1. Spirit Fanfics >
  2. Reação em cadeia >
  3. Amizade (POV Patrícia)

História Reação em cadeia - Amizade (POV Patrícia)


Escrita por: Tia_Marie

Notas do Autor


O que dizer... PERDÃO PELA DEMORA!!! ><
Já tô me adiantando com os capítulos perdidos e até já comecei a parte 3. Espero concluir até o final do ano.
Ainda não terminei a capa, mas, como queria postar logo, escolhi uma imagem da Misaki Ayuzawa, de Kaichou wa maid-sama, para ilustrar porque ela é a cara da Patrícia.
Enfim, enjoy!! Kisu da Misai ^^

Capítulo 6 - Amizade (POV Patrícia)


Fanfic / Fanfiction Reação em cadeia - Amizade (POV Patrícia)

Quando acordei, ainda sentia meus olhos arderem um pouco. Ainda sentia o calor do abraço do Matheus me envolver como se tivéssemos acabado de reafirmar nossa amizade. Não foi forçado dizer que ele era importante para mim, até porque, nós já éramos muito próximos antes de eu pedir para namorar com ele. Apenas voltamos oficialmente ao status inicial. Não que o namoro estivesse indo mal ou algo assim, mas já estava bem água com açúcar – 97% água e 3% açúcar, para ser mais exata. Se fosse chamar aquela relação de amizade colorida, tenha certeza de que nossas cores só não seriam totalmente neutras por causa dos selinhos que trocávamos de vez em quando. Graças a mim, diga-se de passagem.

Como meus pensamentos estavam longe, acabei ficando quieta demais durante o café-da-manhã, a ponto de meu pai perguntar se eu estava bem. Eu estava bem. Não me sentia triste ou magoada. Na verdade só estava lembrando das férias de Julho, quando Giovanne me confessou, muito envergonhado, que estava gostando do Matheus. Na época, foi com certeza um choque saber que meu querido amigo de infância estava interessado no meu namorado. Giovanne não parava de me pedir desculpas, dizia se sentir muito mal com aquilo, que tinha sido sem querer; implorava para que eu não me afastasse dele. Lembrei do abraço que lhe dei, dizendo que confiava nele. Podia ser travesso como fosse, mas sei que ele nunca trairia minha confiança.

Papai resolveu fazer caridade e me levou de carro para o colégio, mesmo que o trajeto só levasse uns 15 minutos a pé. Aproveitei para me esparramar no banco de trás e ouvir uma música no celular. Fiquei pensando em como tinha sorte por ter amigos tão fiéis. Tanto Matheus quanto Giovanne se preocuparam e muito com o risco de me magoar, se preocuparam em serem sempre verdadeiros comigo mesmo que o que estivesse em jogo fossem seus próprios sentimentos. Posso ter perdido um namorado ao terminar com o Matheus, porém ele sempre estaria junto a mim como um grande amigo, assim como o Giovanne e a Bianca. “O importante é ser você” Pitty cantava a toda voz nos meus ouvidos. “É, tem razão...” pensei. Sendo eu mesma, consegui me aproximar das pessoas certas, aquelas que estariam sempre ao meu lado e que me bastavam para sorrir com sinceridade.

Acabei chegando cedo demais. O movimento no colégio ainda era mediano, mas eu tinha certeza de que Bianca já havia chegado. Ela costumava seu a primeira de nós quatro, então fui até sua sala depois de deixar meu material guardando lugar. Ao abrir a porta do 1º-b, encontrei minha amiga sozinha numa cadeira no canto da sala, com a cabeça baixa apoiada nos braços e deixando seus cabelos loiros caírem livres sobre os ombros.

– Bia... – chamei receosa. Ela não pareceu me escutar, então me aproximei mais – Bia, o que foi? – perguntei, tocando seu braço. Ela acabou se assustando e ergueu a cabeça de repente. Seu rosto estava muito vermelho e uma torrente de lágrimas brotava de seus olhos negros. Fui pega de surpresa.

–  Trici... – murmurou com a voz embargada – Trici, eu... que droga! Eu não queria chorar assim na sua frente. Não queria me importar tanto...

– Se importar com o que, Bia? O que aconteceu?! – falei alto, pois estava começando a ficar nervosa. Esqueci completamente do meu direito à “depressão pós-término” ao ver minha amiga daquele jeito. Quem tinha feito aquilo com ela? Não gostei nada de quem me veio à mente, pois eu já não simpatizava tanto com a pessoa... – O Michel aprontou alguma coisa? O que ele fez pra você, Bianca?

