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História Rainy Day - Capítulo Único


Escrita por: QueenOfMeereen

Capítulo 1 - Capítulo Único


Fanfic / Fanfiction Rainy Day - Capítulo Único

Os grossos pingos de chuva batiam com insistência contra a janela do quarto. Sentado na cama, eu encarava a janela, sem ter o que fazer naquela noite chuvosa.

Um trovão, seguido de um relâmpago, irrompeu no céu. E mais um trovão. A chuva não fazia menção de parar. Pelo contrário: se mostrava mais duradoura a cada segundo.

Desejava mentalmente que nenhuma coisa sobrenatural decidisse acontecer agora; eu não seria capaz de abandonar o conforto da minha casa naquela chuva.

Um trovão. E mais outro.

Minha mente teria feito uma lista de todas as coisas ruins que poderiam acontecer, se meu estômago não tivesse lembrado de que estava na hora do jantar.

Desci as escadas com pressa. Parei ao lado da mesa de jantar, inclinando o quadril para o lado e apoiando o cotovelo no móvel.

- O que tem para o jantar? - perguntei.

- O mesmo de ontem. - Meu pai respondeu, mas não se deu ao trabalho de virar para me encarar.

- O que comemos ontem no jantar? - insisti.

- Pizza, Stiles - ele virou-se para mim, com um ar meio impaciente. - Vou esquentar o que sobrou da pizza que comemos ontem. Sabe que não sei cozinhar.

Meu pai foi até a geladeira, tirando uma caixa octagonal de uma das prateleiras.

Eu, por outro lado, sentei de qualquer jeito no sofá da sala. Liguei a televisão e tentei sintonizar em algum canal, mas, por causa da chuva forte, estava sem sinal. Revirei os olhos, sem desistir da ideia de assistir TV.

- Duvido que consiga assistir TV, com essa chuva - meu pai comentou, ainda na cozinha.

- Parece até que não me conhece. Eu nunca desis... - deixei a frase morrer ao ser surpreendido por batidas na porta. - Quem seria a uma hora dessa, com uma chuva dessa?

Levantei do sofá e caminhei até a porta.

As batidas se tornaram mais insistentes, e então um pensamento me recorreu: só poderia ser algum psicopata, maníaco ou um bandido. Definitivamente, era uma das alternativas anteriores.

- Quem era? - questionou meu pai. Porém, não respondi.

Peguei a primeira arma que vi: um taco de baseball. Tacos são as melhores armas; nunca te deixam na mão e não precisam ser recarregados.

Devagar, abri a porta, em posição de ataque, o taco na mão oposta. Entretanto, a cena com que me deparei tensionou até o último dos meus músculos. Malia estava encharcada, roupa e cabelo colados ao corpo, seu corpo tremendo de frio, seus dentes batendo um contra o outro, e uma ou outra folha presa em seu cabelo. Minha mente pareceu parar de funcionar por um segundo - eu estava chocado, surpreso, para dizer o mínimo -, mas meu corpo agiu rapidamente; larguei o taco no chão e trouxe-a depressa para dentro de casa. Naquele exato momento, só uma coisa importava: Malia.

- O que a pessoa queria? - meu pai apareceu. Ele pareceu tão chocado quanto eu. Tanto, que os talheres caíram no chão com um baque surdo. - Meu Deus! Você está encharcada! - pontuou, examinando-a. - O que te tirou de casa nessa chuva forte? 

Malia pareceu tentar responder, mas seu corpo tremia muito e seus dentes batiam cada vez que ela tentava falar. Seus lábios se abriam, porém não emitiam som algum.

Puxei-a para perto, envolvendo-a num abraço, a fim de aquecê-la. E daí que ela estava molhada?

Os tremores diminuíram aos poucos. Quando já estava melhor, Malia reuniu toda sua força para responder:

- E-eu precisava f-falar com você - seus dentes ainda batiam uns contra os outros, fazendo-a gaguejar. - É importante.

- O que é tão importante assim para que não pudesse esperar até amanhã? - indagou meu pai, estampando preocupação em sua face.

- É importante - repetiu ela.

Respirei fundo e tentei pensar com mais clareza. Certamente, era algo importante. Muito importante. Mas ela não conseguiria falar agora, não nesse estado. Ensopada, tremendo, com frio. 

- Façamos assim: você toma um banho e tira essas roupas molhadas; se tiver fome, podemos comer alguma coisa. Então, você fala o que aconteceu. Pode ser? - sugeri, procurando por aprovação no rosto dela.

