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História Reasons ; yoonseok - Só um tolo te rejeitaria.


Escrita por: yoongij

Notas do Autor


cheguei ontem (terça) de manhã, mais cedo que o esperado porque minha prima quis voltar mais cedo para casa, então aqui estou eu
espero que gostem szsz

Capítulo 17 - Só um tolo te rejeitaria.


Jimin está extremamente mal.

Ninguém – nem mesmo os médicos – sabe o que aconteceu com Jimin. Uma hora ele estava bem e na outra estava tendo convulsões e vomitando tudo o que era possível, inclusive sangue. Ele não tinha se queixado de nenhuma dor e eu sei que se ele tivesse sentido algo ele teria dito, uma vez que ele tem medo até de uma simples dor de cabeça que surge do nada. Park não iria fingir não sentir dor, sabe que o caso dele é delicado. Só espero que ele fique bem, e que isso aconteça o mais rápido possível.

Taehyung foi levado há dez minutos para o quarto, e está tomando soro. Ele acabou passando mal também, mas por causa do nervosismo em relação a Jimin. Acho que já dormiu, e quero que sim. Estou junto de minha avó e a de Jimin sentado em um sofá na sala de espera, enquanto meus olhos estão presos nas portas duplas que podem trazer o médico a qualquer momento.

Estou me sentindo um pouco irritado por ver que os pais de Jimin não estão aqui. A senhora Park disse que foi ligado para os dois logo que Jimin entrou na sala, mas tudo o que foi dito era “Nós não podemos sair daqui por causa disso, ele vai ficar bem, como sempre.” O modo que eles tratam a doença de Jimin me deixa irritado, porque entre a minha e a de Taehyung, a dele é pelo menos 1,9% mais grave, e isso é muita coisa. Eles parecem não se importar com o fato de que Jimin pode ter movimentos somente do pescoço para cima ou nem sobreviver, se importam mais com o próprio trabalho e a empresa que já está no topo há tantos anos que não tem nenhuma chance de diminuir pelo menos um por cento de sua reputação. Colocam o trabalho em primeiro lugar achando que é mais importante que o próprio e único filho. Sorte de Jimin que ele tem a avó dele aqui, caso contrário acho que ele já teria desistido há tempos, já que uma vez ele disse que só está insistindo em lutar por causa da mais velha.

Park realmente não merece nada disso.

Sentindo meu estômago doer e um incômodo na região do meu peito, me levanto, a fim de relaxar um pouco, sabendo que tudo isso é por conta do nervosismo que estou sentindo com tudo o que está acontecendo. Muitas informações para digerir, e nem metade delas consigo utilizar para alguma finalidade boa.

– Eu preciso tomar um ar – digo para minha avó que assente voltando a prestar atenção na senhora Park que está costurando.

Saio da sala de espera, cruzando os corredores e indo parar do lado de fora do hospital, com um copo com chá que comprei na lanchonete no meio do caminho. Embora eu prefira café, não quero ter nenhum problema que eu sei se vai aparecer caso eu beba cafeína. Meu estômago já não está bom, apenas irá piorar.

Me sento em um banco, dando mais um gole na bebida com gosto de canela e esperando que eu consiga me acalmar. O processo de me sentir mais relaxado não demora muito para acontecer, e quando termino meu chá já estou tão relaxado que eu posso dormir aqui no banco. Já ouvi falar que há cafeína em chá, mas acredito que nesse não tenha, já que sinto mais sono do que antes e se eu fechar os olhos por pelos menos 5 segundos, já estarei apagado.

Deixo o copo vazio na lixeira, voltando a me sentar e encarando o bar que há do outro lado da rua. Consigo ver alguns rostos conhecidos lá dentro, os médicos estão bebendo e rindo. Parece que não há nenhum problema na vida, vendo assim de fora, e parece que todos eles estão satisfeitos com tudo e que quando chegarem em casa irão dormir tão bem que acordarão dando um bom dia para o sol, se espreguiçando na janela e sorrindo. Tipo nos filmes. Mas eu sei que tudo isso é fachada.

