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História Rebel Heart - Temptations


Escrita por: MillyFerreira

Notas do Autor


LEIAM AS NOTAS FINAIS!
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Capítulo 15 - Temptations


Fanfic / Fanfiction Rebel Heart - Temptations

Raios de sol cortaram o quarto, espanhando luz para todos os lados. No primeiro instante, meus olhos rejeitaram qualquer tipo de claridade. Pisquei sob os cílios, com a mente vazia de qualquer pensamento ou lembrança. Não estava quente nem frio — a manhã perfeita. Foi então que, ao encarar os móveis com a bochecha pressionada no travesseiro, percebi que aquele não era o meu quarto. Busquei lembranças no meu raciocínio ainda adormecido pela boa noite de sono, e as lembranças me atingiram como uma brisa fresca de uma bela tarde de um sábado ensolarado. Um leve sorriso — um tanto embasbacado — preencheu os meus lábios. Fechei os olhos por alguns segundos, desfrutando da sensação da sua boca na minha, dos seus beijos na minha pele, do seu toque nas minhas regiões mais sensíveis... Eu daria qualquer coisa para reviver a noite passada novamente.

Virei o corpo coberto pelo lençol fino — estava deitada de bruços — e encontrei o espaço ao meu lado vazio. Meus olhos buscaram algum sinal de silhueta pelo quarto, mas eu estava sozinha. Sentei-me, cobrindo o busto com o lençol, e observei o horário no alarme em cima da mesa de cabeceira: eu ainda tinha tempo. Certifiquei-me de que realmente estava sozinha e escorreguei para fora da cama, deixando o lençol pelo chão e começando uma busca pelas minhas roupas jogadas pelos cantos. Empurrei a porta na parede á minha frente, e agradeci aos céus por realmente ser um banheiro. Dei pulinhos por conta do chão gelado e deixei minhas roupas penduradas na barra de ferro colada na parede. Observei o reflexo no espelho e vincos de incompreensão tomaram o espaço entre minhas sobrancelhas ao encontrar algo diferente no meu olhar, mas que eu não conseguia identificar. Aquele novo sentimento me prendeu por um momento. 

Escovei os dentes com a escova de dente de Justin — eu esperava que fosse. Prendi o cabelo em um coque frouxo no alto da cabeça e mergulhei o corpo debaixo do chuveiro. Fiquei parada debaixo da água quente por um momento, apenas deixando meus pensamentos me levarem para outra dimensão. Lavei e enxaguei todo o meu corpo, e o sequei com uma toalha limpa que estava por ali. Vesti as mesmas roupas da noite anterior e encarei o meu reflexo uma última vez: era a primeira vez que o rímel e a sombra forte não manchava o espaço abaixo dos meus olhos. Não era uma versão de mim que eu estava acostumada, mas não podia mentir: estava me sentindo mais leve sem o peso da maquiagem. 

Voltei para o quarto e depois de dar alguns passos pelo chão de madeira, algo na parede de fundo me chamou atenção: era um enorme mural de fotos, completamente cobertos por fotografias e anotações em algumas delas. Um pouco curiosa, passei a observar as imagens, e logo de cara percebi que todas foram tiradas por Justin; seu jeito de fotografar era único. Eu sempre quis saber como ele sabia combinar tão bem o contraste com o ambiente. Na maioria das fotos, ele estava acompanhado com uma mulher um pouco mais velha, e em outras, com um homem muito parecido com ele. Pelas semelhanças, julguei ser os seus pais. Em outras, ele aparecia com amigos, colegas talvez, e em algumas delas, pude ver Eggsy e Rosie; festas de aniversários, tardes em um campo verde, na praia, em uma praça de alimentação em algum shopping... Aquele mural era repleto de momentos congelados pelo tempo. 

Deixei meus olhos vagarem por ali um tempo, até que, para minha surpresa, encontrei meu próprio reflexo em meio áquelas fotografias. Não só um reflexo, mas vários. Reconheci a primeira foto roubada, quando ele me deu a notícia de que tinha decidido seguir a carreira de fotógrafo; e as seguintes foram momentos tão naturais, de pura distração, como nas sessões de fotos, e algumas eu sequer sabia que foram tiradas. Agora eu sabia onde foram parar tantas fotos roubadas. Um sorriso leve surgiu nos meus lábios; eu estava surpresa demais para esboçar qualquer tipo de reação. Minha imagem estava ali como uma lembrança, em meio a tantos momentos especiais, e me senti da mesma forma: especial. 

— Ops. 

Virei sobre os calcanhares, observando a imagem de um homem dez centímetros mais alto que eu, de calça moletom e camisa preta, com as tatuagens brilhando nos braços e o sorriso colorindo o rosto um pouco corado. Um Justin de final de tarde era maravilhoso, mas um Justin matinal com o rosto amassado e os olhos pequenos era indiscritível. Ele me observava com o corpo apoiado no batente da porta, e me perguntei quanto tempo ele estaria ali. 

