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História Rebel Heart - Fingertips


Escrita por: MillyFerreira

Notas do Autor


√ Desculpem-me qualquer erro. Boa leitura!

Capítulo 16 - Fingertips


Fanfic / Fanfiction Rebel Heart - Fingertips

— Ele não gosta de mim, o Bieber.

Olhei para Easton que estava sentado ao meu lado na escada da varanda. Ele não ficou chateado por eu ter dispensado a carona e até concordou em esperar comigo. 

— Não se importe com que o Justin acha — respondi. — Ele é assim mesmo: acha que todo homem que se aproxima de mim tem a intenção de me levar para cama. O que, de certa forma, é verdade — soltei uma única risada.

— Ele se importa com você, então. 

— Parece que sim. 

— Vocês só são amigos ou o quê? 

Easton tinha uma porção de curiosidade nos olhos azuis, apesar de parecer um pouco tímido de me fazer tal pergunta.

— Somos apenas amigos. Por que acha que somos mais que isso? — arqueei a sobrancelha. 

Ele deu de ombros.

— Acho que tem alguma coisa no jeito que vocês se olham.

Dei risada.

— Qual é a graça? 

— Minha relação com Justin é física, não envolve qualquer tipo de sentimento.

— Vocês...?

— Sim — respondi a sua pergunta oculta. 

Ele assentiu com a cabeça. 

— Evite o amor a todo custo — falei com os olhos fixos na rua vazia. — Este é o meu lema.

— É... curioso.

Virei o rosto para encará-lo e seu olhar encontrou o meu.

— Eu poderia te dizer milhões de coisas que te provem o contràrio, mas você jà foi machucada antes. Eu também jà fui; compartilhamos dores semelhantes. Um vaso quebrado não tem conserto, mas você pode colar os cacos, um de cada vez, assim formando cada cicatriz.

— Então você sabe que o processo é lento — sussurrei, olhando em seus olhos. 

— Ou talvez você o torne lento demais — sussurrou de volta. — Você tem medo, América. Tem medo de se abrir e seu coração lhe pregar mais uma peça. Mas é necessário se machucar. Como conhecer a felicidade onde não há dor? A vida não será sempre um mar de rosas, mas você precisa depositar um pouco de confiança em si mesma para poder confiar no outro. É assim que funciona. 

Senti uma enorme necessidade de chorar, mas descartei aquela possibilidade num piscar de olhos. 

— Eu sei que é difícil para você — continuou ele. — Mas assim como posso contar com você, você pode contar comigo. Se um dia você achar que deve contar á mim o que tanto te machuca, estou aqui para te ouvir.

Sorri sem mostrar os dentes, melancólica. A única coisa que consegui fazer foi abraçá-lo, pois palavras me faltaram naquele momento para expressar o quanto eu estava agradecida por ele ter aparecido na minha vida. 

— Obrigada por ser tão maravilhoso — agradeci ao me afastar. — Você me falou tudo sobre você, compartilhou seus segredos comigo; acho que te devo uma explicação.

Ele negou com a cabeça.

— Eu quero que me conte o que se passa aí dentro, mas apenas se quiser me contar.

— Obrigada — sussurrei.

Faróis se aproximaram no horizonte, e reconheci imediatamente o motor da Harley cada vez mais próximo. 

— Parece que sua carona chegou — comentou Easton.

Levantei-me da escada e ele me acompanhou. Justin estacionou na calçada à tempo de eu dar um ràpido abraço em Easton, agradecer pelo jantar e pela conversa, e me aproximar da moto. Subi o zíper da jaqueta até pescoço e parei em sua frente. Justin olhou para a silhueta de olhos azuis atràs de mim e acenou com a cabeça em forma de cumprimento. 

— Você é um cretino, sabia? — resmunguei.

Enfim, ele abriu aquele sorriso divertido de sempre e olhou para mim com os olhos brilhantes pela luz do luar.

— Estava pensando em dar um passeio — disse ele. — Preciso da minha parceira. Sobe aí. 

