História Rain - Casamento.

 Sexto capítulo — Casamento. 

QUATRO MESES DEPOIS 

 
— Tem certeza que quer fazer isso? — Perguntou o rapaz de terno preto e madeixas longas e negras, sua trança era enorme, batia abaixo de sua cintura. Kagome sorriu, observando seu reflexo no espelho. 

— Sim — Ajeitou o enfeite de cabelo. Seu coque era alto, havia comprado presilhas e o enfeitado. Seu vestido era curto, ia até seu joelho, sua cor era creme, um tomara que caia que lhe ficava justo no busto até sua cintura e abaixo era rodado. Em seus pés ela usava um scarpin¹ branco, com algumas notas musicais desenhadas em glitter colorido, no tornozelo esquerdo ela usava uma tornozeleira com um pingente de coração.  

— Sabe que se quiser desistir... — Ele começará, mas ela o fez parar, levando um dos dedos aos seus lábios. 

— Menos Ban, eu vou ficar bem — Sorriu. Foi em direção a cômoda e pegou sua pequena bolsa de mão —Agradeço por me acompanhar. 

Saíram do apartamento da garota, iriam com o carro de Bankotsu. 

* 

— S-Senhor Se-Sesshoumaru... — Chamou Jaken, vendo seu "mestre" a arrumar a gravata no espelho. Sesshoumaru nada disse, apenas o observou pelo canto dos olhos — A pequena Rin está nervosa... — Comentou o pequeno youkai verde.  

— Onde está? — Perguntou o grande youkai, vendo o outro sair e voltar com a garotinha de oito anos com os olhos marejados — Rin... 

— Sesshoumaru — Correu até ele e o abraçou, deixando as lágrimas caírem — A senhora Sara não quer que eu entre no ca...casa... 

— Como? — O youkai apertou o punho, abaixando-se e ficando em frente a Rin perguntou — O que ela te disse? 

— Que sou um ser repugnante e que seria melhor que eu ficasse escondida em algum armário... — A garotinha soluçava enquanto reproduzia as palavras ditas por Sara. Jaken sabia que Sesshoumaru ficaria extremamente irritado, já que sua protegida era um de seus maiores tesouros. 

— Fique aqui — Ordenou ele, saindo de seu quarto e indo em direção a sala de sua casa, a qual, estava sendo ocupada por Sara e suas empregadas. 

Ele entrou na sala sem cerimonia, pegando o braço de Sara com força, fazendo a youkai arregalar os olhos e já esperar pelo pior, já que sabia qual o motivo de tal comportamento. 

— O que pensa que está fazendo? — Perguntou ela, tentando se soltar do youkai. Apertou com mais força o braço de Sara, a fazendo gritar de dor. 

— Se eu ouvir você falando isso novamente, eu rasgo sua garganta e lhe penduro naquele parapeito para que todos vejam sua vergonha — Os olhos de Sesshoumaru ficaram em um tom vermelho assustador. Sara engoliu em seco e fez com a cabeça que havia entendido. 

A soltou, não poderia mata-la mas tornaria sua vida um inferno, até que ela pedisse para morrer de tanto sofrimento que passaria em suas mãos. O youkai deu as costas e antes de sair da sala a olhou de maneira ameaçadora novamente, fazendo Sara gelar. Ela sabia que Sesshoumaru a odiava de toda a alma, então, usava isso para que ele lhe desse um mínimo que fosse de atenção. 

* 

— Kagome — Chamou Kikyou, ao ver sua irmã chegar a igreja acompanhada de Bankotsu — Venha cá — Kagome e Bankotsu se moveram rapidamente em direção a sua irmã. 

— Me dê o Kuro, eu olho ele enquanto vocês fazem sua parte nessa grande farça — Sorriu enquanto pegava o sobrinho nos braços, que sorria de maneira larga. 

— Eu ainda acho que não deveria ter vindo — Alertou-a — Sabe que Sara a odeia, isso só será mais um motivo... 

— Eu disse a mesma coisa — Bankotsu concordou — Kagome é teimosa, não escuta.  

— Vá logo, antes que a noiva comece com seus ataques — Foi em direção aos bancos da igreja com o pequeno Kurosawa em seus braços e Bankotsu em seu encalço. 

