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História Real and True - Four - Stars


Escrita por: flavia1162

Capítulo 4 - Four - Stars


Ouço uma movimentação atrás da porta do banheiro, olho em direção a mesma, e vejo sombras de pés em baixo da porta. Fecho a lamina em minha mão, e coloco o braço atrás das costas, eu vou até a porta, coloco o ouvido encostado, pra ver se consigo alguma informação, o que não adianta, então giro a trava e puxo a porta, revelando quem ali estava.

Aquele garoto. Fiquei surpresa, ele tinha os olhos atentos, nos encaramos por alguns segundos sem dizer uma palavra, sua respiração estava acelerada, e parecia diminuir a cada expiração. Seus cabelos bagunçados, ele era alto, usava roupas simples, mas isso parecia o tornar ainda mais bonito.

“Vem comigo, um instante.”

Ele seguiu pela minha direita, olhei em volta apreensiva, então o acompanhei. Não fazia ideia a onde ele estava indo, mas eu obviamente não tinha nada melhor pra fazer.

Passamos por trás das fileiras de poltronas, andamos devagar, com poucos movimentos, passamos despercebidos pelas pessoas, a maioria lia algum romance, ou dormia. Meus cabelos caiam sobre a lateral do meu rosto, tampando um pouco a minha vista dos lados. Aproximei-me dele e perguntei:

“Onde estamos indo?” Falei inclinando o rosto, para ver o rosto dele, que parecia sempre demonstrar uma ambição, por algo a mais. E ao mesmo tempo parecia tão calmo e paciente.

Ele se virou pra mim, sem fazer se quer um barulho, me pegou de surpresa e segurou em meus braços, pouco abaixo dos ombros, ele não fez força, não me machucou, mas me segurava com firmeza.

“Não tem medo de mim, não é?”

Ele olhou tão fundo em meus olhos que cheguei a ficar assustada, mas não era medo, reconheceria se fosse.

“Não tenho.” Afirmei.

Ele deslizou uma mão pelo meu braço, então me lembrei que ainda segurava a lamina, e que tinha me machucado um pouco, mas não cheguei a me cortar.
Ele virou meu pulso, em seguida abriu minha mão, olhando para a lamina. Ele parecia calmo, mas ao mesmo tempo tinha uma firmeza, que me impedia de ao menos tentar tirar meu braço de suas mãos.

“Quer mesmo se matar apenas porque esta no céu? Se quisesse se matar poderia ao menos ter economizado o dinheiro da passagem.”

 “O que? Perai. Como é que é? Qual é o seu prob...”
Ele cobre minha boca.

“Shhhi, Você não precisa de mais atenção por hoje.”

Olhei feio pra ele, mas podia ver que ele estava sorrindo, parecia mais uma brincadeira sarcástica, mas eu não gostei nenhum pouco, não dei essa intimidade! Ele vira de costas e continua andando, mas logo percebe que eu não o acompanho.

“Vai me dizer pra onde vamos primeiro?.”

Um homem e uma mulher olham pra gente de suas poltronas.

“Estamos em um avião acha que eu vou te levar pra uma floresta e te matar?! Anda logo”

Por fim me convenceu, eu realmente não poderia chamar mais atenção. Apertei o passo, para alcança-lo novamente.

Viramos em um corredor estreito vazio a esquerda, e no fim dele entramos na penúltima porta. Estava escuro, apenas havia a iluminação de três janelas pequenas, também estava frio, na verdade acho que aquela era a temperatura normal, só não estávamos sentindo por causa dos aquecedores. Puxo as mangas da minha blusa para me cobrir. Aquele lugar parecia ótimo, tinha algumas bagagens empilhadas, não faço ideia de quem é essas coisas, talvez dos funcionários, ou sei lá.

“Por que estamos aqui?”

“Eu já pretendia ficar aqui durante a viagem, mas achei que você também precisa ficar longe daquelas pessoas.”

É, não é uma má ideia! “Você tem autorização para estar aqui?” Pergunto.

“Na verdade não, mas eles não vão conseguir saber que estou aqui, eu mexi no sistema dos assentos, cada um deles tem um sensor e diz se a pessoa esta sentada ou não, nossos assentos dizem que estamos lá agora”.

Meu sorriso aparece, sem que eu perceba, gosto de pessoas inteligentes.

“Isto é .. legal” Admito.

Olho para as janelas e vejo que já esta bem escuro, na verdade, parece que estamos nos afastando do sol, além dele já estar se pondo, o que faz escurecer ainda mais rápido, ou talvez isso seja loucura de dizer. Vou até as janelas, quase não posso ver as luzes da cidade de tão alto que estamos,  mas as estrelas são com certeza lindas.
Ele vai para outra janela do meu lado, e eu me lembro de que não nós conhecemos.