Resmunguei um pouco mais e montei na garupa da moto. Quis fazer birra, mas como não tinha nada além do corpo de Justin para me segurar, passei meus braços ao redor da sua cintura e senti sua mão na minha. Ele arrancou com a Harley pelo condomínio de casas, dando tempo apenas de um último aceno em direção à Easton que ficou para tràs. 

Passamos algum tempo ali, montados na moto, dirigindo à beirada da praia. Deitei a cabeça no ombro de Justin, ouvindo o doce som das ondas se quebrando nas pedras, e sentindo a brisa gelada do mar no meu rosto. Os prèdios do centro da cidade estavam cada vez mais próximos, as vidraças dos andares reluzindo nas luzes piscantes de todos os lados de San Diego. Não percebi que tinha se passado tanto tempo, até pararmos em Encinitas. Deixamos a moto em uma vaga do estacionamento e começamos uma caminhada pelo chão de concreto que nos separava da areia. 

— Então, como foi o encontro? Ele te apresentou para mãe dele ou algo assim? — Justin provocou.

Dei risada.

— Para com isso, Bieber. O Easton é só meu amigo.

— Ahã, sei. 

— Por que toda essa desconfiança? 

Ele virou o rosto para me encarar.

— Só estou tentando te proteger. Você é importante para mim — suspirou.

— Foi esse o motivo da aposta, não foi? Me afastar dos garotos? 

— De certa forma, sim — confessou. — Mas confesso que estou louco para vê-la entrar em abstinência — soltou um risinho. 

— Você é muito engraçadinho. Sabia que eu perdi a oportunidade de transar com o Finch hoje? 

Suas sobrancelhas se juntaram.

— Você devia me agradecer, então. Qualquer garota merece algo melhor que aquele cara.

Eu não podia discordar. Sentamo-nos na balaustrada, com os pés para o mar, e ficamos observando as ondas quebrarem bem debaixo dos nossos pés. 

— Que tal Malibu? 

— Hã? — olhei para ele, distraída.

— A sua sessão de fotos, Meri. Em Malibu. 

— Sério? Vamos para Malibu? 

— Eu não sei ainda — ele suspirou. — Depois dessa semana com a sessão de fotos, tenho pouco tempo para organizar esse trabalho.

— E você acha que consegue?

— Consigo, sim. 

— E o que você pensa em fazer exatamente? 

Justin ficou tenso de repente.

— É exatamente sobre isso que quero falar com você — limpou a garganta. — Eu não sei se você vai concordar, e se você não quiser, é claro que vou entender, mas...

— Fala logo — cortei sua frase. 

— Eu recebi os tópicos de como eles querem esse trabalho. 

— Pensei que você decidia — juntei as sobrancelhas.

— Sim. Não. Quase isso — deu de ombros. — Eu tenho total liberdade para fazer as fotos, mas eles decidem como querem. 

— Que cara é essa? Até parece que vou ter que pousar nua — debochei, rindo.

Quando vi sua expressão séria, meu sorriso desapareceu.

— Ai, meu Deus! Vou ter que pousar nua? — exclamei com os olhos arregalados.

— Não exatamente — ele se apressou em falar. — Quer dizer, é quase isso, mas é claro que não vou expor seu corpo desse jeito. Eles querem algo natural e ao mesmo tempo sexy. Mas se você não quiser, eu posso arrumar outra pessoa. — Sua voz se tornava cada vez mais apreensiva, um tanto tímida. 

— Justin, isso é um pouco... radical — esfreguei a nuca.

— Eu sei — limpou a garganta. — Você não precisa ir se não quiser. Eu dou um jeito, relaxa. 

Afundei em pensamentos um instante. 

— Eu topo.

Ele me olhou, surpreso.

— Topa?

Abri um sorriso.

— Topo. — Soltei um risinho da sua expressão de espanto. — Não me olhe desse jeito. Confio em você. 

— Estou falando sério, América — ele mantinha a expressão séria. — Se isso, de certa forma, não deixá-la confortàvel, não precisa aceitar. 

— Ai, credo! — empurrei seu ombro. — Até parece que não me conhece... Dà para tirar essa carranca do rosto? Você é muito mais divertido com aquele sorriso debochado.

Com minhas últimas palavras, ele sorriu.

— Você é um màximo, América. Sério. 

