O escritório está vazio. Poucas vezes a secretária me oferece um café, mas nada muito empolgante. Os inúmeros processos empilhados à mesa permanecem intocáveis. Ora folheio um, ora fecho o dossiê, sem ousar ler uma palavra.
Minha mente está perdida. Por mais que eu tente lutar, todos os segundos, ela me leva de volta à tarde de ontem. Recordar-me da respiração quente de Shawn contra a minha pele causa arrepios; um tremor inexplicável percorre as minhas veias e entorpece meus músculos.
Uma simples lembrança é capaz de trazer o gosto daquele beijo breve. Fecho os olhos, apreciando o toque sutil do pensamento nostálgico. Solto um suspiro, na tentativa inútil de afastar o desejo.
Fingir estar no banheiro foi tortura. Tenho a sensação de que o filho de Cassie me imaginou fazendo necessidade, o que é extremamente constrangedor. Esperei a amiga retornar ao quarto para sair do de Shawn e agir como se nada tivesse acontecido. Não aguentei olhá-la nos olhos por muito tempo, sem que a culpa me corroesse.
Fui embora, não me despedi dele nem de ninguém. Sei que, só de encarar aquela imensidão castanha, eu perderia as forças e permitiria uma aproximação ainda mais perigosa. Balanço a cabeça, voltando a mente à sanidade. Liberto uma risada patética, como a vontade descabida de beijar um cara dezesseis anos mais novo.
Levanto-me, pegando os processos nos braços a fim de guarda-los no armário de arquivos. Dedilho as letras organizadas perfeitamente em ordem alfabética e encaixo um a um na gaveta larga. Assim que ajeito tudo, observo a escassez da sala. Vazio... como eu.
Totalmente diferente do quarto onde me escondi ontem: uma completa bagunça, do modo exato como ele deixou a minha vida.
Shawn. De novo. Afaste-se de mim, ideia insolente.
— Maggie, você é louca. — cicio a mim mesma. — Shawn é uma criança... com braços definidos e lábios macios, mas ainda uma criança.
Engulo em seco, cerrando os olhos outra vez. No instante em que me viro para a mesa, minha mão toca em um porta retrato, derrubando-o. O ruído titilante do vidro a rachar causa em mim um efeito imediato de pavor.
Escaldo-me para trás, assustada. Minhas mãos cobrem os ouvidos, bem como os orbes crispam ao se esmagarem. A reação, no entanto, é tardia e as memorias duras passam diante de meus olhos, como uma espécie de filme.
George pegava o vaso de porcelana e arremessava contra a parede. Os gritos rasgam meus tímpanos. Suas palavras rudes insistiam em esbravejar que a culpa era minha, que eu estava pedindo para ser traída. Afinal, para ele, “quem seria eu a me incomodar com algo tão comum? ”. Suas mãos firmes chacoalhando meus braços, com os olhos a cuspirem fogo. Chamas que me carbonizaram e transformaram-me nas mais frias cinzas.
“Não se meta. ”
“Por que estava olhando o meu celular? ”
“Só não enfio a mão na sua cara, porque não valeria a cadeia. ”
“Você tem que aceitar que não é mulher o suficiente para ser uma boa esposa. ”
“A culpa é sua! ”
Recolhendo as pernas próximas ao corpo, abraço meus joelhos e permito que as lágrimas a nascer escorram. Os berros persistem, do mesmo jeito que as espalmadas contra os moveis. Meu coração começa a pulsar apertado, como se algo o prensasse; sem mais forças e chances de protesto, solto, a abrigar toda a minha dor, um grito estrondoso.
— Sra. Harrods, está tudo bem? — em uma velocidade incrível, a porta do escritório é escancarada.
— Não. — liberto, com a mesma facilidade com a qual liberaria um soluço.
— Por que está no chão? — aproxima-se prontamente, estendendo-me a mão. — O que houve?
— Cha-chame um táxi. — gaguejo, ao fraquejar. — Eu preciso ir embora... por favor.