Malia fechou os olhos por alguns segundos e balançou a cabeça positivamente.

- Se quiser, posso lavar suas roupas - ofereceu-se meu pai.

Ela assentiu, novamente.

- Obrigado, pai. Vamos? - passei meu braço ao redor dos ombros dela, guiando-a até as escadas.

Malia colocava um pé na frente do outro, com muito mais facilidade que eu. Ela parecia concentrar toda sua força nisso; já eu, eu estava mais preocupado com ela. Não sei se por isso, ou por ser naturalmente desastrado, tropecei no último degrau, quase caindo e levando-a comigo.

Ok, se não fosse ela, eu provavelmente teria quebrado um osso.

Mesmo sendo eu quem tinha que ajudar, foi ela quem me ajudou.

- Cuidado - ela avisou entre risos.

- Obrigado. Se não fosse por você, eu provavelmente teria rolado escada a baixo.

- Você teria rolado escada a baixo - apontou, com expressão de deboche.

Fomos até o meu quarto.

Abri a porta de um dos armários do banheiro, tirando de lá duas toalhas.

- Aqui - entreguei-as para Malia. - Sugiro que use uma para o corpo e uma para o cabelo.

Ela revirou os olhos.

- Da última vez que veio aqui, você deixou uma muda de roupas. Estão em... algum lugar. - Revirei algumas gavetas para procurar. Achei a roupa íntima e uma calça, mas nenhuma blusa. - Hum, parece que você vai ter que usar uma blusa minha - concluí. Virei, então, para ela, mas Malia não estava mais lá.

Corri os olhos por toda a extensão do quarto e percebi a porta do banheiro entreaberta e a luz acesa.

Me aproximei, mas detive-me. Não, não posso invadir a privacidade dela. Mas não é como se ela tivesse algo a esconder de mim...

Antes que uma guerra pudesse ser travada em meu cérebro, ouvi uma voz chamar por meu nome.

- Stiles, será que você...?

Ela não precisou terminar; em uma fração de segundos, eu já estava lá. 

- Uma ajudinha? - me olhou suplicante, presa na blusa.

Olhei ao redor. Sua calça legging estava preta e encharcada jogada no chão ao lado de suas pernas - e, Deus, que pernas!

- Claro.

Com delicadeza, ajudei-a a se livrar da peça, que ganhou o mesmo destino que a calça.

- Obrigada.

Sorri e assenti.

Cruzei a porta, deixando uma fresta, deixando-a entreaberta, como encontrei.

Procurei por todo o guarda-roupa uma blusa que pudesse emprestar a Malia. Peguei a que considerei como a menor.

Não sei precisar quanto tempo demorou, mas cerca de vinte minutos depois, a coiote saiu do banheiro. Uma toalha enrolada no corpo; a outra, no cabelo.

Malia parou à minha frente, encarando-me um tanto quanto impaciente. Foi aí, e só aí, que percebi que passei mais tempo do que planejava admirando-a, até mesmo desejando-a.

Ela estendeu o braço. Não entendi. Ainda estava meio desnorteado com sua beleza.

Ela girou os olhos.

- A roupa, Stiles. - No mesmo instante, peguei a roupa e entreguei-lhe. - Obrigada - Malia agradeceu, um sorriso dissimulado nos lábios.

Ela tirou a toalha dos cabelos, revelando suas madeixas castanhas molhadas e levemente onduladas. Passou a mão pelos fios, deixando algumas gotas de água respingarem.

Então ela levou a mão ao pequeno laço que fizera para manter a toalha presa ao corpo, desmanchando-o.

- Olha, se você quiser que eu saia, eu...

- Tudo bem - ela cortou-me, cravando os olhos em mim de maneira sugestiva. - Não há nada aqui que você não tenha visto.

♡♡♡

- Então? O que precisava falar? - questionei, depois de deixar a louça suja na pia. Sentei-me no sofá menor, ao lado do meu pai.

Ela comprimiu os lábios, desviando o olhar para um ponto qualquer.

Incerteza, insegurança, medo. Era o que emanava de Malia. Não precisava ser um lobisomem ou um coiote para perceber isso, para sentir o cheiro de seus sentimentos.

Ajoelhei-me à sua frente, segurando suas mãos e buscando seu olhar. No entanto, ela não olhava para mim; não conseguia fazê-lo.