— Então acho que mereço um prêmio por ser tão legal — sorri de canto.

— Não vou transar com você, isso viola as regras da aposta — disse ele, o tom divertido na voz. 

— Que porra!

Ele riu do meu palavriado.

— Justin — choraminguei.

— Apenas não... pense em sexo — deu de ombros.

Lancei um olhar assassino à ele.

— E como sugere que eu faça isso? 

— Assim. — Ele se aproximou, afagou meu rosto e colou seus làbios nos meus. Soltei um suspiro entre seu beijo, lhe dando a oportunidade perfeita para deslizar a língua para dentro da minha boca. Nossas línguas se tocaram em sincronia. 

Beijar Justin Bieber era, com certeza, um vício. Eu nunca pensei em comparar sexo físico com um beijo — por julgar menos importante — mas eu poderia esquecer a cama para estar sentada numa balaustrada, à beira da praia, com os làbios dele aos meus. O jeito como ele me tomava em seus braços, acalentava-me, me beijava e, inexplicavelmente, me acalmava, era único. Eu não sabia o propósito de Justin Bieber na minha vida, mas de uma coisa eu tinha certeza: não queria que ele fosse embora. Jamais. Eu não podia dizer com clareza sobre meus sentimentos por ele, mas Justin era diferente de tudo que jà vivi e senti. Ele me fazia querer colocar os meus óculos e caminhar pelos corredores da universidade com a cabeça erguida; fazia eu querer trocar festas e trepadas com garotos desconhecidos por jantares aos sàbados e conversas banais. Fazia eu querer voltar a ser a garotinha que eu era antes, com posters de Star Wars nas paredes e estrelas que brilham no escuro no teto. 

Afastei-me por puro instinto. Justin me encarou com a expressão confusa. Eu não podia estragar as coisas mais uma vez. Não podia começar a sentir o que quer que fosse e depois ter de suportar a dor da sua partida. Se tê-lo por perto significasse ser completamente indiferente ao sentimento, eu o faria sem pestanejar.

— Eu fiz alguma coisa de errado? — perguntou ele, preocupado.

— Não — respondi sem emoção, voltando meus olhos para a maré agitada.

Se eu quisesse fazer isso certo, teria de dar um passo de cada vez. Não queria assustà-lo com os meus demônios, e, de alguma forma, não queria me assustar com esse novo sentimento que estava começando a surgir.

                       *          *          *

A semana seguinte passou tão ràpido que não tive tempo de respirar. Logo de cara, na segunda-feira, fomos recebidos com um teste surpresa de biologia. Com um olhar de apoio de Easton, ergui a cabeça e dei o meu sangue para responder cada questão. Dois dias depois, me surpreendi ao ver o meu nome no segundo lugar de nota mais alta da classe, perdendo, é claro, para meu eficiente professor particular. Saímos para comemorar. Naquela mesma semana, recebi um convite de Chloe para visitar uma instituíção de caridade no hospital em que trabalhava, e, acompanhada de Easton, doei alguns brinquedos que hà muito tempo eu tinha esquecido. Não pude ficar muito tempo, mas o pouco tempo que fiquei, dando atenção àquelas crianças carente de amor e carinho, foi uma experiência única. 

A cada dia que passava, eu e Justin estàvamos mais próximos. Trabalhamos tanto durante a semana que não tive tempo para pensar em sexo, consequentemente, desviando da comunidade masculina da Eastern e me aproximando cada vez mais de ter uma chance de vitória nessa maldita aposta. Justin estava insatisfeito com minha eficiência, então tentava me provocar sempre que podia, deslizando a mão pela minha coxa ou me dando um beijo mais quente quando ninguém estava nos olhando. Depois de trabalharmos a tarde toda, ele me levava à uma pizzaria, e depois de jantar, me deixava dois quarteirões longe de casa e nos despedíamos com um beijo. Com isso, as especulações de um susposto relacionamento ficava cada vez mais forte. Eu jà estava de saco cheio de tanta pressão. 

— Ei, Meri — Finch se inclinou da mesa do time de futebol, chamando toda a atenção do refeitório para mim. Desde o dia em que o deixei excitado na sala de experimento, ele não perdia a oportunidade de provocar ou jogar indiretas. 