Ao se curvar para me ajudar a reerguer, ela me auxilia a andar e observa meu semblante de desespero. As órbitas azuis se franzem, a demonstrar a nítida surpresa em me ver neste estado. Com sua ajuda, sento-me na cadeira atrás da mesa.
Lenta e dolorosamente a agoniza consome pouco a pouco meu interior. As mãos tremem, o que resulta em um ardor ainda mais intenso nos meus olhos. Liberto outro grito e abaixo uma foto com George em Aspem. A angústia esmaga o coração de modo impiedoso. A cabeça, inclusive, aparenta pesar demais para o sustento do corpo.
— Sra. Harrods, o táxi está no térreo. — a voz de Anna me acode. — Quer que eu acompanhe a senhora?
Nego com a cabeça.
Gentilmente, ela abre a porta para mim; saio com as pernas bambeando. O vácuo no elevador me desespera, mas, ironicamente, conforta-me. Aqui estou a salvo da agressividade. A culpa, todavia, segue-me.
Se meus óvulos funcionassem como os das demais mulheres, minha vida não estaria banhada em mentiras e humilhação. Por mais que a mágoa de ser traída cresça a cada recordação, o motivo está em mim: a mulher defeituosa.
A porta metálica se abre, e vejo o motorista do táxi de pé, segurando educadamente a entrada para o banco de trás. Acomodo-me na superfície de couro e percebo as inúmeras informações bombardearem a minha mente.
— Bom dia, madame! — o moço me cumprimenta pelo espelho. — Aonde vamos, senhora?
— 182 Banbury Rd, por favor.
O carro dispara contra a rua vazia. Enquanto a paisagem muda na janela, a música escapando da rádio conversa com meu estado de espírito; ela me puxa mais para baixo, arrasta-me com vontade ao vazio. Algumas lágrimas fogem de meus olhos outra vez.
Todavia, o ritmo pleno e hostil cede a um forte e sedutor. Eu conheço a voz feminina instigante, ninguém menos que Beyoncé. A mulher sussurra as palavras sensualmente, tamanho poder ao ponto de me arrepiar.
— Minto. — digo ao motorista, assustando-o sem a menor intenção. — Vire à direita, por favor. — ele obedece prontamente. — Ali, logo a terceira casa, por favor. — o veículo para em frente a casa branca. — Muito obrigada!
Pego a primeira nota que carrego no bolso de trás da calça. Entrego ao homem proativo, sem ousar olhar a quantia e peço que fique com a diferença. Avoada, salto do carro e cambaleio pelo jardim perfeitamente esverdeado. Pelo vidro grande ao lado da porta, reparo que não há ninguém na sala de estar. Caminho pela lateral da casa rumo aos fundos, espiando, uma a uma, as janelas.
Na área da piscina, a empregada recolhe algumas folhas caídas sobre a água com uma peneira. Sorridente, ela me vê.
— Bom dia, sra. Harrods. A sra. Mendes ainda não chegou do trabalho... — interrompo-a, de modo educado.
— Sem problemas, volto em outra hora, então... — viro-me, arrasada. Segundos depois, retorno a olhá-la. — Trisha, está sozinha hoje?
— Não, eu estou em casa. — a voz rasgada de Shawn vem detrás de mim, provavelmente vinda da cozinha.
Uma corrente elétrica me choca, o que faz com que meus lábios se entreabram. Vagarosamente, giro em torno de mim mesma. O filho de Cassie está com uma blusa amarela. Amarelo é uma péssima cor para pessoas muito pálidas, como ele, mas, por mais estranho que soe, serve-lhe perfeitamente bem. Odeio admitir, esse garoto é bonito.
— Estou preparando um lanche. — gesticula, a apontar para dentro com o polegar. — Quer entrar enquanto aguarda a minha mãe?
Assinto, timidamente. Seguindo-o para dentro. Aceno para a moça ao redor da piscina e entro pela porta dos fundos. Embora eu não emita nenhum som, meu interior grita em extrema ansiedade. Não sei explicar o que acontece comigo, mas é uma sensação diferente.
