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História Reação em cadeia - Encontro


Escrita por: Tia_Marie

Notas do Autor


CAPÍTULO REPOSTADO EM 15.07.2017

pretendia ter postado na quarta passada, mas minha vida tá tão atolada... -.-

Capítulo 2 - Encontro


Fanfic / Fanfiction Reação em cadeia - Encontro

Despertei sentindo beijos em minhas pálpebras. Uma maneira bem gentil e carinhosa de ser despertado, ou seja, Patrícia estava de bom humor e não estava com pressa. Houve uma vez em que ela me acordou com travesseiradas, outra em que me derrubou da cama. Nas duas ocasiões era dia de prova e nós havíamos acordado atrasados. Ou seja, ela estava estressada e com pressa.

– Acorda Matt. O café vai esfriar. – Patrícia disse gentilmente.

– Que horas são? – perguntei esfregando os olhos. Achei que tinha dormido pouco.

– 09h15. Ou você quer dormir até meio dia? – ela disse.

Então eu tinha dormido o suficiente, mas não me sentia bem descansado. Talvez tivesse sonhado com algo que acabou perturbando meu sono, mas não lembrava o que. Me sentia estranhamente incomodado.

– Calma, já vou levantar. – respondi me espreguiçando – A mamãe já saiu?

– Já. Ela disse que só volta no fim do dia.

– Saiu com o Nicolas? – Esse era o nome do namorado da minha mãe.

– Isso. Parece que ela vai fazer umas compras na volta. – ela disse dando um gole no café.

– Então estamos sozinhos aqui?

– Isso mesmo, querido. – pelo seu tom de voz, percebi que ela havia entendido o recado.

Depois de um bom café da manhã, matamos duas horas jogando vídeo game e cantando no karaokê músicas das quais nem eu nem ela tinha ouvido falar. Cantando é modo de falar, já que Patrícia e eu não éramos tão afinados. Fizemos tanto barulho que bateram na porta para reclamar. Foi bem engraçado.

Então chegou a hora de irmos para aquele “encontro de casais” que eu queria muito ter evitado. Além de eu não gostar muito de encontros em grupo, a razão pela qual eu não queria ir era o Giovanne.

Não seria a primeira vez que eu o veria com outro cara, mas aquele monstrinho chamado ciúme insistia em ainda agonizar meu coração cada vez que acontecia. Ciúme e inveja, na verdade, pois eu sabia e remoía comigo mesmo que nunca seria eu ali com ele. Nunca seria eu a beija-lo e tocá-lo com o carinho que a intimidade de um casal permite. Cheguei a passar algumas noites em claro fantasiando sobre como seria desfrutar de tal intimidade.

Encontramos os outros na praça de alimentação do shopping, perto da entrada do cinema. Ficou decidido que iríamos ver um filme e depois jogar alguma coisa.

Finalmente vi a cara do Michel, o cara com quem a Bianca estava saindo. Sim, eu já havia visto ele pelo colégio. Não queria admitir, mas ele era bonito. Tipo, muito! Tinha os cabelos pretos chegando quase até os ombros, os olhos eram verdes e o olhar sedutor. Além disso, devia passar bastante dos meus 1,75m.

Já o Tadeu, o caso atual do Giovanne, tinha cara de travesso. Eles combinavam. Seus cabelos eram curtos e descoloridos. Os olhos azuis observavam tudo com um ar curioso. Esse era só um pouco menor que eu.

– Que filme vocês querem ver? – perguntei.

– Qualquer coisa menos terror, por favor! – respondeu Bianca agarrando o braço de Michel. – Inventei de assistir um na TV ontem e até agora não me recuperei.

– Aceito qualquer coisa que não seja comédia romântica e drama, por favor. Não quero ninguém chorando aqui. – disse Giovanne cruzando os braços. – E mais uma coisa: eu organizei esse encontro para que todos, todos interagissem. Ou seja, nada de casaizinhos isolados se agarrando como polvos, viu?

Pelo menos disso Giovanne iria me poupar.

Escolhemos um filme de fantasia, e mesmo assim ainda tiveram alguns sustos por conta do Giovanne. Ele insistia em assustar as garotas em cada momento mínimo de suspense. Confesso que foi engraçado no começo, mas depois de um tempo ficou chato. Previsível, sabe? Em certo momento, Bianca e Patrícia começaram a atirar pipocas nele mandando que ficasse quieto. Ele ficou, mas com sua melhor cara de “criança contrariada”. Até me deu vontade de apertar as bochechas dele, porém quem fez isso foi o Tadeu, antes de dar um selinho para ver se ele se acalmava.