- Ei - chamei-a com um sussurro. - Você pode confiar em mim. Sabe disso, não sabe? - ela balançou a cabeça em afirmativa, bem de leve. - Pode falar. Não importa o que seja, estou aqui por você; eu nunca te abandonaria, lembra?

Ela forçou uma risada, o olhar ainda perdido em um ponto qualquer.

- Por favor - implorei. - Confie em mim.

- Eu confio - ela olhou, finalmente, para mim. E, de novo, nada mais importava, senão ela. - Eu confio em você, Stiles. Muito. É só que... - ela se esforçou, mas não era mais capaz de continuar. Percebi que fez todo esforço também para conter as lágrimas que se formavam em seus olhos castanhos.

Aqueles olhos castanhos, sempre tão oscilantes. Ora claros como o dia, ora escuros como a noite.

Ela mordeu o lábio inferior, tão forte que parecia a ponto de sangrar. Mesmo com todo o esforço, uma lágrima solitária escorreu por sua bochecha.

- Por favor - supliquei mais uma vez.

A coiote fechou os olhos, respirando fundo. Tirou devagar suas mãos das minhas, pressionando-as uma contra a outra, unindo os nós dos dedos.

- Stiles, eu... - sua voz saiu embargada, até que falhou. Ela deixou mais uma lágrima escorrer. Desenlaçou as mãos, levando uma delas ao abdômen, acariciando a região com extrema delicadeza. No outro sofá, meu pai se remexeu em antecipação. Arregalei os olhos quando entendi o que ele entendeu, o que ela quis dizer, o que ela tinha a dizer. - ... estou grávida.

Tudo ao meu redor pareceu girar. O mundo perdeu sua forma, suas cores. Devo ter apertado a coxa de Malia, na tentativa de me segurar, de não cair. Fechei os olhos, tentando assimilar tudo. Duas palavras. Duas palavras tão significativas. Duas palavras que mudariam a minha, a nossa vida.

Subitamente, tudo voltou a fazer sentido. O mundo voltou ao seu lugar, as cores se fizeram novamente presentes. E lá estava ela: ansiosa, receosa, preocupada... A onda de sentimentos que emanava dela era avassaladora. Mas eu ainda podia captar faíscas de felicidade, de amor em seus olhos.

Levantei e tomei-a em meus braços. E já não era mais o mundo; éramos eu e ela, e só ela e eu. Bem, eu, ela e o nosso futuro filho.

- Não está bravo? - ela soltou, entre risos enquanto eu a abraçava, a girava no ar.

- Por que estaria? - retruquei, deliciado com seu riso.

- Eu vou ter... um neto? - disse meu pai, se aproximando de nós.

- Ninguém garante que será um menino. Mas, sim, você será avô.

Malia o encarou, meio apreensiva.

- O senhor não está bravo? - ela indagou, hesitante.

- Bravo? Querida, isso é incrível! - meu pai sorriu para ela, se aproximando mais. 

Ela deu dois passos à frente, ainda relutante, então foi tomada pelos braços do meu pai, que a apertavam num abraço caloroso, como se fossem pai e filha. De algum modo, eles são.

- Estou tão feliz por vocês - pude ouvi-lo sussurrar no ouvido dela. - Cuide bem dele, tá? - ele se separou, apontando para o abdômen de Malia. - Dos dois - terminou, pendendo a cabeça na minha direção.

Malia não conteve uma risada.

- Pode deixar; cuidarei.

- E você, meu filho... - ele tornou a falar, dessa vez vindo na minha direção. - Você vai ser pai. Talvez, um dia, sofra como eu sofro. - Me puxou para um abraço. A essa altura, eu já nem sabia quando tinha começado a chorar.

- Espero que não - comentei contra seu ombro.

- Pois eu espero que sim - sua voz saiu levemente embargada pelo choro. Permanecemos alguns segundos assim, até recompormo-nos. - Só, por favor, esperem um pouco para o próximo, está bem?

Pensei que Malia fosse recuar só com a menção de outro filho. No entanto, ela riu. Eu ri.

- Não pretendo ter outro filho tão cedo - comentou ela, acariciando de novo a região do abdômen.

- Mas eu pretendo ter muitas Maliazinhas - retruquei, abraçando-a por trás.

♡♡♡

- Como você descobriu? Digo, que estava grávida.

