História Reality - A Loucura de um Sonho

— Alguém me diga o que aconteceu lá — A ruiva falou, se virando e olhando para Fury e Hill, que entravam na sala de reuniões. Fury tinha dispensado Steve e mandado Natasha a procura do Stark, enquanto Mackenzie ainda tentava digerir o que tinha acontecido.

— Também gostaria de saber, Hill? — Ele a chamou, se virando para a morena, que mexeu em seu tablet e, de repente, com um movimento de Hill no tablet, o centro da mesa estava com um holograma sob ela.

—Taxus baccata, um veneno nativo da Europa, norte da África e sudoeste asiático, e precioso cerca de 50 gramas para matar um ser humano — A agente respondeu, e o holograma mostrou um mapa com algumas partes marcadas e uma foto de uma frutinha vermelha.

— Segundo a autópsia, ele tinha uma pequena cápsula com 150 gramas, plantada cirurgicamente na parede estomacal dele, que foi ativada remotamente, liberando o veneno pelo corpo. Parece que alguém tinha medo que ele falasse demais.

— Bom, vamos ter que arrumar um jeito de descobrir por que a Hidra está interessada em você Srtª Colman — ele falou, voltando-se para Mackenzie — Além do mais, não acho que ele pudesse falar mais do que ele já tinha falado, não parecia estar mais informado do que nós — finalizou o diálogo, e, em seguida, o Homem de Ferro entrou na sala.

— Então, acho que seus esforços foram em vão, pelo o que eu soube, parece que o Popai versão dark se esqueceu de comer o espinafre e acabou indo pro beleléu quando estava interrogando-o — ele fez um movimento com as mãos e se sentou em uma das cadeiras giratória, começado a girar na mesma.

— Infelizmente, sinto muito por ter precisado aquela cena senhorita Colman — Fury falou, desviando a atenção do Stark para a ruiva, que deu um meio sorriso e assim que o Fury tinha terminado de falar, Tony parou de girar na cadeira para encarar os três ali — Creio que não tenha sido exatamente uma boa lembrança para se guardar.

— Eu aceitei ir para lá, precisava de respostas. — Mackenzie falou, sentando em uma das cadeiras que estava por perto, colocou os cotovelos na mesa e usou para apoiar sua cabeça, ela podia sentir uma veia pulsar fortemente pela testa se passasse a mão, ouviu um celular vibrando, virou um pouco a cabeça e percebeu que foi o de Tony, que já estava com o aparelho em mãos.

— Por falar em respostas Srtª, não me lembro de você ter mencionado o envolvimento da Hidra na morte de seus pais, que até então foi considerada um acidente — ele falou, fazendo o Stark levantar a cabeça e colocar o celular no bolso.

— Bom, a conversa está boa, mas preciso voltar para a Torre, Pepper chegou e está louca com a bagunça, e você — ele apontou para Mackenzie — Vem comigo.

— Tudo bem, terminaremos nossa conversa depois — ele falou para os dois e saiu da sala.

A ruiva ficou em pé e pegou sua bolsa, que estava lá perto, olhou para o moreno, que começou a andar, durante todo o trajeto, um silencio constrangedor dominou o momento, e nenhum dos dois se atreveu a quebrá-lo. Eles ainda não tinham conversado sobre como seria a relação deles agora que descobriram o grau de parentesco que possuíam, e ao que parecia não seria agora que o assunto seria discutido. Eles chegaram à entrada, e, só quando a luz do sol cegou os olhos de Mackenzie, ela percebeu o quanto a agência era fechada. Quando sua visão melhorou, percebeu como as ruas estavam movimentadas e, em seguida, viu o homem do seu lado direito colocar a mão no bolso e observar o movimento da rua.

— Happy está vindo, ele vai lhe levar para a Torre — ele falou, sem tirar os olhos da pista, ela apenas acenou com cabeça, sem ter certeza que ele tinha visto, e voltou a sua atenção para frente. Não observava a pista como o homem ao seu lado, não observava nada. Tinha sua mente focada no barulho.

Ela fechou os olhos e escutou, pela primeira vez desde que sua mãe morreu, as pessoas. Conseguia ouvir os gritos estressados, os choros dos perdidos, as risadas das pessoas alegres, ela podia ouvir os sentimentos das pessoas, conseguia senti-los em sua própria pele. Sentia cada emoção, inclusive a indiferença que o homem ao seu lado fazia questão de demonstrar.