— Quer comer alguma coisa? — mesmo que suas palavras cheguem aos meus ouvidos, sou incapaz de filtrá-las.
A sobrancelha castanha e bagunçada se ergue, despertando-me do breve devaneio. Sem pensar, relato:
— Café.
— Boa escolha! Faço um café com canela sensacional... — interrompo-o.
— Odeio canela.
Chocado, ruma em silêncio à máquina da Nespresso. Abre o gaveteiro de madeira e fisga uma cápsula com café puro. Encaixa no espaço correto e dá início ao processo.
Enquanto a bebida é preparada, Shawn monta seu sanduíche. Observo-o atentamente. Pão de ciabatta, queijo branco e azeite. Ele preza pela saúde, o que é totalmente justificável ao corpo atlético.
— Só pão com queijo? — crispa os lábios com minha reprovação. — Coloque um tomate, ficará como uma bruschetta... — ele me interrompe.
— Odeio tomate.
Solto uma risada baixinha.
Preenchido de gentileza, o filho de Cassie serve uma xícara pequenina com a dose de café e entrega-me. Agradeço com um balançar de cabeça e bebo o líquido quente sem me importar com a alta temperatura. Porém, antes que eu termine a bebida, o sanduíche é devorado por completo.
— Estou me arrumando para ir à faculdade, você me acompanha até o quarto? — convida, ao abrir a geladeira e pegar uma garrafa com suco de laranja.
Largo o café a terminar sobre a bancada de mármore e, sem verbalizar, caminho até o lugar onde perdi minha sanidade ontem à tarde. Honestamente, exatamente aonde queria ir agora.
Assim que ele abre a porta, o cheiro estranho invade as minhas narinas mais uma vez. Entro e sento-me na beirada da cama. O quarto está uma zona, bem como no dia anterior. Atentamente, começo a analisar cada detalhe do cômodo fedido.
Há pôsteres nas paredes de artistas que nunca nem ouvi falar. Percebo algumas medalhas e troféus sobre as prateleiras em meio a uns carrinhos, provavelmente da infância. Próximo ao armário, uma foto grande de um time de basquete. Shawn está no centro a erguer uma enorme taça dourada. Logo embaixo, um violão simplório.
— Você joga basquete? Esse cheiro horroroso vem das suas meias? — indago sem escolher as palavras mais sutis.
— Sim, tenho bolsa na Humber porque sou do time da faculdade. — afirmo com a cabeça. — Desculpe-me por perguntar... — ele abre a garrafinha e dá um gole no suco — o que você veio fazer aqui? Sabe que minha mãe trabalha a essa hora.
Coagida, levanto-me em um só pulo e cubro os lábios com a mão. Busco coragem em alguma parte de mim. Contudo, com minha pouca bravura, fujo da resposta.
— Surtei no trabalho. — fecho os olhos. — Eu precisava de alguém... pensei em você. — confesso, a abri-los.
Shawn pousa a garrafa sobre a escrivaninha lotada de roupas e dá um passo à frente, com as sobrancelhas elevadas. Meu coração outrora esmagado pulsa de forma acelerada.
— Ontem você me disse umas coisas... — tento formular uma frase. — Pode as repetir?
— Quais?
— Algo sobre eu ser... — minhas bochechas fervem de vergonha — incrível.
— Maggie, você não pode virar dependente dos meus elogios. — suas palavras me estapeiam. — Você mesma tem que se olhar no espelho e achar incrível.
Engulo em seco. Ele continua a tomar proximidade. Inclinando o rosto para perto do meu, estaciona os lábios na altura de meu ouvido, onde sussurra:
— Mas não se preocupe, posso lhe relembrar do quão incrível é quantas vezes forem precisas. — estremeço com o toque cálido.
Olho em seus olhos, em outro ato súbito de coragem. O castanho no castanho. Nossos tons se misturando. Uma cor tão comum com algo a mais, ele não me olha; enxerga através de mim.