— Você me pegou no flaga. Me sinto tão envergonhado... — brincou com aquele sorriso jovial que ele sempre carregava. 

— Eu não sabia que você tinha fotos minhas no seu mural — falei suavemente, me perdendo no castanho dos seus olhos.

Justin sorriu uma única vez. 

— Eu tenho fotos de todas as pessoas que são importantes para mim. 

Ele não me deu a oportunidade de ter uma reação ou ao menos sorrir com sua declaração, e então prosseguiu:

— Está com fome? 

De repente, minhas entranhas deram um nó. Eu estava faminta!

— Sim.

— Vem comigo, o café está pronto — ele estendeu a mão. 

Andei em sua direção — curvei o corpo para baixo e peguei os sapatos — e segurei em sua mão que cobriu a minha sem cerimônia. Nossos dedos se enlaçaram um no outro e observei aquele toque enquanto ele me guiava pela casa sem nenhuma preocupação. Nenhuma citação sobre o que aconteceu ontem. Tudo bem. Estávamos fingindo que nada aconteceu. Eu podia lidar com isso. Mas eu só queria saber se foi tão bom para ele quanto foi para mim.

— Espero que não tenha comido tudo nesses dois segundos que estive ausente — disse Justin ao adentrarmos a cozinha de mãos dadas. — Lembre-se de que temos visitas.

— Engraçadinho — o homem mais velho sorriu de canto, enquanto mastigava um pedaço de torrada.

Paralisei. Meu rosto tomou um rubor surpreendente em questão de segundos. O desgraçado tinha me trazido para trepar na sua casa e sequer me avisou que eu daria de cara com o seu pai logo de manhã cedo. Eu me sentia como uma garota de dezessete anos conhecendo o pai do namorado pela primeira vez. Geralmente, eu trepava com os garotos e não tinha que lidar com seus familiares no dia seguinte para dar explicações. AI, MEU DEUS! ELE NOS OUVIU ONTEM À NOITE? Meu coração se acalmou quando lembrei que Justin tinha comentado que seu pai estava fora na noite passada. Menos mal. Mas não deixava de ser óbvio o que nós fizemos. 

— Você sabe que sou — respondeu Justin. 

Peter se inclinou para o lado e sorriu quando me viu meio escondida atrás de Justin.

— Olá, América. Como vai? 

Ah, filho da puta! Ele tinha falado sobre mim para o pai. 

— Oi — sorri um pouco sem graça. — Estou bem. E o senhor? 

— Eu estou ótimo — disse ele. — Fiquei sabendo que esteve no hospital àquele dia. Obrigada. 

Apenas sorri.

— Justin, não seja indelicado e puxe uma cadeira para a moça — Peter repreendeu o filho. 

Justin ergueu as mãos em forma de rendimento.

— Ah, eu... Não precisa, eu... tenho que ir para casa — encolhi os ombros, fazendo Justin parar no meio do caminho. 

— Temos tempo, Ruivinha. A aula começa daqui a algumas horas — retrucou ele, me olhando. — Você não vai sair daqui até ter comido alguma coisa. 

Ele continuou seu caminho e, enfim, puxou uma cadeira na qual eu devia me sentar. Abri um sorriso meio sem jeito e me acomodei no lugar indicado, com Justin se sentando ao meu lado logo em seguida. 

— Em uma casa de homens, não pode reclamar da comida, hein? — brincou Peter, arrancando risos.

Com um pouco de conversa, me senti mais à vontade. Peter era um homem jovial e engraçado, e tinha uma ótima relação com o filho, coisa que eu sentia falta: uma boa relação familiar. De qualquer forma, Justin tinha preparado o café da manhã, e para a minha surpresa, estava uma delícia — melhor do que qualquer coisa que eu podia tentar preparar. Vamos se dizer que cozinhar não era um dom natural para mim. 

— Tem planos para depois da faculdade, América? — perguntou Peter depois de dar um gole em seu café preto e forte. 

— Eu pretendo seguir a carreira de jornalismo e montar minha própria revista — respondi. 

— Garota decidida, gosto disso — ele apontou o garfo na minha direção. — Então vocês realmente formam um par perfeito.

Enrubesci.

— Pai...

— Não somos um casal — falei um pouco sem graça.

— Não? — Peter enfrentou o olhar de repreensão do filho e depois olhou para mim, sequer afetado. — Então vocês tem de conversar sobre isso. Bem — levantou-se —, está na minha hora. Não posso me atrasar para o trabalho. América — ele deu a volta na mesa e segurou a minha mão, depositando um beijo no nó dos meus dedos —, foi um prazer conhecê-la. Apareça mais vezes. Até mais, crianças. Boa aula para vocês. 