– Nada, Trici, ele, só... – começou, hesitante e parecendo perdida.

– Bianca, me fala!

– Ele... rompeu comigo. – revelou com a voz baixa e desviando o olhar do meu. Se encolheu na cadeira como se quisesse sumir dali.

Não consegui acreditar no que tinha acabado de ouvir. De repente, senti um calor muito desagradável se irradiar e subir pelas minhas costas. Era raiva. Um sentimento amargo que me consumia como um veneno e que possuía uma imensa necessidade de se manifestar. Poderia ser através das minhas mãos e direto na cara daquele desgraçado que eu não ligaria nem um pouco.

– O Michel te dispensou, Bianca? Ele deu algum motivo pra isso? – perguntei, cerrando, discretamente, meu punho direito sem que a Bianca visse.

– Deu sim. - respondeu, limpando as lágrimas e tentando se acalmar – Na verdade, ele já tinha me contado que era apaixonado por... uma outra garota... mas ela tinha namorado. Agora, parece que está livre, então ele quer tentar alguma coisa.

– E você engoliu essa desculpa?! Isso é ridículo!Eu não acredito nele.

– A culpa não é dele, Patrícia. Fui eu que me envolvi mais do que deveria.

– Ah, de jeito nenhum! A culpa é dele sim! Ninguém deveria terminar assim, do nada!

– Terminar? Mas a gente só tava ficando, lembra? Só saíamos de vez em quando além de... irmos pro apartamento dele - então, suspirou e falou mais baixo, como se para si mesma - Fui eu que acabei gostando de verdade do Michel. Aceitei que tudo aquilo acontecesse mesmo sem estarmos namorando.

Era inacreditável, para mim, que ela ainda se julgasse responsável pelo próprio sofrimento.

– Então ele deve ter percebido que você gostava dele em algum momento, porque não é possível! Como ele pôde?!... – comecei, porém Bianca conseguiu me interromper apenas com um olhar amargurado que dizia "chega, por favor". Meu peito se comprimiu ao perceber que minha indignação não estava ajudando em nada. Quando ficava exaltada, minha incapacidade de selecionar as palavras chegava a dar dó. Me acalmei só depois de uns 10 segundos de silêncio. – Ok, então. Foi mal pela gritaria, mas eu não consigo engolir essa situação. E você deveria tirar mais satisfações sobre isso.

– Desculpe...

– Pelo quê? Aliás, não quer que eu vá na sua casa hoje? - perguntei, pensando em anima-la um pouco.

– Não. Quero dizer, não precisa. Prefiro ficar sozinha hoje. Além disso, você tem treino, não é?

– Ah, é... - respondi, com uma careta e de estômago embrulhado ao lembrar que teria que respirar o mesmo ar que o Michel por quase três horas ainda naquele dia – Será que não posso dar uma escapada hoje?

– Nem pensar! Estamos quase no fim do ano letivo e sua nota de educação física depende disso. – ela me repreendeu.

– Como se fosse fazer muita diferença... – retruquei. Não estava com ânimo nenhum para nadar.

– Patrícia, é sério. Não precisa se preocupar, eu vou ficar bem. Não vou cortar os pulsos nem nada assim.

– Jura?

– Juro. Isso não é nada que não possa ser resolvido com pizza e chocolate. Sei que vai passar, só preciso desse tempo sozinha. – disse com um sorriso triste.

– Tudo bem, então Se vai mesmo me deixar de fora, aproveita e convida o sorvete pra farra. – me fiz de magoada.

Depois que Bianca riu um pouco, fui com ela até o banheiro para que lavasse o rosto.O movimento já era intenso nos corredores. Nos despedimos com um abraço apertado e fui pensativa para minha sala.

É claro que era culpa do Michel. Rejeitar minha amiga de repente, descarta-la daquele jeito só porque "se apaixonou" não era algo que eu fosse aceitar tão fácil. Aquela desculpa não me descia de jeito nenhum, e ainda por cima teria que aturar a cara lavada dele no treino daquela tarde. Isso se ele não tivesse a cara de pau de vir falar comigo, sabendo que eu era amiga da Bianca. Seria uma missão bem difícil controlar o desejo de levar minha mão espalmada a um encontro estalado com aquele rostinho que ele certamente adorava ter. E é claro que eu iria amar a marca que ficaria de lembrança.