Caçou alguns seres entre as pessoas naquele lugar, foi então que seus olhos encontraram uma outra garota de cabelos negros, porém, diferente dela, os cabelos estavam soltos. Caminhou rápido, mesmo com salto e com o bebê em seus braços. 

— Espere Kagome! — Chamou Bankotsu, mas ela não o ouvirá, continuou caminhando até esbarrar em alguém. 

— AI! — Falou alto, mas repreendeu-se em seguida — Me perdoe, eu não havia visto... — Levantou os olhos e encontrou o par de olhos  âmbares mais frios que já conhecerá — Oh! 

— SENHORITA KAGOME! — A voz fina e feminina a chamou, fazendo ela desviar o olhar do youkai em direção a pequena criança que a chamava. 

— Oh! Rin... — Sorriu para a pequena e logo a elogiou — Você está linda com esse vestido. — Rin usava um vestido longo, suas mangas eram compridas. Em sua cabeça uma coroa de flores vermelhas era destacado, suas madeixas longas e lisas estavam soltas, o vestido branco fazia a garotinha parecer uma princesa. 

— Obrigada — Rin agradeceu, indo pegar a mão de Sesshoumaru — O senhor Sesshoumaru que me deu. 

— Ótimo gosto, senhor Sesshoumaru — Kagome elogiou o youkai, que continuou a fita-la — Bem, vou me sentar com Sango e Miroku, os vejo depois... — Antes que saisse, sentiu uma mão masculina pegar em seu ombro. 

— Eu disse para esperar — Falou a suas costas — Oh, Sesshoumaru — Estendeu a mão, porém o youkai a encarou e não a apertou — Bem, meus parabéns. — Bankotsu sorriu, abaixando sua mão e a levando as costas da garota, a guiando para o outro lado da igreja para se sentar ao lado de seus amigos. 

Sesshoumaru encarou aquela cena, qualquer pessoa que não conhecesse Kagome diria que a criança era sua e que o rapaz que a acompanhava certamente era seu esposo. Apertou o punho com força. Rin observou como seu protetor havia ficado rígido, então decidiu falar. 

— Senhor Sesshoumaru, está bem? — Perguntou ela de forma doce, o youkai a olhou e respondeu como de costume.  

— Sim, venha — Caminhou em direção ao altar com a pequena ao seu lado. 

Kagome e Bankotsu chegaram a se sentar ao lado dos amigos. Ela comentou algo que fez Sango rir e Miroku em seguida. Era bom estar com os amigos, mesmo se fosse para ver o homem que tanto amou se casando.  

— Esse menino não para — Comentou Sango, tentando fazer Kurosawa parar de pular.  

— Isso não é nem o começo, espero que ele não chore quando as músicas começarem, ou vou ter que sair com ele de dentro da igreja — Comentou Kagome, suspirando em seguida. 

— Inuyasha e Kikyou realmente ficaram juntos, graças a você Kagome — Comentou Miroku sorrindo. 

— Só precisavam de um empurrãozinho — Piscou. 

— E acredito que vocês também precisem — Sango comentou alto, para que Bankotsu escuta-se. 

— Desculpe, não entendi — Kagome arqueou a sobrancelha e tentou entender o que a amiga queria dizer. 

— A ignore Kagome — Pediu Bankotsu — Sango está querendo te irritar. 

— Vai dizer que não ficaria feliz se acontecesse, Bankotsu? — Perguntou Sango sorrindo. 

— Pare — Pediu Miroku, fazendo um olhar reprovador para a garota ao seu lado.  

Para a surpresa do pequeno bebê, a música começou a tocar, fazendo ele assustar-se. Kagome suspirou e se levantou, chamando atenção de alguns. Ela se colocou a andar para fora da igreja, ficaria do lado de fora, mas na porta. Queria ver Sara antes do fato acontecer. 

Sesshoumaru observou a cena da garota sair com seu sobrinho. Ele usava um terno preto, haviam nele alguns detalhes em dourado, seus cabelos estavam presos em um rabo de cavalo alto. Seus olhos acompanharam todo o trajeto de Kagome, foi então que ouviu uma voz atrás de si. 

— Não acredito que ainda não esqueceu essa humana — Seu pai parecia irritado. 

— Será que até mesmo depois que essa palhaçada acabar, o senhor vai mandar na minha vida e na de Inuyasha? — Perguntou irritado, lembrando-se das conversas que tinha com seu pai quando mais novo. 

