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História Rebel Heart - Winner


Escrita por: MillyFerreira

Notas do Autor


√ A mamãe voltou com um capítulo novo! Desculpem-me qualquer erro. Boa leitura!

Capítulo 18 - Winner


Fanfic / Fanfiction Rebel Heart - Winner

— Que tal mudarmos a cor deste cabelo? Um castanho ficaria ótimo… — disse Katrina, a cabeleireira, enquanto olhava para as minhas madeixas com um olhar avaliativo.

— Aproveita, amiga. Hoje é seu aniversário, você pode tudo — disse Rosie sentada ao meu lado, com um sorriso relaxado nos lábios.

— Não — eu respondi. — Eu prefiro assim, dessa cor.

— Você é do tipo que não gosta de mudanças… — Katrina ainda me olhava com aquele olhar avaliativo, como se imaginasse o castanho no meu cabelo.

— Gosto de mudanças. Mas se eu mudar a cor do meu cabelo, não serei mais a Ruivinha do Justin — as palavras saíram naturalmente, e só depois de receber o olhar acusador de Rosie, dei-me conta do meu erro. — Que é? — fiz-me de indiferente, tentando sair ilesa da situação, mas não consegui evitar o leve rubor nas bochechas quando ela desviou o olhar para a revista, rindo.

— Tudo bem então — Katrina abriu um sorriso, por fim. — Gosto do ruivo do seu cabelo, e como você quer algo diferente sem abrir mão da cor, podemos transformar as madeixas lisas em cachos, que tal?

— Cachos seria ótimo! — concordou Rosie, animada.

— Eu sempre quis ter cachos — disse eu, olhando meu reflexo no espelho.

— Isso é um sim? — perguntou Katrina.

— Sim — respondi, e Rosie comemorou ao meu lado.

— Mãos á obra! — disse Katrina, recolhendo as mangas da blusa.

Ela começou a avaliar meu cabelo, e apenas relaxei, prestando atenção na conversa de Rosie sobre a festa de outono que aconteceria em poucos meses. Seria organizada pela principal fraternidade da universidade, da qual Eggsy fazia parte. Segundo ela, Justin não quis se envolver numa fraternidade para poder se concentrar melhor na vida profissional. Era bem a cara do Justin mesmo.

E ao lembrar dele, seu nome brilhou na tela do celular, indicando uma nova mensagem. Com um sorriso travesso, deslizei o dedo sobre a notificação e abri a mensagem:


20 aninhos? Nem acredito! Você ainda tem 24 horas até essa aposta acabar, prometo escolher o melhor tatuador da cidade, bjs :)


Arqueei a sobrancelha involuntariamente. Depois de quase um mês inteirinho, ele achava mesmo que ainda tinha chances de ganhar esta aposta? Eu tinha me saído bem — melhor do que poderia imaginar — mantendo a população masculina afastada, deixando a maioria dos meus colegas insatisfeitos pela barreira. Não pude deixar de me envolver em situações embaraçosas, situações que me fizeram quase perder esta aposta, mas meu desejo por Justin era maior do que uma transa de momento. Eu já planejava em minha cabeça outra aposta para prendê-lo á mim por mais um mês, quem sabe até mais.

Respondi:


Acho melhor se alimentar direito, pois vou gastar suas energias durante um mês inteirinho. Nos vemos à noite, bjs :)


Não esperei sua resposta, então relaxei sobre a cadeira macia enquanto Katrina continuava o tratamento. Suas mãos eram leves como uma pluma, o que facilitava meus pensamentos impróprios sobre o que fazer com o corpo de Justin durante um mês. Eu tinha várias ideias, e todas elas envolviam adormecer nos braços dele, seja depois do sexo selvagem ou depois de uma conversa tranquila na beira do mar. Eu amava sexo, mas não era uma ninfomaníaca. Ás vezes tudo o que eu queria era sentar e conversar, e Justin sabia exatamente como distinguir os dois momentos.

— Você está linda! — exclamou Rosie, depois de Katrina anunciar o trabalho feito.

Abri os olhos, saindo dos devaneios da minha mente que vagava para a noite em que Justin me tomou em seus braços e me fez sua, e só quando encarei meu reflexo no espelho percebi o sorriso idiota espalhado pelos meus lábios. Encarei uma América completamente diferente. Minhas madeixas, antes lisas, tinham se transformando em cachos abertos e volumosos, destacando ainda mais a cor viva do meu cabelo. Eu me sentia renovada por fora, mas a dor ainda continuava aqui dentro. Por fim, abri um sorriso.

