História Panic cord - I don't hate you

DA UM CLOSE NAS NOTAS FINAIS

Eu tinha exatos cinco anos quando minha mãe decidiu fazer um passeio comigo e minha prima, Bailey, para o cinema. Fomos ver A bela adormecida e eu lembro que minha prima ficou aterrorizada ao ver a bruxa se transformar no Dragão, as cores e a aquela explosão mal feita por conta dos efeitos não tão evoluídos assim a assustaram. Porém, quando eu vi toda aquela junção de cores, magia e coisas, que naquela época pareciam de outro mundo, eu senti como se tivesse entrado em um universo paralelo que trazia diversão e humor ao mesmo tempo. Após aquela dia eu pedia, implorava para ir ao cinema, mesmo que fosse apenas para ver os pequenos trailers antes da sessão.

- Eu fico no meio.- Shawn disse passando na minha frente enquanto se equilibrava pra não cair com o balde de pipoca em mãos. O garoto se sentou na poltrona entre mim e meu irmão passando para mim o copo de refrigerante grande.- Acho que você não vai conseguir beber isso tudo não, Cachinhos.

- Não duvide da minha capacidade de comer ou beber qualquer coisa, principalmente se é algo que envolve doce.- Falei me ajeitando na cadeira vermelha acochoada do cinema. A sala estava razoavelmente vazia levando em consideração que esse era o primeiro dia das férias e que a cidade pequena não tinha tantos habitantes.

- Nunca seria capaz de duvidar de você e de sua capacidade. - Shawn Sussurou perto do meu ouvido para que apenas nós soubéssemos do que se tratava. Um arrepio percorreu minha nuca e eu senti uma corrente elétrica tomar conta de cada mísera molécula que constitua meu corpo, eu senti o mesmo vibrar apenas por sentir o hálito gélido do garoto contra a pele sensível do meu ouvido. Ignorei os arrepios que foram causados e dei de ombros me mantendo o mais imóvel possível enquanto encarava a tela preta do cinema.- Você seria incapaz de fazer algo de forma ruim.

Suspirei sentindo uma pontada em meu ventre ao sentir sua respiração contra meu pescoço dessa vez, se eu não soubesse quem Shawn era diria que ele estava tentando começar um jogo de provocações, mas sei que nosso "ódio" não deixaria que isso acontecesse.

- Você não sabe o quão insuficiente eu consigo ser.- Murmurei mais pra mim do que para ele. Eu estava em uma fase da minha vida onde tudo me deixava emotiva, eu pensei em ir na farmácia e comprar um teste de gravidez, já que geralmente pessoa mais emotivas estão grávidas, mas lembrei que eu poderia apenas estar esperando o menino Jesus, já que eu sou mais lacrada que carro forte.

- Você não é a insuficiente pra.....- Shawn foi interrompido pelo barulho estrondoso da Tela quando os trailers começaram a passar. Agora nada mais importava, parecia que existia apenas eu e aquela maravilhosa e gigantesca tela de cinema que iluminavam todo recinto com suas pelas produções e efeitos visuais. Aquilo me encatava de uma forma surreal.

Assim que o filme começou eu não consegui focar em nada além dele, eu achava que nada poderia tirar minha paz naquele momento até o casal que estava atrás de nós começarem a fazer barulho com os beijos. Respirei fundo e tentei ignorar os pequenos     estalos irritantes que os jovens produziam. Não conseguia entender como as pessoas vinha para o paraíso e simplesmente ignoravam a melhor parte trocando saliva uma com as outras. Okay, beijar é ótimo, mas estar no cinema e ver o filme é melhor ainda. Ser um casal é mais que trocar beijos e amassos no sofá de casa, pelo menos pra mim é. Ser um casal significa ter uma conexão que partia da alma até o corpo, não ao contrário, você não tem que ficar com alguém apenas porque gosta do sabor da língua dela. Tem que ficar com alguém porque o jeito como ele é faz todos os defeitos, de ambos, parecerem minúsculos diante dos sentimentos que um tem pelo outro.

- Eles parecem estar se comendo aqui atrás.- Shawn sussurou pegando a pipoca e enfiando guela abaixo. Nem o som do Shawn comendo me incomodava naquele momento, era até engraçado olhar pro lado e ve-lo comer, era uma graça o jeito como os olhinhos castanhos dele brilhavam ao comer a pipoca cheia de mateiga.

- Parecem mesmo.- Concordei sem tirar os olhos da Tela que exibiam a Cena onde a Bela enfrentava a fera lutando pela liberdade de seu pai.

-  Se Emma Watson fosse uma religião eu seguiria sem protestar. - Eu virei pro garoto que tinha um ar risonho. Bom, eu poderia rir apenas pelo fato dessa cara fofa e contagiante que ele fez, mas fingir estar irritada por ele não calar a boca e voltei minha atenção ao filme.- Você não é tão boa atriz assim, eu tô vendo esse seu sorrisinho ai.

