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História Realidade Paralela - Único.


Escrita por: _Mag

Notas do Autor


Yay, finalmente!
Boa leitura e me desculpem pelos erros, reli toda em chamas porque não via a hora de postar. Tá saindo do forno, digo, word.

Capítulo 12 - Único.


Não existia uma explicação plausível para tudo que aconteceu na última semana, era aterrorizador a sensação de ser apenas um fantoche, um ser inanimado comandado pelo destino traiçoeiro. Estavam brincando comigo, com os meus sentimentos e com a minha sanidade, sem ter como reagir entrava no jogo que BaekHyun tramava, sem entender se fazia parte do tratamento ou se ele na verdade era um louco sádico. Aquele lugar não era desconhecido, era um fragmento do meu passado, do qual aparentemente o médico fez parte, ou seja, diferente do que imaginava nosso destino não se entrelaçava no hospital.

Permaneci estático por alguns minutos, ouvi meu nome sendo chamado, mas não respondi. Toda movimentação ao meu redor parecia um grão de areia comparado ao silêncio dentro do meu peito, um silêncio tão acolhedor que desejei permanecer naquele estado por mais tempo. Minha visão estava nublada, todas as lembranças se intercalavam e me deixavam confuso, mas mesmo assim queria uma resposta naquele momento, não poderia esperar mais, as memórias vieram como uma brisa anunciando a tempestade.

O sangue, a última lembrança que tive antes de acordar dias atrás era verdadeira. Era o sangue de YunHa, na noite do acidente, manchando o asfalto molhado e me tirando a vida. A padaria, reconheci o ambiente acolhedor, a toalha da mesa em tom pastel e o cheiro de pão assando, não era a primeira vez que sentava naquele lugar e pedia uma torta de morango, também não era a primeira vez que BaekHyun me acompanhava. Mesmo que não conseguisse distinguir exatamente seu rosto na lembrança, sabia que ele pertencia a ela, não sendo algo que pudesse controlar, era involuntário sentir que ele estava perto.

E por último – e o primeiro passo a ser dado – era o garoto parado ao lado de BaekHyun, esperando alguma reação minha, qualquer movimento, palavra ou até mesmo um ataque de loucura, pelo seu semblante indeciso notei que ele deveria achar que eu era louco. O que não negaria com total certeza. Se não era, estava quase acreditando que seria possível estar realmente doente, porque senti uma vontade absurda de rir da situação.

- Chanyeol? – BaekHyun voltou a chamar, deveria ser a sétima vez que tentava ganhar minha atenção. – Está tudo bem? – mais uma vez ele me encarava como se buscasse algo além das minhas respostas.

- Está. – tratei logo de respondê-lo, olhando de relance para o irmão de YunHa.

Não cheguei a conhecê-lo, se o visse na rua passaria reto como se ele fosse mais um entre a multidão, seus traços eram bonitos e harmoniosos, lembrava muito a irmã nesse sentido, mas o garoto parecia mais inseguro do que ela – que sempre foi determinada e otimista – e também aparentava estar nervoso, afinal até eu estava. Era estranho encará-lo sendo que passei anos criando um personagem para se encaixar em seu lugar, esquecendo completamente que YunHa tinha mesmo um irmão. Pensando melhor, talvez fora até por isso, ele não passava de um rosto desconhecido, imaginar BaekHyun em seu lugar foi o caminho mais fácil que minha mente doente conseguiu encontrar.

Suspirei pesadamente, indicando a cadeira à minha frente para YongHo sentar, ele olhou para BaekHyun antes, que acenou com a cabeça indicando que ele poderia ocupar o seu lugar, afinal seria melhor se fosse apenas eu e ele. O médico nos deixou a vontade e foi até o balcão, o segui com o olhar até ter certeza que ele não escutaria nossa conversa, devido a última lembrança fiquei inseguro se deveria ou não confiar em BaekHyun.

- Obrigado. – ouvi a voz suave do garoto cortar o ar, voltei minha atenção a ele, não entendendo o motivo de sua gratidão.

Ele notou minha incerteza e prosseguiu.

- Obrigado por amar tanto a minha irmã, esteve ao lado dela até o último minuto. – explicou conforme sua voz enfraquecia.