- Eu percebi que as coisas não estavam normais. - Malia aconchegou mais a cabeça no meu peito. - Enjoos, tonturas, menstruação atrasada... fome, cansaço. Essas coisas. Então eu falei com a Lydia. Ela apontou o que parecia óbvio: gravidez.

Ela fez uma pausa.

- Comprei o teste. Bem, ela comprou. Eu fiz, hoje à tarde, uma hora antes de aparecer aqui, mais ou menos. Eu meio que... entrei em pânico com o resultado.

- Você contou para a Lydia antes de me contar? - minha voz soou mais ofendida do que eu planejava.

- Não - ela se prontificou a responder. - Não, ela ainda não sabe. Eu disse, entrei em pânico. Fiquei uma hora andando de um lado para o outro, sem saber o que fazer. Então eu resolvi que a melhor opção era contar para você. Pulei a janela, mesmo na chuva, e vim.

A chuva. Sequer lembrava que chovia. Mas os pingos que ainda batiam insistentes contra a janela me lembraram de que ela estava ali, constante. 

- Você não tem jeito - provoquei.

- Sabe que não.

- O que vai estar fazendo daqui uns... sete anos? - perguntei, apertando mais meu braço ao seu redor.

- Provavelmente colocando meu filho para dormir.

- Cancele seus planos - eu disse.

- Por quê?

- Porque, daqui sete anos, você vai estar saindo para a lua de mel comigo.

Ela riu, sua risada e respiração aquecendo - literalmente - meu peito.

- Isso é um pedido de casamento - ela concluiu, levantando a cabeça para me olhar.

- Depende. Você prefere que eu me ajoelhe?

- Hum, não, tá bom assim.

- Malia Tate/Hale, você aceita se casar comigo?

- Daqui a sete anos eu te respondo.

- Daqui a sete anos, estaremos casados.

- Então eu te respondo daqui a seis anos. Quando você me der uma aliança. - Um sorriso travesso se formou em seus lábios.

Minutos depois, ela se levantou, ficando sentada na cama.

- O que você acha que vai ser?

- Um bebê.

Malia revirou os olhos.

- O sexo. Menina, menino?

Sentei também.

- Hum... acho que um menino. Para jogar lacrosse, ser igual ao pai. Se bem que... uma menininha igual a mãe, correndo pela casa, brincando de boneca, usando as suas roupas, não seria nada mal.

Ela fez cara de pensativa, visualizando a imagem na mente.

- Uma mini-Malia?

- Ou um mini-Stiles. Assim eu não teria que me preocupar com garotos.

- A menos que ele seja gay - ela rebateu.

- Nesse caso, eu não o culparia se quisesse namorar com o futuro filho do Derek.

- Você nem sabe se o Derek vai ter filho. Se vai ser homem, se vai ser gay, se vai ser bonito...

- Isso a gente discute depois. Mas se Derek e Braeden tivessem um filho, seria impossível não ser bonito.

- Tem razão.

Semicerrei os olhos, fingindo ciúme.

- Ei, ele é meu primo! - ela se defendeu. - Aliás, deve ser de família.

- Wow, com certeza é de família - afirmei, aproveitando para encarar todo seu corpo, detendo meu olhar na barriga. - Posso?

Ela assentiu.

Levei a mão direita até sua região abdominal, acariciando com leveza e delicadeza. Não demonstrava quaisquer sinais de que uma vida se formava ali - não ainda.

- Como pode um ser que, tecnicamente, ainda nem existe, ser tão importante e tão amado?

- Não sei. - Murmurou, o sorriso sereno bailando nos lábios.

- Você acha que ele vai ser que nem você? Um coiote?

- Provavelmente.

Ela levou sua mão até a minha, usando a outra mão para se apoiar. Passou nossas mãos por cima de sua pele, os olhos fechados. Levou minha mão até sua cintura e deixou a dela parar em meu pescoço, me puxando para um beijo.

Ah, os lábios dela tinham gosto de mel. Muito melhor que mel, na verdade. Não sei como ela fazia aquilo - maior parte da vida na floresta, e, ainda assim, parecia uma adolescente muito experiente.

Nossos lábios se desencontravam vez ou outra, nos momentos que precisávamos respirar. Mas logo se encontravam novamente, mais afoitos.

- Sim - ela murmurou ofegante entre os beijos.

- Sim o quê?

- Sim, eu caso com você - ela uniu nosos lábios novamente.