— Sinto muito por sua mãe — Tony falou de repente, assustando a ruiva, agora ele olhava para ela, a observando cuidadosamente. — Ela era uma boa pessoa, deve ter sido uma boa mãe — finalizou e a ruiva riu seca.

— Fala como se lembrasse dela, como se realmente a conhecesse — sentiu as lágrimas subirem para seus olhos, mas não iria chorar, não com ele ali a observando. Ela é realmente a filha da Katherine, pensou ele. Tinha a mesma cor dos olhos e dos cabelos, a voz e olhar eram, estranhamente, idênticos ao de sua mãe, e isso deixava o moreno muito desconfortável, não estava preparado para uma filha.

— É porque eu a conhecia — falou e, em seguida, ouviu-se uma buzina do lado esquerdo de Mackenzie, era Happy, que havia chegado — Entre no carro, tente evitar sair da Torre por um tempo.

E ele saiu sem dar chance a Mackenzie para falar alguma coisa. Tinha entrado na agência novamente, ela não poderia entrar e correr risco de se perder, Happy estava bem ali, apenas esperando Mackenzie, e a ruiva não poderia deixá-lo plantado naquele lugar. Por fim, respirou devagar e foi até o carro, sendo recebida pelo motorista com um sorriso. Deitou no banco e olhou para o teto durante todo o trajeto. Quando chegaram, Mackenzie foi ao elevador com Happy, e passaram alguns poucos minutos lá, antes que as portas de abrissem, dando visão da sala extremamente bagunçada em consequência da luta de ontem. Ninguém teve tempo de pedir para alguém arrumar o lugar, pensou Mackenzie, enquanto subia as escadas. Seguiu para o seu quarto — sendo guiada por Jarvis. E se jogou em sua cama, colocou a bolsa e a sacola no criado do seu lado esquerdo e tirou os sapatos. Olhou para o relógio e viu que marcava exatamente seis e meia, tinha passado o dia inteiro na agência.

Ela fechou os olhos, sentindo o corpo afundar, o tecido de seu edredom era macio, fazendo Mackenzie pensar que estava nas nuvens, mas só por um momento. Então, recomeçou. Sentiu uma pontada de dor na lateral esquerda de sua cabeça, e a mesma foi se espalhando por toda a cabeça, ficando cada vez pior, até chegar a um ponto que Mackenzie não conseguia mais aguentar. Levantou as costas da cama, ainda com os olhos fechados, e colocou as mãos sobre a cabeça, soltou um gemido e sentiu o ar esvaziar de seu corpo por um instante e, quando abriu os olhos, não estava mais em seu novo quarto.

Ela percebeu que não estava mais em cima de sua cama, não se lembrava de ter levantado em algum momento e observou o cenário ao seu redor, ele causava medo na garota, por algum motivo. O local em que estava era de uma cor mais escura, como preto, com um pouco de azul, algumas coisas ao redor dela brilhavam de cores diferentes, e uma, em especial, chamou sua atenção, era verde e brilhava mais que as outras. Ela, então, começou a caminhar em passos lentos e cheios de medo para a luz esverdeava, e, a cada um que dava, e luz ia ficando mais forte, tão forte que até incomodava sua vista, mas nada que impedisse Mackenzie de continuar. Tinha algo que lhe atraia até lá. O medo que sentia se esvaziou, e a curiosidade tomou o seu lugar, o que era aquilo? Não saberia se a resposta era agradável, mas estava disposta a descobrir, mesmo parecendo que a cada passo que dava retrocedia dois. Depois de algum tempo, quando finalmente chegou perto o suficiente para tocar a luz, sentiu o chão sumir e o medo voltar a seu corpo, juntamente com o vento, ela estava caindo e logo chegaria ao chão. Então, ao fechar os olhos, ela ouviu uma doce voz, que não saberia dizer de onde viera, sussurrar, em seu ouvido algo, que não entendia, era como se fosse outra língua que Mackenzie não conhecia, e sussurrava milhares e milhares de vezes, fora de sincronia.