Tamanha gratidão me pegou de surpresa, não merecia ser reconhecido por algo que não fiz, na verdade sentia certa culpa por não ter evitado a morte da mulher que mais amei, mesmo que não lembrasse com exatidão do acidente. Ela era como uma joia rara, que já não brilhava mais.

- Não pude fazer nada... – comecei, mas YongHo cortou antes que terminasse a frase.

- Ela foi muito feliz, acredite. – ele sorriu, completamente diferente do semblante triste que carregava. – Sei um pouco do seu estado clínico, que não se lembra de muita coisa, mas enquanto estive fora YunHa sempre ligava e me contava sobre vocês.

Aquele garoto estava sendo tão sincero, que vi uma pontinha de esperança naquele encontro. Já me sentia melhor por ouvi-lo, e no mesmo instante olhei para BaekHyun que comia tranquilamente no balcão, ele realmente merecia todo o mérito de ser um dos melhores psiquiatras do país. Eu não estava ali para uma sessão de tortura, não era um teste para concluir se estava louco ou não, era mais uma de suas tentativas de me curar, de encaixar lugares e fatos em minha mente.

BaekHyun não estava buscando a minha cura, ele queria que eu lutasse por ela.

Ele sabia exatamente o que fazer.

- Pode me contar um pouco sobre você? Nos vimos antes do... – pausei, era difícil falar normalmente sobre algo tão sério. – Antes do falecimento de YunHa?

YongHo levou a xícara de café – que nem ao menos notei que estava ali – até os lábios finos, para em seguida prosseguir com a conversa.

- Não, na época aconteceu uma confusão com a minha passagem, o que atrasou meu retorno para Coreia. – disse confirmando que ele realmente vivia em outro país. – Eu estava voltando de vez para casa, mas o motivo principal era o casamento.

- Então... Realmente nunca chegamos a nos conhecer? – precisava ter certeza.

- Não, a não ser durante uma visita que fiz com meus pais ao hospital... Mas te vi apenas atrás de um vidro gelado. – relevou, me deixando aliviado por ele não ter relação alguma com meus delírios ou com BaekHyun.

- Nos desencontramos algumas vezes. – ri fraco.

- Sim. – maneou a cabeça como se afirmasse. – Quando me mudei para Londres só voltei uma vez para casa, você e YunHa estavam na praia.

Ele morou em Londres... O mesmo destino de BaekHyun.

Já disse que odeio coincidências?

- E já morou em outro lugar? – indaguei, em minhas memórias o “irmão” de YunHa falava um francês arrastado e manhoso.

- Não, passei dois anos em Londres para terminar a faculdade de música. – sorriu ao falar sobre seu curso.

Conversamos mais alguns minutos, ele era simpático e me contou um pouco sobre sua rotina, nutria da mesma paixão que a irmã e lecionava de manhã em uma escola de música, no fim de semana tocava em alguns bares com a banda que montou com antigos colegas de escola. Uma rotina bem mais interessante do que a minha, que no momento se dividia entre animadas refeições no quarto e estimulantes momentos de tédio mental entre as paredes brancas, além de tentar flertar com um psiquiatra em toda oportunidade que eu tinha.

Acabei esquecendo um pouco das outras lembranças, voltando a ficar com fome e comendo duas fatias de torta. Sentia o olhar de BaekHyun pesar em minhas costas, mas deixava a conversa com YongHo fluir e se estender ao máximo, me fazia bem ter alguma distração e a cada palavra que o garoto dizia confirmava que não existia nenhuma ligação entre nós. YunHa realmente tinha um irmão – não era uma invenção minha – que morou fora do país por dois anos, mas sequer cheguei a conhecê-lo, nós nunca fomos amantes e busquei em sua existência uma forma de BaekHyun fazer parte de minha vida, moldando a sua personalidade até que ele tomasse o posto de YongHo. Quase ri da minha obsessão pelo psiquiatra, criei um personagem tão perfeito que permaneci preso a ele por três anos.

Não iria me prender a ilusões, iria me prender a mínima possibilidade de ser correspondido. Independente de ter conhecido YongHo, ainda acreditava no que sentia por BaekHyun, por mais que prestasse atenção no diálogo com o mais novo, vez ou outra um pensamento voltado para o médico me arrebatava. Ele escolheu aquela padaria por algum motivo, sabia enquanto olhava o ambiente que existia alguma mensagem por trás de tudo, ainda mais depois de ter lembrado que nós já estivemos no mesmo lugar anos atrás. Existindo uma mensagem ou não, só por ter me encontrando com YongHo já era o suficiente, a sensação de liberdade era impossível de descrever.

