História Rain - Trauma.

Rain - Décimo primeiro capítulo - Trauma. 

— Sujo... — Esfregava a esponja sobre o braço. Desde quando havia adquirido esse tipo de sentimento? Desde quando se sentia tão suja? 

Após três semanas Kagome começou a notar que seu corpo e sua mente andavam estranhos. Ela tinha flashes sobre os acontecimentos no apartamento toda vez que chegava perto de qualquer homem. Ela sentia uma necessidade imensa de se lavar várias vezes por dia e acabava por lavar as mãos várias e várias vezes. 

Sensação de sujeira dominava seu corpo. Ela estava doente e sabia disso, mas não queria contar a Sesshoumaru. Ela não queria o magoar, sabia que tudo isso o deixaria preocupado e ela não queria que ele se machucasse mais do que ela já o estava machucando enquanto não conseguia ficar próximo dele. 

— Não sai — As lágrimas escorriam sobre seu rosto de maneira intensa, ela soluçava baixinho enquanto deixava o som da água caindo do chuveiro bater no chão e abafar o som que ela transmitia de seus lábios. 

— Kagome? — Sesshoumaru bateu na porta, a assustando, não imaginou que ele chegaria mais cedo — Está tudo bem? Eu consigo te ouvir chorar...  

— Sim, eu só... derrubei xampu no olho — Mentiu — Já estou saindo — Mordeu o lábio e continuou a se esfregar, a "sujeira" não saia de jeito nenhum. 

Passaram-se mais alguns minutos até que ela conseguiu sair de dentro do banheiro. Seu rosto ainda estava meio inchado pelo choro. Seus cabelos pingavam água, ela usava uma camiseta de manga comprida preta de malha fria e uma calça jeans com rasgos em ambos os joelhos. 

Caminhou devagar, já que sua perna ainda não estava recuperada e ela ainda comparecia as sessões de fisioterapia para melhorar a dor e a volta dos movimentos de seus membros — Perna esquerda e braço esquerdo — os quais, foram quebrados por Naraku. 

— Porque estava chorando? — Deu um pulo, a voz de Sesshoumaru veio de trás dela. 

— Eu já respondi — Mentiu novamente. O youkai franziu a testa e puxou o braço da garota, erguendo a manga de sua camiseta, ele notará que ela andava com camisetas de manga comprida mesmo no calor, foi então que ele percebeu. Ela estava com os braços muito vermelhos e as mãos começando a esfolar. 

— Está mentindo — Rebateu — Você não está bem — Levantou o braço dela e mostrou as marcas feitas enquanto no banho. Kagome virou o rosto e fechou os olhos, começaria a tremer a qualquer momento — Vou marcar uma consulta para você... eu já deveria ter feito isso antes... vou falar com a Sango para você poder ficar com ela por enquanto. 

Soltou o braço da garota e caminhou em direção ao telefone. Kagome sentiu o coração vibrar, não queria ficar longe dele mas também não conseguia ficar perto dele. Apertou os olhos e gritou. 

— NÃO VOU SAIR DAQUI! — Apertou os punhos com força, vendo o youkai parar e se virar para ela. 

— Você sabe que está doente? — Perguntou sem esperar uma resposta — Eu estou preocupado com você, só quero que melhore. 

— Eu vou melhorar — Bufou — Eu vou na consulta mas não vou sair daqui — Afirmou. Fazendo o youkai sorrir com o canto dos lábios. 

— Ótimo. 

❈ 

— Preciso... — Levantou-se num salto mas Sesshoumaru pegou seu braço e a fez estremecer.  

— Sente-se — Pediu com carinho, fazendo ela se sentar — Você não está suja. 

— Eu... — Sentia a mão começar a tremer, não conseguia sentir o toque na sua pele por muito tempo, nas primeiras semanas depois que ela acordou, tudo parecia normal, mas depois que ficou sozinha com Sesshoumaru, começou a ter esse tipo de sentimento e isso a irritava muito — Não consigo é como se eu estivesse marcada — Soltou-se do braço de Sesshoumaru e levou ambas as mãos ao rosto. 

— Não está — Sorriu e acariciou seus cabelos — Como foi a consulta? 

— Espero melhorar logo — Respondeu, levantando o olhar para Sesshoumaru — Não quero te fazer sofrer — Abriu o jogo. O youkai arqueou uma sobrancelha e falou em seguida. 

— Só irei sofrer se você não se esforçar, eu estou com você — Pegou as duas mãos dela e levou ao seu peito — Meu coração só bate porque o seu bate, não vou ficar bravo ou te deixar por conta disso... eu só quero que você melhore e volte para mim, como antes. 

— Sesshou... — Lágrimas, começaram a percorrer o rosto da garota ela então levou a mão delicadamente ao rosto dele e acariciou, mesmo tremendo, ela sabia que tinha de voltar para ele, não importava o que acontecesse, ela tinha de voltar ao normal. 

Três meses depois. 