O sussuro rouco dele Bem próximo do meu ouvido fez cada poro do meu corpo se abrir me fazendo reprimir um suspiro que estava preso em minha garganta. Fechei os olhos fortemente apenas esperando aquele arrepio passar, mas ele demorou e por alguns instantes eu achei que aquela sensação não iria embora. Porém, ela foi e eu agradeci a todos os deuses do Olimpo.

A maioria das pessoas que estava na sala eram crianças e casais. Meu irmão protestou horroes por ter que ver Bela e a Fera, mas eu persisti e joguei um K.o dizendo que as meninas achariam ele romântico e fofo por ter levado a irmã mais nova ao cinema, óbvio que o idiota acreditou e parou os protestos rapidamente pagando as entradas sorridente. Era tão impressionante como meu irmão não tinha limites ao tentar ficar com alguém, as vezes achava que ele tentava preencher algum vazio que sentia, mas não sei se tenho razão ou não.

O filme foi lindo, a história da bela e a fera é linda. Bela era a frente de seu tempo,  ela não queria ser como os outros, não se via pressa a uma existência miserável onde você tem tem deve ter como único objetivo cuidar da casa ou impressionar um homem, ela queria e conseguiu mais que isso.

- Você sabe qual é a história original da Bela e a fera? Sem as modificações da Disney e tudo mais?- O garoto perguntou e eu apenas respondi "Aham" e logo após minha resposta ouvi um risinho baixo seguido de um suspiro pesado.- Você nem tá prestando atenção. Tá so falando "aham"

- Aham.- Respondi cantarolando a musiquinha assim como a maioria das pessoas na sala. Então as luzes se acenderam e toda aquela magia acabou, como todas as coisas boas. Suspirei dando um sorriso de lado ainda encantada com toda aquela beleza e magia que acabei de presenciar, mas triste por ter que ir embora.

- Está parecendo uma criança emburrada quando a mãe diz não pra ela.- Shawn comentou jogando o balde e os copos na enorme lata de lixo ao lado da saída do cinema. Caminhamos até a Praça de alimentação que estava lotada de grupos de adolescentes. Senti um arrepio percorrer a minha nuca quando vi Audrey e Alexis sentadas junto com outras pessoas desconhecidas por mim.- Tô cheio de fome.

Franzi o cenho e levantei uma das minhas sobrancelhas encarando a expressão fofa e sorridente do garoto ao meu lado. Shawn havia comido o balde de pipoca praticamente sozinho, sem contar o refrigerante de 500Ml que ele bebeu junto.

- Você comeu praticamente o balde de pipoca inteiro sozinho - Falei e vi um sorriso debochado crescer em seus lábios. Shawn tinha um olhar naturalmente petulante e abusado, as pessoas que não conseguiam perceber isso por estarem concentradas demais nas covinhas dele.

- Ali uma mesa.- Dallas falou e eu suspirei aliviada indo até ela e me sentando rezando para que meu irmão sentasse ao meu lado, mas óbvio que ele não fez isso, ele sentou de frente pra mim deixando o lugar ao meu lado vago para o Shawn sentar.- Então vocês vão querer.....

- Cam.- A voz extremamente fina da Audrey interrompeu meu irmão. Revirei os olhos ao ver Audrey e Alexis caminhando até nós. Elas rebolavam em sincronia fazendo os shorts subirem deixando uma parte da bunda a mostra chamando atenção de qualquer pessoa no lugar, tanto dos garotos quando das garotas.- Que legal encontrar vocês aqui.

- E ai, Audre.- Cameron disse se levantando e cumprimentando a garota. Meu irmão e Audrey já tiveram um "lance". Eles ficavam nas festas até ela começar a namorar, o problema é que essas meninas daqui pagam de santas, por mais que de Santas não tenham nada. Então, ela começou a "namorar" o Patrick, mas todo mundo sabia que o namoro era mais uma desculpa pra sexo livre e a qualquer hora sem ser julgada pelos outros.- Alexis.

A loira sorriu enquanto eu encarava aquela cena entendiada querendo ir logo ao Bk e pedir meu sanduíche.

- O que vieram fazer aqui?.- A garota voltou a perguntar super interessada na vida alheia. Tirei meu celular da bolsa e mandei uma mensagem para Hayley vendo a mesma responder após alguns segundos. Pelo menos alguém estava me dando atenção naquele momento.

- Eu e Shawn viemos trazer a Claire ao cinema.- Meu irmão disse e eu não fiz questão de ver a expressão das duas meninas ao notarem a presença de Shawn. Meu irmão era bonito, mas Shawn era mais, parecia quase impossível estar no mesmo lugar que ele e não notar sua presença.- E vocês?