Quando nos despedimos, deixei para trás uma série de incertezas, abandonando de uma vez por todas tudo que criei em minha mente. Selei nossa despedida com um abraço apertado e pedi para que YongHo me procurasse quando recebesse alta do hospital – estava otimista – , acreditava em uma amizade entre nós no futuro. Assim que nos levantamos BaekHyun veio até a mesa, perguntando se estava tudo bem, ambos garantimos que sim e isso foi suficiente para o médico ficar tranquilo.

- Obrigado por ter aceitado o meu pedido. – BaekHyun agradeceu sincero.

- Não foi nada, sempre tive curiosidade de conhecer o meu ex-cunhado. – riu sem graça.

Nós o acompanhamos até que um táxi passasse na rua, e assim que YongHo partiu senti o ar ficar mais pesado com a companhia de BaekHyun, era sempre daquela maneira. Parecia que existia um mundo entre nós, ao mesmo tempo em que não existia absolutamente nada que impedisse uma aproximação. Eram palavras não ditas e sentimentos presos na garganta, queria contar como me sentia, da felicidade momentânea que quase me fazia desmaiar e também da lembrança em que ele apareceu.

Mas era como se fizesse parte do meu tratamento, não questionar e buscar sozinho tudo que estava acontecendo, ou melhor, tudo que aconteceu. Como se ele ajudar interferisse na recuperação, não era de fato uma mentira, quando ele estava perto tudo ficava mais difícil, principalmente manter meus pensamentos em ordem. Ao negar uma informação sobre o meu passado, BaekHyun me fazia buscar por essa informação, mesmo dando algumas dicas, como a visita dos meus amigos e o encontro com YongHo na padaria.

Caminhamos em silêncio até o carro, antes de entrar verifiquei que estávamos há uma quadra de distância da faculdade em que cursei Direito, conheci meus amigos e YunHa. Estranhei tamanha coincidência, mas como era uma entre milhares que aconteceram naquela manhã resolvi ignorar.

- Quer ir para algum lugar antes de voltarmos? – perguntou de repente, me pegando de surpresa.

Olhei o céu tingido de azul, imaginando um lugar em que pudesse observar o firmamento em toda sua magnitude.

- O parque que fica no centro. – pedi, sem saber que aquilo significaria algo.

BaekHyun mudou de direção e dirigiu até o centro de Seul, ele mantinha o olhar fixo no trânsito, e eu sentava displicentemente no banco, encostando a cabeça no vidro gelado do carro. Estava acostumado a sentir sonolência por causa do remédio que tomava pela manhã, e como estava sem o medicamento estranhei estar mais disposto do que antes, ou talvez fosse por estar longe de um hospital.

- Qual o medicamento que eu tomo? – acabei perguntando, curioso demais para manter a dúvida.

- Antidepressivo, mas a dosagem é fraca comparada aos demais pacientes. – explicou. – Antes eram outros remédios, já que não comia ou tinha alguma reação, depois que o quadro se tornou um estado de alucinação, só tínhamos medo de você voltar a não se alimentar direito.

Balancei a cabeça, confirmando que entendia.

- Está calado demais, não parece o ChanYeol que conheço. – disse tentando se aproximar. – YongHo disse alguma coisa que te preocupou, quer conversar?

- Talvez antes você conversasse comigo assuntos não relacionados à minha doença, não quero te responder como se precisasse de ajuda. – suspirei, queria saber um pouco sobre sua vida, além do jaleco branco e a pose séria de médico.

- Não converso com você apenas por obrigação, ou porque quero entender mais do seu estado clínico a cada palavra, acredite. – ditou em voz baixa. – Mas facilitaria se me contasse um pouco como se sente e do que exatamente se lembra.

- Para mudar os meus medicamentos? – indaguei irritado.

- Não, para devolver um ChanYeol curado aos pais que o amam tanto, aos amigos que o esperam há três anos e para ele mesmo, que não sabe as besteiras que diz. – certo, suas palavras me calaram.