Cheguei à porta da sala e meus nervos se acalmaram, pois vi que certa pessoa esperava por mim. Aqueles olhos, quase gêmeos dos meus, me recebiam com uma ternura fraternal. Apesar de fazer somente um dia que não nos víamos, tínhamos bastante coisa para conversar.

– Bom dia, Trici. Seu cabelo ficou legal.

– Bom dia e muito obrigada, Vanne. – falei, passando a mão pelas mechas repicadas – E o seu namorado, cadê? Achei que estariam inseparáveis a essa altura, já que agora você é um cara certinho e comprometido, né?

Giovanne riu envergonhado e ruborizou. Achei aquilo muito fofo para alguém que tinha o costume de deixar os outros sem graça com suas piadinhas.

– O Matheus amanheceu meio resfriado, então falei pra ele descansar. Vou passar na casa dele depois da aula.

– Aposto que foi por causa da chuva de ontem.

– Tá brincando que ele ficou lá no meio daquele temporal?!

– E quanto tempo mais ele ficaria se eu não tivesse chegado lá de guarda chuva.

– Sério, às vezes não entendo o que esse garoto pensa. Como é que fui gostar tanto de alguém tão cabeça oca?

– É que, justamente por ele ser bobo assim, acaba sendo charmoso. Pelo menos comigo foi assim, mas acho que você não quer ouvir essas coisas da ex dele, né?

– Se ela for minha melhor amiga, não vejo problema nenhum. – falou sorrindo e me olhando com cumplicidade, mas então, como se algo o deixasse aflito de repente, baixou o olhar e o sorriso sumiu por um momento de seus lábios. – Ainda posso te chamar assim, não é?

– Como assim, Vanne? – perguntei, sabendo exatamente o que ele queria dizer – Claro que pode.

– Você não tá se forçando a agir assim, né Patrícia? Não quero que a nossa amizade fique forçada ou com um clima estranho por minha culpa. Tá mesmo tudo bem?

Aquilo tocou meu coração. Giovanne ainda estava com medo de ter me magoado, de ter abalado a estrutura tão sólida daquela amizade de longa data. Lembrei do que Matheus falou quando terminou comigo, quando era ele quem sentia esse medo na pele, e não consegui pensar em nada melhor.

– É claro que tá tudo bem, afinal... – segurei seu queixo para que ele me olhasse e falei sorrindo – Você ainda é muito importante pra mim, Vanne.

Ele abriu um grande sorriso, me puxou para um abraço apertado e e murmurou um "obrigado" enquanto afagava minha cabeça. Cheguei a corar um pouco com aquele gesto tão carinhoso e incomum.

– Ah, chega disso! Aliás, me conta como foi com o Matt?

Juro que vi meu amigo quase virar um tomate de tão vermelho. Nem parecia o Giovanne travesso que muita gente conhecia. Devo ter pegado ele de surpresa com aquela pergunta, mas não estava nem aí. Eu queria saber

– Bem... – ele começou e, para meu azar, o sinal tocou – A aula já vai começar, Trici. Vamos entrar logo.

– Muito bem, então. – concordei, usando um tom de voz que significava "desafio aceito". Ele não conseguiria escapar por muito tempo. Não de mim.

Fomos nos sentar e o professor chegou em seguida. Giovanne podia ter sido salvo pelo gongo, mas nós dois sabíamos que três aulas não duram para sempre. Eu ainda tinha o intervalo de 30 minutos a meu favor. Quando o sinal tocou, não tive piedade e nem tinha porque ter. Pode parecer estranho, mas a nossa amizade era meio que movida a base de tortura psicológica e piadinhas sarcásticas, isso desde a infância.

– E então, vai ser do jeito fácil ou do difícil? – perguntei com um sorriso ameaçador – Decida.

– Ok! O que exatamente você quer saber?

– O Matt foi gentil com você?

– Foi – respondeu, corando mais uma vez – Tô achando até que eu é que fui meio bruto na hora... Por outro lado, ele se saiu melhor do que eu esperava. Trici, ele nunca... Fez daquele jeito com você?

Foi minha vez de ficar envergonhada.