E deixou a cozinha depois de um aperto no ombro do filho. Os segundos seguintes foram de puro silêncio. As palavras de Peter não saíam da minha cabeça, e a forma irônica como ele tratou do assunto. Justin parecia ser muito comunicativo com o pai, e fiquei me perguntando se ele teria falado alguma coisa sobre mim.

— Não ligue para o que ele diz — disse Justin como se lesse meus pensamentos.

Sorri sem mostrar os dentes e sem nenhum humor, a fim de deixar o assunto no vazio. Ao mesmo tempo que eu morria de curiosidade, tinha medo de saber o que realmente estava se passando. Justin mexia comigo, eu só não sabia o quanto. 

— Então é isso? — olhei para ele. — Vamos fingir que nada aconteceu? 

— Não tem ninguém fingindo aqui — ele se defendeu.

Arqueei a sobrancelha e ele suspirou.

— Eu só... — começou ele, gesticulando com as mãos. Deixou os ombros caírem e suspirou mais uma vez. — Não quero que fique um clima estranho entre a gente.

— Clima estranho? — fiz-me de desentendida. — Transamos, foi legal, mas e daí? — dei de ombros. 

Ele sorriu sarcástico.

— Então é isso? Foi apenas sexo para você? 

— Para você não? — arqueei a sobrancelha.

— O que você quer que eu diga, América? — seus olhos tinham uma leve irritação.

A conversa estava indo para um caminho bastante indesejado. 

— Eu não sei! — desabafei, cansada. — Esse é o problema: eu não sei o que quero que diga. Você me deixa... confusa. 

— Parece que temos algo em comum então — murmurou, futucando a panqueca pela metade com o garfo. 

Ficamos em silêncio por um tempo. 

— Desculpa — suspirei. — Eu ás vezes — gesticulei com as mãos — trato de alguns assuntos com mais frieza do que gostaria. É mais forte do que eu, sabe? É como um mecanismo de defesa mas... assim como você, não quero que as coisas fiquem estranhas entre a gente. Foi bom estar com você ontem á noite — acrescentei com toda a sinceridade do meu adormecido coração. 

As linhas dos seus olhos se suavizaram e seu sorriso me deixou mais à vontade com a situação. Estar discutindo sobre o que significou ou não uma noite de sexo era algo novo para mim, e tinha total consciência de que tinha de escolher cada palavra com cuidado. Qualquer passo em falso colocaria tudo a perder. 

— Foi bom estar com você também — ele confessou um pouco tímido. 

— Pode dizer: eu sou boa de cama, não sou? — fiz uma piadinha, tentando aliviar a tensão, o que ajudou muito, pois ouvir seu riso foi como música para meus ouvidos. 

— Bom, não posso discordar disso — Justin entrou no jogo. — Mas aposto que sou muito melhor. 

— Outra aposta, Bieber? Esse jogo é muito perigoso; cuidado para não se queimar — sorri de canto, presunçosa. — Duas derrotas para a mesma pessoa é um pouco humilhante.

— Digo o mesmo á você — aproximou seu rosto do meu. — É melhor engolir esse ego, América Greene. Sua queda pode ser muito alta e deixar sequelas. 

Ele alternou olhar para a minha boca e para os meus olhos, e quando sua língua umedeceu seus lábios, não me segurei e o puxei pela nuca, provando do seu beijo mais uma vez. Justin emaranhou sua mão no meu cabelo e me puxou para perto, aprofundando o beijo. Naquele momento, eu quase cedi aos meus caprichos, mas eu tinha uma aposta a ganhar. Mas não perdi a oportunidade de provocá-lo: prendi seu lábio entre meus dentes e o puxei. 

— Hora de ir para casa, Bieber — falei com os olhos fixos nos seus làbios rosados. — Foi bom enquanto durou, mas agora tenho uma aposta a ganhar — ergui os olhos para os seus. — Vou te dar canseira por um mês.

Ele soltou um risinho. 

— Eu te dou uma carona, Ruivinha — desviou da minha provocação.

— Está maluco?! Meu pai jà deve estar soltando fumaça pela boca, e se eu chegar com você, vou ter minha cabeça separada do corpo — dispensei a carona enquanto me levantava. — Nos vemos na universidade — curvei-me para baixo e o beijei.

Apressei-me para sair da cozinha, ciente de que tinha pouco tempo para voltar para casa, me arrumar e dar uma explicação decente ao meu pai — sem mencionar o sermão de algumas horas. É, com certeza eu me atrasaria para as primeiras aulas de biologia. Mas, no meio do caminho, eu voltei para o batente da cozinha, com uma angústia enorme brotando no coração. Justin me olhou com um leve sorriso que foi se desmanchando ao perceber minha expressão de apreensão.