Ao mesmo tempo em que chegamos ao parque.

Sai do carro antes que ele dissesse mais alguma coisa, caminhando apressado em direção ao gramado verde e bem aparado, me sentei na primeira sombra desocupada, algumas famílias faziam piquenique e aproveitavam o sol fraco – mas acolhedor – daquela manhã. Vi crianças brincando com seus animais de estimação, algumas pessoas corriam na pista para caminhada, outras liam um livro debaixo das sombras das árvores e eu apenas aproveitava um pouco do tempo como uma pessoa normal.

- Escolheu este lugar ao acaso? – BaekHyun perguntou e sentou-se ao meu lado, dobrando as pernas e encostando a cabeça entre os joelhos em uma sensação estranha de déjà vu.

Não entendi direito a sua pergunta, mas já tinha frequentado o parque com YunHa e até mesmo com ele, em uma das minhas alucinações.

- Uma vez eu disse que iria te trazer aqui. – revelou, o que me surpreendeu e me fez encará-lo. – Você se lembrou? – arriscou perguntar.

- Não. – respondi sincero, realmente não me lembrava dele dizer algo no hospital. – A não ser que...

Ele me olhou desconfiado, pedindo para que continuasse.

- Não é nada. – ri. – Seria possível assimilar algo que você disse aos meus delírios?

- Como assim? Imaginou algo que eu te disse? – perguntou e me arrependi de encará-lo, conseguia ser mais adorável com um semblante curioso. – Foi logo nos primeiros meses da sua internação, você achava que eu era o irmão de sua noiva e não deixava o SuHo em paz, insistindo que queria me ver. – disse ao lembrar-se. – Como eu estava muito ocupado, fui até seu quarto e prometi que iria te trazer até o parque para que pudesse finalmente tomar o remédio, SuHo estava a ponto de enlouquecer.

- Você costumava frequentar o parque quando era pequeno. – comentei sem pensar, era uma falsa memória afinal.

- Sim, também lhe disse isso... –confirmou, surpreso da mesma forma que eu estava.

Além de construir as falsas memórias baseado em tudo que aconteceu antes da morte de YunHa, como as personalidades dos meus amigos e o próprio casamento, elas também eram baseadas em acontecimentos dentro do hospital?

- Nós já estivemos neste parque antes, mas tudo aconteceu aqui. – apontei para minha cabeça, indicando que não passava de uma ilusão.

BaekHyun acabou sorrindo, me deixando sem chão quando o fez. Odiava os momentos em que ele simplesmente tirava qualquer defesa minha, eram pequenos gestos que se tornavam um furacão dentro do meu peito, era patético o tanto que sua beleza me afetava.

- A mente humana me surpreende cada vez mais. – não sabia se dizia aquilo para mim, ou para ele mesmo. – Você com certeza é um mistério para a psiquiatria, ao mesmo tempo em que é muito óbvio. – riu, e se não estivesse tão confuso com suas palavras, iria sorrir também apenas para ficar mais próximo dele.

Ele acabou se empolgando, dizendo que eu criei outra realidade baseado em pequenas coisas da minha rotina no hospital, principalmente em nossas conversas. Fiquei curioso sobre elas, e o quanto nós éramos próximos, mas apenas fiquei calado enquanto pela primeira vez ele falava entusiasmado, mesmo que fosse me vendo como um objeto de estudo. Permanecemos ali até que quase cochilasse deitado na grama fofa, era gostosa a sensação dos fracos raios de sol tocando a pele, era bom observar o quanto BaekHyun ficava bonito em meio a paisagem, e até ouvir sua voz comentando de algum outro caso parecido com o meu.

Voltamos para o hospital logo que sua empolgação começou a diminuir, era estanho e reconfortante voltar, temia sair dali e nunca mais vê-lo, também não veria mais Kai e os outros com tanta frequência, afinal planejava visitá-los, então voltar e passar pelos corredores avistando Kai discutindo com KyungSoo no jardim, me deixou aliviado por estar de volta.

- SeHun e LuHan... Não estão no jardim. – eles sempre ficavam próximos da fonte que ficava no pátio.

- Eles não ficam no hospital fim de semana. – explicou, me indicando a porta de seu consultório.

Entramos, mas permaneci em pé. Vendo que não iria me sentar, BaekHyun se encostou na parede, ao lado de uma estante repleta de livros.