— Sha-Shawn — gaguejo, vulnerável —, ontem você fez uma coisa com o meu lábio...
— ... um beijo? — balanço a cabeça em afirmação.
— É. — desvio o olhar banhado de timidez ao chão. — Acho que pode ajudar.
Antes que eu possa reerguer meu olhar, a mão grande e máscula do garoto segura em meu maxilar. Meus olhos se fecham, obrigados pela sensação gostosa que me percorre no simples encontro de lábios. Como da outra vez, ele pede permissão com a língua, e abro passagem.
Pouso minhas mãos, uma nos cabelos acastanhados e a outra na nuca pálida. Percebo minha cintura ser puxada para mais perto dele pelos dedos sábios de Shawn. Nossos corpos grudam, exatamente como nossas bocas estão. Ao contrário de ontem, o gosto deste beijo é peculiar.
O café na laranja. A laranja no café. Um sabor misturando no outro, assim como nossos tons de castanhos em uma mísera troca de olhares. O mais engraçado disso é assumir que este se torna meu palato predileto.
Meus pulmões gritam silenciosamente por ar, e, cedendo a eles, encaixo-me ainda mais no filho de Cassie. Uma mão do garoto invade meus fios loiros, a embrenhar os dedos e puxá-los do modo mais controverso possível: agressivo e delicado ao mesmo tempo. Perco completamente as forças de meu corpo, amolecendo-me a cada toque.
Como se ele pudesse ouvir o berro quieto de meu interior, Shawn separa nossos lábios, com o inferior refém de seus dentes perfeitamente alinhados. O ar me escapa com sofreguidão. O filho de minha amiga ruma o rosto à curva de meu pescoço e toma a região para si, depositando um beijo úmido e quente capaz de me enlouquecer.
Em forma de resposta, minhas pernas têm dificuldade de me manterem de pé. Minhas unhas arranham delicadamente a nuca e os ombros, enquanto a língua fervente aquece de modo sorrateiro toda extensão do pescoço. Contorço-me de maneira involuntária sob seus cuidados, principalmente, quando os lábios sobem à orelha.
— Shawn... — afasto meu rosto brevemente —, acho que estamos indo longe demais.
— Até onde quer ir?
A pouca distância de seus lábios da minha pele é torturante. Meu coração desespera. De súbito, antes que eu formule alguma resposta digna, o desejo fala mais alto:
— Até o fim.
A sobrancelha castanha se eleva, porém, em questão de segundos, seus lábios se comprimem em um sorriso malicioso. Sem esperar por uma atitude dele, enfio minhas mãos em seus cabelos e trago os lábios rosados de volta para os meus.
Ainda mais ávido que das outras vezes, nosso beijo é voraz. As faíscas silenciosas escapando dos corpos são responsáveis pelo incêndio em meu interior. Exploro todos os cantos da boca do rapaz e percebo que o gosto de suco se foi, restando apenas o dele, aquele do qual senti sede mais cedo.
Shawn desce, antes que eu me dê conta, ambas as mãos para as minhas pernas e ergue-me. Ciente de seu interesse, enrosco minhas pernas ao redor da cintura. Nossos corpos se aproximam ainda mais, a única distância entre nós é a de nossas roupas. Cambaleante e afoitamente, ele carrega até a cama desarrumada e deita-me, ficando sobre mim.
Escorrego uma das mãos pelas costas até alcançar a barra da camisa amarela e passo-a para dentro da roupa, a depositar um arranhão. Como se imitasse meus movimentos, ele passeia livremente com as mãos pelas minhas curvas, esmagando de modo torturante a minha coxa.
Ora ou outra noto seu corpo ser pressionado contra o meu, o que mais me parece um banho de gasolina na região incendiada, alastrando ainda mais as chamas em mim. Desta vez, eu quem abandono os lábios para seguir ao pescoço.
No ato ligeiro, percebo que há duas pintinhas delicadas na lateral da região. A pele pálida contrasta com as pequenas bolinhas. Encantada com a genuinidade, miro os toques com os lábios nas marcas de nascença. Sugo-as com cuidado e comemoro, sem emitir som, o arrepio que lhe causo.