— Eu não sou mulher para você, Justin. Para ninguém — balancei a cabeça. — Por favor, não se apaixone por mim.

E deixei a sua casa sem ousar olhar em seus olhos, muito menos para tràs. 

                      *          *          *

— Tudo certo para hoje à noite? — perguntou Easton ao sairmos da sala para o intervalo.

— Sim, claro. Eu preciso do seu endereço. Me passa um SMS? 

— Eu posso te pegar na sua casa, Meri.

— Eu prefiro ir sozinha — ele me olhou confuso e eu disse à guisa de explicação: — Longa história. 

— Ah — ergueu as sobrancelhas tão ràpido quando as abaixou. — Quero saber sobre isso hoje à noite — sorriu.

— Sim, senhor — disse eu, risonha. 

— Ei, Meri — Finch se aproximou com o velho sorriso caloroso.

— Oi, Finch — cumprimentei-o. — O que manda?

— Gostaria de trocar uma palavrinha com você. — Ele olhou para Easton. — Pode ser?

— Nos vemos depois, América — Easton se retirou depois de lançar um olhar seco para Finch.

Assim como eu, ele sabia que Finch não era uma boa companhia. Mas era bom de cama e muito bonito. Não tinha tatuagens — que era meu maior fetiche — mas tinha um corpo em forma e braços fortes. Os olhos verdes e brilhantes combinavam com o cabelo louro quase castanho. 

— Então? — perguntei enfim, tentando afastar aqueles pensamentos que me levavam para o caminho da derrota. 

— Vem comigo — ele segurou a minha mão e saiu me puxando em direção às salas de laboratório que estavam vazias àquele horàrio. Eu quase podia imaginar as intenções dele, mas esperei para tirar qualquer conclusão. 

Finch girou a maçaneta, deu uma olhada para dentro da sala e me puxou quando se certificou de que estava vazia. Fechou a porta com o pé e me puxou pela cintura, atacando os meus lábios. Fomos nos debatendo contra as paredes e cadeiras, enquanto eu tentava suprir a necessidade dos seus làbios. Ele atacou o meu pescoço enquanto, ao mesmo tempo, tentava se livrar do casaco e eu o ajudava como podia. Puxei sua camisa para cima e ele fez um movimento único para tirar. Finch colou nossos corpos — e làbios — e eu jà podia sentir uma intensa ereção entre suas pernas.

Ele me puxou para cima da mesa do professor e eu me deitei. Afastou a blusa da minha barriga e lambeu diferentes pontos, aquecendo meu sexo entre as pernas. Gemi baixo. Seus lábios ondularam os meus novamente, e de repente, o rosto de Justin surgiu em minha mente como uma repreensão. Tentei afastar esses pensamentos: ele não precisava saber disso. A aposta ainda estaria de pé e eu continuaria no jogo. Mas isso não seria trapaça? Ah, maldito Bieber! Tive de me afastar, com o peso pairando nos meus ombros. Desviei dos braços de Finch e desci da mesa, deixando-o com cara de idiota.

Ar fresco. Eu precisava de ar fresco.

— Desculpe, Finch. Eu não posso — falei ofegante enquanto recolhia a mochila. 

— O quê? Por quê? — o desespero na sua voz era notável. 

— É uma longa história — eu precisava sair dali. — Sinto muito. 

Ajeitei a roupa sobre o corpo e corri para a porta, ignorando seus protestos. 

— Você vai mesmo me deixar de pau duro?

Virei-me para ele antes de sair pela porta e me desculpei:

— Sinto muito, Finch. Mas vai ter que se aliviar sozinho desta vez. 

Fugi pelo corredor, desnorteada. Meu sangue queimava pura adrenalina. No calor do momento, essa aposta parecia extremamente fàcil, uma vitória garantida, e agora finalmente tinha caído a ficha da encrenca que fui me meter. Como Justin pôde fazer isso comigo? Um mês sem sexo era o mesmo que o fim do mundo para mim. Tinha sido fácil passar o mês anterior sem trepar com ninguém, pois estava muito concentrada em ganhar uma noite com Justin que acabei me desligando da vida alheia. Agora parecia estar chovendo canivete na minha cabeça, e eu precisava arrumar um jeito de avisar que eu estava fora de mercado sem ter muito contato com os pecados físicos que me rodeavam. Bieber tinha feito uma bela jogada, mas eu não ia perder esta aposta: Justin seria meu por um mês, custe o que custar. 

Atravessei o campo de futebol com os pensamentos longe, no mesmo instante que recebi uma pancada forte na cabeça, me levando ao chão e me deixando tonta por um instante. Pisquei sob os cílios, pega de surpresa pelo ato repentino. Senti uma pegada forte nos meus braços e fui posta de pé com facilidade. Tropecei sobre os próprios pés e caí em cima de um corpo suado, malhado e tatuado — ele estava sem camisa.