Devagar, coloquei seu corpo por baixo do meu, no exato momento que ela aprofundou o beijo, fazendo nossas línguas se encontrarem com fervor.

Depois disso, muitas roupas foram parar no chão e a noite foi mais interessante do que eu imaginava.

♡♡♡

7 anos depois

- Como estou, meu amor? - perguntei, encarando nossos reflexos no grande espelho.

- Você tá linda, mamãe. - Ela respondeu, tocando na barra do vestido.

- Obrigada, meu anjo. - Virei para ela, agachando para poder ficar do seu tamanho. - Você também está linda. Uma princesinha! - toquei a ponta de seu nariz, arrancando uma gargalhada dela.

- Eu sou uma princesa! - se gabou, dando uma voltinha. - Porque meus pais são um rei e uma rainha.

Meus olhos já estavam cheios de lágrimas desde o início do dia, agora, então. Mas eu não podia borrar a maquiagem.

- É aqui que está a noiva mais linda do mundo? Depois de mim, é claro. - Lydia irrompeu pela porta, com alguém em seu encalço. A garotinha se escondia atrás do vestido azul que a mãe usava. - Posso entrar?

Revirei os olhos, piscando em seguida para as lágrimas não caírem.

- Já entrou.

Foi a vez dela de revirar os olhos. Ela puxou a barra do vestido, forçando a pequenina a sair de trás.

- Vá dar os parabéns para a tia Malia. Não é todo dia que se casa com o amor da sua vida. - Lydia falou para a garotinha, dando um empurrãozinho de incentivo.

- Parabéns, tia Malia.

Agachei novamente, pegando sua mão entre a minha.

- Obrigada, Allison. Muito obrigada.

Ela sorriu para mim, para depois correr para o lado de Cláudia.

- Elas não são as novinhas mais lindas? - Kira apareceu, parada no batente da porta.

- São - eu e Lydia concordamos juntas.

- Seu casamento vai ser lindo, Malia. E tá todo mundo aqui. Até o Isaac veio. - Informou, apontando para além da porta.

- Urgh, não me deixe mais nervosa! - pedi, contorcendo o rosto numa careta.

Kira sorriu.

- Vai se sair bem. Não tem muito o que errar - Kira confortou.

- A menos que você não saiba o que dizer. Ou que ele diga não. - Lydia listou os problemas, contando nos dedos.

- Obrigada, ajudou muito - ironizei, sentindo minhas mãos suarem. Cravei as unhas na penteadeira de madeira ao meu lado, sendo invadida por nervosismo.

- Ei, relaxa - a banshee se colocou ao meu lado, pondo a mão no meu ombro. - Vai dar tudo certo. "Eu nunca te abandonaria" - repetiu a frase que era como uma mantra para Stiles e eu, imitando a voz dele.

Soltei uma risada nervosa, cedendo ao seu toque e tentando - tentando - manter a calma.

- Eu vou me casar. Stiles e eu vamos nos casar. Ainda não caiu a ficha. 

A kitsune riu.

- Eu e Lydia falamos a mesma coisa e cá estamos: casadas, ela com uma filha e eu esperando gêmeos.

- Mamãe, quando nós vamos entrar? - Cláudia perguntou.

- Quando a tia Braeden vier chamar.

Ela consentiu, voltando a brincar com Allison. Elas - e só nesse momento eu percebera - brincavam cada uma com sua boneca, improvisando uma casa no cômodo apertado.

- Uau, você está maravilhosa! - Braeden elogiou, chegando ao lado de Melissa, que anuiu, parecendo desconcertada. - Tá na hora! - Avisou, com um sorriso gigante e radiante no rosto.

Engoli em seco, absorvendo tudo nos últimos segundos antes de pisar na igreja. É agora, Malia.

- Vamos, meninas - Melissa chamou. As duas pequeninas correram para a minha sogra, uma de cada lado dela. - É agora, Malia - ela sussurrou para mim, com um sorriso acolhedor nos lábios. Sorri de volta, tentando retribuir o mesmo sorriso, mas sabia ter falhado miseravelmente.

- Lia, ouça: Esse é um dos momentos mais mágicos da sua vida. Aconteça o que acontecer, não chore; tem câmeras por todo lado, captando cada movimento. Você não quer sair com a maquiagem borrada, quer? - Esse comentário certamente saía da boca de Lydia.

Kira anuiu, balançando a cabeça freneticamente.

- Boa sorte - elas murmuraram juntas, me dando um rápido e cuidadoso abraço antes de sumirem corredor afora.