— Eu amei — disse eu, sincera, enquanto puxava os cachos para baixo e os soltava, vendo-os recolher feito mola.

— Que bom que gostou, querida — Katrina sorriu com satisfação. — Você já era linda, agora ficou ainda mais.

Sorri para ela.

Katrina era uma velha amiga da mãe de Rosie, e por isso , recusou a minha tentativa de pagar pelo tratamento. Agradeci mais uma vez e saí com Rosie depois de ela escovar o cabelo, deixando-o mais liso e brilhoso. Fomos em busca de um vestido para hoje á noite, e Rosie pensava em sair do shopping com uma segunda opção para a festa de outono. Eu não frequentava esses tipos de festas, até porque, era uma festa característica para casais apaixonados.

Depois de entrar e sair de várias lojas, Rosie encontrou dois modelitos perfeitos para ela: ambos vestidos; um deles em tom azul escuro que batia acima dos joelhos, de mangas grossas com um corte na perna direita, revelando um pouco mais de pele. O segundo modelito, o qual ela usaria na minha festa de aniversário, era em tom roxo, de alcinha e com um decote em forma de coração nas costas.

Meu vestido era preto e liso, cobria minhas coxas mas não chegava ao joelho, tinha um decote trançado — discreto — e um zíper na parte de trás que cobria toda a extensão da espinha. Era o modelito mais discreto que eu tinha comprado para ir á festas, e ainda assim, o atendente da loja não perdeu a oportunidade de flertar comigo, e tive de me segurar para não atacá-lo dentro da cabine, pois ele era muito bonito. Rosie não desgrudou um sò segundo, estando sempre lá para me lembrar do meu bom senso. Sequer consegui pegar o telefone dele para ligar em alguns meses.

— Você vai aparecer lá hoje, não vai? — perguntei ao telefone, enquanto colocava as sacolas em cima da cama. Rosie já tinha ido embora e a casa estava vazia, mas logo ficaria cheia para o meu jantar de aniversário preparado pela minha mãe. Ela fazia questão.

— O Justin não vai me bater, não é? — Easton fez uma piadinha, e não pude deixar de rir.

— Para com isso, Easton! O Justin perde a cabeça as vezes, mas ele sabe que somos amigos — defendi-o.

— Hum, sei. Não prometo ficar até o final, mas eu vou, sim — respondeu ele, a voz um pouco aguda por causa da ligação.

— Estou louca para que você veja meu cabelo — prendi o celular entre a bochecha e o ombro e me sentei na cama para poder tirar os sapatos que estavam matando os meus pés.

— Não me diga que pintou de azul — brincou ele, mas notei um tom de espanto por trás do divertimento.

— Não — soltei um risinho. — Mas ele está cacheado.

— Sério? Nunca imaginei você de cachos — ele fez uma pausa, como se estivesse idealizando minha nova imagem. — Deve estar bonita. Muito bonita.

Sorri.

— Obrigada, East.

— Hã… — ele fez uma pausa quando um ruído cortou a ligação. — Meri, eu preciso desligar agora, mas nos vemos depois.

— Até mais tarde, Easton. — E desliguei.

                                        ***

Meu cabelo foi a sensação do momento quando apareci na sala para o jantar de aniversário. Amélia adorou, e não deixou de elogiar o meu vestido. Recebi elogios do meu irmão mais velho, um presente — um colar brilhante e bonito, segundo ele, para combinar com o presente de mamãe — e um abraço apertado. Mamãe também me deu um par de brincos, que segundo ela, custou o preço da mensalidade da minha universidade. Eu não sabia se ela estava exagerando, mas temia que não; mamãe não era o tipo que brincava frequentemente. Amélia me deu um vestido azul bonito, estiloso e discreto; eu meio que já desconfiava. Papai disse que o presente dele ficaria por último, arrancando sorrisos cúmplices dos meus familiares, me deixando ainda mais curiosa.

Mamãe estava inspirada àquele dia. O camarões ao curry e alho-poró, o prato principal, estava uma delícia. Também teve lasanha, vinho tinto e espuma de morango como sobremesa. Ganhei uma torta de chocolate — meu sabor favorito — com vinte velinhas para soprar depois dos parabéns. Era tão infantil, mas eu estava tão feliz que sentia que nada podia estragar aquele momento. Com muito orgulho, soprei todas as velas, apagando-as de uma só vez.