— Ei, Meri. Está tudo bem? Eu sinto muito, não quis te acertar.

Reconheci os olhos escuros de Pedro. Ele tinha sido minha primeira experiência com o time de futebol, e sua pegada forte fazia qualquer uma gozar com poucos movimentos. Ah, merda! Afastei-me, entorpecida pelos pensamentos impuros que me aproximavam cada vez mais da derrota. Eu tinha de resistir; tinha de ser forte.

— Eu estou bem — respondi depressa e saí dali o mais rápido possível, ouvindo apenas mais uma tentativa de se desculpar pela bolada.

Ofegante, terminei de cruzar o campo. Bebi um pouco de água em um dos bebedouros no corredor e saí em busca de um rosto familiar. Tive de chegar até o outro pavilhão para encontrar a silhueta insubstituível de Justin. Ele estava conversando com duas garotas que, quando viram a expressão em meu rosto, souberam que deviam se afastar.

— Que foi, Ruivinha? Dia ruim? — perguntou ele, com um sorriso calmo.

— Duas semanas!

— O quê?

— Você tem de reduzir o tempo de duração da aposta para duas semanas — exigi. 

Seu sorriso se tornou mais largo. 

— Qual é, América. Não se passou nem um dia e já quer desistir? 

— Eu não estou desistindo! Eu só... — olhei para os lados, me certificando de que ninguém estava prestando atenção na nossa conversa, mas todos pareciam curiosos sempre que nos viam juntos. — Não posso ficar sem sexo por todo esse tempo — falei um pouco mais baixo. 

— Se fosse ao contrário, você me deixaria sem sexo por um mês?

Abri a boca para respondê-lo, mas a fechei no mesmo instante, sabendo que o deixaria sim ficar sem sexo por quatro semanas. Adoraria vê-lo entrar em abstinência e implorar para estar comigo. Eu o deixaria louco, assim como ele estava me deixando. Ele sorriu com aquela diversão de sempre.

— É tudo ou nada, Ruivinha. A menos que queira desistir... — olhou-me com expectativa.

Não. Eu não daria esse gostinho à ele.

— A aposta ainda está de pé, Bieber — olhei em seus olhos, mais convicta do que nunca. — Pode rir enquanto pode, pois quem rir por último, rir melhor.

Dei as costas e segui andando em direção ao refeitório. Agora eu estava mais preocupada em me manter o mais distante possível da população masculina daquele ambiente. 

                         *          *          *

Calça jeans clara com leves rasgos na região das coxas, blusa branca de manga curta com detalhes em renda, jaqueta de couro vermelha e scarpin branco, e eu estava pronta para mais um jantar seguido. Minha rotina estava ficando bastante incomum. Verifiquei o endereço mais uma vez no SMS que Easton me passou e ao ter certeza de que estava no lugar certo, estiquei o braço e toquei a campainha. Esperei alguns segundos e escutei passos do outro lado da porta. A maçaneta foi girada e Easton apareceu com uma calça jeans escura e camisa verde de manga curta. O cabelo estava penteado do jeito de sempre e o sorriso bonito, apesar de exausto, estava lá como de costume. Um perfume gostoso exalava dele.

— Você está linda — elogiou ele. 

— Obrigada — agradeci com um sorriso. — Eu tenho que causar uma boa impressão á minha futura sogra, sabe como é — brinquei com um ar dramático.

Ele riu. 

— O jantar ainda não está pronto, então teremos tempo para estudar — disse ele enquanto abria a porta por completo e me dava passagem para entrar. — Fique á vontade.

Dei dois passos para dentro de casa e ele fechou a porta atrás do meu corpo. Seguimos por um estreito corredor até chegar á sala. Reparei que as cores das paredes variavam de branca á azul, com alguns quadros pendurados nas paredes, jarros de flores em alguns cantos e móveis de cores neutras. Era uma casa simples, aconchegante e arejada. De alguma forma, era como se eu estivesse em casa.

— Posso pegar o seu casaco? 

— Ah, não precisa — sorri para ele. — Estou bem por enquanto. 

Ouvi passos próximos, e uma mulher baixinha de cabelo curto apareceu na sala. Era uma réplica feminina de Easton — a não ser pelo tom acizentado dos olhos — de pele branca e algumas sardas no rosto. Usava jeans e camiseta e não parecia ter idade o suficiente para ser mãe de um garoto de dezenove anos. Certamente era uma mulher linda.

— Olá — ela me cumprimentou com um sorriso largo e simpático.

— Oi — acenei com um sorriso. 

— Meri, essa é a minha mãe, Chloe. Mãe, esta aqui é a América Greene. 