Por exemplo, a doutora Jeon. Ela chegou no hospital há dois anos, e eu sei que embora ela sempre pareça feliz, ela não está. Sei que a mãe dela tem uma doença que não tem cura, mas eu não sei qual é. O pai é um bêbado que gasta o dinheiro dos remédios da mãe com bebidas e jogos, a irmã mais nova se prostitui e seu irmão gêmeo tem depressão. Ela tem que cuidar de todos eles sozinha, como se fosse uma babá. Quando ela me contou sobre a vida dela, em um sábado a noite enquanto estava escondida embaixo de uma maca, por sentir medo de cirurgias cardíacas por causa de sua mãe, me disse que sempre que chega em casa e vê as garrafas de bebida, sente o cheiro de cigarro, vê o quarto da irmã vazia, o irmão trancado no banheiro e a mãe adormecida na cama, ela sente vontade de sumir e fingir que não tem ninguém dependendo dela, mas, infelizmente, tem.

A doutora Jeon disse que já tentou colocar o pai dela em uma clínica de reabilitação, arrumar um emprego para a irmã e fazer o irmão frequentar um psiquiatra, mas que nunca deu certo. Ela disse que se não fosse pela melhor amiga dela, a doutora Lim, ela já teria desistido.

Eu não sei nada sobre os outros médicos que estão ali e sobre a doutora Lim, mas eu gostaria de saber. Todos eles parecem viver coisas distintas um do outro, e eu adoraria saber o que é, para pelo menos amarrar a corda na âncora, dando um início para a vida melhor deles. Pena que todos são tão fechados e não têm tanto contato comigo, caso contrário acredito eu, que, saberia pelo menos um pouco.

– Está escuro e frio aqui fora – me assusto olhando para o lado. Não sei se meu coração está acelerado por causa do susto que ele me deu ou porquê é ele. – Por que está aqui?

– Jimin está em uma cirurgia – digo olhando para o bar de novo. Será que eles me venderiam uma cerveja?

– O da cadeira de rodas?

Assinto.

– Espero que ele fique bem.

– Eu também.

Ficamos em silêncio, nenhum som, além das cigarras, presente.

– Fiquei sabendo do que o Youngjae fez – vejo ele entrelaçar seus dedos, abaixando a cabeça antes de olhar para cima de novo. – Se eu soubesse disso antes, teria batido nele por apenas ter tentado se aproximar e ser algo mais.

– Foi ele quem se aproximou então?

– Foi. Foi num sábado eu acho, só sei que foi felicidade para todos os lados. Quer dizer, por parte.

– Como assim?

– Somente Hoseok ficou extremamente feliz com isso – Namjoon falou, logo me olhando. – Eu e o Jin hyung não ficamos tão confiantes com as atitudes de Youngjae, mas ele pareceu ser bom, então eu e Nam nem falamos nada.

– Como você soube do Youngjae? Tipo, o que ele fez e tudo mais.

– Aquele seu amigo escandaloso, acho que é Taehyung o nome dele. Ele estava falando com o Jimin, sobre o Youngjae. Não que eu queria ouvir, mas eu estava perto e não havia nada para fazer, então meio que ouvi. Até achei que não fosse o Youngjae que estava com Hoseok, mas aí eles falaram o nome de Hoseok e eu me mantive mais atento.

– Entendi.

– Eu já contei para Hoseok, mas ele não acreditou em mim, dizendo que eu estou querendo afastar Youngjae por sentir ciúmes. É errado falar isso porque eu sou amigo dele, mas eu quero muito que Hoseok quebre a cara para ver que Youngjae não presta.

– Ah. Já era de desconfiar que ele não fosse acreditar.

– É. Hoseok é muito cabeça dura.

Assinto, suspirando. Mesmo sabendo que Hoseok não acreditaria sobre Youngjae, saber que ele realmente não acredita, é difícil. Isso só mostra o quão influenciado ele está sobre o Choi, e isso é... péssimo.

– Como ele está?

Namjoon volta a me olhar antes de encarar o outro lado da rua. Morde o lábio inferior e da de ombros.

– Na mesma. Ele estava bem melhor quando deixava você se aproximar, mas então ele voltou à estaca zero e não sai mais.

– Youngjae não está ajudando?

– Não. Ele só fica lá, vendo tudo acontecer, vendo Hoseok chorar e não faz nada. Você fazia. Não que eu esteja comparando, mas, céus, você é bem melhor que ele.

Mesmo sendo algo que aumenta um pouco a minha repulsa por Youngjae, me sinto bem por saber que, acima de tudo, eu fui o melhor para Hoseok.