Segurava em seus braços o bebê que agora já completará nove meses, estava quase em seu décimo mês. Kagome sorria e brincava com Kurosawa, enquanto sua irmã arrumava a roupa que usaria na cerimônia da tarde. 

— Quem diria, Sango e Miroku finalmente irão se casar... — Comentava Kikyou sorrindo, enquanto escolhia seu traje na loja. 

— Sim — Respondeu em modo automático, enquanto continuava a brincar com o bebê. 

— Que aconteceu? — Perguntou enquanto pegava um vestido na cor creme e colocava em frente ao corpo — Acha que essa cor combina com orelhas de garoto e sapatos de salamandra? — Perguntou para ver qual o nível de atenção sua irmã estava dando a conversa. 

— Hum? — Saiu de seus devaneios e observou a irmã a sua frente — AH SIM!... Esse é lindo. 

— Kagome! — Repreendeu a irmã — Eu te fiz uma pergunta absurda e você me vem com essa? O que foi? — Se aproximou de Kagome e passou a mão por seu braço — É por conta do... 

— Não — Respondeu — Eu estou bem — Sorriu, enquanto Kuro tentava ir até sua mãe — Eu só estou cansada, não dormi direito — Continuou a sorrir. Kikyou deixou a feição preocupada na face e então beijou a testa de sua irmã. 

— Se ainda está com aquele problema, não precisa se preocupar... sabe que estamos ao seu lado. 

— Eu sei — Bufou — É difícil... mas eu melhorei muito — Completou — Sério, eu... eu melhorei! 

— Não duvido. 

O pequeno bebê começou a se debater, querendo ir ao chão, Kagome o repreendeu e Kikyou riu da situação. Kuro era tão teimoso quanto Inuyasha, ainda mais quando queria algo ou estava com fome. Kagome acabou por colocar o pequenino em pé no chão, enquanto segurava suas duas mãozinhas, ele queria caminhar só, mas ainda não conseguia sustentar o próprio corpo. 

Kagome ria de toda a situação, ficava pensando como seriam os dela e os de Sesshoumaru. Mesmo depois de tanto tempo de terapia, Kagome ainda não conseguia se entregar completamente a Sesshoumaru. Porém, ela iria tentar, mais uma vez. 

❈

— VOCÊ É MADRINHA! ONDE ESTÁ VOCÊ E SUA ROUPA? — Sango gritava com Kagome, enquanto a garota pegava o cabide no guarda-roupas. 

— Calma! — Pedia Kagome — Eu estou pegando e indo para ai agora, não se preocupe, não vou atrasar — Bufou. 

— E Sesshoumaru? Já está arrumado? — Perguntava soltando fogo pelos olhos. 

— Sesshoumaru só precisa colocar o terno e prender o cabelo, não tem nada de demorado nisso — Revirou os olhos — Sango, vá se cuidar, eu vou chegar ai antes da minha vez... 

— KIKYOU JÁ ESTÁ AQUI COM O KURO E VOCÊ NADA, ANDA LOGO! — Desligou o telefone. Kagome bufou mais uma vez. 

— Sango sua... Sua noiva paranoica! — Jogou o celular em cima da cama e bufou novamente.  

— O que foi? — Sesshoumaru entrava no quarto somente enrolado em uma toalha. 

— Sango — Bufou — Porque eu não posso simplesmente me arrumar em casa? Que saco... 

— Se não quiser — Passou ambos os braços em seu pescoço — Não precisa ir — Sussurrou próximo a seus lábios. Kagome fechou os olhos e espero ele se aproximar. 

Sentia o corpo tremer mas não recuaria, não mais. Sesshoumaru deixou um sorriso malicioso lhe escapar pelo canto da boca. Quanto tempo fazia que Kagome não o deixava ficar tão próximo? Deixou seus lábios se tocarem. 

Sentiu que o corpo da garota tremeu mas não parou, empurrou-a devagar até sua cama. Kagome sentia os tremores cada vez mais fortes, porém, não deixou de levar os braços em torno ao pescoço do youkai e aprofundar o beijo. 

 — Tem certeza? — Perguntou Sesshoumaru, afastando-se do beijo e colocando sua testa encostada a de Kagome, enquanto a garota se sentava na cama e observava o youkai a sua frente. 

— Sim — Respondeu — E-Eu consigo! — Puxou o youkai e o beijou mais uma vez. 

Sesshoumaru a empurrou na cama e fez ela se deitar completamente, enquanto ele ficava por cima, sem se separar do beijo ele desceu uma das mãos em direção ao short que a garota usava, o desabotoando devagar, Kagome sentia o corpo todo estremecer, as lágrimas começavam a se formar novamente. Então, ela não aguentou. 

— Para... — Sussurrou ela. 

— Okay — Respondeu, saindo de cima da garota. Kagome permaneceu de olhos fechados e cheios de lágrimas, levou o braço esquerdo até o rosto para tampar os olhos. 

O youkai pegou seu terno e saiu do quarto, a deixando sozinha.