós dois. Ele sempre me chama para conversar, e eu sempre recuso. Mas isso não quer dizer que eu esteja bravo, não mais.

Ariana desce, seu uniforme perfeitamente passado, seu cabelo perfeitamente preso, sua maquiagem perfeitamente leve. Ela está perfeitamente perfeita.

Checo meu celular, faltam apenas dez minutos para entrarmos na escola.

— Ahn… — Chamo a atenção de Ariana. — Podemos ir? Está quase na hora.

— Claro! — Ela se despede de Thomas, dando um beijo em seu rosto.

— Newt… — Ele vem em minha direção e me abraça. Por um momento eu fiquei com vontade de prender meus braços nele e nunca mais soltar, mas o orgulho foi maior.

— Thomas… — Tento sair de dentro do melhor abraço do mundo.

— Newt, por mais quanto tempo vai ficar fazendo cena? — Ele realmente parece sentir minha falta, sinto que o que fiz foi extremamente errado. Punir ele por algo que talvez não tenha feito.

— Eu preciso ir, Thomas. — Pego minha mochila e saio, puxando Ariana pelo braço. — Vamos.

— Newt, o guarda-chuva! — A garota me faz parar na entrada da casa. Percebo que a chuva aumentou um pouco mais, tanto faz.

— Fique aqui. — Peço, então entro de volta na casa.

Vou até a sala e procuro pelo guarda-chuva ao lado de um vaso de flores, mas ele estava pendurado na janela. Thomas ainda está sentado na cozinha comendo.

Antes de sair pego uma bolacha.

— Quando eu chegar.

— O quê? — Ele parece surpreso, por finalmente eu decidi falar mais de uma palavra para ele.

— Quando eu chegar da escola, nós conversamos. — Então ele sorri esperançosamente. E eu saio.

As aulas parecem durar quatro horas, tudo está tão chato, parado, preguiçoso.

O tempo parece não passar nunca.

Pego meu celular, dou uma olhada no Twitter, Facebook, mensagens. Nada de interessante.

Até que, vagando pelo YouTube, vejo um título que me chama a atenção: Aumenta o número de mortes em Westfield, Connecticut.

— Senhor Collins, vou ao banheiro. — Chamo a atenção do meu novo professor de história.

— Claro, Newt. — Ele sorri.

Me levanto e saio da sala. No corredor, tento me lembrar qual a primeira aula de Ariana.

— Geografia, não. Matemática, também não. — Sussurro, enquanto passo pelas salas cheias de alunos. — Química!

Bato na porta, todos se viram pra mim. Inclusive Ariana, que acena. Um homem alto, barbudo e musculoso me recebe.

— O que deseja, senhor Morgan?

— Professor… ahn…

— Nelson, senhor Morgan. — Nunca gostei muito da aula de geografia, nem mesmo aqui em Salem.

— Isso, Nelson! — O nervosismo se mistura com a ansiedade e eu acabo me enrolando. — Eu gostaria… ahn… eu poderia falar com… ahn.... Ariana?

Nelson sorri um sorriso amarelado dentro de todo aquele bigode.

— Claro! Parker… — A garota se levanta e caminha até mim. Em seguida fecha a porta.

— O que houve, Newtie?

— Precisamos ir para casa. — Desbloqueio meu celular e mostro a miniatura do vídeo para ela.

Ela encara o celular com preocupação. Ela começa a pensar em algo.

— Nos vemos em dez minutos! — Ariana não espera por minha resposta e entra na sala.

Não sei o que ela planeja, mas decido confiar.

De volta a aula de história, fico me segurando para não clicar no vídeo. Até que alguém bate na porta.

Ariana foi mais rápida do que pensei.

— Senhor Collins, a responsável por Newt Morgan veio buscá-lo. Me parece que é uma emergência familiar. — Não é Ariana. É apenas Philips, o diretor da escola. Mas eu não posso abandonar a garota sem avisá-la. — Elena, está com pressa, Newt.

— Eu já estou indo. — Guardo meu livro na mochila e saio.

— Foi mais fácil do que pensei. — O direto Philips, se transforma em uma garota de 1,63.

— Caralho, Ariana!

— Eu sei, fui impressionante!

— Agora vamos!

Corremos por todo o corredor, até que finalmente alcançamos a porta de vidro.

— Newt, eu… — Ariana puxa meu braço. — não podemos ir.

— O quê? Por quê?

— Minha maqu…

— Vocês dois! — Grita um segurança, ele vem em nossa direção. — Parados aí!

— Vamos! — Eu seguro seu braço e puxo a garota junto comigo. A chuva me impede de ver mais de vinte metros à minha frente.

Começamos a correr, juntos, rumo à casa de Elena.

Quando chegamos na porta de casa eu já estava completamente molhado, o mesmo se aplicava a Ariana. Sua maquiagem escorreu por todo o rosto, um pouco caiu em seu uniforme, que ficou com pequenas manchas pretas.

Bato na porta, quem atende é Thomas. Ele nos encarou assustado.

— O que houve com vocês?

— Temos notícias de casa. — Disse Ariana.