“Eu sou Alice!”

“Lucas!” Ele diz e levanta a mão, quase como se responde-se a chamada na escola.

Sorri! Eu estava tão exausta, só queria dormir, aqui parecia muito melhor do que no meio daquelas pessoas.

Não consigo segurar um bocejo.

“Está cansada?”

Digo que não, mas em seguida vem outro bocejo, merda, mas ele apenas sorri. Eu não quero dormir agora, quero conversar.

“Você pode ficar aqui se quiser.” Ele diz apreensivo, pensando no que eu responderia, talvez.

“Não quero dormir agora”.. Ele acente com a cabeça, e eu pergunto “Pra onde esta indo?”

“Estou voltando para casa, não é uma historia muito interessante!”

Percebo que ele fica incomodado, obviamente não quer falar sobre isso, e eu não vou ficar perguntando, mal nós conhecemos, mas na verdade parece que ele me conhece bem.

“Hmm!” Vou até uma mesinha com uma lâmpada em um abajur pequeno quebrado, não tinha nem mesmo a parte que cobria a lâmpada, com algumas batidas ela finalmente se acende embora eu saiba que não por muito tempo.

Ele levanta as mãos, surpresos. “Como conseguiu?”

“Eu.. não sei, só, sei lá.” Não sabia como explicar que tinha ligado a lâmpada com umas batidinhas, porque aquilo não tinha lógica. Acho que ele já tentou liga-la, sem sucesso.

Ele deu um riso pequeno, e eu volto minha atenção para a cômoda agora iluminada, vejo um jogo de cartas, pego, e pergunto a ele mostrando o jogo na mão.

“É isso que faz no tempo livre?” Solto uma risada.

“Bom, eu tento me distrair.”

“E você, o que faz pra se distrair?” Percebo o rumo que a conversa foi levando.

“Não muita coisa.”

“Qual é o seu distúrbio?” Ele pergunta se aproximando, eu sento no chão com as pernas cruzadas e mexo nas cartas.

“O medico ainda não sabe, ele diz que é uma paranoia, mas com alguns sintomas distintos. Por que?”

“Foi.. ruim ver você passar por aquilo.” Levo o olhar ate ele, que parece um pouco desconfortável.

“Eu não quero falar sobre isso.”

Ele concorda.

“E para onde você vai?”  pergunta.

Sorriu.. “Bom é uma historia um pouco engraçada.”

Eu já havia começado a ver as coisas que aconteciam comigo com sarcasmo, realmente depois de um tempo as coisas parecem mais engraçadas quando você conta elas as pessoas. Embora eu não faça muito isso.

Nós conversamos por um bom tempo, E rimos de algumas coisas idiotas que já passamos,  enquanto eu remexia e mexia nas cartas, parecia que o assunto não acabaria tão cedo.

“hahaha, sabe acho que cheguei a conclusão de que se essas pessoas.. Se o mundo acha que tudo que fazem é normal, então eu prefiro ser louco” Ele diz depois de rir sobre o assunto.

Pensei nisso or alguns segundos. “É, acho que eu também.” Sorriu e nós encaramos por poucos segundos ate eu bocejar novamente. “Acho que vou voltar pra lá, e não quero arranjar problemas, não estou duvidando das suas parafernálias” Sorriu “Mas eu costumo atrair os problemas então, melhor eu dormir lá mesmo” Me levanto.

“Fique, eu não vou te machucar.” Ele olhava para o chão á frente, sem inclinar o pescoço para baixo.

Ele tinha entendido errado. Eu não iria sair porque achava que ele fosse me machucar ou coisa do tipo.

“Eu não.. não acho que vá fazer isso.”

Ele olha pra mim. ”Então fique.”

Respiro fundo, mas silencio minha respiração, afirmo com a cabeça, e ele sorri, não havia malicia no seu sorriso.

Ele se levanta e pega outro colchão, atrás de um armário baixo cheio de malas em cima e põe do outro lado do quartinho. Observo-o e seguro meu braço em frente ao quadril. Vou ate o colchão, e sorriu pra ele.

“Obrigada.” Parecia que estávamos evitando as palavras, ele havia mudado seu comportamento, estava como antes, quando falou comigo na porta do banheiro.

“Durma bem” Ele diz por fim e apaga o abajur.

Deito no colchão, e por uns minutos penso no que aconteceu, mas logo apago, Estou exausta.


Notas Finais


Espero que gostem, até a semana que vem! bjos <3 ~~comentem.


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