Eu estava me preparando para partir, tinha feito as malas e estava de uniforme e com a mochila nas costas. Me olhei no espelho. Meus cabelos castanhos estavam por uma longa e larga trança, meus olhos verdes se destacavam em minha pele clara. Coloquei um elástico fino de borracha em meu pulso e desci para colocar a mala no carro, quando fechei o porta malas, ouvi minha mãe gritando.
- Arrume logo esta bagunça! Não vou levar aquela garota para a escola, estou atrasada!
Era sempre assim, toda manhã um motivo novo para brigarem. Puxei o elástico e depois soltei, senti a ardência em meu pulso direito. Vi ela saindo e entrei no carro de meu pai.
Coloquei os fones e coloquei o volume no último. Meu pai apareceu e me levou até a escola. Percorremos o caminho em silêncio.
Quando chego, falta uma hora para as aulas começarem, meu pai anotou a papelada e fui ao meu dormitório. Três garotas estavam lá. Uma tinha cabelos castanhos ondulados bem longos e olhos castanhos, outra tem os cabelos verdes e outra tinha um cabelo castanho curto com as pontas cor de rosa, elas olharam curiosas para mim.
- Oi, eu sou aluna nova e disseram que meu dormitório era esse. Meu nome é Carly.
A garota de cabelos verdes apontou para a parte de baixo de uma beliche.
- Aquela é sua cama, meu nome é Yooni.
Arrumei minhas coisas e saí do quarto, ainda com minha mochila nas costas, fui até o pátio e me sentei em um banco. Quem passava sempre me olhava, uns sorriam e outros faziam cara feia. Peguei meu cubo mágico e comecei a resolvê-lo. Eu terminava cada vez mais rápido, como eu sofria de ansiedade, eu não conseguia ficar com as mãos vazias, então eu sempre montava e desmontava várias vezes por dia.
Faltavam cinco minutos para as aulas começarem, fui em direção à sala de matemática e vi um homem, possivelmente um professor, na porta. Ele abriu passagem e me deixou entrar.
- Essa é Carly, não sejam grosseiros com ela. Eu sou o professor Piter, essa é uma sala de coreanos que viveram em outros países, você é a primeira pessoa realmente estrangeira a entrar na escola. Pode se sentar atrás de Kevin.
Um garoto de óculos e cabelos castanhos levantou a mão sem tirar os olhos de seu caderno. Fui ao meu lugar e tirei meu material da mochila. O professor colocou uma grande equação na lousa.
- Quando terminarem levantem a mão.
Eu fiz sem problema nenhum, era uma equação de 3°grau de dificuldade média. Quando terminei, levantei a mão ao mesmo tempo que o garoto a minha frente. O professor olhou e sorriu, Kevin é o número um do primeiro ano. A mesma garota de cabelos castanhos longos terminou depois e olhou em volta sorrindo, desfazendo o mesmo assim que olhou em nossa direção. Assim, a garota de cabelos verdes foi uma das últimas a terminar, o professor apontou para mim e para Kevin.
- Quero que os dois respondam no três. Um, dois, três.
- 117 ao cubo. - dissemos juntos. Todos olharam em nossa direção, até Kevin virou para trás.
O professor nos olhou e sorriu.
- Exato.
O garoto a minha frente deu um sorriso olhando para mim, tudo o que eu consegui fazer era voltar a resolver meu cubo. Eu fazia e desfazia bem rápido, muita gente estava falando de mim.
O meu nível de açúcar caiu e eu comecei a tremer, eu precisava de um doce. Peguei um da minha bolsa e fui em direção ao professor.
- Preciso sair... - disse mostrando a pequena barra de chocolate.
- Claro, seu pai me avisou pessoalmente, hipoglicemia não é?
Fiz que sim com a cabeça e saí da sala. Abri a barra e comecei a comer o chocolate, quando estava entrando alguém esbarra em mim, teria caído se essa pessoa não tivesse me segurado. Olhei para seu rosto e era Kevin.
- O professor me pediu para te acompanhar até a pequena loja de doces aqui da escola. Não tenho muita opção.
Olhei para ele, não parecia estar mentindo.
- Tudo bem. Sinto que também não tenho muita escolha.
Ele me acompanhou e tentou puxar assunto.
- Por que o cubo?
- Eu sou ansiosa, então eu mantenho minhas mãos ocupadas. Você é o número um?
- Sim, e sinto dizer, mas ninguém me passa. Não será hoje que isso vai acontecer. Minhas notas são muito boas.
- Sinto ter que dar essa triste notícia, mas acho que seu reinado acaba no período dos exames. Eu estou aqui.
- Não duvide de meu potencial, não sou muito fácil de ser vencido.
- Não seja convencido. Você nunca viu um boletim meu.
Ele era tão convencido, quando cheguei lá, comprei um leite com chocolate e voltamos para a sala, ele se calou. Pelo menos um momento de paz.
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