Abri os olhos, e olhei ao redor. Estava relativamente escuro ainda. O hospital estava mergulhado no silêncio, mas da minha janela eu podia ver a entrada do hospital, uma ambulância estava saindo depressa. Suspirei. Queria dormir mais, mas o sono não vinha. Eu ainda estava muito incomodada de ter que ficar naquele hospital por tempo indeterminado.
Então vi um carro estacionar numa vaga do outro lado da rua, e de dentro saiu Natsu Dragneel, o fisioterapeuta encarregado de me fazer andar novamente. Ele tinha uma expressão disposta, mesmo sendo quatro e meia da manhã. Médicos deviam ser assim, não é mesmo? Esse lugar não para, noite e dia.
Lembrei de dias antes, quando o Dr.Dragneel me abraçou espontaneamente. Corei. Are Lucy, ele é seu médico, pensei. Me deitei na cama novamente, forçando meus olhos a ficarem fechados. Poucos minutos depois alguém abriu a porta. Mas o sono já estava tomando conta de mim, e minhas pálpebras estavam pesadas demais para eu olhar para a pessoa. Eu estava de costas para a porta. Então permaneci como estava, por que era muito trabalhoso e fingi dormir.
Deve ser Juvia-san...
Senti uma mão pousar na minha cintura. Não era a mão de Juvia, era uma mão masculina e quente. Meu coração se encheu de tranquilidade, pois foi como se tivesse acabado de tomar uma injeção de carinho.
- Não se preocupe – A pessoa sussurrou – Eu vou te curar
Era a voz dele. Ele viera me ver. Pouco depois saiu do quarto.
- Dr.Dragneel... – Sussurrei quase inaldivelmente.
Então embalada pela tranquilidade que ele deixou no meu quarto, dormi.
*
Uma semana depois...
**
- Lucy-san? – Ouvi Juvia me chamar.
- A-ano? – Abri os olhos – Oyahoo...
- Oyahoo! – Ela falou alegre – O seu café está aqui.
Eu estava de costas para aporta e para Juvia. Fui tentar me acomodar, mas apenas parte do meu corpo obedeceu aos comandos. Apenas da cintura para cima.
- Opa...
- Eu te ajudo! – Ela falou, e me ajudou a ficar deitada de barriga para cima, então levantou a cama até eu ficar sentada.
- Arigato! – Falei.
- Aqui está – Ela colocou o café na minha frente – Coma bastante, daqui a pouco você vai começar a fisioterapia!
- Já? – perguntei mordendo uma torrada.
- Hai! Já se passou uma semana desde que você acordou, todos os exames necessários você já fez, e o Doutor Dragneel disse que você quer andar novamente o mais rápido possível, então não vamos sossegar até você recuperar seus movimentos! – Sorria.
- Ah... – Falei, corando. Lembrei do acontecido horas antes.
- Aliás – Ela falou, colocando o indicador no queixo e olhando para cima – Ele vem te ver toda vez que ele chega, até nos plantões durante a madrugada...
- M-mesmo? – Não foi só uma vez?
- Ele realmente está dedicado ao seu caso – Ela disse – Durante seu coma ele vinha todo dia.
Por essa eu não esperava. Corei da cabeça aos pé... Digo, à cintura.
- N-NANI?
- Oe Lucy-san, vai sair daqui casada, nyah! – Ela falou, fazendo uma expressão fofa.
- Não exagere Juvia... – Suspirei, ainda vermelha – Não se empolgue!
- Gomen! – Ela sorriu – Mas você fazem um belo par!
- Conheci ele semana passada! – Não se arranja um marido em tão pouco tempo.
- E daí? Eu também conheci meu marido semana passada! – Ela deu pulinhos de alegria.
- Hã? – uma gota rolou pela minha cabeça.
- GRAY-SAMAAAA! – Ela gritou, me dando um susto – Chegou transferido quinta passada! Quando o vi tive certeza que nos casaremos e teremos dezessete filhos!
Comecei a rir descontroladamente.
- Você é uma figura Juvia! – Eu ria.
- Gray-samaaa! – Ela continuava cercada de corações.
Ela era a enfermeira responsável por mim. Desde que acordei, nos vemos de pouco em pouco tempo. E nessa única semana, parecia que eu tinha feito uma amiga que conhecia há anos.
- Juvia-san, não atormente a Lucy – Era o Doutor Dragneel entrando – Por sua causa o Doutor Gray está tentando uma nova transferência desesperadamente! – Ele riu.
- Oh! Que tímido que ele é, não? Eu vou lá acalmá-lo! Até mais! – E saiu saltitando.
- Que graça! – E ri baixinho.
- Tenho pena do Fullbuster... Teehee! – Ele sorriu maldosamente – Ele não tem o mínimo jeito com mulheres!
- Você conhece o médico novo? – Perguntei.
- Sim, somos amigos desde a universidade – Ele falou – É a primeira vez que uma mulher se apaixona por ele tão rápido! – Riu – Bem, vamos para a sala de fisio!
- Ok! – Falei animada – Cadê minha cadeira de rodas?