Os dedos turistas partem para os botões de minha camisa e, um a um, desabotoam. Percebo um frescor tocar meu colo e a barriga. Meu estômago revira com o bater das asas de borboletas por ali. Shawn aproveita a lonjura de nossas bocas e aquece a região recém despida com os lábios.
O roçar sutil contra minha pele é instigante. Todavia, não se compara a angústia que é a brincadeira de seus dedos com a alça do sutiã, enquanto os beijos são distribuídos por toda extensão de meu colo. Com o polegar, ele saca um dos mamilos para fora e, antes que o frio possa tocá-lo, cobre-o.
Solto um gemido, ao sentir deslize lento ao redor e as sucções traiçoeiras. Para não deixar o seio ao lado com ciúmes, Shawn se preocupa em massageá-lo. Ansiosa, levo a mão às costas e abro o fecho do sutiã inconveniente.
Quando o tecido se despede de mim, o filho de Cassie abre um sorriso e observa os desenhos de peras. Sem se decidir de qual dos dois gosta mais, ele reveza seus cuidados. Ora num, ora noutro. A cada indecisão, mais vulnerável me sinto.
Seus lábios retornam aos meus, mas as mãos insistem em descer. Ao mesmo tempo que a emoção grita em comemoração por eu estar prestes a transar com um homem à flor da idade, a razão esbraveja a reprovação deste rapaz ser o filho da melhor amiga. Infelizmente, sempre fui uma mulher de extremo emocional, ademais, ele faz tudo com muito zelo para ser interrompido.
O período do conflito interno é o necessário para que a minha calça esteja aberta. A escassez de jeans faz com que seu volume fique ainda mais perceptível. Solto uma risada baixa entre o beijo e empurro a própria calça para baixo. Ele quem ri agora, apreciando minha iniciativa.
Rompendo o beijo, Shawn afasta nossos corpos e senta-se entre as minhas pernas. Os dedos desafivelam uma sandália de cada vez e abandonam-nas sobre o chão. Às pressas, arrasta a calça e retira-a por completo.
Encaro seus olhos castanhos em chamas. Ele ferve tanto quanto eu. O garoto retorna para cima, no entanto, ao invés de me beijar, ocupa os lábios na minha orelha. O calor da língua contra a cartilagem gélida é alucinante. Liberto outra arfada.
De supetão, o trajeto dos beiços é descendente. Retornando ao colo, aos seios e, a acrescentar, à barriga. Contudo, assim que o fervor de sua respiração alcança o elástico de minha calcinha, hesito, encolhendo o quadril.
— O que está fazendo? — disparo, um tanto ríspida.
Ele ri, fazendo menção ao óbvio.
— Não precisa.
— Por quê? — seu semblante expressa confusão. — Você não gosta?
Não estou acostumada com isso, nem sequer me depilei. Céus! Que vergonha. Suspiro, procurando as palavras.
— Não... não sei. — confesso.
— Nunca lhe fizeram isso antes? — entreabro os lábios, mas nenhuma palavra sai. — Sério?
Engulo em seco, com as bochechas a ferverem de vergonha.
— Já, claro que sim... fui casada por muitos anos. Óbvio que já... foram aí. — reviro os olhos. — Eu é que não ligo, sem contar que homem nenhum gosta disso, então nem se preocupe.
— Eu gosto.
A lateral de meus lábios se estica em um sorriso contido.
— Pode tentar, se quiser... se eu não me sentir à vontade, você para. — sugiro.
— Não quero que você faça nada "porque eu quero". — sorrio ainda mais amplamente. — Acredito que já tenha obedecido demais, isso é errado. Tem que fazer o que quiser.
— Shawn, eu quero.
Seu olhar me pergunta se tenho certeza. Com a cabeça, afirmo. Deixo que outro sorriso tímido me escape. Observo-o preencher o peito em triunfo e tocar minha coxa com os lábios. Estremeço brevemente com a lufada fervorosa.
