História Real and True - Kiss

Acordei era umas 7 horas e agradeci mentalmente por um novo dia ter começado e aquela noite finalmente acabara, talvez consiga uma ideia mais clara do que pode ter acontecido.

Mexo-me um pouco e sinto o peso do braço de Jason encima da minha barriga, fiquei um pouco surpresa mas não era uma posição ‘romântica’ ou coisa assim, ele estava deitado pra baixo e eu virada pra cima, pude ver metade do seu rosto enterrado no travesseiro, estávamos realmente muito desconfortáveis.

Eu sabia que as aeromoças iriam servir o café da manha em breve, então achei melhor acorda-lo pra voltarmos logo, e dessa vez vou voltar mesmo.

“Hey.” O chacoalhei devagar “Acorde, vamos.” Chacoalhei mais um pouco ate poder ouvir um resmungo.

Seus olhos sonolentos começam a se abrir, ate parece que não é acostumado a ser acordado por alguém, ou que não esteja acostumado a dormir do lado de alguém, pelo visto como estávamos, quando acordei.

Enfim ele me olha, e de uma expressão tranquila, vai para uma preocupada e desesperada.

“Alice? Alice” Ele coloca as mãos no meu queixo, e se certifica que sou eu mesmo.

Minha expressão muda, devo estar com uma cara tipo: ‘Que?’

“Que bom que esta bem!” Ele diz e achei que poderia usar essa sonolência dele pra descobrir alguma coisa.

“Por que não estaria?” Pergunto disfarçando o ponto onde quero chegar. Seguro suas mão que passeiam pelo meu rosto.

Ele me encarou por alguns segundos, percebendo tudo que acontecera.

“Foi só um pesadelo.”

“Hmm” Digo, com minha tentativa fracassada.

“Que horas são?” Ele pergunta.

Nossa como o assunto muda rápido, acho que tudo é assim comigo, as coisa sempre acontecem de uma forma esquisita.

“São umas 7hs.” Percebo que ainda estamos no mesmo lugar, meus movimentos foram os mínimos possíveis, e me sinto incapaz de levantar e sair por aquela porta, de sair de perto dele. “Eu vou voltar pro meu assento, é melhor você vir comigo.”

Ele esta virado de lado pra mim, apoiado em cima de uma mão, e eu estou sentada encima das minhas pernas, olhando pra ele.

Ele volta a olhar pra mim, dobra o braço e deita novamente puxando o cobertor ate a cabeça, soltando um resmungo com um sorriso e logo em seguida dizendo:

“Ah não estou com preguiça, fica aqui.”

Sorriu, e puxo o cobertor de cima de seu rosto.

“Não, vamos, não podemos abusar da sorte.”

“Ah sorte, claro.” Ele diz com sarcasmo, olho pra ele surpresa, e então me levanto.

“Então não vamos abusar do nosso azar de estarmos em uma sala minúscula, de um avião entediante.” Digo sorrindo, isso não tem muita logica.

“Isso não faz sentido nenhum.” Ele diz.

Começo a rir e ele também. Quase me esquecendo de que eu realmente preciso voltar rápido. Com certeza nenhuma aeromoça, vai passar despercebida pelo meu assento.

“Eu preciso ir.” Eu digo e percebo que ele não queria ouvir isso, queria continuar com a piada, eu acho. Então ele rapidamente afasta o pequeno coberto, de baixa qualidade, e logo se levanta.

“Eu vou com você.”

Sorriu.

  *****

Já se passam 2 horas que estou em meu devido e chato lugar, o velho sentado do meu lado, sempre me olha por cima dos óculos, e quando eu olho pra ele, ele vira o rosto ou desvia o olhar. As vezes até me encara.

Eu não falo com Jason desde que voltamos, nem o vê, eu não queria que ninguém desconfiasse então evitei olhar pra trás, mas já se passaram 2hs!!! Viro pra trás quase ansiosa, pra que nossos olhares se encontrem novamente. Isso é tão ridículo, Parei com esses pensamentos idiotas.

Olho pra tras e não o vejo no seu lugar, ele estava andando para o fim do corredor.

Senti-me como se o pegasse no flagra, mas não era exatamente o caso, então deixa isso pra lá.
Achei que ele iria para a nossa sala, porem ele vira para o lado oposto de onde estávamos hoje mais cedo, virando para a direita, do banheiro no fim do corredor.  Com os passos pesados, ainda consigo ver suas mãos se fecharem, apreensivas, então o perco de vista.