— Isso está tão bom… — disse Isaac com satisfação, enquanto saboreava sua fatia de torta.

— Está mesmo. Obrigada, mãe. — Olhei para ela com um sorriso.

— Não precisa agradecer, filha. Fico feliz que tenha gostado. — Ela era toda sorrisos, orgulhosa de si mesma pelo trabalho bem feito.

— Cuidado aí, campeão — disse Amélia em tom de repreensão, olhando para a pessoa que compartilhou com ela o mesmo útero. — Mais uma fatia e você vai ter uma pança do tamanho do mundo — arqueou uma sobrancelha, arrancando risos, enquanto Isaac mostrava a língua.

— Acho que já está na hora de eu dar o meu presente — anunciou papai, depois de trocar um olhar com sua esposa.

— Por que vocês estão me olhando desse jeito? Até parece que vou ganhar um carro… — meu tom era sarcástico, mas quando olhei a expressões de decepção em seus rostos por eu ter estragado a surpresa, meu coração começou a bater mais forte e fiquei elétrica. — Ai. Meu. Deus! Isso é sério? — Exclamei, e em um segundo eu já estava correndo para o lado de fora.

Comecei a gritar, gritar, pular, e a gritar mais uma vez, enquanto observava o Mini Cooper azul estacionado ao lado do Mini Cooper vermelho de Amélia. Quando todos estavam do lado de fora, abracei o meu pai, minha mãe e meus irmãos, exalando felicidade.

— Ai, meu Deus, eu nem acredito! — eu já tinha repetido aquela frase um milhão de vezes, e sinceramente, estava pouco me importando. Tinha como essa noite ficar melhor?

— Acho que você gostou — papai abriu um sorriso, e eu sabia que ele tinha tirado um peso das costas por ter me dado aquele carro.

— Se eu gostei? Eu a-m-e-i! Ai, meu Deus, eu amei! — dei mais alguns pulinhos, batendo palmas.

Àquela altura, eu já tinha chamado atenção de toda a vizinhança. Dois faróis estacionaram na calçada, e logo reconheci o Charger Vintage de Eggsy, ao mesmo tempo que ele saltou do carro usando calça jeans e camisa branca com um desenho preto. Ele se aproximou com as sobrancelhas juntas, estranhando a confusão formada em frente a minha casa.

— Oi, gente, boa noite — cumprimentou o meu amigo ao mesmo tempo que eu me jogava no pescoço dele.

— Eg, olha o meu carro novo! — puxei-o, exalando felicidade.

— Uau. — Foi tudo o que ele disse, olhando para o Mini Cooper com o queixo caído e um olhar de adoração.

— Você vai ser o motorista da minha filha esta noite, Eggsy? — perguntou papai.

— O quê? Ah, sim — respondeu ele, saindo de uma espécie de transe. — Eu vim buscá-la. Está pronta, Meri?

— Estou — respirei fundo, tentando controlar a felicidade explosiva. Um caro. Um carro!

— Acho que vou ficar com isso aqui esta noite — papai mostrou a chave do carro, soltou-a no ar e agarrou-a com toda força novamente.

— O quê? Por quê? — protestei.

— Não vou deixar você andar por aí com tequila no sangue, não mesmo — guardou a chave no bolso. — Eggsy, por favor, não a deixe se meter em confusão — papai lançou um olhar suplicante para o meu amigo.

Bufei com um revirar de olhos.

— Pode deixar, Thomas — Eggsy fez uma reverência como se estivesse diante de Hitler.

Antes de ir, abracei o meu mais novo amor e deixei uma promessa com ele:

— A mamãe volta logo, eu prometo — e beijei a tintura azulada do carro.

Quando Eggsy estacionou em frente a sua casa, tudo estava escuro e silencioso demais.

— Todos aí dentro sabem que essa festa não é surpresa, não é? — cochichei para Eggsy enquanto caminhávamos em direção a porta.

— Não seja estraga prazer. E faça sua melhor cara de surpresa — cochichou de volta e abriu a porta.

— SURPRESA!