Meus olhos castanhos percorrem o teto branco, ao mesmo tempo em que o rapaz deposita mais beijos na região interna. Ele afasta ligeiramente as minhas pernas, a melhorar seu acesso. Engulo em seco, contendo a ansiedade e solto um suspiro ruidoso, no instante em que minha calcinha é puxada para baixo.
O frescor do quarto alcança a minha intimidade, o que faz com que eu trema um pouco. Os lábios febris insistem em galgar as pernas até que, intencionalmente, estacionem na minha entrada. Contorço-me entre os lençóis escuros.
Lenta e carinhosamente, a língua desenha meu formato arredondado, a aquecer toda a região com sua respiração trôpega. O coração entre meus pulmões inicia uma dança desesperada, bombeando mais chamas pelas artérias.
Minhas mãos invadem os fios acastanhados de Shawn e os dedos se emaranham ali. Encarando o filho de Cassie, percebo o quão dedicado em me levar à loucura está. E está conseguindo. Os lábios sobem um pouco a mais, a pousar na região mais sensível, onde desliza a língua de forma ainda mais torturante.
No ínfimo instante em que um de seus dedos me preenche, enquanto seus lábios se ocupam a área delicada, arqueio as minhas costas, a libertar um gemido extremamente alto. Os lábios de Shawn sorriem rente a mim e continuam o serviço.
A cada movimento preciso, tanto com a boca quanto com o dedo, mais e mais gemidos fogem de minha garganta. O sangue formiga nas veias, carbonizando de vez cada parte de mim. Posso perceber minhas cinzas emanarem ao espaço, junto às sensações ruins de mais cedo.
Estranhamente, quando uma sucção é feita na minha região sensível, minhas pernas bambeiam inquietamente. Os gritos baixos se interrompem com a respiração falha. Minha intimidade contrai e relaxa intensamente. O suor me foge em questão de segundos, e, acompanhada de um murmuro irreconhecível, minha coluna forma um arco outra vez com o clímax.
De modo instintivo, todas as forças de meu corpo se vão. Retorno ao colchão do espaço, ressurgindo das cinzas como uma fênix. Meu peito se eleva e murcha. Meu rosto sorri involuntariamente. Com o canto dos olhos, espio a feição satisfeita de Shawn.
— Céus! — é tudo que consigo dizer em meio à exaustão. — O que foi isso?
O filho de Cassie retira a camisa amarela e atira-a no chão. Debruçando-se sobre mim, ele aproxima nossos rostos outra vez. Suas bochechas alvas estão rosadas com o cansaço, o que lhe deixa ainda mais atraente.
— Só o começo. — rebate, a grudar seus lábios nos meus.
Abraço sua cintura com as pernas, pressionando o tronco musculoso contra mim. Nunca tinha sentido um corpo tão robusto. Contra a minha barriga, posso notar a ausência de pelos costumeiros. Minhas mãos percorrem as costas brancas de Shawn, a deixar arranhões por toda a extensão.
Separo nossos lábios e tomo as pintinhas para mim mais uma vez. As mãos do rapaz dedilham a minha cintura, a me causar uns arrepios. Sua boca desce ao meu colo novamente. Enquanto a língua ocupa um de meus seios, preocupo-me em abrir o zíper da calça jeans escura. Com o calcanhar, arrasto a peça para baixo aos poucos.
Sua ereção escapa o elástico da cueca. Surpreendo-me com o tamanho, mas disfarço o temor. Afinal, Shawn é alto e magro, era de se esperar que fosse bem-dotado. A coloração é ainda mais rosada que a das bochechas. Nunca tinha visto algo tão bonito assim.
A fim de esconder meu fascínio, envolvo de mau jeito a intimidade a pulsar em uma das mãos; faço uns movimentos desconexos, e, para minha surpresa, ele aparenta gostar. Retornando os lábios aos meus, ele os sela e sorri.
— Pegarei a camisinha, um instante.
