História (RE) Wind - Cold Wind

Já dava para sentir o calor que aquele sol escaldante emanava logo de manhã, a areia que finalmente havia tomado todas as áreas possíveis do meu corpo, junto com a linda vista para o mar cheio de tonalidades em azul e verde, uma mistura para ser mais exato, e para completar o maravilhoso dia, aquela brisa de verão, o vento gelado que às vezes passava ao redor do meu corpo, conseguindo me deixar totalmente arrepiado, tudo aquilo era uma coletânea de sensações causadas por apenas...

-JONGDAE VAMOS LOGO! - Protestou o mais velho para eu ir logo ao seu encontro.

Tudo causado por ele, tudo graças a ele... 

• Cold Version •

Xiumin corria praia adentro como se estivesse procurando um tesouro no meio da areia, enquanto apenas me sentei no chão e depositei nossos pertences no chapéu que Xiumin havia levado junto a ele. Parecia já um costume vir à praia com ele, não que eu odiasse esse lugar, mas perdia totalmente a graça por causa de meu Hyung, que sempre virava uma criança e eu terminava como uma babá, ele se transforma em uma criança quando está longe da civilização, e isso substituía minha diversão pela preocupação que eu tinha com ele. Minseok possuía o que ele gostava de chamar de “espírito de aventureiro”, e desde que ele quase sofreu uma queda de um penhasco enorme, tenho ido a todas as loucuras, para protege esse bebê alegre de qualquer perigo.

Deitei-me um pouco na areia e fiquei por longos minutos ali, observando o céu e as nuvens se movimentando como uma maratona para ver quem chegava primeiro ao outro lado do infinito céu, e apreciando o silêncio daquela praia.

Silêncio? Xiumin era a criatura que mais gritava nas viagens, mas nenhum som estava sendo emitido, de nenhum canto daquela praia, parecia que estava sozinho, e então o sentimento de preocupação se tornou mais evidente em meu febril coração.

-Xiumin! - Levantei apenas meu tronco e abri meus olhos olhando o horizonte, odiava quando o perdia de vista, pois fazia eu me sentir um inútil, meu único trabalho é protegê-lo e nem isso eu conseguia, tinha medo devido as suas experiências perigosas que ele adorava viver por aí.

-Eu to aqui do seu lado Chen. - Viro a minha cabeça para finalmente encontrar com o tão belo garoto, esse que estava apenas com uma bermuda larga, mostrando todo o corpo bem definido que havia ganhado a um bom tempo graças à academia, e para piorar ainda mais a minha sanidade que não era uma das melhores, a peça de roupa era larga, então a bermuda estava bem mais abaixo do que o normal, mostrando mais ainda seu corpo tão esbelto que parecia uma escultura, tirando o fato de seus lábios estarem sendo maltratados pelas constantes mordidas na boca.

Sentia-me como um ladrão correndo atrás de uma escultura, tentando o máximo roubá-la apenas para mim.

-Aish Hyung, não faça isso comigo. - Digo bufando para ele e começando a observar o sorriso que começava a se formar em seus lábios tão bem desenhados, aquele sorriso que conseguia me queimar mais que o próprio sol.

-Você não está com calor não? Tira essa camisa, precisa ganhar uma cor. - O mais velho dizia com uma voz mais rouca, tentando atingir um nível mais profundo de meu cérebro, e aproveitou para avançar suas mãos em minha camisa e tentar começar a me despir.

-Tira suas patas daqui, tarado. - Lhe desfiro um tapa leve em sua mão para afastá-lo de qualquer ação envolvendo meu corpo, ação que foi concluída com sucesso, o garoto se encontrava sentado com as pernas cruzadas e um biquinho que se formava nos lábios.

Eu gostava mesmo de uma criança...

-Jongdae pare com essa frescura, vamos lá, somos homens, e eu sei que você está derretendo igual um picolé com essa camisa, tira logo... - Ele dizia com um tom mais sério do que o da última vez, Minseok não gosta de me ver sendo limitado pelos outros, ele quer que eu seja menos despreocupado com a opinião dos outros, principalmente no quesito corpo, nunca me senti confortável com meu próprio físico, mas ele fazia questão de me lembrar quase todos os dias que eu era o “pedaço de carne” mais lindo que já viu.

-Eu não me importo com a opinião dos outros, só não gosto de exibir meu corpo... - Dizia com confiança, mas a verdade era que eu tinha vergonha de mostrar meu corpo em público, olhei para os lados para ver se havia alguém nos observando no momento ou algo do tipo, mas não havia ninguém, todo deserto, apenas eu e ele.

-Já te disse o quanto o seu corpo é lindo? - Ele questiona com aquela expressão facial de despudor estampada em sua face, como recusar a essa provocação?

