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História Real and True - Butterflies


Escrita por: flavia1162

Capítulo 2 - Butterflies


Entro finalmente no Avião muitos ainda estão arrumando suas malas menores, em um porta bagagem que fica bem a cima das poltronas.

Sento-me, e um garoto moreno alto, passa bem ao meu lado, ele tem uma feição um pouco assustada, ele senta na outra fileira, a duas poltronas atrás da minha, coloca uma mala pequena na parte de cima, sem nenhum esforço, já eu tive de ficar nas pontas dos pés. Enquanto observo o que ele faz, enfim se senta, e outra pessoa passa no corredorzinho entre nós, ele me flagra, e eu volto a olhar pra frente.
 Alguma coisa naquele garoto me deixou assustada, vê maldade em seus olhos, mas ainda assim não senti medo.

O tempo passa, eu me sinto cada vez mais entediada, o Avião esta decolando a 20 minutos mas se parecem horas, se ao menos eu estivesse ao lado da janela, a viagem seria mais interessante .

Começo a pensar sobre os acontecimentos recentes, meus pais se separando, minha mãe com outro cara, eu sendo expulsa do colégio e literalmente indo embora. Nunca tive tanto problema com minha família, claro que estou falando da parte dos meus pais, porque eu sou a maluca da família então, sim tenho problemas com os parentes.. Mas meus pais pareciam se dar bem.  Até que meu pai se tornou um viciado em drogas, na verdade acho que as coisas dão errado desde que nasci.

Se pensar em tudo a minha volta, parece que as coisas sempre desmoronam e às vezes parece ate exagero dizer que sinto como se estivesse em um prédio alto e todas as coisas que seguro em minhas mãos caíram por terra, meu relacionamento com minha mãe, o otário do meu ex que me traiu com a vagabunda da vizinha, e meu pai com overdose. Parece que tudo cai pelos ares, só falta eu.

Acho que tudo que faço de errado é consequência de tudo que passei, talvez se as coisas não descem tão erradas eu seria mais ‘cabeça’, ou talvez não, afinal, eu já nasci errada. Tenho 17 anos, tomo remédios pra distúrbio mental há 11 anos. Essa não é uma doença simples, obvio, esta bem distante de ser simples, alguns chamam de loucura, mas no sentido ruim, claro.

Quando tinha 9 anos zombaram de mim pela primeira vez na escola, os remédios que tomava naquela época, eram dentre o horário de aula, então a professora que me mandava tomar. Mas um dia um garoto descobriu que eram pra distúrbio psíquico e espalhou pela escola toda que tinha uma demente, retardada na terceira serie e que eu mataria todo mundo.
Então bati nele, nunca tive medo dos valentões, pirralhos ou as patricinhas que me perturbavam no colégio. Mas acabei sendo suspensa.

Em geral a maioria das vezes em que fui expulsa ou levei suspensão, foi por causa disso, bom teve uma vez em que estudei em um colégio de freira, na 8ª serie, eu tinha que dormi lá e as freiras me faziam engolir os remédios goela abaixo, até que me revoltei, e em um final de semana na casa de meus pais eu roubei  4 caixinhas de tic tac do mercado, e levei para o colégio, joguei quase todos os remédios pela janela, afinal vai saber se alguém revistaria os lixos, lembro que deixei 2 compridos em uma sacolinha de baixo do travesseiro, eu tinha medo do que poderia acontecer, eu não queria matar ninguém, apesar de isso ser patético, pensando agora, mas eu achava que seria capaz disso, já que todos diziam que eu acabaria matando alguém. E no fim os efeitos dos remédios começaram a fazer falta, não fazia mais a lição e não falava com as pessoas, encarava a professora durante a aula inteira sem me mover, parecia que não existia, é difícil dizer o que pensava naqueles dias, por que eu não raciocinava e agia por total impulso.
Quando tirei 0 na prova e a freira ficou ciente de meu comportamento na ultima semana ficou tão brava que gritou e me pôs de castigo de joelhos no milho, foi a pior coisa que já senti fisicamente. Depois fiquei tão irada que dei um jeito de entrar na cozinha disfarçada durante a noite, e sabia que os pratos do dia seguinte já estavam prontos, e sabia que o prato da freira era diferente feito em uma porção individual, enquanto dos alunos eram posto nas formas ou bandejas para que se servissem. Então tirei a meia esfera de metal que cobria o prato dela, e troquei por fígado cru. Sei que foi maldade, mas no dia seguinte quando tudo aconteceu, eu não me lembrava de que havia feito aquilo, e descobriram pela barra de minha manga, que havia sujado com o sangue e o cheiro terrível.

Depois disso minha mãe foi proibida de frequentar a igreja daquelas freiras. Graças a quem? Presente!!

Ela nunca vai admitir, eu sei que me ama, mas sei que tornei a vida dela um inferno. Minha mãe não merecia tudo isso, é tão injusto, as pessoas querem tudo que não podem ter. Tudo que eu queria era ser normal, enquanto estes querem se tornar especiais de alguma forma.

De repente, meus ouvido se tampam, sinto alguma coisa subindo pela minha garganta, parece borboletas subindo do meu estomago, consigo ouvir as asas batendo, sinto como se o avião estivesse virando e então solto o sinto e cambaleio parece que estou voando com as asas do avião, parece que tem borboletas dentro da minha mente. Começo a chacoalhar a cabeça loucamente, até que por fim perco o equilíbrio, caindo pra traz, percebo que não me choquei contra o chão, mas o susto de quase ter caído, fez eu voltar a realidade, eu estava nós braços de alguém enquanto uma aeromoça me socorria e me puxava pelo braço.

“a senhorita esta bem?”

O espaço esta cercado de vozes dizendo coisas como: ‘O que aconteceu?’ ‘Ela esta bem?’ ‘Que garota louca!’ ‘ela é maluca. ’

Olhei atenta em volta, estou assustada, meus olhos estão arregalados, ao perceber tudo que acabou de acontecer, as palavras ‘maluca e louca’ ecoam em minha mente, não acredito que aconteceu de novo. Quando olho pra trás, vejo quem havia me segurado para que não caísse no chão, o garoto a duas poltronas da minha na segunda fileira. Sua expressão era apreensiva, mas seus olhos estava atentos em meu rosto, quase como se estivesse tentando decifrar meu próximo ato. O avião tem uma pequena turbulência, e logo se estabiliza, atrás do garoto vejo um porta escrito ‘banheiro’ em 2 línguas, impulsivamente peguei minha bolsa e fui ate lá. Tentei parecer o mais normal possível.

“Desculpem-me, estou bem” então fui rapidamente para o banheiro.



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