– Eu não sei se deveria contar isso, mas é sobre você, então... – ele suspira, passando a mão pelos fios escuros. – Ele chama por você todas as noites. Sempre dormindo. Acho que ele tem pesadelos porque a enfermeira que cuida dele no período noturno disse que ele se debate e chama você até que ela diz que você está indo, aí ele se acalma e consegue dormir direito.

Meu olhar acompanha os médicos que estão saindo do bar, rindo e de braços dados. Bêbados. Será que eles me vendem uma cerveja?

– E quando ele acorda? Se lembra de algo?

– Se ele se lembra, não diz nada. Hoseok se recusa a falar de você e dizer que conhece um tal de Yoongi. É como se durante o dia ele te apagasse com borracha e de noite ele te escrevesse de novo, mesmo apagando, seu nome ficando marcado no papel.

Não digo nada, apenas balanço minha cabeça.

– Obrigado por me contar – falo um tempo depois quando o bar começa a fechar.

– Só fiz o que achei certo. Eu vou entrar agora, preciso saber se ele vai aceitar beber os remédios hoje.

Assinto, e ignoro minha vontade de pedir para Namjoon dizer algo a Hoseok.

– Namjoon! – ele para, está perto da porta e olhando para mim. – Você acha que um dia ele pode me escrever com caneta?

Ele me analisa antes de sorrir fraco.

– Se você der a caneta para ele, acho que sim.

✓✓✓

Jimin está na UTI.

Não posso ir vê-lo. Taehyung não pode vê-lo.

Fico sabendo de seu estado somente por causa da avó dele, que diz que ele ainda está desacordado e pode ficar assim por um longo tempo. Por ele ter ficado horas adormecido por causa da cirurgia, complicações podem surgir, exemplo; perca de memória recente, perca de audição ou fala. Não sei qual é o pior, essas opções entre si ou elas contra a morte.

Desde que Namjoon me deixou sozinho e eu me obriguei a vir para dentro, não consegui parar de pensar sobre o que ele havia me dito. Há uma possibilidade dele ter mentido, mas acho que não faria isso quando sabe que o que ele disse pode influenciar muita coisa, principalmente no quesito de lápis, borracha e caneta.

Dar uma caneta para Hoseok significa que eu devo ir até ele e ignorar as barreiras entre nós, as destruindo e tentando tomar meu lugar novamente. Eu espero que o lápis já tenha acabado e que ele aceite de bom grado a caneta, sabendo que ela vai mudar tudo permanentemente. Tudo bem que ele pode apagar a caneta, mas a marca sempre vai estar lá, e mesmo que ele jogue o papel fora, ela ainda vai estar mais que visível a olhos nus.

Ao mesmo tempo que eu me sinto pronto para ir e dar a caneta para Hoseok, ainda me sinto inseguro, me perguntando se eu devo ir até lá e substituir o material de escrita. Ele pode estar querendo a caneta, e isso eu nunca vou saber, assim como ele pode estar querendo um lápis novo, que talvez Youngjae dê antes de eu chegar. Isso faz com que eu pense em como chegar até Hoseok, uma vez que eu não quero que Youngjae seja o primeiro e que eu não quero que Youngjae acabe dando a caneta para Hoseok, o que significa que Hoseok passaria a escrever o nome de Choi.

Porém, se Youngjae der um lápis ou caneta para Hoseok, vai ser uma puta falta de respeito com Jung e a noona. Espero que EunJin possa fazer algo a respeito de Youngjae, que possa tirar ele dos meus trilhos. Mas, se ela não fazer, eu vou ser obrigado a entrar no trem e o atropelar. Vou ter que fazer isso, querendo ou não, porque eu não admito ele chegar do outro lado da estação e pegar o que é meu por direito.

Fecho os olhos por uns segundos e quando os abro direciono meu olhar para o relógio do outro lado da sala.

09:01.

O psicólogo ainda não me chamou e eu quero que ele me chame logo. Estou com sono e não sei quanto tempo mais vou aguentar sentado nessa cadeira desconfortável, ouvindo essa música baixinha e tranquila. Espero que se for para ele me atender, que seja logo, estou exausto para ficar aguardando qualquer consulta.

Olho para a porta branca, me perguntando se a secretária vai falar algo caso eu saia daqui e suma. Minha vontade é de descer um andar, e andar livremente pela área psiquiátrica até encontrar Hoseok novamente, dar a porcaria da caneta para ele e rezar que ele escreva meu nome no papel.