Respirei fundo uma última vez. É agora ou nunca.

Segurei a saia do vestido e saí do quarto - no qual estava sendo mantida em cativeiro pelas últimas não sei quantas horas.

- Pronta? - Peter perguntou, me estendendo o braço esquerdo e entregando o buquê com o outro.

- Sim - suspirei, recolhendo o buquê. Entrelacei nossos braços. - Fique sabendo que você só está aqui porque meu pai de verdade não está mais entre nós.

- Eu sou seu pai de verdade.

- Não vamos discutir isso agora - declarei, puxando seu braço e andando corredor adentro.

O corredor, formado por um elegante piso de mármore e paredes de cor alaranjada, parecia não ter fim. Em vez de me aproximar, a cada passo eu ficava mais distante.

Minha respiração estava completamente descompassada; o barulho que meu coração fazia pulando no peito era ensurdecedor - cria que meu pai podia ouvi-lo também -; eu mal ouvia o som do salto batendo contra o piso de mármore.

O caminho se estreitou, de modo que meu vestido quase resvalava na parede, mas Peter fazia o possível para me manter intacta. A minha respiração irregular reverberando nas paredes alaranjadas era o único som que se ouvia.

Cláudia e Allison já nos esperavam, no final do corredor. As duas seguravam uma cesta, cada qual com a sua, que continha a aliança - a de Cláudia, a minha; a da Allison, do Stiles. Depois disso, só lembro dos primeiros passos na igreja. A igreja, aliás, fora uma escolha de Stiles; por mim, nos casaríamos numa chácara.

Um tapete vermelho estendia-se à minha frente, indo direto para o altar. Arranjos de flores espalhados por todos os lados; vários vasos e decorações banhados em ouro. Os bancos estavam cheios com pessoas que eu não tinha ideia que existiam. Algumas, porém, eu reconhecia. Na segunda fileira, Chris, Isaac, uma garota - que mais tarde reconheci como Rose - e Gerard Argent assistiam à minha entrada. Na terceira, Jackson estava acompanhado de uma moça ruiva - parece que temos um padrão -, inglesa, sua atual namorada. Na segunda fileira do lado esquerdo, estavam Deaton e a conselheira, Marin Morell, e o senhor e senhora Yukimura. No primeiro banco, Mason e Corey. Deucalion, Cora Hale, Danny, Aiden, Meredith, o treinador... mesmo Theo estava presente. Eram muitas pessoas para identificar.

Tenho certeza de que o sorriso nunca abandonou o meu rosto, nem as batidas do meu coração diminuíram. Não sei se já tinha chorado a essa altura. Também não sei como não caí do salto ou tropecei no tapete. Muitas coisas podiam dar errado.

Kira, Lydia, Braeden, Melissa e Hayden assumiram seus lugares como madrinhas - detalhe: Melissa parecia prestes a desabar em lágrimas de felicidade. Do lado oposto, Scott, Parrish, Derek, o Xerife e Liam assumiam seus postos como padrinhos.

À minha frente, a ruivinha Allison e a morena Cláudia exibiam seus vestidos lilás combinando, cumprindo seu papel, por mais enjoadas que estivessem de fazer isso - quatro casamentos fazendo a mesma coisa, no mesmo ano -, embora não estivessem e permanecessem ansiosas e radiantes.

E lá, no altar, na frente do padre, à minha espera, estava ele. Seus olhos brilhavam tanto que pareciam estrelas, cometas. A alegria que irradiava dele dava para sentir mesmo sem os poderes de coiote. Tudo em sua volta cheirava amor, felicidade e alegria. E esse era o momento. O momento em que eu seria entregue a ele, pelo meu pai, o momento em que eu seria toda e inteiramente dele - oficialmente, porque eu definitivamente já era.

Consegui desviar o olhar por um breve segundo, quando captei os olhares e sorrisos de meus amigos. É agora ou nunca, repeti para mim mesma.

Peter desvincilhou nossos braços e me deu um beijo na testa, indo para o seu lugar em seguida. As pequenas também já esperavam no seu lugar, radiantes como nos quatro casamentos anteriores. Entreguei o buquê para Kira, a madrinha mais próxima do altar.

Subi os três degraus que levavam ao altar. Posicionei-me ao lado dele e trocamos um olhar antes do padre começar a falar.

♡♡♡

- Eu aceito.



 

   



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