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História Realidade Paralela - Vermelho.


Escrita por: _Mag

Capítulo 6 - Vermelho.


Era quente.

O atrito entre sua calça jeans e a minha chegava a irritar. Minha boca sedenta por sua pele marcava cada pedaço que alcançava, a curva de seu pescoço se encaixava perfeitamente em meus lábios, mordia a região só para ouvi-lo gemer em meu colo. Nós ainda estávamos vestidos e na mesma posição, BaekHyun começava a mostrar seu lado inquieto e seu ódio pelas peças de roupa que usava, porque toda vez que o soltava ele tentava tirar a camiseta. Pedi para manter a calma, queria aproveitar aquele momento como se fosse o último de nossas vidas.

E seria se fossemos descobertos.

Era excitante fazer algo aparentemente proibido, apesar da posição em que estávamos ser esmagadoramente certa. Ele se transformava quando estava em meus braços, seu sorriso doce se tornava a mais pura malícia, totalmente entregue aos meus toques. BaekHyun era tentador.

Guiei minhas mãos até a barra da sua camiseta, enrolando o tecido entre meus dedos e subindo pouco a pouco, a pele tão branquinha era revelada como prévia de todo conjunto de seu corpo. Ri rouco quando ele ficou totalmente exposto, deixando milhares de beijos sobre o seu peito, o que ocasionou em um gemido longo e erótico, pelo jeito BaekHyun era sensível na região. Demorei ali, prendendo um de seus mamilos com os dentes, senti no mesmo segundo sua pele se arrepiando debaixo dos meus lábios, e ele murmurou alguma coisa em inglês.

- Você fala outro idioma além do inglês? – Perguntei por curiosidade, enquanto começava a me livrar da calça que ele usava.

- Hm, um pouco de francês também. – Respondeu, saindo do meu colo para eu conseguir terminar de despi-lo. – Fiquei alguns meses na França.

- Um coreano falando em francês? – Ri, praticamente o jogando na cama. – Você deve ficar lindo gemendo em francês. – Murmurei em seu ouvido, já estava em cima dele sem a camisa.

BaekHyun riu, envolvendo os braços em meu pescoço, puxando para mais um beijo. Enquanto nos beijávamos ele até sussurrou algo em francês contra minha boca, mas estava concentrado demais para perguntar o que significava. Ele se entregava cada vez mais, suas reações eram únicas, minhas mãos passearam pelo seu corpo até tocá-lo intimamente, o tecido da boxer que ele vestia impedia algo direto e eu usava aquilo como forma de provocação.

Não queria ser o único a receber prazer, deveria existir uma troca, em que ele também aproveitasse cada momento, mesmo estando por baixo. Separei apenas para terminar de retirar minhas roupas, enquanto isso ele me olhava e analisava meu corpo. Eu não era de me gabar, talvez por isso não me achasse tão atraente, acho que minha popularidade sempre foi devido a minha simpatia, e um charme que realmente não sabia qual era. Por outro lado, BaekHyun era tão bonito, traços suaves e harmoniosos, mesmo sendo magro ainda sim ele era mais atraente do que eu.

A cama estava coberta apenas por uma colcha fina, mas quando voltamos a nos encaixar tudo ficou absurdamente quente. A sequencia de toques e beijos deixou todos os meus sentidos apurados, seu cheiro me queimava por dentro, o gosto de sua boca era inebriante, nossos corpos se roçando já me deixavam a beira do clímax e ainda me deliciava com a visão de sua nudez. Voltei a tocá-lo, dessa vez livre de qualquer tecido, o envolvi e o deixei relaxado, não tínhamos nenhum recurso para deixar tudo menos doloroso para ele.

O toquei como gostava de ser tocado, éramos homens e nos entenderíamos de qualquer forma. Eu sabia o que era agradável e o que não era, por isso mesmo substitui a mão que o estimulava por minha boca. Era a primeira vez que o fazia, mas me guiava seguindo meus instintos e os gemidos arrastados que ele soltava. Doía negligenciar a necessidade de me tocar, mas era extremamente prazeroso ver o quanto minha língua o enlouquecia. BaekHyun mantinha os olhos fechados, abrindo uma pequena fresta entre as pálpebras apenas quando ele ia mais fundo em minha boca.

Seu corpo todo tremia, rapidamente voltei a tocá-lo com as mãos, usando a prova do seu desespero para prepará-lo. Ele gemeu e se afastou, o que estranhei já que aparentemente BaekHyun estava gostando.

- Ainda não. – Ele pediu, me fazendo sentar na cama para ele se encaixar novamente em meu corpo. – Quero ficar com você o máximo possível.