– Min Yoongi.

Desvio meu olhar da porta de saída para a porta do consultório. Me levanto e o olhar do psicólogo me captura, ele se afasta um pouco da porta permitindo que eu entre.

– Você pode se sentar ali – aponta para o sofá, que é onde eu vou, me sentando e quase desmaiando. O sofá é tão macio que se eu fechar os olhos por cinco segundos posso dormir. Ele se senta em uma cadeira na minha frente, cruzando as pernas. – Como você está se sentindo hoje?

– As primeiras consultas sempre começam assim?

– Eu já sei bastante sobre você, então essa pergunta é uma boa forma de começarmos.

– Mas eu não sei quem é você – digo olhando confuso para ele. Ele não vai se apresentar?

– Desculpe-me. Eu sou o doutor HeeNyung, prazer.

Eu fico em silêncio por um instante, logo assentindo.

– Acho que estou bem. Com sono, é estou com sono.

Ele assente, se ajeitando melhor na cadeira. Quase peço se ele quer se sentar no sofá comigo, mas prefiro evitar a pergunta.

– Você tem dormido bem?

– Acho que sim.

– Mais para sim ou mais para não?

Dou de ombros, desviando meu olhar para um vaso de cacto que há na mesa dele.

– Você quer falar algo que te incomoda?

Meu olhar vai dele para o cacto enquanto eu penso no que pode estar me incomodando. Há tantas coisas me incomodando que eu não sei por qual começar, e se devo começar. Não sei qual a finalidade das consultas, e nem sei exatamente o motivo de eu as ter começado, mas se for ter algum resultado positivo, vou tentar. Eu não sei.

– Eu não sei o que me incomoda – suspiro, passando a mão direita pelo meu cabelo. Me arrependo quase que imediatamente ao sentir alguns fios pararem na minha mão. Escondo eles no bolso da jeans, mas noto o olhar do doutor acompanhando meus movimentos. Espero que ele não comente nada.

– Alguém talvez?

Me lembro de Youngjae e meu olhar cai sobre o psicólogo. Parece que ele sabe mais do que eu posso imaginar, sobre o que está acontecendo, e isso, admito, me assusta um pouco. Talvez tenha sido minha mãe ou avó, embora a primeira opção seja mais concreta e possível, já que eu sei que minha avó não contaria coisas assim para o psicólogo, sabendo que eu gostaria de contar.

– Não sei se quero falar sobre isso agora.

– Não está se sentindo confortável? – balanço a cabeça em negativa, encarando minhas mãos entrelaçadas. – Então podemos ir mais de vagar, tem algo que você queira dizer?

– Eu não sei de nada – murmuro. – Podemos passar o resto da consulta em silêncio? Eu não sei.

– Se você quiser falar algo durante esse tempo, pode falar.

Assinto, e ele se levanta indo até a cadeira que há atrás de sua mesa. Meu olhar cai novamente sobre o cacto, e eu me lembro de uma história. Não sei quem me contou, se foi minha avó ou professora do primário, mas havia um cacto e um balão. Os dois eram apaixonados, mas eles não podiam ficar juntos por um simples motivo: um era sensível de mais e o outro machucava sem ter a intenção.

Lembro que eles tiveram de se separar, pois o balão estava quase morrendo e se eles continuassem a ficar juntos, uma tragédia podia acontecer. Então eles tiveram de se separar, mas acabou que o balão e o cacto fugiram juntos, e mesmo sabendo o que aconteceria, ficaram juntos até o balão acabar furando.

Eu me sinto como o balão. E sinto que Hoseok é o cacto.

Embora o frágil entre nós seja ele, ainda é mais convicto dizer que Hoseok é o cacto, pois é ele quem está me machucando atualmente. Com a sua mania de ficar com Youngjae e negar a minha existência. E, mesmo que a comparação não faça jus à realidade, ainda se torna algo possível pois, eu lembro que o balão era quem sempre dava o primeiro passo, e agora sou eu quem estou dando, mesmo que ainda esteja amarrando o cadarço.

O tempo em silêncio durante a consulta passa voando, e agora, já fora do consultório, me sinto um pouco mais livre. É como se lá dentro todas as minhas energias estivessem sendo sugadas lentamente, e eu me sentia completamente desconfortável dentro daquela sala com o psicólogo. Não que ele me causa algum sentimento ruim, mas apenas não me senti confortável naquele momento. Talvez seja algo relacionado ao medo que eu tenho. Um medo sem motivo.