Confetes e gritaria explodiram para todos os lados. Nem deu tempo de pensar em uma expressão surpresa, pois foi esta a minha reação ao ver tanta gente pulando para cima de mim. Pessoas falando ao mesmo tempo, abraços de todos os lados, elogios sobre o meu cabelo e vestido, e eu não tinha tempo nem de agradecer a uma pessoa, pois outra já estava grudada no meu pescoço. Os cinco minutos seguintes foram de puro sufoco enquanto eu tentava responder todos ao mesmo tempo.

— QUE A FESTA COMECE! — gritou Eggsy, e logo S&M da Rihanna começou a tocar alto, fazendo todos ali presentes vibrarem em comemoração e se espalharem por todos os cômodos da casa.

Os móveis tinham sumido, deixando um enorme espaço na sala para dançar. Pessoas saíam da cozinha com bebidas e copos plásticos vermelhos, enquanto outras começaram a dançar ao ritmo da música no meio da sala. Mais que a metade das pessoas presentes ali eram da universidade, e todos da fraternidade de Eggsy estavam presentes também, e todo o time de futebol. Algumas pessoas que nunca tinha visto, mas não me importava nem um pouco.

Senti uma mão na minha cintura e meu traseiro se chocou contra uma parede de músculos, me fazendo arfar. Uma respiração quente no meu pescoço e uma voz sexy no meu ouvido:

— Você está linda neste vestido.

Abri um sorriso de canto, malicioso, e virei sobre meu próprio eixo, colocando meus braços ao redor do louro de olhos castanhos e braços tatuados.

— Achei que você não pudesse ficar mais linda — disse ele, olhando para o meu cabelo. Seus olhos baixaram para os meus e ele sorriu: — Acho que me enganei.

Meu sorriso se ampliou.

— Você gostou?

— Gostei muito — respondeu com um olhar maravilhado.

Seu olhar alternando dos meus olhos para a minha boca me prendeu de uma forma irresistível. Fui levada, com aquele simples olhar, para uma dimensão cheia de névoa de desejo e luxúria, uma necessidade pecaminosa que crescia cada vez mais quando ele me tocava. Agora, estar nos seus braços, era muito mais do que eu podia desejar. Talvez até melhor do que ganhar um carro caríssimo. Justin era uma benção, seus olhos, um milagre. E eu era o doce pecado, pronta para espalhar chamas para todos os lados, mas quando ele me tocava ou sorria para mim, uma brisa de paz pairava sobre meu coração, daquelas que você sente sentada em uma cadeira na varanda, observando um belo dia ensolarado no campo, com crianças correndo no gramado. Acho que não sabia explicar.

— É assim que os boatos começam. — Rosie surgiu como se tivesse brotado do chão de madeira, fazendo nos afastar bruscamente.

— Do que você está falando, criatura? — fiz-me de desentendida, ajeitando o vestido sobre as coxas.

Ela revirou os olhos como se eu fosse idiota, e depois, abriu um sorriso malicioso, um tanto acusar e olhou para os lados para garantir que ninguém estava ouvindo nossa conversa.

— Vocês dois são tão óbvios — ela riu uma única vez, mas seu sorriso continuava lá. — Vocês estavam abraçados, parados no meio da sala, sorrindo um para outro como babacas apaixonados. Se não quiserem deixar tão óbvio que já se comeram, é melhor evitar situações como esta.

Franzi o cenho. Rosie sabia ser inconveniente quando queria, e eu estava descobrindo da pior forma possível. Desde que ela soube que eu e Justin transamos, não perdia a oportunidade de mandar indiretas, ou então, falar na nossa cara o que todos pensavam, alegando que a cruel e fria América estava se rendendo a um jovem canadense apaixonado por fotografia e com o sorriso mais bonito que toda a Califórnia já viu. Com esses boatos correndo pelos corredores da universidade, as garotas estavam louca para ter um momento com Justin, e me deixava extremamente enfurecida saber que elas só tinham interesse porque eu mostrei interesse também. Não que Justin não fosse bonito, atraente e quente, longe disso, mas as garotas costumavam se aproximar dele por conta própria, não porque eu achava que ele fazia milagres na cama. E, sinceramente, fazia mesmo.

Esses pensamentos me perturbam. Eu precisava me afastar antes que começasse a arrancar um terço do cabelo feminino daquele lugar por estarem olhando para ele neste exato momento.