E aquele monstrinho parecia espetar meu coração com uma faca.

Saímos da sala de cinema rindo alto. Fiquei contente por conseguir me distrair daqueles pensamentos massacrantes. O Tadeu era quase tão palhaço quanto o Giovanne, o que rendeu boas piadas durante o resto da sessão. Depois fomos tomar um sorvete e ficamos conversando sobre assuntos corriqueiros. Até que o papo fluiu bem. Achei engraçado quando a Patrícia cochichou para mim que eu estava me “socializando bem”.

– Por acaso você acha que eu sou algum bicho do mato? – brinquei. Ela riu e me deu um beijo na bochecha.

– O que é que vocês tão de segredinho, hein, casal oficial? – perguntou Bianca brincando.

– Se é segredo você não precisa saber, hamster. – E melei a ponta do indicador meu sorvete para passar na bochecha dela (e sim, ela tem cara de hamster). Nem sujou muito, mas foi engraçado.

Modo irmão implicante ativado.

– Pronto, começou a “criancice”! – disse Giovanne como se tivesse alguma moral para falar de “criancice” – Espera Bia, que eu vou buscar uns lenços. – completou levantando-se da mesa.

– Acho que não vai precisar... – disse Michel antes de lamber o sorvete do rosto de Bianca, que ficou corada quase que instantaneamente – Nossa! Você é bem doce, hein, Bia.

Naquele momento me arrependi de ter implicado com a minha “irmãzinha”. Fiquei com o modo irmão com ciúme ativado.

– Eh... Vou buscar os lenços assim mesmo. – disse Giovanne indo até o balcão.

– Por favor... – disse Bianca, constrangida. Os que ficaram na mesa permaneceram com suas caras de chocados diante do gesto de Michel. A conclusão geral foi que ele era bem ousado.

Pouco depois, Giovanne voltou com os lenços. E uma garrafa de água muito aleatória e suspeita. Eu olhei para a garrafa e não gostei nem um pouco do que me passou pela mente. Quis confirmar minha suposição, então olhei seriamente para os olhos cor de chocolate daquele garoto levado. Ele olhou de volta e, dentro dos meus olhos, percebeu o que eu temia. Sorriu, deitou a garrafa vazia no centro da mesa e...

– Verdade ou desafio! Quem tentar fugir paga a conta.

Aquele moreno realmente queria que todos interagissem, mas do jeito dele. Com aquele jogo que sabia que eu detestava com todas as minhas forças. Por isso ele tinha escolhido aquela mesa tão isolada. E ainda deu um jeito de calar a minha boca quando eu estava para dizer que não queria.

– Era esse o “jogo” que você tava planejando, Giovanne? Não acha que é meio infantil? – perguntou Tadeu. Ele realmente não conhecia aquele garoto tanto quanto eu e as garotas.

– Se é infantil ou não, depende das perguntas e dos desafios. – respondeu Giovanne com o sorriso e o olhar maliciosos – Bem, cada pessoa vai girar a garrafa duas vezes e a ordem é no sentido anti-horário. Eu começo, tudo bem?

A média ali era dezessete anos, então verdade seja dita: adolescente não presta. Na nossa idade, o jogo de verdade ou desafio é feito para perguntar e propor coisas intimas e maldosas. Até porque ninguém ali era virgem. Então algumas coisas meio chocantes foram reveladas.

Por exemplo: a primeira pergunta foi para o Tadeu. “Com quem e com quantos anos você perdeu a virgindade?” foi a pergunta “discreta” do Giovanne.

– Logo de primeira, hein, Giovanne? Você não presta mesmo! Muito bem... –Tadeu cruzou os braços. – Foi com 14 anos, com um estagiário de matemática da minha antiga escola. Vai ser esse o nível das perguntas por acaso?! – concluiu um pouco corado.

– Não, não, moço! Esse é o meu nível! – respondeu Giovanne, tirando sarro de sua primeira vítima.

A segunda foi o Michel, que escolheu “desafio”. Acho que o Giovanne queria saber até onde iria a ousadia já tão explícita naqueles olhos verdes quando propôs o desafio.

– Bianca e Tadeu que me perdoem, mas eu é que não vou perder essa oportunidade. Não é nada sério mesmo, então tá valendo.

