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História Reação em cadeia - Então tenta...


Escrita por: Tia_Marie

Notas do Autor


Termineeeeeeeeeiiii!!! E demorei pra digitar porque sou trouxa mesmo. É, foi mal.
Mas o que importa é que o capítulo está aqui, prontinho para o vosso deleite, caros e raros leitores <3
Espero que gostem e que continuem apoiando e acompanhando a fic <3
Bjs da Misai ^3^

Capítulo 11 - Então tenta...


Fanfic / Fanfiction Reação em cadeia - Então tenta...

Não consegui caminhar até o colégio de cabeça erguida no dia seguinte. Estava morrendo de vergonha. Parecia que todo mundo sabia o que eu tinha feito e pensava “olha aquela pervertida” enquanto eu passava na calçada. Meu coração parecia ter se esquecido de sua função de bombear sangue para todo meu corpo e se concentrou apenas no meu rosto – sentia-o esquentar ao mesmo tempo em que minhas mãos ficavam geladas. Minha paranoia aumentava a cada passo que me aproximava de ter que encarar aqueles olhos do Michel – só lembrar deles me fitando já fazia algo crescer dentro de mim, e àquela altura eu já tinha certeza do que era.

Primeiramente, vamos deixar bem claro que já fazia uns quatro meses que eu não transava. Não que eu reclamasse, eu só não sentia mais vontade, não era algo que realmente me incomodasse. Então aparece um certo ser que consegue acender labaredas do inferno dentro de mim, como se essa “dormência” de meses tivesse se convertido de uma vez num desejo quase indomável apenas sob o toque de seus lábios macios e avassaladores. E pensando nisso, pensando nos efeitos narcóticos que aquele homem me causava, acabei fazendo o que fiz. Me deixei dominar completamente por uma fantasia estúpida. Se o problema era apenas a necessidade que ele me despertara, então isso poderia ser resolvido sem que ninguém soubesse. Era um momento só meu. Já não eram mais minhas mãos, mas as do Michel. Eram suas grandes mãos que me tocavam sem pudor, e eu não podia fazer nada além de senti-lo.

Resumindo: fiz aquilo pensando no Michel e fiquei com peso na consciência. Morta de vergonha. “Ouvindo” o julgamento de todos que passavam por mim na rua. Prevendo o quanto Giovanne tiraria com a minha cara se cogitasse aquela ideia. Me amaldiçoando por não ter conseguido me controlar e por ter assumido para mim mesma que Michel tinha uma influência bem significativa sobre mim.

Só para completar minha desgraça, acabei chegando atrasada por ter dormido demais. Sim, eu sonhei. Sim, foi com o Michel. E, sim, foi erótico. Fim de papo. Todos me olharam de um jeito estranho, pois não era comum que eu me atrasasse mais de cinco minutos, assim como não era comum que eu estivesse tão constrangida a ponto de não dizer nem “bom dia” e nem “com licença”. Também não consegui responder quando o Giovanne me provocou, dizendo: “o soninho estava bom, hein?” Só sentei em meu lugar, tirei meus materiais da bolsa e não abri a boca nem para fazer perguntas durante os três primeiros horários. É óbvio que os meninos ficaram incomodados com isso – Matheus preocupado, e Giovanne curioso –, então começaram a me mandar bilhetinhos perguntando o que tinha acontecido. Não poderia responder “nada” ou “nada demais”, pois isso nunca satisfaria aqueles dois. Achei melhor não retornar os papéis e adiar um pouco o assunto em questão.

E o que estaria em questão? Conversei com a Bianca, e depois...

***

Quando saí do prédio, Michel estava passando na calçada. Hesitei um pouco, mas logo dei a cara tapa.

Seja educada.

E racional, pelo amor de Deus!

– Oi. – falei.

– Boa tarde. – ele respondeu.

Engoli em seco e saí andando.

– Patrícia... – o chamado me fez parar de repente.