— Querida, é um prazer conhecê-la — ela me deu um beijinho no rosto; exalava animação. — Obrigada por ter vindo.

— Eu é que agradeço pelo convite. 

— Você é mais bonita quanto pensei. O Easton realmente não sabe descrever a aparência física de alguém — ela disse em tom risonho.

— Mãe...

Olhei com um sorriso divertido para Easton que tinha as bochechas coradas. Soltei um risinho.

— Obrigada. A senhora também é muito bonita. 

Chloe ficou radiante. 

— Mãe, vamos usar o tempo que o jantar fica pronto para estudar um pouco — avisou Easton. 

— Tudo bem. Eu chamo vocês. 

Easton me guiou até o seu quarto. Não tinha posters de mulheres peladas nem de propaganda de cerveja, mas tinha uma mesa redonda de duas cadeiras, uma cama de casal, uma escrivaninha, mesa de cabeceira, uma em cada lado da cama, um guarda-roupa e uma segunda porta, que arrisquei ser o banheiro. Também tinha uma estante com suas prateleiras repletas de livros. Easton era um homem organizado, era notável. Pelo seu comportamento e seu jeito responsável de ser, não esperava algo diferente.

— Belo quarto — elogiei.

— Obrigada — ele sorriu fraco. — Fique á vontade, eu vou pegar os livros. 

Deslizei a jaqueta pelos ombros e deixei em cima de uma das cadeiras da mesa. Dei alguns passos pelo quarto, curiosa para descobrir mais, quando Easton voltou com livros de biologia e os colocou em cima da mesa. 

— Podemos começar? 

— Hum-hum — concordei e puxei uma cadeira sobre a mesa.

Ele se sentou á minha frente e folheou alguns livros, procurando o mais complexo para nos ajudar. Ele começou a explicar assuntos básicos, mas como biologia não entrava na minha cabeça, Easton teve de reforçar o mesmo assunto milhões de vezes. Mas com ele tudo parecia mais fácil. Eu assentia enquanto ele falava, tentando absorver o máximo de informações possíveis. Ele me fazia algumas perguntas e eu me esforçava para ser o mais objetiva nas minhas respostas.

— Credo, para! Não consigo decorar mais nenhum norme de molécula — esfreguei as têmporas.

Easton deu risada e fechou o livro.

— Acho que já chega por hoje. Você se saiu bem.

— Biologia é um saco!

— Eu gosto.

— Pensei que a sua fosse cálculos — olhei para ele.

— É uma opção também. Eu queria fazer contabilidade no começo desse semestre, mas descobri minha paixão por outra coisa.

— O quê?

— Biologia, com especialização em anatomia. Tenho mais um ano pela frente, depois vou fazer a prova de admissão para medicina e, assim, espero entrar para Harvard.

Uau.

— Isso é muito legal, East. Você é muito inteligente, consegue fácil, fácil.

Ele sorriu agradecido. 

— Mas por que mudou de ideia tão rápido? Você parecia muito decidido em fazer contabilidade.

— Quero salvar vidas — ele respondeu sem nem pensar. — Quero poder gastar o resto de tempo que tenho dando esperança ás pessoas, fazer por elas o que não posso fazer por mim mesmo.

Suas palavras me tocaram lá no fundo. Easton era um anjo, com o mais nobre dos corações. Eu me perguntava por que a vida foi tão cruel com uma pessoa tão doce quanto ele. 

— Você é... incrível.

Ele sorriu.

— A vida só é preciosa porque termina, América.

Ouvi leves batidas na porta. 

— Vamos jantar, então — ele se levantou e eu o acompanhei.

Antes de deixarmos o quarto, deslizei a jaqueta pelos ombros mais uma vez e seguimos Chloe até a sala de estar. A mesa já estava preparada e um cheiro bom conquistou meu paladar. Chloe tinha caprichado no jantar: pedaços grandes de frango, milho, vagem (cozida no bacon), pãezinhos com molho, torta de limão de sobremesa e uma garrafa de vinho tinto.

— Está muito bom — elogiei depois da terceira garfada. — Nossa, está ótimo!

— Obrigada — Chloe sorriu satisfeita.

— Não é porque é minha mãe, não, mas esta mulher faz a melhor comida de todas — disse Easton, orgulhoso da mãe.

— Parem de me fazer tantos elogios, senão vou acabar acreditando.

— Pode acreditar — disse eu.

Ela sorriu.

— Vou ter de te trazer todos os dias aqui, Meri. Não é todo dia que temos um jantar como este — brincou Easton. 

Soltei um risinho.

— Não seja ingrato, filho — disse Chloe. — Você sabe que o meu trabalho exige muito do meu tempo, e não sobra quase nada para caprichar no jantar — ela se defendeu.