Deixei que ele passasse suas pernas em meu colo, e o abracei ao perceber que ele sentia medo. “Nós vamos ficar juntos, é uma promessa”, sussurrei em seu ouvido e BaekHyun ficou mais calmo. Voltei a beijá-lo para passar segurança, talvez no fundo ele ainda achasse que eu fosse me casar, que pudesse mudar de ideia a qualquer instante. Seu corpo ondulou sobre o meu e gemi sonoramente, e como ele gostava de me provocar repetiu várias e várias vezes aquele movimento.

Nós continuamos ali, por incontáveis minutos suspensos na linha do tempo, sendo donos do nosso destino, marcando o presente com toques e beijos até tudo se tornar uma boa lembrança ao me desfazer dentro dele. Sua respiração voltava ao normal pouco a pouco, em um meio abraço ainda me mantive ligado a ele.

- Você sabe o que isso significa? – Perguntei assim que meu corpo esfriou.

- Que você nunca mais vai se livrar de mim? – Ele riu e depositou um pequeno beijo em meu peito.

- Bom... É quase isso. – Sorri também, mas dessa vez capturando seus lábios. – Lá fora existe um mundo inteirinho contra nós.

BaekHyun me olhou profundamente, buscando o verdadeiro significado de tudo que eu tinha dito. Achei que ele fosse vacilar, mas continuou sorrindo e me abraçou ainda mais forte. Nós realmente estávamos indo até o fim, ele confirmava isso com o abraço e eu com o que disse a seguir.

- Hoje mesmo eu vou falar com a YunHa. – Avisei. – Vou pedir desculpas para os seus pais e para os meus.

- Vai contar sobre nós? – Indagou curioso.

- Ainda não, é muita informação de uma vez só. – Expliquei e ele concordou. – Mas por enquanto... – Comecei divertido. – O que acha de um banho?

Ele rapidamente se levantou, sem o menor pingo de vergonha por sua nudez, me puxando como uma criança querendo ganhar algum brinquedo novo. O apartamento estava quase pronto, faltavam alguns móveis, objetos e roupas – que nunca chegariam – e utensílios domésticos. As instalações elétricas estavam prontas, por isso a água do chuveiro era quente e agraciava nossas peles, por sorte um pequeno conjunto de sabonetes e shampoos estavam em cima da pia, algo que minha mãe insistiu em trazer na sua última visita ao imóvel.

Eu era uns dez centímetros mais alto do que BaekHyun, o que o deixava em desvantagem, pois rapidamente o encurralei em um canto do box. “Não sabia que era ninfomaníaco, ChanYeol...”, ele murmurou em meu ouvido, rindo em seguida porque passei a beijá-lo nos ombros o que provocava pequenos arrepios em seu corpo.

- Hm... – Direcionei meus beijos até alcançar seus lábios. – Talvez você tenha me transformado em um. – Mordi seu lábio inferior. – O que acha de passar o dia todo aqui?

- Esqueceu que deixei todo mundo preocupado? – Ele lembrou, mas não afastou o contato.

- Depois você liga avisando que te convenci. – Disse, colando nossos corpos porque já me excitava novamente. – Eu te convenci, não foi?

- Convenceu. – Respondeu vencido, levando as mãos até minha cintura, fazendo que uma parte estratégica da sua anatomia roçasse contra minha. – Convenceu até demais...

Depois disso não aguentei, a carne é fraca e logo BaekHyun estava contra a parede gelada de azulejos, gemendo sonoramente enquanto eu o tocava. Mas não por muito tempo, ele ajoelhou-se ali mesmo em uma visão totalmente inebriante, molhando os lábios já inchados por meus beijos e me envolvendo parcialmente. Fui para o céu e voltei com um único movimento, sentindo a umidade de sua boca me proporcionando o maior prazer do mundo. Talvez ele tivesse razão sobre a parte do “ninfomaníaco”, pois só ali no banheiro o fiz gozar duas vezes.

Ficamos quase uma hora debaixo do chuveiro, trocando carícias e por fim nos lavando. Minhas mãos saíram enrugadas e ele brincou dizendo que nossas mãos seriam daquela forma quando os anos passassem, não ri com a brincadeira, pelo contrário, fiquei sério absorvendo o que ele me disse. BaekHyun queria mesmo viver ao meu lado por muito tempo, mesmo que nos conhecêssemos tão pouco era como se fosse exatamente para ser daquela forma. Eu e ele velhinhos, lembrando de tudo que aconteceu para ficarmos juntos.

Aquilo era só o começo do possível inferno que se tornaria nossas vidas.

