História Real King - É proibido ser feliz?

Quando eu entrei em casa, ela estava arrumada e limpa, eu subi as escadas para meu quarto. Minha perna doía, a cada degrau era um sofrimento. Quando cheguei no segundo andar e entrei em meu quarto, tiro as coisas da minha mochila. Vejo que o caderno de Kevin está no meio das minhas coisas, idiota eu disse que não queria o caderno.
Eu ligo para a anta e ele não atende, tem esse celular para deixar de enfeite no bolso da jaqueta? Ligo mais três vezes e nada. Decido ligar para Jackson.

                  Ligação on

- Oi, eu tentei ligar para Kevin e ele não está atendendo, o caderno dele está comigo. Moro no mesmo condomínio que ele, você pode me dizer qual é a casa dele?
- Nossa, ele sempre atende o celular... Espera! Quantas vezes você ligou para ele?
- Eu liguei umas quatro vezes.
- Eu vou para o condomínio agora. Me espere no portão.
- Se você puder ficar aqui, tudo bem. Arrume uma mochila, vou chamar Yooni, Kevin também será convidado, podemos revisar algumas coisas.
- Sim, não moro muito longe, vou me arrumar e pegar minhas coisas, chego no portão em meia hora.
 
                Ligação off

Jackson on

O que aconteceu com ele? Depois de falar com Carly, arrumei minhas coisas e saí correndo. Tentei ligar para Kevin mas ele não atende, ele nunca deixava de atender quando eu ligava, a não ser que... O pai dele! Corro ainda mais rápido e quando chego no portão, vejo Yooni e Carly, Carly estava com um curativo no joelho. Ela levou Yooni para casa dela e a pediu para nos esperar.
Andamos até a casa de Kevin, só não corremos porque Carly não conseguia, quando chegamos tivemos uma visão horrível na janela.

  Carly on

Eu vi mesmo aquilo? Antes de ter certeza, Jackson me puxa para um canto tampando meus olhos. Kevin estava sendo espancado pelo pai. Qual seria o motivo? Ele é um gênio.
Olho para Jackson tirando suas mãos de meus olhos e procuro uma resposta em seu rosto. Ele estava com os punhos cerrados e mordendo os lábios. Me levantei e fui em direção à porta, quando sou interrompida por Jackson.
- O que você vai fazer?
- Não posso deixar ele sofrer desse jeito! Ele não faz mal à ninguém, ele não merece isso - respondo aos sussurros.
Me solto de Kevin e aperto a campainha. O mesmo homem que batia nele apareceu na porta.
- Desculpa incomodar senhor, mas seu filho esqueceu o caderno dele comigo. - disse estendendo o caderno.
O pai dele estava quase fechando a porta novamente.
- Quem é você? - ele disse. 
- Sou a nova colega de classe dele, nós combinamos de estudar hoje e... Bem eu pedi ajuda para entender algumas perguntas, já que ele é o número um. O senhor deve ter muito orgulho dele. - a expressão do homem suavizou um pouco, bem pouco, quase nada.
- Vou chamá-lo, não é educado deixar uma garota esperando. - ele fechou a porta e eu voltei ao canto junto de Jackson.
- Ele não pode bater em uma garota certo? - pergunto receosa.
- Não, ele não pode. - disse Jackson sorrindo de lado com a pergunta.
- Quando chegarmos em casa eu faço os curativos, não sabemos o grau de seriedade dos machucados.
Volto para a porta e espero uns minutos. Vejo Kevin saindo com a mochila em mãos. Ele está com o rosto todo machucado, suas costas também devem doer, pois ele não colocou a bolsa nas costas. Quando chegamos em casa, o levo direto para o quarto de hóspedes e Jackson arruma as coisas com Yooni.
- Onde ele te machucou?
- Ele não me machucou. - ele diz com os olhos arregalados. - Eu passei por uma parte ruim do condomínio...
- Mentiroso. Eu vi. Eu quero te ajudar. Onde ele te machucou? Tira a camisa, vou cuidar dos machucados, antes que piorem. - ele nega com a cabeça. - Você vai fazer o que eu mandar, sua anta.
Pego a maleta de primeiros socorros no armário e vou até ele.
- Suas feridas não vão melhorar sozinhas. - digo me sentando atrás dele na cama.
- Não vou tirar a camisa na frente de uma garota.
- Se eu quisesse ver um garoto sem camisa era só eu pesquisar Jimin BTS no celular e ver as imagens.
Ele levantou a parte de trás da camisa, ele estava muito machucado. Estava sangrando muito e estava com marcas que pareciam ter sido feitas por uma vara de madeira.
- Ele fez uma arte abstrata com sua pele. - eu disse limpando o sangue - Carne viva o nome. - eu passei a pomada. - Arrasou nas cores, vermelho, roxo... - fiz um curativo, tive que fazer uns três de tamanho médio para cobrir todos os machucados.
- Você deve estar me achando um miserável. - ele disse quando fui para sua frente - Levantou a camisa e me mostrou um corte que parecia ser um pouco fundo.
- Pelo amor de Min Yoongi, por que você não faz nada? - eu estava muito brava.

  Kevin on

  Ela parecia realmente não estar fazendo isso para me ver sem camisa. Ela passou uma pomada no local do corte ardia um pouco mas depois diminuiu.
- Não vai tirar a dor, temos que limpar e colocar pontos para não infeccionar. Vai doer. - ela disse. Ótimo incentivo, meus parabéns.
Ela o fez e sempre que sentia dor mordia os lábios. Quando terminou ela colocou um curativo para ser mais difícil do corte abrir.
- Com quem você aprendeu isso?
- Meu pai, ele é médico e me ensinou algumas coisas. - ela disse cuidando dos meus machucados na testa.
- Sabe, eu não gosto muito de casa, nem de refeições em família. - ela me disse - Não que eu odeie meus pais, mas minha mãe é bem exigente. Sempre que temos uma refeição em família, ela encontra algo para me criticar. Minha irmã mais velha mora em Londres, é a favorita por parte da minha mãe, meu irmão mais novo, que está morando com minha avó é o favorito por parte de pai.
- Por que está me contando isso? - olho para ela.
- Eu não sou a favorita de ninguém além de meu pai, eu amo aquele homem. Eu sou invisível aos olhos de meus parentes. Sou um número quebrado na sociedade, o mundo não se importa com pessoas como eu. Vivemos num mundo onde o mais capaz vence. Se comparado a mim, você não é um miserável. - lágrimas escorrem pelo seu rosto - Não deixe ele tratar você assim. Você não merece sofrer dessa maneira, nunca fez nenhum mal a ninguém. Não gosto de ver você assim! Eu deveria estar no seu lugar, números quebrados devem ser tratados dessa maneira, você não é um saco de pancadas, é um ser humano. - abraço Carly e sinto a batida de seu coração. Era bem lento, quase parando era bem fraco. - É pedir demais querer ser feliz?
Seco suas lágrimas. Não era proibido, me fazia aquela pergunta todos os dias quando acordava de manhã. Peguei sua mão.
- Você não é um lixo. Não é miserável, não chore. Vamos descer. Está muito quieto aqui, eles só podem estar aprontando.
Ela ri do comentário e lava o rosto no banheiro. Guardo a maleta e arrumo a camisa. Quando descemos vejo Jackson e Yooni estudando.
- Você é péssima. - diz ele entre risos.
- Não é minha culpa, isso é difícil. - ela disse fazendo careta.