História Reaprendendo a andar - O que nos leva a gostar de alguém?

NATSU POV ON

Cheguei em casa perto das sete horas. Atirei minhas coisas em cima do sofá, e Mika veio correndo na minha direção, ela devia estar com fome. Lucy perguntava dela todos os dias, e a cadelinha parecia sentir falta da dona.

Enchi o potinho dela de ração, e fui para o meu quarto. Liguei a luz.

Encarei a cama de casal. Desde que me formei, nunca a dividi com ninguém. Sempre gelada e com espaço de sobra. Nunca pensei verdadeiramente  em preenche-la, mas com o passar do tempo, estava se tornando doloroso não ter ninguém do seu lado.

Fui para o banheiro do quarto, tirei a roupa e entrei no chuveiro. Enquanto a água quente relaxava meus músculos, comecei a reunir algumas lembranças, como minha mãe me falando que eu não precisava me complexar procurando alguém, que uma hora a mulher da minha vida apareceria e saberia que era ela, depois, a garota gravemente ferida entrando no pronto-socorro. Depois de toda a correria, noites mal dormidas e horas extras de toda a equipe para salva-la, fui vê-la no seu quarto. Ela estava em coma induzido, depois da segunda cirurgia.

Ela era muito linda. Emanava uma aura frágil, apesar de Erza ter me falado sobre como ela trabalhava demais e dava conta de qualquer problema durante uma janta com ela, Siegrain e Sherry. Sherry me fez prometer que faria Lucy poder correr o dia todo como sempre fazia. De acordo com a descrição deles, era uma mulher elétrica e devotada ao trabalho.

Todos os dias em que precisava ir ao hospital, eu ia vê-la. Eu não sei o que acontecia, mas a necessidade de vê-la, mesmo sem nunca ter trocado uma palavra ao menos com ela, me acalmava olhar para seu rosto sereno.

Depois que ela acordou, mostrou-se apressada em voltar ao trabalho, mas ao mesmo tempo agradável. Continuei indo vê-la sempre que podia.

Enfim, depois que ela chegou, sempre sinto um desconforto no peito quando lembro dela, ensanguentada na entrada do hospital ou rindo com Juvia no café da manhã. Será ela a pessoa certa?

E por fim, veio a lembrança da sensação de carregá-la nos braços. Já tive que fazer isso antes, mas nunca foi tão... Bom? Senti como se fosse responsável por ela. Well, eu sou responsável por ela, mas foi diferente. Não sei explicar! É CONFUSO!

Saí do banho, comi alguma coisa e fui logo dormir.

*

**

Acordei com o despertador e a Mika lambendo meu rosto. Me sentei na cama, um pouco tonto de sono. Sonhei com ela, lembrei.

Eu via ela na minha cozinha, com uma camiseta minha, preparando uma xícara de café. Era uma imagem simples, mas que aqueceu meu coração.

Com aquela imagem em mente, me arrastei até a cozinha e preparei uma xícara de café.

*

**

Cheguei ao hospital ainda escuro, e o mesmo estava incrivelmente calmo. Há dias em que é uma correria, e outros que dá pra tirar um cochilo no meio do expediente.

Não resisti e fui direto para o quarto dela. Abri a porta silenciosamente. Caminhei até ela, que dormia tranquilamente.

Ela tinha uma expressão serena, apesar do todo o pesadelo que devia estar passando. Devia ser difícil para uma pessoa ativa e elétrica como ela ter que ficar deitada quase o dia inteiro...

Coloquei minha mão sobre sua cintura, um costume que peguei. A necessidade de tocá-la era inevitável, o que era um pouco suspeito. Continuei olhando para seu rosto delicado.

Fiquei demorados minutos ali, e ficaria o dia inteiro se pudesse. Mas estava quase amanhecendo, e o que ela diria se acordasse de repente e me visse ali? Eu estaria num beco sem saída.

Então sai.

O que está acontecendo?

NATSU POV OFF

LUCY POV ON

Ele veio novamente. Ele sempre vem. E eu sempre o espero, estranhamente ansiosa.

Posso estar errada, mas provavelmente estou me apaixonando pelo meu fisioterapeuta, mas esquece...

LUCY POV OFF

LUCY AND NATSU POV ON

Deve ser apenas a carência, certo?

LUCY AND NATSU POV OFF

AUTORA POV ON

*

Na cafeteria do hospital…

**

Natsu estava sentado numa mesa com Juvia.

- Ne Juvia-san... O que nos leva a gostar de alguém? – Natsu perguntou, encarando seu capuccino.

- Hm... Existem várias razões... No seu caso, você pode ter se apaixonado por que apesar da Lucy-san ser uma mulher forte e resistente no trabalho, tem um lado frágil que você quer proteger!

- EEEH? Quem falou em Lucy? – Vermelho.

- Pode ser também por que ela lhe pareceu a imagem perfeita para se ter ao acordar todos os dias! Deve ser por isso que você fica olhando ela dormir, não é?

- JUVIA!

Juvia ria, enquanto bebia seu café com leite.

- Are, are, Natsu-san! Você sabe que a Juvia não erra nas suas previsões! Eu não disse que o Makarov e a Polyruska se casariam depois que se recuperassem das cirurgias? E quando eu disse que o doutor Hibiki ia namorar com a secretária? – Falava com o ego inflado.

- Isso não quer dizer que eu vá me casar com minha paciente! – Resmungou, resignado.

- Falando sério doutor... Até quando você quer continuar encontrando uma cama fria quando chega em casa depois dos plantões?

Natsu suspirou, baixando o olhar.

- Nós compartilhamos a mesma dor – Sorri tristemente – Em nossas vidas corridas nós mal temos tempo para pensar em amor – Juvia falava – Natsu-san, eu sei que você já procurou alguém indo a festas e bares! Mas a pessoa certa você encontrou justamente no lugar em que você menos esperava... Assim como eu – Olha para Gray caminhando ao longe, olhando alguns papéis.

- Ainda assim Juvia-san, ainda acho que é um pouco precipitado. Se passaram apenas quatro meses desde que ela entrou pelo pronto-socorro, não acho certo eu falar que a amo sem ter plena certeza.

- Não se preocupe. Eu já tenho certeza, só falta você e a Lucy-chan ainda! – Sorri.

- Juvia-san...

- Hai, hai! Não vou mais fazer brincadeiras, mas... Por favor, venha falar comigo sobre isso sempre que precisar – Olha bem para ele – Mas lembre-se, ela não vai ficar aqui para sempre doutor. Um dia ela vai sair andando pela porta de entrada e um novo encontro entre vocês será praticamente impossível – Suspira – Decida-se logo, para não se arrepender depois!

- Arigato Juvia-san, me ajudou bastante – Natsu levanta e se curva levemente – Vou pensar sobre isso, com... Amor?

- Isso aí – Pisca – Agora anda logo que tá na hora da fisio de-la!

- Você disse que não ia brincar mais! – resmunga Natsu corado, saindo.

- Vão casar, kuku – Sussurra.

Quão ingênuo eu era quando pensava que jamais me entregaria a minha paciente preferida...