- Por que?

- Porque o LuHan precisa interagir com outras pessoas, ficar com sua família, se acostumar aos poucos com sua antiga vida. – suspirou. – Ele não conseguia sequer se aproximar de alguém que não fosse o namorado. LuHan foi sequestrado anos atrás, morrerria se a polícia atrasasse um dia em suas buscas.

Suas palavras me surpreenderam, então o pequeno LuHan sofria de um trauma terrível, por isso sempre tão calado e distante, pensar que quase aconteceu o pior com alguém tão puro também me deixou irritado, destruíram sua vida, o tornando apenas uma sombra do medo.

- Ele está melhor? – era terrível imaginar um sorriso triste em traços tão bonitos.

- Sim, mais alguns meses e poderá retomar os estudos... Bom, se ele quiser seguir na mesma área. – me encarou, com um singelo sorriso nos lábios. – LuHan quer cursar gastronomia, até trouxe alguns biscoitos que ele fez no fim de semana passado.

Entendi a mensagem que BaekHyun tentou me passar, de alguma forma eu fiz bem para LuHan, em meio à loucura consegui colher bons frutos, antes achava que era apenas amizade, mas realmente transformei algumas vidas dentro de um lugar sem esperança. Era um tolo apaixonado, que criou personagens para os internos daquele hospital, os transformando em amigos imaginários, que sem perceber se tornaram amigos de verdade, podendo até mudar um pouco suas vidas, preenchendo de uma alegria pura e sincera.

- Ele será um grande chef. – ditei, com uma vontade boba de chorar.

Tudo se tornou pequeno ao descobrir que fui útil para a melhora de LuHan, fiquei satisfeito por saber que três anos presos em uma fantasia, resultou em algo bom, mas não era somente para ele, era até mesmo para um tolo como eu. Seria impossível considerar o sentimento por BaekHyun algo destrutivo, porque foi justamente o que me fez sorrir novamente, sendo uma ilusão ou não, fora o que meu despertou da escuridão, do sofrimento de perder YunHa e a sanidade.

- SuHo não está em seu turno, quer que chame algum enfermeiro para acompanhá-lo? – a voz do médico me tirou daquele transe, ele olhava atentamente cada reação que eu esboçava.

- Não é necessário. – respondi, mas ainda curioso com algo. – E SeHun, qual a doença dele?

BaekHyun riu fraco diante da pergunta.

- Amor. – respondeu simples.

- Como assim? – arqueei uma sobrancelha, sem entender o que ele queria dizer com aquela resposta.

- SeHun é mentalmente saudável, bom... Fisicamente também. – ao ver que fiquei sem reação, prosseguiu. – Ele está aqui apenas pelo namorado, LuHan não consegue ficar longe dele, então foram “internados” juntos.

Abri a boca buscando uma resposta, que não veio. Amor nunca foi algo que pudesse ser medido, dito em palavras, descrito em um conto de fadas... Algo tão único e avassalador não era tão simples de entender, mas juro que por um segundo entendi toda a magia que até então só existia em um felizes para sempre. Estava completamente engando quando descrevi aquele lugar como um pedaço da terra onde não existia amor ou felicidade, na verdade os sentimentos transbordavam das paredes, como se elas pudessem se fechar cada vez mais ao nosso redor.

Não era o amor egoísta que eu sentia por BaekHyun, quase me puni mentalmente por desejá-lo tanto, mas o encarando diretamente era impossível condenar meu coração que insistia em bater descompassado contra o peito. Minha forma de amar também poderia ser bonita, também poderia mudar uma vida e me perguntei se também ultrapassava os limites da razão, obtendo a resposta logo em seguida só por olhar nos olhos amendoados de BaekHyun, tão castanhos como licor de chocolate.

Eu era capaz de tudo por ele.

- Chanyeol... – sua voz era apenas um sussurro doce, notando minha aproximação. – O que pensa que está fazendo? – indagou ao ser prensado na parede.

Minha respiração se chocava contra a dele, eu tremia em expectativa ou medo de ser rejeitado, não sabia ao certo o motivo, era incomensurável o desespero que me dominou, quase cego de desejo o empurrei com certa força até a parede, colando seu corpo ao meu e sentindo todos os pelos do meu corpo se eriçarem pelo contato. Nossa diferença de altura se tornou adorável, podia mergulhar em seu olhar, tão intenso que só me provocou mais, ao tocar sua nuca com as pontas dos dedos percebi que ele também tremia.