Em vez de ir até o quarto de Taehyung saber se ele já acordou, saio do hospital, deixando uma mensagem para minha avó e avisando que já saí da consulta, mas que não vou diretamente para casa. Não tenho certeza para onde vou e o quê vou fazer, apenas permito que meus pés me levem para qualquer lugar que eu possa pensar sem ser interrompido.

Mesmo que eu esteja pensando muito nas últimas horas, ainda me sinto necessitado de manter minha mente em pensamentos importantes. Me pergunto se eu devia ter citado algo para o psicólogo, dizer sobre o quê eu penso e o quê está acontecendo atualmente, mas prefiro manter a ideia de que o meu silêncio foi melhor do que qualquer coisa que eu pudesse ter falado.

– Finalmente te alcancei – a mão toca meu ombro e eu me viro para trás. Namjoon está com o rosto vermelho e ofegante. – Será que podemos conversar?

Me lembro de que queria ficar um tempo sozinho, mas se Namjoon veio correndo até mim, significa que ele quer conversar sobre algo sério. Apenas assinto, seguindo ele até uma cafeteria, onde ele pede dois expressos, que aguardamos sentados em uma mesa no canto do comércio.

– É sobre Hoseok? – pergunto me ajeitando no estofado do banco. Namjoon assente, deixando o celular e carteira em cima da mesa.

– Ele recebeu alta hoje cedo – diz encostando as costas na parede atrás de si. – E pediu de você. Até estranhei, e quando fui falar com o Jin hyung ele perguntou se Hoseok está usando alguma droga.

Rio fraco, desviando o olhar para o celular de Namjoon.

– Depois ele pediu para eu te procurar e falar com você.

– Que tipo de drogas deram para ele? – pergunto erguendo meu olhar e encontrando o de Namjoon. – Até ontem ele nem queria saber de mim.

Digo o último baixo, e Namjoon suspira.

– Eu não sei direito o que aconteceu, mas ele diz estar arrependido e quer que eu te convença a ir falar com ele, porque ele acha que você está frustrado de mais para querer ver o rosto dele.

Os cafés são deixados na nossa frente e eu dou um gole no meu. Namjoon faz o mesmo.

– Ele se ajoelhou no chão até, coisa que ele jamais faz. Parece que ele realmente quer te ver, e eu falei que ia tentar.

– Então ele foi mais rápido do que eu – digo largando a caneca na mesa. – Eu ia entregar a caneta para ele, mas parece que ele pegou ela sozinha.

– Isso é bom, significa que ele pode estar arrependido.

– Você acha que ele está arrependido do que aconteceu? Você conhece ele melhor do que eu, e, bem, é o Hoseok.

– Acho que ele está sim, ele não iria se ajoelhar implorando para eu ir falar contigo. Talvez seja apenas uma encenação, mas Hoseok não é capaz de chegar a esse ponto. Ele pede para o motorista parar antes.

Rio um pouco, dando mais um gole na bebida quente.

– Para onde ele está indo agora?

– Como ele trancou a faculdade por causa de todos esses problemas, ele está indo para a casa do meu pai. Foi ele quem ofereceu a residência para Hoseok ficar por um tempo, e até acho que vou deixar o dormitório por um tempo para ficar com Hoseok.

Assinto, passando a mão pelo rosto.

– Eu posso te passar o endereço e você vai até lá.

– Espero que ele não queira arrancar minha cabeça.

– Ele deve estar pensando a mesma coisa de você – sorri fraco bebendo mais de seu café.

– Não que eu esteja desesperado, mas será que podemos ir lá agora? Claro, se não ter problema.

– Claro, por que não?

– Obrigado.

– Só estou cumprindo o meu dever.