- Eu estou com fome. – Ele reclamou infantil, enquanto eu ajeitava o meu cabelo no espelho.

Mas estava certo, não comia nada desde o almoço.

- Tem uma loja de conveniência aqui perto, que ir lá comprar alguma coisa? – Ofereci.

- Quero! – Gritou animado, correndo até a porta já colocando seu par de tênis. – Vai me comprar muita comida. – Avisou quando alcançamos o elevador.

Eu estranhei ter deixado a porta do apartamento aberta, mas dei de ombros e entrei no elevador com ele, que enumerava tudo que queria comer.

- Qual sua cor favorita? – Perguntei de repente, enquanto a enorme caixa de ferro descia os andares.

- Azul. – Respondeu sem entender.

- É que tem muitas coisas que eu não sei sobre você. – Expliquei, dando um beijo em sua testa antes do elevador abrir. – E você sobre mim.

Nós tínhamos todo o tempo do mundo para nos conhecermos.

Planejava passar reto pelo porteiro, apenas o cumprimentando com um aceno, mas para minha surpresa ele me parou antes que eu deixasse o prédio.

- Senhor Park... – Ele parecia tentar encontrar as palavras certas. – Aconteceu alguma coisa lá em cima?

Corei com a pergunta, será que fizemos muito barulho?

- Não. – Fui firme. – Por que?

- Sua noiva, ela subiu e depois de algum tempo saiu chorando. – Disse.

Ao mesmo tempo em que uma bomba explodia sobre a minha cabeça.

- Nós discutimos, mas não foi nada grave. – Respondi, puxando BaekHyun dali.

Eu não sabia o que fazer e o que dizer, apenas segurei em sua mão bem firme e continuei andando. Ele me chamava, mas fingia não ouvi-lo, sua voz soava desesperada e apenas não ultrapassava o meu desespero. Era como ter todo o peso do mundo desabando sobre mim e ainda ouvir sua voz trêmula como plano de fundo.

“Ela nos viu”, repeti mentalmente milhões de vezes até pararmos em frente à loja, só assim BaekHyun conseguiu se livrar do meu aperto. Olhei para trás e vi que ele me olhava amedrontado, deveria estar pensando que o deixaria naquele instante, porque nada saiu como planejávamos.

- Vamos comprar alguma coisa para comer. – Disse estranhando o tom calmo da minha voz. – Depois pensamos em algo.

- Tu-tudo bem. – Gaguejou me seguindo.

Agi normalmente, enchi uma cesta com salgadinhos, doces e refrigerantes, ele não pegou nada e apenas me acompanhou calado pelos corredores lotados de produtos industrializados. Senti o medo saltar de cada poro da sua pele, tantas coisas deveriam estar rondando a cabeça dele, que respeitei o seu silêncio. Saímos da loja da mesma forma que entramos – como dois fantasmas – e fizemos todo o percurso de volta sem dizer uma palavra, quando chegamos ao prédio resolvi perguntar sobre a YunHa, precisava de mais informações.

- Com licença, faz muito tempo que minha noiva deixou o prédio?

- Não, senhor. – O porteiro respondeu prestativo. – Ela saiu uns trinta minutos antes do senhor descer.

- Ah, obrigado. – Agradeci, arrependendo de ter perguntado.

BaekHyun abriu a boca para dizer alguma coisa, mas não disse. Subimos até o apartamento e deixamos as sacolas no balcão, ele mal teve tempo de abrir uma das latinhas de refrigerante, pois o abracei por trás ao ver que ele tremia.

- O que nós vamos fazer? – Perguntou, as lágrimas já molhavam suas bochechas e pintavam o retrato triste de seu rosto. – Ela nunca vai me perdoar.

- Ela vai. – Assegurei, virando seu corpo para abraçá-lo mais firme. – Vocês são irmãos, algum dia vão se entender. – Depositei um beijo em sua testa. – Coma alguma coisa, hm?

Ele balançou a cabeça negativamente, puxando minha camiseta como se fosse rasgá-la. Eu era o noivo, mas ele era o irmão, um laço sanguíneo muito forte tornava tudo mais doloroso para ele e para ela, meu papel era como o canalha da estória. Não iria voltar atrás, ficaria ao lado dele porque a culpa era exclusivamente minha, jamais jogaria BaekHyun contra a irmã. Ficamos ali abraçados, enquanto planejava uma forma de defesa mentalmente, tentando tornar tudo mais fácil para ele.

Era o fim da linha.