– O que foi?

– Você me desculpou por ontem? – perguntou, me surpreendendo – Eu me arrependo de verdade daquilo. Quero dizer... Sem sua permissão.

Michel estava mesmo se sentindo culpado. Eu nem tinha pensado nisso na verdade – estava ocupada demais tentando justificar o que eu tinha sentido.

– Tá, esquece isso. Tchau. – tentei continuar a andar, mas ele me chamou outra vez – O que é?!

– Eu... Posso te acompanhar? Prometo que não faço nada dessa vez.

Porque, diabos, ele tinha que falar daquilo? Só de ouvir sua voz, aquelas sensações estranhas voltavam, e com mais intensidade do que quando eu apenas lembrava. Era como se seu timbre grave reverberasse pelo meu corpo e tentasse me fazer acompanhar sua frequência. Sabia que estava parecendo uma doida por pensar nessas coisas quando ele me olhava de forma tão triste. Mágoa? Arrependimento? Eu não sabia.

– Bem... S-só até a esquina. – acabei gaguejando e ficando corada. Que inferno.

– Até a esquina, então. – repetiu.

Fomos caminhando sem pressa, apesar de eu querer muito sair correndo dali. Era um desconforto muito esquisito, meu coração batia feito louco. Estava quente para caramba, e eu sabia que tinha a ver com o quanto estávamos próximos um do outro; lado a lado, e não com dois metros de distância impostos. Agora, eu podia sentir o calor emanar de seu corpo forte, sentia o movimento do ar entre nós dois e minha pele formigava ao recordar de seus lábios sobre ela – eu devia estar alucinando.

– Patrícia, será que pode parar de me olhar desse jeito?

– O... O que? Como assim?... – perguntei, nervosa.

– Parece uma pantera olhando pra um bife.

Giovanne teria gostado dessa. Fiquei vermelha provavelmente até as orelhas, sem acreditar que ele tinha percebido. Eu era tão indiscreta assim?

Sim, eu era.

– Cala a boca! O que quer dizer com isso?

– Quer que eu me cale ou que eu responda? – seu tom era sarcástico, uma sobrancelha arqueada e os braços cruzados. A “pose de quem desmascara alguém”. Mas ele tinha razão. Eu não pensava direito no que estava dizendo.

Fiquei sem resposta. Envergonhada, e começando a ficar irritada. Michel me surpreendeu pondo a mão em meu rosto. Senti com clareza a diferença de temperatura.

– Você está doente? – pareceu preocupado.

– Na verdade, não... Não sei o que é. – menti mais para mim mesma. Se aqueles dois sabiam e a Bianca também, havia como logo ele não saber?

– O que deve ser...? – disse sorrindo. E rindo. Ele tinha se abaixado um pouco, seus olhos verdes me encaravam diretamente, intensos. Se ergueu e voltou a andar – Nada. Vamos indo. Prometi não te assediar de novo.

Mas ele estava, e do jeito certo agora. Com a voz no tom certo, com os toques certos, e não com as cantadas de pedreiro que costumava dar. Quero dizer, mais ou menos, porque, faltando pouco para chegarmos, ele fingiu um tropeço para esbarrar de propósito em mim. E ainda disse “opa, desculpa” enquanto eu balbuciava sons improváveis a nossa língua tentando chama-lo de algo que nunca chegava à mente. Ai, que idiota...

Quando finalmente estávamos na esquina de casa e ia me despedir...

– O... Obrigad... – parei e fiquei observando quando seus lábios tocaram a costa da minha mão num estalo suave. Michel não tirou os olhos dos meus nem por um segundo enquanto realizava aquele gesto, então não sei como demorei tanto a perceber. Vai ver todo esse calor já havia fritado meu cérebro.

– De nada. – disse sorrindo. Seus lábios suavemente curvados prenderam a minha atenção e comecei a salivar. Engoli e puxei minha mão de volta – Até amanhã, Patrícia.