— Eu sei, senhora ocupada. Eu só estava brincando.

— No que a senhora trabalha? — perguntei.

— Não precisa me chamar de senhora — ela deu uma única risada. — Eu sou enfermeira.

— Sério? Que legal!

— Pelo menos ela sabe lidar com os meus surtos — Easton deu de ombros. 

Chloe deu um leve sorriso para o filho e se voltou para mim:

— Então, América, me conte mais sobre você. Como anda o seu desenvolvimento em biologia? 

— Ah — dei de ombros —, depois que o East começou a me ajudar, começou a melhorar um pouco. Mas mesmo sendo um bom professor e um ótimo amigo, acho que nem ele é capaz de colocar a matéria na minha cabeça. Sou péssima nisso — soltei uma risada e eles me acompanharam.

— Mas o que foi que te levou a cursar biologia? — ela perguntou, cortando um pedaço de frango e levando á boca logo em seguida. 

— Eu estava um pouco confusa sobre o que realmente queria fazer. Acabei seguindo o exemplo de Rosie, minha amiga, que também está cursando biologia. 

Ela assentiu. 

— Depois que este semestre acabar, vou trancar o curso e me dedicar á publicidade, que é o que realmente quero fazer — continuei.

— Jornalismo? 

— Sim.

— Com direito a própria revista — ressaltou Easton.

Sorri para ele.

— Ah, que ótimo! Gosto de pessoas que pensam grande. — Chloe fez uma pausa para dar um gole no vinho. — Na minha adolescência, teve um período que eu quis fazer jornalismo, mas eu sempre fui muito tímida para isso. Mas eu acho uma profissão lindíssima! — Ela fez mais uma pausa e sorriu. — Sabe, América, é sempre bom você fazer algo que realmente gosta. Quando você exerce sua profissão com paixão, nunca se cansa de levantar cedo e ir trabalhar, por mais cansativo e complexo que seja. 

— Concordo plenamente — disse eu. 

— Vou adorar conhecer a sua revista. Quero um convite para o dia da inauguração — seu tom era divertido, e ao mesmo tempo sério. Ela depositava fé em mim.

— Pode deixar. O seu convite já está garantido — retribuí ao seu sorriso. — Você parece tão jovial. Nem parece mãe de um garoto de dezenove anos.

— Ah — ela deu de ombros. — Sempre fomos eu e o Easton, e hoje em dia não é fácil lidar com a cabeça dos jovens. Por isso sempre busco estar informada sobre a atualidade desse mundo em que vocês vivem. 

— Ela é uma ótima mãe — disse Easton. — Dona Chloe até sabe algumas gírias.

Rimos. 

— Mas e você, América? Me conte mais sobre sua família. 

— Ah — olhei de relance para Easton que pareceu um pouco constrangido pela pergunta da mãe. Ele sabia que eu não tinha uma boa convivência com a minha família hoje em dia, mas eu não me importava de falar sobre. — Minha mãe é advogada e o meu pai é sócio de uma empresa de tecnologia. Eu tenho dois irmãos que são gêmeos: Isaac está estudando medicina, neurocirurgião, e Amélia está prestes a concluir a faculdade de moda. 

— Uma família de diversidades, então. Isso é bom. Pelo menos não vai precisar pagar por uma cirurgia, questão na justiça ou roupas — brincou, arrancando risos. — Adoraria conhecê-los um dia.

— Tenho certeza que eles adorariam conhecê-la também — ofereci o meu sorriso mais gentil. 

Chloe era a mãe mais jovial que eu conhecia, mesmo a conhecendo há tão pouco tempo. Ela usava um vocabulário que era muito fácil de se entender e se divertir, não aquele papo chato de mãe. Minha mãe, certamente, não conseguia ser tão aberta. Ela era muito séria, raramente se interessava por assuntos banais. Papai sempre foi o mais comunicativo com os filhos; era como se meus pais tivessem invertido os papéis em nossas vidas. 

Dei boas risadas com as situações engraçadas que Chloe passou no hospital, principalmente com os pacientes idosos que pediam para casar com ela. Era impossível não rir da expressão enojada de Easton. Ela nos contou sobre as encrencas que se metia quando era universitária e de como fazia para escapar dos seus pais para ir á festas de noite. Não tocamos no assunto AIDS, o que, de certa forma, foi aliviador. Easton tinha muito carinho pela mulher que o criou, e vice-versa. Era como se fosse eles contra o mundo. 

— Deixa que eu atendo — disse Easton enquanto se levantava, depois de ouvir a campainha. 

Ele se retirou e só restou eu e Chloe na mesa. 

— Ele é um bom menino — comentou ela de repente.

Olhei para ela, cautelosa e apreensiva. 

— Ele é, sim — concordei. 