"— Não esqueçam da aliança que temos com os humanos, se você e essa garota se juntarem, vai piorar tudo e perderemos a liberdade de andar entre esses humanos. 

— Eu pouco me importo com suas alianças, senhor das terras do oeste — Ironizou — Se fosse realmente tão poderoso não haveria necessidade dessas alianças idiotas, poderíamos viver como precisamos. 

— Criança tola — Apertou o braço do filho — Escute aqui Sesshoumaru, se eu ver seus olhos sobre essa humana, se eu souber que está se encontrando com ela... eu mando a exterminar. 

— Se fizer isso, dê adeus a sua aliança, pois a primeira coisa que farei será matar você e esses humanos idiotas — Trincou os dentes. Viu seu pai o soltar e ir em direção a porta.  

— Está tudo bem? — Kagome apareceu observando Sesshoumaru, a garota havia ficado no quarto do rapaz "escondida" até que as coisas se acalmassem. 

— Sim — Mentiu — Não ligue para isso." 

Inu No Taishou era um dos youkais mais poderosos do mundo, tendo em toda esfera suas empresas. Ele era um dos empresários mais poderosos, graças a aliança feita entre os youkais e os humanos. 

O acordo parecia uma coisa simples e pacifica. Humanos com humanos e youkais com youkais. Sem mistura de raças, somente isso e nenhuma guerra explodiria. Inuyasha descordava de tal fato e se opôs contra seu pai, assim, casando-se com Kikyou e sendo deserdado. Logo, todas as ações e coisas do tipo foram passadas a Sesshoumaru por inteiro.  

Hanyous atualmente eram raros, quase não se via e quando descobertos ainda pequenos, eram mortos. Inuyasha teve sorte de nascer antes do acordo, logo, não foi morto, porém, usava seus poderes para esconder o cheiro de seu filho, Kurosawa. Caso fosse descoberto, seria morto sem dó nem piedade. 

Com toda sua influencia, Inu no taishou conseguiu esconder o casamente de Inuyasha e Kikyou, mas deixou claro a Sesshoumaru que se ele se envolvesse com Kagome, iria ele mesmo o entregar para ser morto. A família de Sara era a segunda mais influente, então, para continuar a linhagem pura e controladora, as famílias decidiram se unir e fazer a aliança entre elas. 
 

— Você sabe as condições — Falou seu pai em seu ouvido, o fazendo despertar de seus devaneios — Não preciso alerta-lo novamente — Inu no Taishou saiu, deixando o youkai no altar. 

— Senhor — Rin falou baixinho, fazendo Sesshoumaru olhar para ela — Não se preocupe, sei que a senhorita Kagome ama o senhor — Sorriu de forma doce. 

Ele acariciou a cabeça da pequena garotinha e a viu correr para fora da igreja. Depois de ver a humana com Bankotsu, já não tinha tanta certeza disso. 

* 

— Viu como Inu no taishou saiu irritado? — Perguntou Sango, vendo os amigos encararem o youkai que estava parado no altar. 

— Deveriam estar discutindo — Comentou Miroku — Certamente era algo sobre Kagome, sempre que eles brigam assim é por conta dela — Bufou — Lembro quando ia até a casa dos Taishou fazer trabalhos com Inuyasha, Sesshoumaru vivia a discutir com o pai, ele não queria se casar com a Sara. 

— Infelizmente são as regras — Falou Bankotsu, encarando o youkai que o olhava de volta. 

— O que está fazendo? — Perguntou Sango, arregalando os olhos ao ver Sesshoumaru encarrar Bankotsu. 

— Deixando claro que ele perdeu — Sorriu, vendo o grande youkais arquear a sobrancelha. 

 
* 

Continuava a balançar Kurosawa nos braços, Kikyou veio a ajudar. Sorrindo de ver como a irmã tinha jeito com o pequeno, porém, Kuro tinha medo de qualquer barulho que fosse alto demais para suas pequenas orelhas. 

— Oh meu pequeno — Kikyou falou com ele, vendo ele olhar para ela e estender os braços — Mamãe já vai pegar você — Beijou a testa do pequeno. 

— Sai daqui ou ele vai fazer um escarcéu e a culpa vai ser toda sua — Kagome a repreendeu.  