Mesmo que quisesse desmanchar o casamento dias antes de subir ao altar, tentaria fazer de uma forma que YunHa não saísse prejudicada, agora via tudo desmoronar na minha frente. Pelo que o porteiro tinha dito, com certeza ela nos viu no banho, enquanto nos amávamos debaixo do teto que ela sonhou um dia morar. A água do chuveiro e nossas risadas impediram ouvir qualquer barulho, a porta estava aberta como se fosse uma indireta para receber YunHa ali com a verdade.

Ela devia estar quebrada, em milhões de pedaços. Só de imaginar seu rosto sereno atormentado pela dor e pela decepção me deixava mal, como se meu coração fosse pular do peito tamanha angústia. Apesar de tudo, eu ainda a amava, de uma forma diferente, mas nunca deixaria de me preocupar com ela, como se no mínimo quitasse uma dívida por tudo que passamos juntos.

- Está com seu celular? – Perguntei delicadamente e ele assentiu. – Ligue para sua mãe, precisamos saber se a YunHa chegou bem.

- Você tem razão. – Pareceu raciocinar com mais clareza, tirando o celular do bolso. – Eu o desliguei.  – Explicou, ligando o aparelho e conferindo as sete ligações perdidas. – São todas da minha mãe, vou ligar para ela.

Segurei em seus ombros enquanto ele ligava, consegui ouvir parte da conversa e sua mãe parecia aflita atrás dele, mas logo se acalmou quando BaekHyun disse que estava bem e que não iria mais embora. Ao perguntar da irmã não obteve resposta, minha sogra achava que YunHa estava comigo, então ninguém além dela sabia sobre nós na família. BaekHyun desligou, ainda aflito e sem saber o que fazer, eu também não tinha a menor noção do que aconteceria dali em diante, mas precisava ser o ponto firme entre nós.

- Nós vamos encontrar a YunHa primeiro. – Disse para acalmá-lo. – O pior já aconteceu, então agora é saber lidar com isso.

- Vamos assumir?

- Ela já viu a prova de que estamos juntos, agora quem não vai querer se casar é ela. – Disse, pegando meu celular e discando rapidamente um número que eu jamais esquecia.

Eu precisava falar com meu melhor amigo.

x-x-x

SuHo entrou no apartamento como um trovão, BaekHyun já tinha controlado o choro e comia infantilmente alguns salgadinhos na cozinha, e eu andava de um lado para o outro tentando imaginar onde YunHa estava. Eu levei uma bronca – algo que se tornava rotina – e  um puxão de orelha, sendo que o último realmente aconteceu, minha orelha ardia enquanto meu melhor amigo ajudava a pensar em algo.

- Vocês são dois irresponsáveis! – Ele gritou. – Muito bonito fazer do seu futuro lar um ninho de amor! – Exasperou-se.

- Nós já sabemos disso. – Bufei irritado. – Pode nos ajudar?

- Sinceramente, eu estou feliz por você ter percebido o óbvio. – SuHo declarou, o que fez BaekHyun sorrir do outro lado do apartamento. – Mas precisava selar tudo com um dia tórrido de sexo?

BaekHyun corou e eu ri de forma escandalosa, apesar de toda tensão que pairava no ar e praticamente nos asfixiava, SuHo conseguiu arrancar algumas expressões mais alegres no menor, o que me deixou aliviado.

- Sou uma sex machine. – Brinquei, mas quase apanhei novamente do meu melhor amigo. – Certo, falando sério... Acha que pode nos ajudar?

- Eu tive que despistar o Kai para vir aqui, sabe o que isso significa? – Perguntou como se pudesse me matar com o olhar. – Ele achou que eu estava vindo participar de uma orgia com vocês dois! Fico lá triste achando que o deixamos de lado! – Suspirou. – Se passei por tudo isso... É claro que vou ajudá-lo.

Finalmente voltei a respirar, ignorando o comentário sobre o Jongin porque... Bom, estávamos falando do Kai afinal. SuHo se sentou, passando a comer as batatas fritas junto com um BaekHyun confuso, meu melhor amigo precisava se alimentar para pensar melhor, enquanto eu fazia isso para tirar o nervosismo que me dominava. Comemos em silêncio até SuHo ter a brilhante ideia de ligarmos para todos os amigos que YunHa e eu tínhamos em comum, claro que alguns eram apenas conhecidos, mas mesmo assim já era um começo. BaekHyun ficou ao meu lado o tempo o todo, a cada ligação eu tinha esperança, quem sabe YunHa não estava com alguma amiga?

- Já ligou para todas? – JoonMyun perguntou depois de ligarmos para todos os meus contatos do celular.

- Sim, mas eu não tenho o número de todas as amigas da YunHa. – Expliquei derrotado.