– Bem... Não. A gente nunca variou muito, pra falar a verdade. E era sempre eu que tinha que tomar alguma iniciativa.

– Sério?! Ele nunca foi pra cima? – perguntou, surpreso. – Então o Matheus se saiu muito bem pra uma "primeira vez", porque foi ótimo! – falou um pouco exaltado e, então, começou a rir – Não acredito que eu disse isso!

– Que a noite foi ótima? Qual o problema? – perguntei, rindo também – Ele fez tudo o que eu mandei?

– Ah, você deu instruções pra ele, né? Se isso incluía contar que você tinha me dedurado e me beijar, considere muito bem feito.

– Também incluía "brincadeiras" no quarto e um pedido de namoro, mas acho que ele ia fazer isso de qualquer jeito.

– Você é doida, Trici. – disse, dando uma pequena gargalhada.

– Ah! Ele contou que eu vi o beijo de vocês lá no parque?

Depois de tanta descontração, tomei um susto ao ver Giovanne ficar pálido quase como se fosse desmaiar. Cobriu a boca com a costa da mão e desviou o olhar para baixo. Vi que a cor já voltava ao seu rosto e fiquei mais aliviada. Pelo visto, nosso ausente Matheus havia esquecido de mencionar esse pequeno detalhe, que só agora eu notava ser totalmente desnecessário. Eu não levava mesmo jeito algum com as palavras.

– Você viu aquilo?... Desculpe, Patrícia.

– Ah, Vanne, para com isso! – disse segurando sua mão – Eu já terminei com o Matheus e vocês estão juntos agora. É só o que importa

– É que na hora foio um choque pra mim. Eu me senti muito culpado, mas também feliz. Fiquei tão confuso...

– É... Achei que tinha ficado mesmo. Até mencionei isso pro... – falei enquanto dava uma bagunçada na franja dele, então meu celular tocou – Olha só! Esse não morre mais. – e atendi – Há, há! Como vai, querido?

– "Há, há" e "querido"... – Matheus repetiu, e notei sua voz um pouco fanhosa – Por que tenho certeza de que vocês estavam falando de mim?

– Porque você é muito inteligente e o costume é falar de quem não se encontra no momento. – respondi ironicamente – Soube que tiveram uma noite ótima e que você "brinca no quarto" melhor do que eu pensava.

– Trici! – Giovanne tentou me repreender, mas nem fiz caso.

– Mas o que esse garoto contou pra você?... – Matheus perguntou incrédulo.

– O que eu queria saber, oras! – falei como se fosse óbvio – Eu ia perguntar pra você, mas parece que foi mais fácil ficar doente e me enviar um sacrifício voluntário do que me encarar. É tão difícil assim contar como foi a ótima noite de loucuras amorosas?

– Trici, para com isso! – Giovanne cobria o rosto vermelho com as mãos.

– Sempre achei você meio tarada, sabia, Trici? – Matheus disse, e eu fiquei querendo muito ver a cara que ele estava fazendo.

– Você é que é certinho demais. – retruquei – Ou era, né?

Ficamos naquela conversa animada até o fim do intervalo. Depois de outras três aulas, fomos embora e eu nem tive chance de falar com a Bianca de novo – ela saiu mais cedo naquele dia. Contei para o Giovanne sobre o fim da relação dela com o Michel, enquanto voltávamos para casa e ele disse que foi até sorte não termos nos encontrado pelos corredores, já que nossas salas eram uma de frente para a outra. Mesmo assim, ainda havia o treino daquela tarde para me testar... Talvez, ignorando o Michel como sempre e me concentrando apenas em melhorar o meu tempo, eu conseguisse me manter racional o suficiente.

Apostando todas as minhas fichas nessa pequena teoria, voltei para a escola com a cara e a coragem.


Notas Finais


O que acharam do novo POV? A Trici é bem diferente do Matt, né? Vai entender como foi que eles conviveram como casal durante mais de um ano...
Espero que vocês, caros e raros leitores, voltem para mim e que eu não passe mais uma vida para atualizar isto aqui ^^'

"O importante é ser você"
Máscara - Pitty


Gostou da Fanfic? Compartilhe!

Gostou? Deixe seu Comentário!

Muitos usuários deixam de postar por falta de comentários, estimule o trabalho deles, deixando um comentário.

Para comentar e incentivar o autor, Cadastre-se ou Acesse sua Conta.


Carregando...