– Sim, até...

Mas o que, diabos, aconteceu comigo?! Parecia que ele pronunciava meu nome de um jeito bem destacado do resto da frase, e sabia que eu notaria. Que droga de efeito era aquele que o Michel me provocava?

– Sabe, eu percebi uma coisa agora... – deixou no ar.

– O que? – consegui disparar. Ele cruzou os braços novamente e me olhou de cima a baixo sem se importar se era percebido.

– Nada. Deixa pra lá. – se virou e acenou – Até amanhã.

Corri para casa e tomei um banho de sei lá quanto tempo. Se meu cérebro estava frito, o beijo na mão e o comentário sugestivo o fizeram desintegrar de vez. Mas que porcaria ele tinha percebido? Eu detestava ficar curiosa. Pensei em coloca-lo contra a parede no outro dia para arrancar a resposta à força. Racionalidade? O que é isso? É de fazer lançamento à distância? Porque a minha deve ter ido parar do outro lado do planeta.

Ele havia segurado minha mão com gentileza e a beijado. Adivinha que mão eu usei de noite para...

É, acertou.

***

No intervalo, Giovanne veio diretamente me perguntar o que estava acontecendo. Olhei para ele sentindo a impaciência me invadir e falei:

– Vanne, você tem uma boca maldita, sabia?

– Que grosseria é essa, moça? – se fez de ofendido, e então sorriu com uma sobrancelha arqueada – Mas o que quer dizer com isso, hein?

– Trici... – Matheus me chamou – Você conversou com a Bianca ontem e vocês se acertaram, né?

Achei melhor omitir os detalhes sobre os motivos dela e me ater aos... Meus?

– Sim. Na verdade, ela meio que me deu bandeira branca.

– Aconteceu algo depois? – Matheus parecia um tanto desconfiado.

– Bem... – comecei, desviando o olhar – O Michel...

– Você encontrou com o Michel ontem?! – Giovanne berrou.

Assim como eu quando fico furiosa, Giovanne não sabia ser discreto quando se surpreendia com algo. Acho que não sabia em momento nenhum, na verdade. Pude sentir os olhares de algumas pessoas na sala se dirigirem para nós, e até percebi alguém pôr a cabeça na porta para ver o porquê daquele estardalhaço. Não sei como fui capaz de ignorar aquilo; sem encarar ninguém, eu quero dizer. Era humilhante.

Dei um pigarro e respondi:

– O Michel estava voltando do colégio quando saí do prédio da Bianca. Não aconteceu nada demais, ele só me acompanhou até a esquina de casa.

– Ainda não entendi aonde minha “boca maldita” entra nessa história...

Respirei fundo e desisti de tentar me esconder atrás do meu orgulho.

– Quer saber Vanne, o que aconteceu foi exatamente o que você sugeriu. Eu não queria, mas senti, sim, vontade de ficar com ele. – já sentia meu rosto esquentar.

– Oh, sério? Mas eu nunca imaginaria uma coisa dessas! – debochou. – Foi só ser educada que o fogo acendeu mais, foi?

– Safado... Sim, fui educada e acabei recebendo um beijo na mão. Foi isso, tá? – concluí e cruzei os braços e as pernas.

– Não acredito que você ficou excitada com isso... – Giovanne parecia sentir pena de mim.

– Acho que de certa forma a culpa é minha, Trici. – Matheus tomou a palavra – Eu sempre deixei você tomar a iniciativa pra que rolasse alguma coisa, então você não deve saber como lidar com o Michel indo pra cima assim. – ele deu uma pausa e virou o rosto, um pouco corado – Fora que, do jeito que você é, três meses sem sexo devem ter sido barra pesada.

Não acreditei no que ele tinha acabado de falar.

– “Do jeito que eu sou”?... Está achando que eu sou o que, Matt?! Não foi nada difícil, não senhor! – e me encolhi na cadeira – E foram quatro meses, viu?