Nossa busca havia sido em vão.

YunHa tinha desaparecido como se fosse a neve derretendo após o rigoroso inverno.

Comecei a me desesperar, realmente pensando no pior. YunHa era sensata demais para cometer uma loucura, mas era difícil descobrir o comportamento de alguém ao ser traído. Me coloquei em seu lugar, ela deveria estar tentando colocar tudo em ordem para não sucumbir a dor da traição, tentando aceitar o fato de que seu próprio irmão estava tendo um caso com seu noivo. Era irreal demais até mesmo para minha imaginação, tudo tinha chegado ao seu limite e eu era o louco ali por imaginar que tudo ficaria bem.

- Será que aconteceu alguma coisa? – BaekHyun voltou a falar, mas eu preferia que não o fizesse. – Algo... Ruim?

- Não! – Gritei. – Ela está bem, eu tenho certeza disso. – Menti.

Se qualquer coisa acontecesse com ela, me sentiria culpado e nunca conseguiria olhar para BaekHyun novamente, porque lembraria do sorriso dela, dos cabelos negros e principalmente lembraria do que eu e ele fizemos movidos a uma paixão desenfreada. Ele também carregaria a culpa, olharia para sua família despedaçada pela perda e aquilo seria um reflexo da traição, em que nós em nenhum momento pensamos em YunHa.

- Ele pode ter razão. – SuHo disse calmo. – Vamos visitar alguns hospitais só para ter certeza.

- Certo. – Concordei.

Nós rodamos Seul inteira atrás dela, visitamos todos os hospitais em busca de informações e mais uma vez não encontramos nada. BaekHyun voltava a chorar baixinho no banco de trás, em alguns casos ele preferiu não sair de lá, com medo de YunHa estar realmente internada em um hospital. Ele ligou novamente para a casa dos pais, era tarde da noite e novamente YunHa não estava. Quando BaekHyun desligou, achei que iria chorar novamente, mas para nossa surpresa seu celular tocou segundos depois.

“Eu preciso de um tempo.”

YunHa.

Me afundei no banco aliviado, apenas uma mensagem e vi um ponto de esperança bem diante dos meus olhos. SuHo que dirigia colocou uma das mãos em meu ombro para dar apoio, dizendo que iria nos deixar no apartamento já que estávamos no carro dele.

- Ela está bem. – BaekHyun disse com um pequeno sorriso nos lábios, mesmo que o “bem” significasse “viva”.

- Talvez tudo termine de forma amigável. – Disse para deixá-lo melhor, mas não acreditava muito nas minhas palavras.

Algo me incomodava.

Como se ainda existisse algo para acontecer, que me separasse completamente dele.

E realmente existia.

SuHo estacionou o carro do outro lado da rua, BaekHyun e eu descemos e nos despedimos do meu melhor amigo, que partiu em seguida. O relógio marcava nove e meia da noite, gastamos muito tempo rodando a cidade e agora só queria uma cama quentinha para esquecer aquele dia, correndo até o outro lado da rua, já que meu carro estava estacionado bem em frente ao prédio.

Então BaekHyun gritou, um grito desesperado que rasgou sua garganta até chegar aos meus ouvidos.

Tarde demais.

Primeiro eu vi a luz muito forte dos faróis do carro que corria em alta velocidade até mim, mas já era tarde para eu mover um músculo sequer. Depois eu ouvi o impacto, um barulho ensurdecedor. Meu corpo foi de encontro ao chão, meus sentidos pouco a pouco foram se perdendo, em um misto de dor e alívio.

Até então eu não sabia qual era a sensação de morrer, talvez se pudesse descrevê-la diria que é como uma brisa suave, que toca nossa pele e a faz formigar para enfim partir sem deixar rastro. Eu não sentia nenhuma dor física, meu corpo estava mole como se recebesse uma anestesia muito forte, minhas bochechas estavam banhadas pelas lágrimas, mas são sabia por quem e porque chorava, afinal não existia nada de mais em morrer. O que incomodava era o fato de um pedaço da minha alma ter sido arrancado a força, o pedaço correspondente a minha lucidez.

Eu vi o rosto dele antes de fechar os olhos, achando que tudo ficaria azul como sua cor favorita.

Porém, tudo ficou vermelho.

Vermelho sangue e o sangue não era meu.

Antes de partir, eu ouvi a melodia que dominava meus sonhos nas últimas noites. Estranhando o fato dela parecer real, acho que eram os anjos cantando.

-

“Eu vim para te amar agora...

Não há lugar para eu voltar.

Minhas asas foram levadas.”

-



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