Estou tentada a segui-lo, estou curiosa, mas não quero que ele me veja seguindo-o, não vai dar certo. Talvez ele apenas vá procurar uma aeromoça, talvez vá fazer alguma artimanha, o que na verdade me deixa um pouco preocupada, ou talvez tenha haver com o que aconteceu ontem a noite. Droga, me forço mentalmente a ficar sentada, eu não vou ir atrás dele, isso com certeza vai dar errado.

  *****

As aeromoças estão em intervalo, e as pessoas parecem distraídas, e o velho do meu lado esta dormindo. Pego meu celular e vejo que são 14:11, olho pra trás novamente, e nada de Jason ainda, eu poderia ir atrás dele agora, mas não teria justificativas a dar, a não ser por mera curiosidade, então pego, dois pacotinho de amendoins que as aeromoças entregaram e me levanto, pretendendo ir pra nossa sala.

Ouço alguma coisa atrás de mim no corredor, então olho para trás e tem alguém do outro lado da cortina azul que separa a fileira de poltronas, do que eu chamo de gerador de aeromoças, sério! Parece que de 10 em 10 minutos sai uma aeromoça diferente dali.

Volto rápido para o meu assento, e logo aparece a já esperada aeromoça com um carrinho de aperitivos, pensei em pegar alguma coisa, pq dois saquinhos de amendoins de uns 15 gramas não matariam minha fome.

Esperei ela passar perto de mim, e então peguei uma agua, e um pacote de ruffles. Assim que ela passa para o próximo corredor, saindo do meu campo de visão, observo alguns americanos, comendo muito, tipo muito mesmo, isso foi bem assustador.

Enfim, enquanto alguns se fartura de guloseimas e petiscos, eu me levanto, com o mesmo destino novamente. Talvez eu encontre Jason na sala.

Com passos discretos, eu segui em direção a sala, que por fim estava vazia, nada de Jason. Mas ficarei aqui mesmo assim, não vou ir atrás de ninguém. Só espero não arrumar problemas estando aqui.

Pego meus fones de ouvido e conecto com meu celular, talvez musica ajude a passar o tempo sento perto da janela baixa, onde conseguiria olhar pra fora, mesmo sentada no chão, Abro um amendoim, enquanto observo as nuvens passarem rápido, o frio logo me atinge por inteiro, então me levanto pra pegar aquele cobertor que na verdade nem merecia se chamar de cobertor.

Volto pra janela, e depois de uns 40 minutos, e umas 25 musicas, alguém entra na sala, é Jason graças a Deus, eu nem pude ouvir o barulho da maçaneta, podia ser um segurança, sei lá.

“Alice, que bom que você esta aqui.”

“Você já me disse isso muitas vezes desde que te conheci”  Digo sorrindo, tirando os fones do ouvido.

“É que eu não saberia onde te procurar se não estivesse aqui.” Ele diz andando ate mim, depois de fechar a porta.

“Hmm, onde você estava?“

“Eu.. Eh, bom um cara descobriu que passamos a noite aqui.” Levantei rápido, droga, sabia que isso daria merda. “Mas não se preocupe, eu resolve tudo, ele não sabe que mexi no sistema dos assentos, então foi fácil.. arranjar um desculpa.”

Viro o rosto, não convencida totalmente disso. “Tem certeza? “

“Sim, não se preocupe, ele disse que podemos ficar aqui quando quisermos.”

Isso tá estranho.

“O que você disse a ele?”

“Ehh.. eu tive que dizer sobre o seu problema, espero que não se importe.”

Ele fala dos meus problemas mentais, claro. Droga é claro que me importo.
reviro os olhos.

“Sério? Mas que droga Jason!”

“Desculpe.” Ele apenas diz isso, e minha raiva passar tão rápido quanto o vento lá fora. Mas não vou admitir.

“Tá, pelo menos vamos ficar aqui.”

“Sim, eu achei mesmo que isso fosse compensar.”

Sorriu com a cara de pau dele. Ele se aproxima , ficando a dois passo de mim.
Olho ao meu redor, sem pensar em nada, e depois paro meu olhar no dele.

Apreensiva, dou um passo em sua direção, e coloco a mão em seu pescoço, mexendo o polegar, então ele por fim da mais um passo, e então unindo nossos lábios.

Assim tão fácil, tão inesperado e de repente. Nós beijamos, ele passa seus braços em minha cintura enquanto uma de minha mão ainda esta em seu pescoço e a outra segurando o seu ombro.

Não vou dizer que senti um fogo, como nos romances que eu leio, mas senti  uma coisa muito boa, eu apenas sei que preciso estar ao lado dele onde quer que ele e vá, ele é o porto seguro, que eu preciso.