– Há, há! Não acredito! – Giovanne não tirava o sorriso sarcástico do rosto – Você está morrendo de tesão pelo Michel, e ainda tem coragem de dizer na minha frente que quatro meses de abstinência não foram nada?! Garota, eu vou te contar uma coisa: você tem tanto fogo guardado aí que não sei como ainda não tocou uma pensando nele.

Bingo... Meu rosto ficou vermelho feito um farol.

– Tá brincando comigo! – Giovanne exclamou e então riu de mim até quase ficar sem ar.

– Bem... – Matheus começou, ainda em meio ao barulho que o namorado fazia – Ao que parece, você já se envolveu bastante nesse pouco tempo. Não te condeno por isso, mas não podia se controlar um pouco?

– Controlar como, Matheus? – indaguei.

– Controlar pra quê, Matheus? – o outro falou quase chorando de rir, então parou de repente, ainda com um sorriso largo, e disse para mim – Aliás, Trici, você tem treino hoje, não? – olhando na direção da porta.

Michel estava encostado na parede ao lado da porta da sala, de braços cruzados e me olhando com um sorriso despreocupado. Seu olhar estava tão intenso naquela noite, quando o surpreendi me observando na sombra do prédio do colégio. Parecia querer dizer alguma coisa, mas apenas se virou e saiu. E fiquei curiosa outra vez.

O intervalo terminou.

Eu havia mesmo me deixado envolver, e em dois dias. Como aquilo era possível? Como apenas em poucos segundos de contato visual eu já me arrepiava inteira ao sentir vontade de tudo que envolvia ter para mim aquele homem irritante? Na verdade, Giovanne já tinha me dito antes como funcionava a paquera numa balada: a troca de olhares sensuais que transmitiam milhares de intenções, e nenhuma delas incluía jogar vídeo game. Mas eu não sabia como funcionava na prática, nunca tinha participado de algo assim e só tive dois namorados. Nunca tinha só ficado antes. E estava não só com vontade, como meu “momento particular” não havia ajudado em nada para aliviar aquele desejo – tinha era me atiçado para saber como seria ter o Michel comigo.

Só quando voltei à tarde para o treino é que me toquei que Michel poderia estar ouvindo minha conversa com os garotos há um bom tempo.

Fiquei morta de vergonha. Não quis que ele notasse minha existência naquele espaço. Não queria ficar sozinha com ele. Não queria encarar seu olhos claros. Passei quase 100% do meu tempo fora da água vendo onde ele estava para ficar o mais longe possível, e quando estava nadando me demorava o máximo possível para sair de lá. A professora Vanessa deve ter chamado minha atenção por ter chegado em último tanto no nado livre quanto no peito, mas foi como se eu não estivesse ali. Demorei também para me arrumar na hora de ir, então acabei ficando para trás no vestiário.

Quando finalmente saí, já escurecendo, esperava encontrar no máximo os zeladores do lado de fora. Ledo engano. Michel estava novamente encostado na parede, de braços cruzados e com aquele sorrisinho instigante brincando nos lábios.

– Você não iria conseguir me evitar pra sempre, sabia?

Sua voz grave reverberou em mim e aquele calor dos infernos veio outra vez.

– O que você quer, Michel? – perguntei suspirando. Seria realmente difícil resistir a ele numa situação como aquela: o entardecer emanava uma luz alaranjada que fazia a umidade de seus cabelos e de sua pele brilhar. Aquilo era muito sexy.

– Você sabe muito bem o que eu quero. E porque quero. Quer mesmo que eu diga? – falou se aproximando e roçando as pontas dos dedos na costa da minha mão esquerda. Perto demais. Me arrepiei outra vez.

– É que acho que não consigo acreditar ainda... – teimei.

– Ok então... – e levou a mão até minha nuca – Vou tentar ser mais convincente.