- Hoje não tem! – Ele sorriu para mim – Tivemos que trocar todas as cadeiras de roda do hospital, estavam muito antigas, as novas só chegam amanhã então... – Ele estendeu os braços na minha direção.
- EEEEEH? – Dei um pulo.
- Ou vai ir andando? – Ele falou, desafiador.
Fiz um bico, mas logo suspirei, derrotada. Empurrei as cobertas com as mãos e estendi os braços para ele.
- Ande logo e tome cuidado – Falei vermelha.
Os braços dele passaram pelas minhas costas e por baixo dos meus joelhos. Ele levou meu corpo até o dele. Eu passei meus braços pelo pescoço dele. Meu coração disparou, espero que ele não tenha percebido.
Eu não estava acostumada com esse tipo de coisa.
*
**
Andar pelos corredores nos braços do Doutor Dragneel era mais constrangedor ainda. Juvia passou por nós e soltou um “KYAH!” bem sonoro. Também passamos por quem julguei ser Gray, visto a intimidade usada pelo Doutor Dragneel para provocá-lo, visto que ele carregava no colo um senhor idoso.
- É aqui – Ele parou na frente de uma porta dupla de vidro, que se abriram automaticamente.
Era cheio de aparelhos coloridos e estranhos, mas bem, não importa, desde que eles me ajudem a andar novamente. Juvia nos esperava lá dentro.
Passamos praticamente toda a manhã na sala. O Doutor Dragneel se mostrou um ótimo profissional. Fiz alguns exercícios com a bola de pilates. Não foi fácil nem simples.
- Natsu-san, Lucy-san precisa se hidratar! – Juvia falou, com uma garrafinha de água na mão.
Ele me ajudou a sentar no chão emborrachado onde estávamos.
- Preciso sair por alguns poucos minutos, já volto! – Então saiu da sala.
- Ele tem outro paciente? – Perguntei para Juvia enquanto ela se sentava ao meu lado e me alcançava a garrafinha.
- Não, mas ele também trabalha nos plantões, já que ainda falta médicos! Acho que ele foi conferir como está uma mulher que deu a luz a pouco tempo e teve complicações depois do parto. Quando o médico responsável por ela não está, ele a acompanha.
- Deu a luz... – Repeti, viajando.
- Ne Lucy-san, você quer ter filhos? – Ela me perguntou com os olhos brilhando.
- EEEEH? – Dei um pulo – N-nunca pensei nisso, aliás, nem marido eu tenho, né...
- Você vai ter quando sair daqui!
- Juvia-san, por favor – Uma gota rolou pela minha cabeça.
- Vocês ficaram tão perfeitos hoje de manhã, com ele carregando você nos braços! KYAH!
- É por que não há cadeiras de roda aqui – Resmunguei.
- Mas mesmo assim, Juvia nunca erra suas previsões! Eu sei que você irão se casar!
Eu ri. Eu tenho a plena certeza que jamais meu casaria. Acho que meu destino é morrer atendendo ligações, marcando e desmarcando reuniões e buscando café na cafeteria da esquina.
- Não mesmo! – E sequei a garrafinha.
- Voltei! – Anunciou Doutor Dragneel, entrando na sala.
- Vou sair do mesmo jeito que entrei aqui, Juvia-san, sozinha e fixada no trabalho – Falei apenas para ela ouvir, enquanto ele ainda se aproximava.
Ela soltou uma risadinha e foi preparar o próximo aparelho.
*
**
- Então, encerramos por hoje! – Doutor Dragneel anunciou, para minha felicidade.
- Que maravilha! – Suspirei, exausta. Deviam ser quase seis da tarde.
- Vou te levar de volta para seu quarto, e Juvia vai te ajudar a tomar banho! – Ele falou.
Ele me pegou nos braços novamente. Eu não queria admitir, o calor do corpo dele era uma delícia. Dessa vez, eu apenas encostei a cabeça no peitoral dele, observando as pessoas que passavam por nós.
Quando entramos no quarto, Juvia estava lá, com uma cadeira de rodas na frente dela.
- As cadeiras já chegaram? – O Doutor Dragneel perguntou, ainda comigo nos braços.
- Por que você não avisou Juvia-san? – Perguntei com uma veia na testa.
- É que é tããããão lindo ver vocês dois assim! Kyaaaah! – Ela falou, com coraçõezinhos na volta.
Nós dois coramos prontamente. Ele me colocou cuidadosamente na cadeira de rodas.
- B-bem, ajude-a com o banho, Juvia-san, eu preciso ir – Ele falou nervoso.
- Hã... Arigato Doutor Dragneel... – Falei, um pouco sem jeito. Ele passou o dia todo me carregando por todos os lados, isso deve cansar não é?
- Não foi nada Lucy, e pode me chamar pelo primeiro nome, ok? – Ele sorriu – Você gostaria que eu te chamasse de Heartphilia?
Eu ri, era estranho mesmo.
- É mesmo, então tchau Natsu-san! – Falei, acenando, enquanto ele saía.
- Bem, vamos ao seu banho! – Ela falou, me empurrando para o banheiro do quarto – Bem que o Natsu-san poderia te ajudar, não?
- JUVIA-SAN!
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