— Certo, titia coruja — Mostrou a língua — Qualquer coisa a mamadeira está na bolsa... 

— Eu sei cuidar dele, pode ir — Apontou com a mão em direção a Inuyasha que já gritava pela esposa. 

Kikyou caminhou rápido, indo em direção a Inuyasha, o vestido da irmã era igual o das outras madrinhas, longo de alças, com um echarpe por cima, todas usavam a cor nude, os rapazes um terno preto comum, com a gravata combinando com a cor do vestido das madrinhas.  

O pequeno Kuro não parava de chorar. Kagome o balançava mais devagar para que ele viesse a se acalmar, foi quando ela viu o carro que trazia Sara parar em frente a igreja. "Ótimo" Pensou ela. Mordeu o lábio, começava a pensar que não fora uma boa ideia ir aquele casamento. 

A noiva saiu do caro, seu rosto estava alegre, os flashes das câmeras não paravam, ela subia as escadas com ajuda de suas "serventes" e foi então que seus olhos bateram de frente com os de Kagome. Depois de tantos anos a azucrinando e mesmo sabendo que ela foi em seu noivado, não achará que a garota teria coragem de ir ao seu casamento. 

Sorriu e ordenou que as mulheres entrassem. Ela iria entrar na igreja sozinha. Assim que todas entraram a porta se fechou, dando inicio a entrada das madrinhas, Sara sorriu para Kagome que continuava a balançar Kuro para que parasse de chorar. 

O vestido de Sara era lindo. Usava um corpete cheio de pedras de swarovski², seus cabelos estavam presos em um coque, a qual, a grinalda estava presa. A parte debaixo de seu vestido era bem cheia, com mais pedras a caírem por elas e sua calda era enorme. 

— Não achei que fosse tão corajosa, querida — Em seus lábios se desenhavam um enorme sorriso.  

— Eu não tenho medo de você, Sara — Kagome encarava seus olhos — Cuide bem de Sesshoumaru, por favor — Pediu a garota, vendo a noiva daquela noite começar a rir, sua risada ficou alta e fez o pequeno Kuro voltar a chorar muito. 

— Pobre humana — Sorriu novamente — Eu já cuido — Piscou, vendo a porta se abrir — Agora, contemple o meu momento e sofra por não poder ser você.  

Sara se distanciou, a porta da igreja ficaria aberta a partir daquele momento, então, mesmo de fora, Kagome poderia ver toda a cerimonia. Aparentemente Kuro continuava choroso, mas agora, chorava mais baixo. Kagome observava enquanto Sara passava pelo tapete vermelho e ia em direção ao altar. 

Seus olhos marejaram mas não choraria. Sentiu um nó se formar em sua garganta. Pode ver os olhos de Sesshoumaru a encararem ao invés de encararem sua noiva e então, sentiu a lágrima teimosa a escorrer por seu rosto, a qual, deu passagem as demais. 

E foi com aquela cena que o youkai se decidiu. Daria um jeito de por um fim naquele acordo idiota que os humanos e youkais haviam concordado. Teria Kagome para si, mesmo que custasse a paz daquele mundo. 

 
* 

— Como se sente? — Perguntou Bankotsu escorado na porta do apartamento dela — Quer que eu fique? 

— Não precisa — Respondeu sorrindo — Ficarei bem. Obrigada por hoje. 

— Kagome... sabe que para tudo que precisar, eu sempre vou estar aqui — Pegou a mão da garota e a beijou, vendo ela corar e sorrir. 

— Eu sei, até logo — Beijou o rosto do homem e em seguida fechou a porta, deixando o mesmo do lado de fora. 

Suspirou fundo e retirou seus sapatos, jogando-os em algum canto de seu apartamento. Logo, assustou-se com uma bolinha de pelos a passar por ela, certamente estava com fome. Sorriu e caminhou em direção a cozinha.  

Fez o de costume, colocou comida ao pequeno felino e depois se direcionou ao seu quarto. Fechou a porta e se escorou nela, pensando em tudo que havia feito de sua vida até aquele momento. 

Os seus olhos fecharam-se devagar, fazendo ela sentir as lágrimas quentes sobre suas bochechas. A cena de Sesshoumaru e Sara não saia de sua cabeça, não conseguia pensar em outra coisa.  

Havia o perdido. Era o que ela pensava.