Senti um calafrio gostoso percorrer minha coluna de cima a baixo e me assustei. Afastei sua mão com um tapa repentino e dei alguns passos para trás para recuperar o fôlego. Só aquele toque já havia me deixado sem ar. Me senti uma estúpida. É desnecessário mencionar o estado da minha “cara-farol” agora.

– Você fica uma gracinha receosa desse jeito. – ele riu – Devia ver.

– “Gracinha”?... Quer apanhar de novo, Michel? Eu não estou em condições pra esse tipo de brincadeira.

– Pra mim as condições parecem ideais.

“Chega disso!” era o que eu ia gritar, mas ouvimos vozes vindas da direção da entrada da piscina – eram os zeladores.

Michel me puxou de repente para dentro do vestiário masculino e fez sinal para que eu fizesse silêncio. Já estava escuro e não seria nada bom se alguém nos encontrasse sozinhos ali àquela hora. Segurando meus ombros com um braço ele manteve meu corpo colado ao seu durante todo o tempo em que os zeladores trabalharam. Meus seios faziam pressão contra seu peitoral malhado, e eu tinha certeza de que ele também percebia isso, pois não parava de me apertar contra si. Eu sentia a definição de suas coxas contra as minhas, seus quadris contra os meus... Óbvio que, de tanto prestar atenção em todo esse contato, em algum momento eu iria me ater ao volume ainda inerte que ele guardava. Senti tamanho desejo que se delatava em minha respiração, e acabei agarrando sua camisa como se me faltassem forças para ficar de pé.

Michel, que até então vigiava os passos dos zeladores, tendo percebido as mesmas coisas que eu, me beijou. E ele sabia que eu não reagiria justamente para não nos revelar. O beijo foi delicado, lento, torturante – não usou a língua, então precisei me controlar para não gemer implorando por ela. Meu coração estava a mil, e o dele acompanhava meu ritmo. Às vezes puxava meus lábios com os dentes para me incitar a soltar a voz. Confesso que queria eu mesma coloca-lo contra a parede e arrancar aquela camisa preta, mesmo que ela o deixasse muito sensual. Meu corpo parecia arder sob a chama de seus olhos esverdeados.

O clima não durou muito. Assim que ouvi o som da tranca da porta ecoar pelo ambiente, me afastei bruscamente de seu corpo para tentar ficar mais sóbria antes de começar a reclamar.

– Seu cretino... Você fez isso de propósito não foi?! – perguntei incrédula – Espero mesmo que tenha pensado em como vamos sair daqui.

Michel passou a língua (que eu tanto queria) sobre os lábios e me encarou sorrindo.

– Você quer mesmo pensar nisso agora? A gente estava numa boa há poucos segundos. Não prefere esquecer que estamos trancados aqui por alguns minutos?

Aquilo era ridículo. Michel estava tirando com a minha cara e eu não conseguia pensar em qualquer resposta – o impulso de bater nele já não era tão forte quanto o de beijá-lo mais profundamente.

– Vamos Patrícia, admita que perdeu essa. Eu sei o que sinto por você, e você também, mas sabe o que foi que eu percebi?

– O que?...

Ele riu e continuou.

– Que você perdeu pro próprio desejo. E como agora acho que tenho permissão, vou usar isso sem pudor pra te conquistar.

Michel pôs em palavras o que eu teimava não aceitar. Havia perdido para mim mesma. E aquela declaração de guerra me excitava ao estremo com seu tom desafiador.

Me aproximei e larguei minha bolsa no chão.

– Então tenta... – murmurei – Quero ver se você é mesmo tudo isso que acha que é, Michel.

– Se continuar a falar meu nome assim, eu mostro até mais. – disse me puxando pela cintura até colar nossos quadris novamente; aquele volume começara a despertar.

Eu tinha certeza de como aquilo ia terminar, e já não tinha nem vontade e nem cara de pau o suficiente para continuar negando o quanto queria experimentar aquela pequena morte. E Michel parecia disposto a me proporcioná-la com suas próprias mãos.