— Obrigada por ter dado uma chance á ele. Depois que o meu filho descobriu a doença, todos os amigos que ele tinha se afastaram dele e ele ficou sozinho. Eu tento fazer de tudo para suprir as necessidades de atenção que ele precisa, mas não posso ocupar o lugar de certas pessoas em sua vida — seu olhar era triste, o que me partiu o coração.

— O Easton é uma pessoa maravilhosa. Eu nunca me afastaria dele só por que ele està doente. Na verdade, isso não me incomoda nem um pouco. Para mim, Easton continua sendo uma pessoa normal.

Ela sorriu agradecida.

— Eu fico muito aliviada em saber disso, América. Ele gosta de você, e está animadíssimo com a possibilidade de tê-la como amiga.

— Eu também sou muito grata por nossa amizade — disse eu, sincera.

Ouvi passos se aproximando e Easton apareceu de novo, ocupando o mesmo lugar de antes na mesa ao meu lado.

— Quem era, meu amor? — perguntou Chloe.

— Era uma moça, ela estava perdida e queria chegar no centro da cidade — respondeu ele.

Terminamos de comer a sobremesa e ajudamos Chloe a retirar e lavar a louça, mesmo ela insistindo de que não precisava. Fomos até a sala e nos sentamos no sofá, entrando em uma nova conversa de muitas risadas. Eu estava gostando muito de passar aquele tempo com eles. A relação de Chloe e Easton me fez sentir uma imensa saudade de casa e dos braços dos meus pais e das conversas jogadas fora com os meus irmãos. As poucas horas que passamos juntos me fizeram repensar em muitas coisas da minha vida.

— Obrigada pelo jantar, estava uma delícia — dei um beijinho no rosto de Chloe como forma de despedida.

— Eu é que agradeço, querida. Por favor, volte mais vezes.

— Claro. Será um prazer.

— Foi ótimo te conhecer, América.

— Igualmente. 

Easton insistiu em me dar uma carona até em casa, e eu estava disposta a enfrentar as perguntas do meu pai por chegar em casa acompanhada de um garoto. Meus pés estavam me matando e eu não queria sair á procura de um ônibus usando salto alto. Meu pai tinha liberado a minha mesada, mas eu estava guardando todo o dinheiro na poupança e reduzindo alguns gastos, e isso incluía andar de táxi. 

Recebi uma ligação do lado de fora da casa. Era Justin. 

— Justin? 

— Boa noite, Ruivinha. Está tendo um bom encontro? — o sarcasmo estava escondido por trás do tom calmo.

— Não é um encontro — falei um pouco baixo, me afastando de Easton para falar melhor. — Sério que me ligou para isso? 

— Só queria me certificar de que esse idiota não estava tentando te comer em cima do sofá dele.

Eu quase ri do seu tom enciumado. Se ele soubesse... 

— E o que você tem haver com isso? — provoquei.

— Bom, temos uma aposta. Só queria me certificar de que sua derrota não será tão rápida. Acho que você pode aguentar uma semana pelo menos.

Revirei os olhos.

— Justin, eu preciso desligar.

— Onde ele mora? 

— Hum, na Hills, por quê?

— Número da casa? 

— Quarenta e dois — olhei por cima do ombro para ter certeza. — Por que quer saber disso? 

— Você está perdendo preciosos segundos do seu encontro falando comigo. Chego aí em quinze minutos.

— O que... O quê? Justin? — Exclamei baixo, mas o filho da puta já tinha desligado. 

Olhei para a tela do celular que indicava a ligação encerrada. Bufei de raiva e guardei o aparelho dentro da bolsa. Justin iria me pagar! Mas eu não estava com raiva dele, muito pelo contrário. Um sorriso escapou entre meus lábios e balancei a cabeça em reprovação. 

Virei-me para Easton com uma expressão apreensiva. 

— Hum, East, não precisa mais me dar uma carona — tentei não sorrir tão apreensivamente, mas foi impossível. Não queria que ele ficasse com raiva de mim.

— Por quê? — vincos de incompreensão surgiram no espaço entre as suas sobrancelhas. 

— Justin vai chegar aqui em quinze minutos — encolhi os ombros. 


Notas Finais


√ Ei, people, trouxe uma notícia boa, ao contràrio da útima vez... Tenho uma nova fanfic na àrea! Ela acabou de ser postada, está com um prólogo maravilhoso que vocês não podem perder! É uma fanfic diferente de tudo que jà fiz, acho que vão gostar. Então, por favor, me deem uma chance. Ela se chama Mark My Words e vou deixar o link aqui para vocês darem uma olhada, certo? Obrigada pela atenção de vocês.

• Mark My Words: https://spiritfanfics.com/historia/mark-my-words-9821084

Leia também, Mistake of Love: https://spiritfanfics.com/historia/mistakes-of-love-6329863


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