Seu braço ruma a gaveta no criado mudo e captura um pacotinho de preservativos. Shawn se ajoelha entre as minhas pernas. Observo-o rasgar com os dentes e posiciona-lo na ereção. Abro um sorriso no rosto, satisfeita com cada um de seus movimentos.
— Nunca usei isso antes. — confidencio. — Posso fazer uma coisa que eu vi uma vez?
— O quê? Pode, mas tome cuidado.
Curvo-me brevemente, a deixar meu rosto na altura de sua intimidade. Prenso o preservativo nos lábios e apoio-o no topo do membro enrijecido. O calor de minha respiração contra seu volume lhe faz arfar. Com a mão, desenrolo o látex por toda extensão. Tombo-me para trás, deitando de novo.
— Tem certeza de que nunca usou camisinha antes? — debocha, com um sorriso sacana nos lábios.
Achegando nossos rostos, seu tronco gruda no meu. No instante em que nossas bocas colam mais uma vez, Shawn me preenche devagar. Entreabro os lábios com a dor. Meu corpo se acomoda em seu tamanho aos poucos. Como se aguardasse este momento, ele respeita meu tempo e movimenta-se lenta e cuidadosamente.
Conforme meu espaço se torna dele, as estocadas começam a se aprofundar. O mesmo frenesi das chamas de minutos atrás retorna. Minhas unhas fincam na pele alva das costas e arranham-na no mesmo ritmo das investidas. Os lábios de Shawn soltam o ar descompensado na altura de meu ouvido.
Deslizo as mãos para o traseiro arredondado do garoto e puxo-o ainda mais para mim. O choque de nossos corpos um contra o outro provoca ruídos quase tão audíveis quanto nossos gemidos uníssonos. Gotículas de suor se fazem presentes em nossas peles, misturando nossos cheiros como os gostos ainda mais cedo.
As pequenas explosões em meu interior se tornam frequentes. O fervor circula pelas artérias, alastrando as faíscas para cada uma de minhas células. Posso afirmar que também há um incêndio no interior do filho de Cassie. O tom rubor das bochechas se supera a cada segundo, com os primeiros sinais da exaustão.
Pergunto a mim mesma se é menos sexy assumir que Shawn fica terrivelmente fofo quando está corado, pois, a esta altura, qualquer coisa referente a ele me aparenta sensual.
Nossos corpos tomados por suor grudam e soltam uns barulhos com o atrito. As estrelas já formam as minhas melhores amigas. Como se estivesse sob efeito de uma droga, estou completamente entorpecida. Minhas mãos desenham linhas perfeitas nas costas de Shawn, enquanto meus dentes cravam no ombro para conter os gritos baixos do ápice a se aproximar.
— Estou quase lá. — cicia em desabafo.
Posso até notar um timbre frustrado por não resistir muito tempo. Nada pode me deixar mais satisfeita que ficar, um segundo sequer, agarrada a ele. Não há motivo para frustração. Shawn me levou a um mundo desconhecido. Nunca estive perto de um orgasmo e, neste instante, estou chegando ao segundo.
— Pode ir. — ele ergue uma das sobrancelhas. — Também estou perto. — minhas palavras o reanimam.
O ritmo contínuo e firme das estocadas provocam mais derrame de lava sob a pele, carbonizando de vez o que restava de sanidade em mim. Com a panturrilha, pressiono seu corpo contra o meu e a mínima distância existente se extingue, a fazer com que eu o sinta em meu fundo, aonde ninguém mais foi.
Minhas mãos buscam forças nos lençóis, agarrando-os nos dedos. A garganta libera o último gemido, o qual se mistura à urrada rouca, quando alcançamos o limite ao mesmo tempo e relaxamos instantaneamente.
Enfraquecido, Shawn tomba sobre mim, a pousar o rosto rosa por completo no intervalo entre meus seios. Meu colo se eleva e murcha sob os comandos desesperados dos pulmões. Minhas mãos invadem os fios acastanhados e acariciam-nos. Seus olhos de tom amarronzado me observam; sem muita força habitante, o que nos resta é sorrir.
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