– Nossa, fiquei até com medo. – ironizou Michel. – Qual é o desafio?

Em resposta, Giovanne deu um sorriso de canto de boca e disse:

– Sua boca é bonita, sabia?

– Sei... – Michel já tinha entendido tudo. – E daí?

– Que gosto tem?

– Acho que de sorvete de café. Quer provar?

Sem hesitar, Giovanne segurou o rosto de Michel e, por cima da mesa, começou a roçar os lábios nos dele. Foi visível para todos na mesa a surpresa que surgiu em seus olhos quando Michel o segurou pela nuca para iniciar um beijo profundo. Todos nós ficamos boquiabertos com a reação do mais alto. Ele era realmente ousado a ponto de surpreender até o nosso moreno travesso.

Dessa vez fiquei mais chocado com o Michel do que com ciúme do Giovanne, pois, pelo que eu ouvia falar dele, era um pegador “super hétero”. Nunca tinha ouvido falar dele com algum garoto.

Nesse vai e vem de verdades e desafios (e do famoso “te desafio a dizer”), Michel me perguntou como eu e Patrícia começamos a namorar. Respondi com sinceridade – que foi ela que pediu, que éramos amigos e que não vi problema –, mas ele pareceu intrigado enquanto me ouvia. Me incomodei um pouco com essa reação estranha. Ele parecia estar me julgando, mas deixei passar.

Depois da Bianca, foi minha vez de girar a garrafa. Primeiro parou no Giovanne, que escolheu “verdade”. Acho que minha língua e minhas pregas vocais ganharam vida própria quando perguntei, porque não era possível que eu fosse tão indiscreto.

– Você pretende continuar com essa de “sai com um, sai com outro” e não namora ninguém?

E um amargo arrependimento tomou conta de mim quando ouvi a resposta sair seca de seus lábios.

– Por enquanto pretendo, sim. – respondeu, olhando nos meus olhos e deixando claro, para mim, que a questão havia lhe incomodado.

Engoli em seco e girei a garrafa novamente. Bianca – “verdade”. Acabei fazendo outra pergunta incisiva. Não era normal que eu criticasse as pessoas desse jeito. Talvez eu tenha me tornado um cara de pau sem me dar conta.

– Esse seu rolo com o Michel por acaso tem futuro?

– Curta e grossa, não é Matt? Bom, isso depende totalmente dele, mas vou não vou ligar se não rolar nada sério. – respondeu sem me encarar, e não entendi direito a expressão em seu rosto. Parecia mais que ela ligaria, sim.

A última a girar a garrafa foi a Patrícia. Caiu primeiro no Michel. “Verdade”.

– Hmm... Já sei. Ouvi uma história da equipe de natação de que você fez sua irmã ser reprovada na 8º série. Isso é verdade?

– Não! Não foi minha culpa! – Michel exclamou nervoso.

– Esclareça. – Patrícia continuou firme.

– Sem essa! Você já fez sua pergunta. – ele cortou.

– Tá, então.

Ela girou a garrafa novamente. Parou em mim. “Desafio”.

– Um desafio... Já sei! Só não vai fugir, hein?

– Tá. Não vou fugir. – confirmei.

– Ok, lá vai! Te desafio a me contar aquilo amanhã a tarde. – disse, fazendo meu sangue gelar.

– Aquilo o que, Trici? – perguntei receoso e torcendo muito para que não fosse...

– Aquilo que você mencionou ontem. Não se faz de desentendido.

Respirei fundo. Tenso e me sentindo encurralado, respondi:

– Tá, eu já entendi! Prometo te contar amanhã.

Tive que concordar. Se eu negasse e mudasse pra verdade, era bem capaz de ela me perguntar o que era aquilo ali mesmo, na frente de todos. E ela sabia que eu não levava jeito para mentir. Não teve jeito. Não tive saída.

– Vão ficar de segredinho de novo? Vocês são chatos. – Bianca reclamou.

Fim de jogo.

Pouco depois, fomos todos embora. Deixei a Patrícia em casa e fui para a minha caminhando bem devagar. Queria pelo menos fingir que isso atrasaria a chegada do dia seguinte. O dia marcado em que eu iria terminar com a Patrícia.


Notas Finais


TAN DAN!!! E agora, hein, sr. Matheus?
Mudando de assunto... Esse Michel, hein? DANAAAAADOOO!!!

"Esqueci as regras do jogo e não posso mais jogar"
Brinquedo torto - Pitty


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