- Por favor, pare... – pediu, mas pelo tom de sua voz ele parecia querer exatamente o contrário. Era como se suplicasse para ser beijado.

Seus lábios eram bem desenhados, aproveitei que ele estava distraído com a própria respiração acelerada e absorvi sua imagem, como se bebesse de um vinho raro e antigo. Passei a língua entre meus lábios secos em expectativa, afrouxando o aperto entre nossos corpos, inclinando e colando minha testa na dele, que fechou os olhos instantaneamente. Ele poderia fugir se quisesse, mantinha apenas uma mão em sua nuca, deixando espaço suficiente para ele não me corresponder caso assim desejasse.

- Não irei me mover, nenhum centímetro sequer. – ditei as regras, com os lábios quase colados aos dele. – Não irei te forçar, mas sei que deseja o mesmo que eu.

- Eu lhe imploro, não faça isso. – pequenas lágrimas se formavam nos cantos de seus olhos, ele acabou me encarando em meio ao desespero.

- Não irei, é você que quer me beijar. – sussurrei, ele voltou a fechar os olhos. – Pare de lutar, me beije, sei que deseja mais do que eu... BaekHyunnie. – seu nome desprendeu de meus lábios quase como uma carícia. – É só um beijo, apenas faça aquilo que tem vontade...

- Cala essa maldita boca! – gritou.

E me calou no instante seguinte com um beijo arrebatador.

Suas mãos foram diretamente para os meus cabelos, entrelaçando meus fios entre seus dedos, ele me puxou com tanta força que inclinei ainda mais sobre o seu corpo enquanto sua língua ultrapassava a barreira entre meus lábios e fazia uma carícia quente dentro da minha boca. Arfei com a selvageria do beijo, rompendo qualquer pingo de sanidade que me restava, levando a mão livre até a cintura fina e prensando seu corpo ao meu, quase desgrudando meus lábios dos dele ao sentir seu corpo pequeno praticamente pular em meu colo. As pernas envolveram meu quadril e rapidamente o segurei contra a parede, mantendo minhas mãos bem firmes em suas coxas, impedindo que ele caísse.

Sorri extasiado em meio ao beijo, não imaginava que seria tão selvagem e intenso, BaekHyun chegava a ser rude, seus lábios amaçavam os meus, totalmente possessivo e surpreendente. Correspondi da mesma forma, deixando minha língua buscar por qualquer vestígio do médico engomado, que ficava para trás a medida que o beijo se moldava, acalmava e se tornava aquilo que tanto imaginei. Era exatamente como em uma alucinação, mas minha mente fazia questão de lembrar que era real, o gosto de menta em sua boca, a respiração abafada por mais e mais toques, o seu coração quase pulando do peito, a ternura de suas mãos que agora apenas acariciavam lentamente minha nuca.

O que era urgente passou a ser sensual, se acalmando enquanto prendia seu lábio inferior entre os dentes, provocando, experimentando e fazendo de tudo para eternizar aquele momento. Nos separamos brevemente, apenas para recuperar um pouco do fôlego perdido, BaekHyun nem ao menos chegou a abrir os olhos antes de colar novamente sua boca na minha, como se a realidade voltasse quando encontrasse meu olhar completamente apaixonado.

Era nosso primeiro beijo.

E conforme seu corpo relaxava entre o meu e suas pernas ficavam bambas, completamente sem forças, desejei que fosse o primeiro beijo de muitos, porque era muito melhor do que qualquer delírio, real e impossível de descrever.

BaekHyun ainda me beijava quando uma lágrima molhou sua bochecha e consequentemente se uniu ao beijo.  Deixando o beijo e o sentimento que nos unia ainda mais cálido, puro e único.

E ele era... O meu único.


Notas Finais


Não deu pra responder todo mundo no capítulo passado, estava ansiosa demais pra postar. Mas aí está o capítulo. Gostaram? Deixem seus comentários, porque eu sei quem lê a fic. u___u' Sejam lindos que deixo de estudar só pra agradar vocês!
Beijos e até. ?


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