- Shawn! Nem te vimos ai, sempre tão quietinho.- Levantei a cabeça com uma expressão confusa ao perceber o tom da voz de Alexis. A menina quase não falou, mas quando abriu a boca pra falar eu consegui perceber quais eram suas intenções com o Shawn. A loira mordia o lábio inferior e mechia no enorme rabo de cavalo bem no alto de sua cabeça. Alexis levou um cutucao de Audrey e a mesma percebeu que não havia respondido a pergunta feita por Cameron a segundos atrás.- Sabe, O Patrick terminou com a Audre e ela ficou bem mal. Então, resolvemos dar uma passeada no shopping e depois fazer uma socialzinha lá em casa. Se quiserem ir será um prazer.

''Elas parecem duas sendentas por sexo! Alexis parece que vai abrir a calça do shawn so com o olhar." Enviei para Hayley vendo a mesma responder com inúmeros "k" simulando sua risada de hiena.

"Eu vi a Audrey sair daqui da rua e ela parecia um cavalo quando pega infecção. Ela tava andando toda torta indo de um lado pro outro, parecia que o vento ia levar ela embora'' Segurei o riso ao ler sua mensagem e percebi que a conversas em volta haviam sumido.

- Claire!.- Cameron repreendeu me deixando confusa. Encarei Shawn que sorria de lado com uma expressão irônica de quem dizia "Se fode sozinha, Baby".- Vai querer ir ou não?

- Na social?- Era bem óbvio que pela minha casa enfadada eu não queria nem estar dividindo o mesmo oxigênio com essas meninas de cabelos enormes e cérebros minúsculos, mas para meu irmão que, estava nitidamente me implorando com os olhos para ir, não parecia tão claro assim.- Nem tô no clima pra isso.

- Ah, Claire, a gente entende que depois do...... Saulo?.- A morena disse tentando buscar na memória o nome do Samuel.

- Samuel.- Digo cansada de ouvir aquela voz de galinha rouca. Peguei minha bolsa e minha jaqueta que estava em cima da mesa e me levantei. Olha, com todo respeito que eu tenho por você, ou seja, quase nada espero que se divirta nessa social e que você realmente consiga superar esse namoro. Mas não fale do Samuel, porque você não sabe de porra nenhuma, e Cameron, se você quiser ir, vá. Eu fico sozinha em casa tranquilamente.

Apenas me virei e comecei a andar para fora da Praça de alimentação apenas me controlando para não socar a cara magrela e de traços finos das duas. Senti dedos ásperos tocarem meus pulsos e me virei no impulso pronta pra gritar até ver o rosto corado de Shawn.

- Espera apressada.- Disse curvando os lábios em um sorriso meigo afroxou seus dedos do meu pulso assim que percebeu que eu não correria mais.- Eu te deixo em casa e fico lá com você.

- Pode ir Shawn. Honestamente, Eu não preciso que você fique com peninha de mim, não preciso e nem quero. - O garoto me encarou analisando cada traço do meu rosto como se quisesse guardar na memória cada parte de mim. Eu o encarei também e reparei em seu maxilar definido que estava trincado no momento. Naquela cicatriz que deixa sua fisionomia mais sexy quando ele lança aquele olhar petulante pra mim, reparei também nos cachos castanhos que estavam totalmente despenteado por culpa dele mesmo.

- Eu não estou com pena de você.- Disse entre dentes e eu soltei uma risada sem nenhum humor. Parecia piada, ou melhor, so poderia ser uma piada.

- Por favor, Shawn. Você não me suporta e eu não suporto você. Você não se preocupa comigo, você nem liga pra mim. Então, vai pra sua social e se diverte. Eu tô bem. - Mentir havia se tornado um de meus dons, principalmente quando alguém pergunta como eu estava, eu não conseguia me abrir com ninguém. Tinha medo de falar como me sentia e ser julgada por isso. Então, na maioria das vezes eu apenas sorria e dizia "Estou bem" e as pessoas acreditavam, ou fingiam acreditar.

- Eu me importo com você e te suporto. Eu não te odeio, Claire.-Shawn Murmurou  deixando um suspiro atravessar seus labios carnudos e rosados fazendo com que uma sensação estranha de calor aquecesse, não so o meu exterior, como meu interior.- Por mais que você me odeie esse sentimento não é recíproco.

Eu sentia culpa. Ele parecia honesto comigo, e isso me estressava. Shawn era perfeito e bom moço em um nível inaceitável, era como se os contos de fadas tivessem deixado um Príncipe escapar.

- Eu não te odeio.- Sussurrei tentando transparecer honestidade, por mais que não fosse 100% verdade. Ouvi a risada nasalada do moreno e sorri de lado sentindo seu olhar se encontrar com o meu.

- Não precisa mentir, cachinhos. Tudo bem você me odiar, eu consigo fazer você mudar de ideia.- Abriu um sorriso lindo me deixando impressionada com a perfeição de seus traços bem desenhados.