Ele me beijava sem se conter. Era bem diferente de antes, e não só por eu estar querendo dessa vez. Parecia que a provocação havia atiçado a vontade de provarmos um ao outro do que éramos capazes. Sua língua ia fundo em minha boca e sua perna se insinuava entre as minhas. Uma mão puxava de leve meus cabelos e a outra, na base das minhas costas, iniciava um ritmo suave e nada sutil. Michel me atacara indo direto ao ponto, eu não encontrava espaço para fazer nada!

Num dos curtos espaços que tive para respirar, protestei:

– Assim não vale...! Michel... Você está trapaceando... – enquanto ele avançava contra meu pescoço.

– Ah, então era um jogo?... – seu hálito acariciava minha pele – Pensei que era um desafio. Eu deveria dar vez a você? – e me mordiscou como um vampiro. Arfei de prazer e acabei me lançando em sua direção.

– É que nunca fui dominada assim. É tão estranho...

– É, o Matheus não tem mesmo jeito de quem faz essas coisas. Tão certinho...

Tirei forças não sei de onde e consegui me afastar ao ouvir a menção do meu amigo. Puxei Michel pelo colarinho aberto da camisa para encará-lo de perto.

– Morda sua língua antes de falar dele, seu idiota! – rosnei irritada.

– Desculpe. – ele riu cinicamente – Mas acho que prefiro que você morda.

– Mordo até sangrar se quiser. Seu masoquista.

– Então você curte sexo hardcore? – ele riu – Tem mesmo jeito de dominatrix. Que bom que vim preparado.

Aquele tom de deboche era demais para mim. Empurrei Michel contra a parede facilmente e comecei a desabotoar sua camisa. Claro que ele queria isso, pois não seria nada difícil voltar a me dominar com o corpo que tinha.

E, esclarecendo, eu teria socado ele se não estivesse preparado.

– Cala essa boca, Michel. – mandei, atirando para longe aquele incomodo pedaço de pano e, em seguida, segurei seu rosto para controlar o beijo daquela vez.

– Quer tanto domar esse leão, Patrícia? – falou enquanto se deixava cair devagar até o chão, me levando junto. Fiquei de joelhos, com seu corpo entre minhas pernas – Pois ele é todo seu...

Michel envolveu minha cintura para me trazer para si, e eu tentava saciar a nova e instigante sede que seus lábios e sua língua me despertaram. Eu provava seu gosto tentando identificar o que tinha me atraído tanto. Era o sabor, ou a textura dos lábios? Seus toques, seu calor?... O que era afinal?

Senti-o tocar meu seio esquerdo e arfei. Separamos nossos lábios com um estalo alto, ambos ofegando bastante.

– Ah... Uau, Patrícia... Você... Não deixa barato, hein?... – disse me olhando de baixo – A propósito, sua blusa é bem interessante...

Fui desatenta até para escolher as roupas naquele dia. Saias tudo bem, mas aquela blusa... Era como um colete que imitava couro, e como tinha bojo eu não precisava usá-la com sutiã. Mas não era essa a parte interessante – o “colete” era aberto no meio pelo zíper que Michel tinha agora entre os dentes, me olhando com malícia.

– Não acredito que vim com isso hoje... – falei rindo – Fiquei em desvantagem agora, hein?

– Como assim desvantagem?

Sem avisar, Michel me derrubou no chão e ficou por cima de mim. Começou a puxar meu zíper e contemplava, por trás de suas mechas negras, a revelação lenta dos meus seios. A visão que eu tinha dele me causava arrepios. Era tão lascivo, excitante.

Isso é desvantagem, pantera. – falou para depois avançar em um dos meus seios nus, chupando com força.

– Michel!... – quase gritei e agarrei seus cabelos. Ele apenas passou ao outro, sugando e às vezes mordiscando meu mamilo.