— Hoje não, Finch — murmurei, sem tirar os olhos da gororoba no meu prato. 

— Então é isso? Você começa a namorar e esquece das velhas amizades? 

Justin desviou o olhar da madeira escura da mesa e lançou um olhar assassino para Finch. Não era um bom dia para nenhum de nós dois.

— Cala a boca, Finch — disse Eggsy, sério, ao perceber o clima tenso pairando no ar.

Mas Finch continuou:

— Então, Justin, jà que não tem nada rolando entre vocês, se importa de eu provar? — provocou, arrancando risos dos seus companheiros.

Virei-me, pronta para confrontà-lo, ao mesmo tempo que ouvi a cadeira ao meu lado ranger com força ao ser afastada da mesa e os olhos de Finch se arregalarem em câmera lenta ao receber o soco e cair sobre as cadeiras da mesa do time de futebol que se levantaram com o susto. Rosie berrou, assustada, enquanto Eggsy pulava a mesa para tentar impedir que Justin quebrasse a cara de Finch que estava cada vez mais ensanguentada pela força dos golpes desferidos. Depois do que Justin fez com Ryan, ninguém ousou se aproximar. Os amigos de Finch só observavam a cena com os ombros encolhidos. Nem Eggsy foi capaz de conter a raiva do primo.

— Justin! — Exclamei, levando a mão à boca.

Seu punho parou na altura da cabeça, pronto para mais um golpe. Seus olhos cobertos por uma manta vermelha de ódio encontraram os meus. Dei um passo para tràs por puro instinto e ele largou a camisa de Finch que ficou desfalecido no chão. Seu peito subia e descia com o peso da respiração e a pele do rosto estava tão vermelha que achei que ele fosse explodir. Tentei dar um passo em sua direção, mas ele levantou tão ràpido e passou feito um raio pela porta de entrada que não me deu tempo nem de sair do lugar. Um silêncio se instalou naquele lugar enquanto os amigos de Finch o erguia do chão.

— Desculpa, Meri — disse ele, baixo e doloroso, enquanto era posto sentado em uma das cadeiras. — Eu estava só brincando.

— Talvez agora você aprenda o momento certo de calar a boca — lancei com raiva e trilhei o mesmo caminho que Justin, tentando alcançà-lo.

Corri pelo corredor, avistando a silhueta apressada de Justin á frente. Chamei pelo seu nome mas ele não deu ouvidos. Corri mais ràpido e alcancei o seu braço.

— Ei, espera — não consegui esconder a apreensão em minha voz.

Ele parou, respirou fundo e olhou para mim. Em nenhum momento seus olhos encontraram os meus.

— Desculpa — sussurrou.

— Està tudo bem — tentei lhe passar algum tipo de conforto.

— Você viu o que acabei de fazer là dentro? Esse não sou eu.

— Você só perdeu a cabeça.

— Essa é a questão: — ergueu o olhar para os meus olhos e absorvi toda a sua aflição — eu venho perdendo muito a cabeça quando estou com você. Não consigo me segurar. Eu preciso de um tempo. Você precisa se afastar, América. Só Deus sabe que não consigo ficar longe de você.

Pisquei sob os cílios, com medo do que aquelas palavras pudessem significar. 

— Vamos resolver isso juntos, tà bom?

Ele recolheu sua mão da minha e foi como se a felicidade estivesse escapando pelas pontas dos meus dedos. Justin desviou o olhar do meu, claramente atordoado, e balançou a cabeça negativamente.

— Preciso ir para casa. Desculpa. 

E então ele me deixou ali, parada no meio do corredor, como se uma lasca de pau tivesse atravessado o meu coração. Justin prometeu que nunca me deixaria sozinha, e agora ele estava indo embora sem nenhuma cerimônia. Depois de tudo o que aconteceu entre nós dois, ele sequer olhou para tràs.


Notas Finais


√ Vamos là, me ajudem na nova fanfic:
• Mark My Words: https://spiritfanfics.com/historia/mark-my-words-9821084

Leia também, Mistakes of Love: https://spiritfanfics.com/historia/mistakes-of-love-6329863


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