-Só enquanto você gemia em meus ouvidos. - Digo ao meio de algumas risadas que saiam de minha boca, e aproveitei para canalizar meu foco aos seus olhos, que parecia transparecer espanto e vergonha ao mesmo tempo, consegui ter a visão privilegiada daquele rosto branco ter sua coloração substituída por tonalidades de vermelho, Xiumin poderia querer se mostrar o mais pervertido de todos, mas quando eu tomava a liderança do assunto, ele ficava constrangido, justamente por eu falar sinceramente e abertamente sobre o assunto como uma naturalidade fora do comum. Acho que foi um dos maiores fatores para eu ter me apaixonado por ele, o jeito que ele ficava quando eu falava abobrinhas, era fofa essa “quase inocência” dele.

-Isso é mentira, eu não falo isso apenas quando estou... - Tampo a boca dele rapidamente com a palma de minha mão e o olho em sinal de alerta, como se a próxima palavra que ele pronuncia-se fosse a um mandato de assassinato.

-Ainda estamos na Coréia do Sul, não se esqueça disso. - Cochicho para ele, o relacionamento homossexual na Coréia do Sul ainda era visto como algo horripilante e “contra a tradição antiga da Coréia”, nada mais que besteira que eles adoram seguir como suas leis universais, era horrível ter a pessoa tão perto, mas ao mesmo tempo tão longe de si.

-Me desculpe... - Ele demonstra arrependimento e leva sua mão ao próprio pescoço, deixando aquele clima pesado no ar. Sempre acabavam assim as nossas conversas, ele queria assumir um relacionamento, mas eu sempre recuava pois tinha medo do que a sociedade faria conosco, ser rejeitados, desprovidos de leis e bons modos.

Tratados como escória apenas pela escolha individual da população.

Não queria de jeito nenhum vê-lo triste ou decepcionado, sempre tinha a mesma reação sobre esse assunto, o calava antes de alguém ouvir e criar rumores, então sempre que acontecia algo que o entristecia, fazia uma de suas vontades, e então me lembrei de seu pedido, estava fresco na minha memória. Então não demorei a retirar minha camisa e jogá-la acima da cabeça de Minseok.

-Toma um aperitivo, Sasaeng. - Digo rindo com a camisa que cobria parcialmente o rosto do mais velho.

Observo seus próximos movimentos como um jogador de xadrez, tentando enxergar as próximas jogadas de seu adversário, e não demorou muito para concluir que ele estava levantando para me dar o xeque-mate, antes que o movimento acontecesse, sai em disparada sem rumo pela praia, enquanto ouvia Xiumin gritando palavras que não faziam menor sentido com o que eu havia feito, apenas dava risadas e corria para não ser pego, mas a tentativa de fuga foi falha, cedi minha respiração e parei meus passos quando senti os braços do Hyung me envolverem, ação que me causava arrepios como da primeira vez que nos conhecemos, sentir aquele conforto e o cheiro único que emanava de seu corpo.

E graças a um movimento não planejado, ele conseguiu me dar o xeque-mate.

                                                                             ...

Graças a uma grande pedra, que para início de conversa, nem deveria estar ali, caímos. E para piorar a situação, o gigante Marshmallow caiu em cima de mim, conseguindo proporcionar uma dificuldade respiratória enorme para meus pulmões, mas não demorou para ele se ajeitar por cima de mim, não estávamos mais com os corpos colados, mas estávamos a uma distância consideravelmente pequena, ele se apoiando com seus braços ao redor da minha cabeça, não me deixando escapatória nenhuma para fugir daquela situação.

-Chen? Chen você está bem? – Ele estava tão nervoso que começava a atropelar algumas palavras, eu apenas esbocei um sorriso pequeno nos lábios, dando a entender que estava bem. E enfim ele saiu em cima de mim.

Para se sentar em meu quadril. Qual era o problema dessa criatura?

O primeiro pensamento que invadiu minha cabeça foi o de tirar aquele corpo de cima de mim à força, mas quando fui o fazer, apenas consegui levantar meu tronco, me inclinando e indo em direção aos seus lábios, que se selaram rapidamente, e assim ficamos. Estáticos, extasiados, um olhando para o outro ainda sentindo o gosto dos lábios um do outro e a corrente elétrica que passava pelo corpo todo e o arrepiava de forma descomunal, nos avaliando com olhares curiosos, ver aquele cabelo que caia pela sua testa e escondia parcialmente seus olhos penetrantes que perfuravam cada milímetro do meu corpo e alma, observar aqueles lábios se contraindo ou sendo maltratados era como ver um filme que só possuía conteúdo sexual. Por que eu me apaixonei tão depressa por essas características?

Talvez fosse a brisa gelada que ele proporcionava em meu corpo, aquela brisa que me arrepiava e me fazia perder os sentidos.

                                                                                ...