✓✓✓

Eu vou pegar os pedaços

E construir uma casa de Lego

Se as coisas derem errado, nós podemos derrubar ela

As minhas três palavras tem dois significados

Mas tem uma coisa na minha mente

É tudo por você


E está escuro no frio de dezembro

Mas eu tenho você pra me manter aquecido

Se você estiver quebrado, eu vou te consertar

E te manterei protegido da tempestade que está soprando agora


Estou sem saber de você, estou sem amor

Eu vou te animar quando você estiver pra baixo

E apesar de todas as coisas que tenho feito

Eu acho que te amo melhor agora


Estou escondido, perdi a cabeça

Eu faria qualquer coisa por você na hora que precisasse

E depois de todas as coisas que eu já fiz

Eu acho que te amo melhor agora



A casa do doutor Kim é tão grande que eu juro que posso me perder indo até o banheiro. Há vários corredores, tantos quartos que eu acho que isso serve como uma pousada e não a casa de um médico. Sigo Namjoon até um dos maiores corredores que eu já vi na casa, e ele bate na porta.

– Pode entrar – a voz de Hoseok está abafada por causa da música que vem por cima. Namjoon me olha, fazendo sinal para eu esperar. Assinto, dando alguns passos para trás.

A porta fica entreaberta, e uma perna de Namjoon está para fora ainda. Ele fala algo que não entendo e depois ouço algo quebrando. Hoseok começa a pedir desculpas e Namjoon diz que está tudo bem. Começo a me sentir nervoso, minhas mãos estão soando. Por quê parece que estou prestes a me casar?

– Qualquer coisa, você dá um berro, estou naquele quarto – Namjoon aponta e eu assinto, ele sorri, saindo e me deixando sozinho.

Consigo ver a sobra de Hoseok, a música tocando mais baixo agora e me obrigo a tomar coragem de entrar no quarto. Faço isso, em passos lentos e hesitantes. Fecho a porta atrás de mim, erguendo o olhar e encarando Hoseok.

Ele está todo soado e vermelho, usa um shorts preto e uma regata branca que mostra mais do que braços machucados. Usa tênis com meias brancas e eu percebo que ele estava dançando. Quão bem será que ele dança?

Nossos olhares se encontram e ficamos se encarando até que ele desvia o olhar. Vai até o celular mudando de música. Percebo que a música sai de caixas de som Bluetooth e me pergunto se todos os quartos são assim.

– Você não quer quebrar minha cara? – pergunta quando uma música conhecida começa a tocar. Coloco as mãos no bolso da jeans, os dedos batendo conforme a melodia de Guns For Hands.

– Não – dou de ombros. Ele me olha de novo, suspira.

– Desculpa por tudo o que eu te fiz passar. Por ter sido ignorante e te tratado daquele jeito. Ele me disse que você estava me fazendo mal, me deixando daquele jeito. Então quis cortar tudo pela raiz.

– Ele quem? Youngjae?

– Sim.

– Por quê?

– Ele disse que queria que você sentisse o que fez ele sentir.

Fico em silêncio, tentando me lembrar de quando eu fiz algo contra ele. Me lembro de Sojung, uma garota que ele gostava, mas que gostava de mim e havia me dado um selinho na frente de todo mundo. É a única lembrança que envolve algo parecido com a atualidade, mas achei que ele já teria esquecido e soubesse que tudo aquilo era culpa dela, e não minha. Talvez não seja esse o motivo, mas ele é o único que vem na minha mente.

– Nunca fiz ele passar por algo assim. Nessa escala.

– Ele não me disse mais nada.

– Vocês estão juntos?

Ele nega, ergue a barra da blusa secando o rosto. Ignoro as cicatrizes que aparecem, engolindo o bolo que surgiu na garganta.

– Eu tirei satisfações com ele, pedindo se o que Namjoon havia me contado era verdade – ele se senta no chão, deixando as pernas em posição de índio. – Ele negou, até que uma tal de EunJin ligou para ele xingando ele até a morte por estar com dois ao mesmo tempo. Aí eu acreditei em Namjoon e mandei ele embora.

– E agora?

– E agora que eu quero seu perdão por tudo o que aconteceu. Você só tentou me ajudar e eu fiz tudo aquilo por causa de um garoto.

– Está tudo bem.

– Não, eu sei que não está – ele me olha e eu vejo lágrimas. Não quero que ele chore, não quero que ele chore por minha causa. – Eu posso ser fraco como eu sou, ser um fodido de primeira classe, mas eu sei que não está tudo bem. Eu peguei um martelo e quebrei sua casa de lego, e não tem mais volta.

– Eu posso consertar ela de novo. É passado.

– Um passado que está me deixando agoniado.

– Você tem que deixar o passado para trás, Hoseok – me aproximo, me sentando ao lado dele na mesma posição em que ele se encontra. – Você não pode se prender nele, ou você nunca vai sair do lugar. Está tudo bem, agora está.