Ao sentir seu corpo chocar-se contra algo, o ar lhe fugiu dos pulmões, como anteriormente, mas, dessa vez, foi de uma maneira muito mais dolorosa do que a primeiro, e, então, abriu os olhos e se viu novamente em seu quarto da Torre, na mesma posição de antes. Afastou as mãos do rosto lentamente e virou a cabeça devagar para a esquerda, olhou para o relógio digital em cima do criado mudo e viu marcar seis e trinta e um. Ficou confusa, o que era aquilo que tinha acabado de acontecer? Perguntou-se, mas não sabia a resposta, bem, pelo menos, ela achava que não sabia.

Sentiu algo em seu peito aquecer e olhou para a porta de seu quarto, não sabia o que estava fazendo ao abri-la, seguiu por alguns corredores sem a ajuda de Jarvis e sem saber o porquê de estar indo por esses corredores, até que finalmente chegou à escadaria. Devagar, começou a descer a escada e sentiu uma sensação de déjà vu quando percebeu que os vingadores estavam ali e não tinha a notado da mesma maneira, mas dessa vez tinha uma presença a mais na sala, trajava uma roupa verde e sua pele era da cor vermelha e, no meio da cabeça, possuía uma pedra amarela. Mackenzie demorou um pouco para perceber que se tratava do andróide denominado Visão, e que a pedra que ele carregava na cabeça era uma das joias do infinito.

— Por quem estamos esperando afinal? Não estão todos aqui? — perguntou Natasha, olhando para Fury com uma sobrancelha levantada.

— Paciência é uma virtude, Romanoff. Falta só uma pessoa para a equipe estar completa — ele olhou para Natasha, que arregalou os olhos. Abriu a boca para falar algo, mas foi interrompida pelo barulho do elevador. E, de lá, saiu um homem de cabelos grisalhos, esse a ruiva não demorou em reconhecer como Bruce Banner, o famoso cientista, se lembrava de ter lido algo sobre uma explosão de raios gamas e que ele estivera lá e sobreviveu. O clima ficou tenso quando ele chegou, ela percebeu o jeito que Romanoff e o mesmo se encararam antes que Banner desviasse o olhar para o chão — Banner, seja bem vindo de volta.

— Obrigado Fury — ele respondeu, levantando a cabeça, apertando a mão do careca. Estava estranhando voltar a Torre depois de tanto tempo e, ainda mais, olhar para Natasha passado tanto.

— Bom, creio que todos estamos aqui — falou, olhando para os outros Vingadores. Voltou seu olhar para Bruce e disse — Bom, quase todos. Senhorita Mackenzie, gostaria de se juntar a nós?

Pronunciou, virando-se para as escadas, Mackenzie se sentiu surpresa, já estava subindo, pois não queria passar pela mesma situação de ontem, tanto que nem tinha passado muito tempo nas escadas. Ela desceu, contando até dez ,mentalmente, para se acalmar, quando chegou, sentiu algo na região do peito, talvez estivesse tendo um ataque cardíaco, pensou ela, ou talvez seja só nervosismo.

— Para aqueles que ainda não a conhecem, esta é Mackenzie Colman — falou Fury sem tirar os olhos dela — Ela é filha do Stark — completou, deixando Bruce impressionado.

— Oh... Uma filha do Tony? — ele perguntou, e Mackenzie revirou os olhos, já estava ficando irritada com isso.

— O que eu estou fazendo aqui? — pela primeira vez, Mackenzie se pronunciou e, logo em seguida, se arrependeu, pois todos na sala a encararam — Quer dizer, vocês estão fazendo a reuniãozinha semanal de vocês, o clube dos heróis mais poderosos da Terra, mas ainda não entendi o motivo da minha presença.

— Achei melhor que todos estivessem aqui — ele respondeu — Apenas para não ficarem desavisados. Thor, pode soltá-lo

Ele falou, e os olhos verdes de Mackenzie foram até o moreno. Loki estava acorrentado, como na primeira vez que o viu, com a mordaça e tudo, mas, quando percebeu que Thor estava tirando as correntes, o desespero bateu, as lembranças do atentado alienígena a Nova York tomaram sua mente e começou a respirar mais rápido, sentiu o coração bater mais rápido à medida que Thor liberava o moreno.

Quando Loki finalmente ficou sem as mordaças e as algemas, Fury se pronunciou:

— A partir de hoje, Loki ira residir na Torre, e vocês permaneceram aqui por tempo indeterminado para vigiá-lo — falou, deixando Mackenzie completamente paralisada.