Senti sua ereção ir contra mim por uns segundos, então ele começou a descer os lábios úmidos de saliva por minha barriga. Achei que já fosse tirar minha saia, mas ele rapidamente pôs as mãos por baixo e foi puxando minha calcinha até arrancá-la de vez. Observei o que ele ia fazer e me assustei.

– Ei, espera aí, Michel! O que pensa que vai fazer? – me alarmei.

Ele me encarou surpreso.

– Sério? Nunca fizeram oral em você?

– Não, nunca! – respondi envergonhada.

– Então é uma primeira vez... Só relaxa, ok?

– Espera...

Michel me ignorou e deslizou a língua por minha fenda, já bastante molhada. Já havia recebido estímulo, e agora pulsava pedindo por mais daquele estranho e prazeroso toque. No começo eu o sentia frio, mas ficou quente tão rápido que logo fiquei arfante. Aquilo era... Uma delícia. Enquanto ele buscava meu clitóris com o polegar, eu sentia a umidade de sua boca de fundir com minha própria umidade. Ele o encontrou quase ao mesmo tempo em que forçou a língua para iniciar uma penetração, e quase enlouqueci. Puxei os fios negros com força e não pude mais segurar meus gemidos. Suava tanto que minha franja grudava na testa.

– Gostou da primeira vez? – caçoou, lambendo os lábios.

– Por que parou?...

Ele riu, sentou de costas para a parede e levou as mãos até a braguilha da calça.

– Isso aqui está começando a incomodar, sabe?...

– Maldito... – resmunguei. – Você tem mesmo, né?

– Claro. – e tirou o preservativo do bolso – Aqui. Coloca pra mim? – pediu com a voz manhosa.

Eu não tinha mais paciência para discutir. Não aguentava mais. Engatinhei até ele e abri sua calça, me surpreendendo com a rigidez daquele membro grande e quente, e o vesti deslizando os dedos por sua extensão. Michel gemeu baixinho.

– Você é tão sexy, minha pantera...

– Shh... – selei seus lábios com o indicador – Você fala demais, Michel. – e desci meus quadris sobre ele.

Dei um gemido alto ao senti-lo por inteiro dentro de mim. Meus lábios tremiam e meus seios estavam tão rígidos que quase doíam. Fazia tanto tempo... Era como se meu corpo reconhecesse aquela prazerosa violação e se empenhasse em aproveita-la ao máximo, em dar o seu melhor para recebê-la.

Michel tentou forçar minha movimentação, agarrando minha bunda por baixo da saia. Puxei-o pelos cabelos para que ele olhasse para mim – seus olhos estavam entorpecidos de excitação, sua boca aberta ofegava implorando que eu continuasse.

Eu estava no controle.

– Tira a mão daí, Michel. – mandei – Você não manda em nada agora, só obedece. – e me movimentei muito lentamente. Meus seios suados roçaram em seu rosto, e suas mãos foram parar no meio das minhas costas num abraço folgado.

– O que quer que eu faça, então? – perguntou com um sorriso atrevido.

– Por que não usa a boca pra algo melhor que falar? – respondi e iniciei um rebolar suave – Ah...! Você é grande...

Ele riu e começou a lamber meus mamilos. Não demorou a chupar meus seios com força, me pressionando contra si. Sua boca gulosa passou para meu pescoço e às vezes me mordia provocante. Eu respondia me movendo com mais firmeza, atacava seus ombros e seu peito com minhas unhas ao mesmo tempo em que ditava o ritmo das ondas de prazer, e era recompensada com gemidos abafados. Confesso que ver Michel daquele jeito, de cima, e saber que aquele homem de toque tão avassalador estava sob meu domínio me excitava mais do que qualquer coisa que eu pudesse imaginar. Nas poucas e curtas pausas que dávamos entre ataques e alguns beijos, trocávamos um olhar quente que dizia apenas “continue”.

– Ah... Patrícia...! – Michel começou a gemer meu nome, e percebi que, assim como o meu, seu orgasmo já se aproximava.

