História Real King - Não deixe a escuridão ganhar de você

Nós arrumamos as coisas e tomamos café, decidimos que iríamos direito para a escola, fizemos nossas higienes e fomos para a escola. No meio do caminho começamos a conversar, decidimos falar apenas verdades.
- O que você, Jackson, pensa sobre a Mendy? - Yooni disse enquanto caminhava.
- Eu acho ela uma garota mimada e desinteressante. Kevin, do que você tem mais medo? - Jackson perguntou.
- Bem... Eu tenho medo de não ser o suficiente para as pessoas com quem eu me importo, de deixá-las se machucar, de propósito, psicologicamente e fisicamente sem nem mesmo tentar ajudar, mesmo que eu me machuque. Eu sei que isso pode parecer bobo. Carly, o que você mais valoriza em alguém? - Kevin me pergunta.
- Seu medo não é bobo, eu entendo o motivo. Bem... Eu valorizo muito o caráter, eu também me importo com a lealdade e as atividades das pessoas em situações diversas, sem contar que também gosto de respeito e quero poder confiar. Yooni, o que você mais gosta de fazer?
- Dançar, eu me sinto feliz quando danço, eu posso ser livre e feliz sem precisar me preocupar.
Continuamos conversando até chegarmos na escola. Vejo que somos os únicos no prédio além dos professores, arrumamos nossas coisas e voltamos a conversar, até que meu celular toca.

  Ligação on

- Oi, quem fala?
- Oi, Carly. Fiquei sabendo que sua irmã vai voltar segunda. Ela vai ficar com o seu quarto. - minha mãe. Me afastei dos outros.
- Por quê? Onde eu vou ficar? Não quero isso, aquele quarto é tão bom, a iluminação, tudo!
- Sua irmã trabalha duro. Eu tiro as coisas do seu quarto, você, a partir de hoje, seu quarto é no último quarto do corredor, não é tão grande como o outro, mas tem uma janela bem grande e uma varanda, a vista será um pouco ruim por causa da árvore perto da sacada, você precisa limpar e lá não tem ar condicionado nem aquecedor, suas coisas serão tiradas daquele quarto e apenas a cama e o armário ficarão lá, para Lia. Não se preocupe seu colchão não vai ser tão macio, mas você nem vai notar a diferença e aliás, você fará o serviço doméstico enquanto estiver em casa. Estaremos muito ocupados com a volta de sua irmã.
- Como assim? Aquela casa é enorme, você esqueceu dos meus problemas de saúde? Eu vou acabar ficando pior. Isso não te preocupa? Dane-se se Lia vai voltar, como eu fico?
- Em primeiro lugar, é graças ao fato de Lia querer uma irmã mais nova você foi adotada, você não é minha filha de sangue, você vai fazer o que eu mandar porque eu sou a responsável por você. Se seus problemas piorarem, se vire, você é bem ingrata garota. Se não fosse por mim, você estaria naquele orfanato horrível, você é uma coitada que eu ajudei por um mero capricho. Não quero que atrapalhe o sucesso de Lia.
Antes que eu pudesse responder, ela desligou.

Ligação off

O que ela fez foi um golpe sujo, ela sabia que esse assunto é delicado para mim. Por que ela é tão má? Eu sou sempre a que se ferra para o bem estar da mais velha, eu sou o número quebrado. A peça sobrando.
Corri para longe em direção ao ginásio e me sento no canto do palco. Como ela pode ser tão cruel com alguém que nunca fez nada para ela? Se ela me odeia tanto, por que não me devolve? Isso é horrível, fazer uma pessoa sofrer sem motivo.
Comecei a puxar o elástico várias vezes cada vez mais forte até que ele arrebenta. Reparo que meu pulso estava inchado mas não doía. Corri até o dormitório e peguei outros dois, um para cada pulso. Quando saí vejo Kevin na porta. Ele me olha com o cenho franzido e eu o ignoro.
Era isso que eu iria fazer, voltar a ignorar e a sorrir. Foi isso que eu aprendi a fazer, ser uma boa atriz.

  Kevin on

Ela me ignorou, ela não fazia isso. Algo está errado. Volto ao dormitório e lavo meu rosto. Me olho no espelho, o que eu poderia fazer? O que ela estava escondendo?
Eu saí para andar um pouco pelo jardim. Eu estava com medo, medo dela recorrer aos pulsos como saída de emergência. Eu não queria aquilo.

Já se passou uma hora desde que vi Carly pela última vez, eu não estava com um bom pressentimento. Decidi ver se ela estava no dormitório. Bati na porta e ela se abre sozinha, ninguém no aposento. Entro e procuro no banheiro. Vejo a imagem de Carly caída em um canto, tremendo e com os pulsos inchados e vermelhos. Vou ao seu lado e viro seu rosto para o meu, ela estava com o rosto sem cor com os olhos fechados. Imediatamente lembro do sonho que tive durante a noite, entro em desespero e pego em sua mão, aperto forte esperando resposta, que foi um fraco aperto.
- Ei, você está me escutando? O que você tem? - eu sussurro em seu ouvido.
Ela levanta um pouco o olhar e logo fecha os olhos. Levanto correndo e vou comprar algo doce, leite com chocolate. Eu saio e vejo Jackson e Yooni andando. Eu saio correndo tentando não ser visto por eles e acabo encontrando um aluno no caminho.
- Oi cara, como vão os estudos? Você pode emprestar seu caderno? - um garoto disse. Isso não é hora.
- Eu estou sem tempo para falar agora. Quando puder eu falo com você.
Saio correndo e entro no dormitório dela. Ela ainda está no banheiro. Eu pego sua mão e falo baixo.
- Você ainda está acordada?
Ela me responde com um aperto de mão ainda mais fraco que o primeiro e depois solta, a mão dela não se mexe mais.
- Carly. - eu sussurro, mas não recebo resposta.
Eu a apoio em meus braços e abro o leite, a faço beber e nada. Eu a pego no colo e a coloco na cama onde sua mochila está apoio a cabeça dela em meu ombro. Acorda caramba.
Eu não sei o que fazer, ela está assim a um tempo um pouco longo, faço ela beber o leite com chocolate de pouco em pouco para ela não engasgar.
- Por favor, dá um sinal de vida, só um. - eu sussurro pensativo. - Não faz mais isso. Está te machucando.
Mais uns minutos se passam e sinto um pequeno movimento vindo da garota. Ela aperta minha mão. Um gesto fraco, eu me acalmei tanto depois disso. A arrumei na cama e coloquei uma coberta sobre ela. Quando saí percebi que tinha passado uma hora desde que a encontrei no quarto. Imagino o que teria acontecido se eu não tivesse a procurado.