– Agora?

– Sim. Antes não estava por causa de tudo o quê aconteceu, mas agora está. Eu me sinto melhor em saber que você pode ver a verdade.

– Desculpa de novo. Eu me sinto arrependido por o que eu fiz você passar. Eu ouvi você caindo naquele dia. E eu ouvi a voz dos seus amigos enquanto eles te levavam para fora. Desculpa ter feito tudo isso.

– Está tudo bem. Eu já disse, não precisa se desculpar por mais nada.

Ele assente, olhando para seus pés. Quero o abraçar, colocar um cobertor em seus ombros e o proteger do frio, mesmo que não seja dezembro.

– Eu pensei que você não viria – ele diz quando a música acaba, o silêncio reinando antes de outra começar. Coldplay. – Quando eu pedi para Namjoon ir atrás de você eu pensei que você diria que não queria mais me ver e que eu sou um merda.

– Eu nunca faria isso, nem bêbado. Se tem uma coisa que eu nunca vou fazer, é te deixar para baixo. Eu só vou te levantar, proteger da tempestade. Saiba que eu jamais vou te deixar no fundo do poço, eu vou te dar uma corda, e ajudar você a construir sua casa de lego, e se ser errado... Bem, a gente destrói e constrói de novo.

– Por que? Por quê tudo isso? Eu nunca te fiz nada para merecer algo assim.

– Você apareceu se debatendo no hospital. Foi isso.

– Mas a gente nem se conhecia, hyung. Eu apenas era um garoto tentando se matar e você... sei lá.

– Eu sei, mas isso não iria me impedir.

– Por que você quis me ajudar?

– Eu tenho câncer. Meus dois melhores amigos também. Um deles está na UTI, o outro tem menos de três meses de vida. Nós três estamos doentes, e há várias pessoas que estão também, e tentam viver todos os dias como se fossem os últimos, rezando para ter mais um dia para acordar e ver que Deus deu mais uma chance de viver de novo. Eu só queria te mostrar que a vida é mais do que uma pedra no seu caminho e que você pode passar ela de boa. Você, tão saudável e longe de doença tentando acabar consigo mesmo e outras pessoas doentes tentando viver.

– Isso me faz um egoísta?

– Sim. Desculpa, mas te faz um egoísta.

Ele abaixa a cabeça, encarando os braços nus.

– Eu nunca pensei nesse lado – ele se mexe de modo que suas costas se encostem na cama. – Nunca pensei que enquanto tem alguém tentando viver, tem eu tentando se matar. Mas sempre olhei somente para meu umbigo, sem me importar com nada mais.

– Na realidade, você não tem nada a ver com a vida de ninguém que esteja lutando para viver. Mesmo que suas atitudes te façam egoísta, você não tem nada a ver com os doentes físicos.

– Eu sei.

– Eu sei que você sabe.

Ele começa a brincar com a barra do shorts e enquanto não responde me permito pensar que isso está acontecendo completamente diferente do que eu imaginava. Estamos tendo uma conversa que ele provavelmente teria com um psicólogo, e ele está compreendendo o ponto que eu quero chegar. Isso é bom, porque significa que ele está disposto a escrever meu nome com caneta.

– Obrigado por vir até aqui.

– Tudo bem.

– Eu pensei que não iria vir e eu iria ter que me acabar dançando ou dormindo para esquecer que você me rejeitou.

– Só um tolo te rejeitaria.

– Não estou compreendendo, mas estou entendendo.

Rio fraco, balançando a cabeça. Alguns fios de cabelo voam. Droga.

– Se alguém um dia te rejeitou é porque esse alguém é muito estúpido. Mesmo com todas as suas feridas, e cicatrizes, você ainda é um garoto incrível que eu tive a sorte de conhecer. Não pense que por causa de uma coisinha, você é ruim. Você é a flor do topo da montanha.

– Flor do topo da montanha. A mais rara?

– Uma das últimas da espécie.

– Então você conseguiu alcançar a flor.

– Consegui.

– E agora, o que você pretende fazer?

Olho para ele, nossos olhares se encontram e meu coração passa a bater mais forte.

– Pretendo cuidar dela como se fosse minha.


Notas Finais


alguém me mata
se teve erro me desculpem
revisei muito rápido


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