Aumentei minha velocidade, puxando novamente seus cabelos, e o beijei de maneira voluptuosa. Nossas línguas não se cansavam, e os dentes se bateram algumas vezes. Michel agarrou minha bunda outra vez, apenas acompanhando o movimento. Meus braços, enlaçados em seu pescoço, mantinham seu rosto junto ao meu. Gozei me esforçando para impedir minha voz de ecoar pelo vestiário, o que foi quase impossível – sentia meu interior se derreter lentamente em prazer. Colei nossas testas e continuei me movendo um pouco. Na vez dele, resolvi impedi-lo de dizer meu nome outra vez abafando seu gemido com um beijo suave.

Ficamos nos olhando por um tempo, exaustos e ofegantes. Eu estava fascinada com a visão que tinha de Michel entre meus braços: os fios negros grudados no rosto, a boca de lábios úmidos entreaberta, os olhos verdes muito brilhantes naquela escuridão; eu quase me excitava de novo. Não queria me levantar. Michel ainda latejava dentro de mim, e eu queria aproveitar cada vibração. Fechei os olhos e apoiei meu queixo no topo de sua cabeça para recuperar o fôlego.

– Você não vai levantar mesmo? Isso é uma tortura, sabia?

– Mal terminamos e você já começa a falar... Que saco...! – disse e me ergui com cuidado, segurando a camisinha no lugar.

–Há há! Me desculpe, mas se continuasse eu poderia querer de novo. – riu – E eu não tenho outro, sabe? – concluiu se referindo ao preservativo.

Revirei os olhos e fui pegar minha calcinha, quando Michel perguntou se eu não preferia tomar um banho antes, já que estávamos no vestiário. Não achei a ideia ruim, e seria muito vacilo chegar em casa suada daquele jeito. Acabou que a gente tomou banho juntos e recebi um oral de novo. Aquele negócio era incrível. Era muito diferente ter uma língua, pequena e móvel, no lugar de um pênis. Fora que o Michel sabia exatamente que lugares estimular. Dava vontade de transar de novo...

Ele era habilidoso demais naquilo, droga!

Depois de nos vestirmos, perguntei como sairíamos dali.

– Ah, é mesmo... E agora?

– Não brinca Michel! Eu tenho que ir embora!

– Ok... Dá pra sairmos pela janela do vestiário.

– Tá me tirando, né?...

Ele não estava. Aparentemente, já havia feito aquilo antes e me mostrou como. A janela não era tão pequena quanto parecia – se o Michel passava por ali, não era pequena mesmo. Ele me levou para casa e passamos outra vez por aquele beco, mas agora foi ele quem ficou contra a parede. Depois de morder seu lábio, sussurrei:

– Só não mordo sua língua até sangrar porque até que você usa de forma interessante.

Nos despedimos e, quando entrei em casa, encontrei Giovanne e Matheus conversando animados com minha mãe. Fiquei vermelha ao finalmente me tocar de que eu não havia mencionado o fim do namoro para meus pais. E pelo tom que a conversa estava...

– Oi filha! Com quem você estava a essa hora? – minha mãe perguntou um tanto sorridente.

Vanne, eu vou te matar, sua bicha dos infernos!


Notas Finais


"Gosto o jeito que você se despe dos costumes
O jeito que assume que o negócio é se arriscar
Eu tinha prometido não ceder à compulsão
Mas é uma agressão dizer pra um bicho não caçar"
(Pequena morte)

Ficou um pouquinho muito grande porque:
1- o tempo passa e a gente evolui, a escrita evolui, e a vida é isso <3
2- o flashback na verdade era no capítulo anterior mesmo, só que achei que quebraria o clima, então passei pra cá ><

Temos outro POV no próximo capítulo 9.9

Obrigada por ler até aqui <3 comentários são bem vindos e estimulam o trabalho da tia ;)
Bjs da Misai


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