— Vou pegar um bebida — murmurei e me retirei antes que alguém pudesse me parar.

— América, eu estava mesmo te procurando — Carl, um dos garotos da fraternidade de Eggsy, surgiu da cozinha ao meu encontro, um enorme sorriso rasgando seu rosto moreno e bonito.

— Que foi? — perguntei enquanto ele me puxava pela mão.

Entramos na cozinha e alguns garotos da fraternidade estavam presentes ali, todos debruçados sobre o balcão que continha alguns copos de bebida, com exceção de Eggsy, que estava em pé e de braços cruzados com uma carranca tomando o rosto.

— Quinze copos de bebidas, mil e quinhentos paus — disse Carl, com um sorriso zombeteiro nos lábios. — Meus amigos apostaram que você não chega ao sexto.

Arqueei a sobrancelha.

— Você ganha cem paus para cada um que beber — Parker, um dos presentes ali, acrescentou.

— Não acho uma boa — protestou Eggsy em tom insatisfeito.

— Nem ferrando que você vai fazer isso, América. — Justin surgiu da porta da cozinha, com uma expressão séria e um tom seco. Os garotos encolheram com o olhar assassino lançados á eles, o que só serviu para me deixar ainda mais determinada.

— É o meu aniversário, gato — respondi á Justin em tom de cinismo. — Isso significa que eu faço o que eu quiser, e você, nem ninguém, vai me impedir — andei em direção as bebidas, e virei um dos copos garganta abaixo, fazendo uma careta amarga logo em seguida. Justin me observava com uma carranca, balançando a cabeça em reprovação, e apenas lancei um sorriso divertido para ele. — Isso vai ser fácil, fácil.

Saí da cozinha com Justin em meu encalço, reclamando, dizendo que eu ia acabar entrando em coma alcoólico até o fim da noite, enquanto eu me remexia na sua frente e tentava passar pela aglomeração de pessoas para chegar até a pista de dança improvisada ao som de A. I. do OneRepublic.

— América, você está agindo imprudentemente — ele reclamava.

Virei-me para ele toda sorrisos e o puxei-o pela gola da camisa branca de botões, com as mangas dobradas até os cotovelos, destacando as tatuagens nos braços. Joguei meus braços para cima, balançando-me ao ritmo da música, rindo feito idiota, enquanto ele continuava parado lá, me observando com um olhar de reprovação. Sua carranca foi se suavizando e um sorriso foi surgindo aos poucos. Eu era irresistível, ele não podia negar. Logo ele estava dançando junto á mim, enquanto a letra da música saía de nossas bocas como uma divindade:

— Yeah I just want my love automatic, If artificial love makes sense. I just want your love, I'm an addict, Artificial intelligence — cantamos juntos.

Entre Teenage Dream de Katy Perry, Cake by the Ocean do DNCE, Cold do Maroon 5 e Crazy in Love da Beyoncé, eu tinha matado mais cinco copos de vodca, e já me sentia mais elétrica que o normal, dançando feito louca na pista de dança, com a camada de suor se misturando com minha colônia cara. Justin estava mais confortável com a situação, desde que ele estivesse no meu encalço, monitorando cada passo e cada pessoa — mais especificamente, homens — que se aproximava de mim.

— Easton!

Corri em direção ao par de olhos azuis familiares, deixando um Justin de dentes cerrados para trás. Pulei nos braços de Easton, fazendo-o rir e me abraçar forte.

— Bêbada tão cedo, América? — ele brincou.

— Você veio — eu disse, exalando felicidade.

— Eu prometi, não prometi? Feliz aniversário. E você está linda. Muito bonita — acrescentou.

Afastei-me dele, sorrindo. Ele usava uma calça jeans justa e camisa branca com alguns desenhos. Seu cabelo estava penteado em um topete como sempre.

— Veja, eu lhe trouxe um presente — disse ele, e só então percebi que ele carregava um pequeno embrulho na mão direita, enrolado em um delicado laço roxo.

— Você comprou um presente para mim — bati palmas, animada; álcool correndo como adrenalina no meu sangue.

— Espero que goste — ele sorriu de canto e me entregou o embrulho.

Depois do embaraço para desfazer o laço, encontrei uma gargantilha com um pingente negro em formato de coração. Era linda, e eu não podia imaginá-la em outro lugar a não ser o meu pescoço.

— Eu não pretendia te dar isso — disse ele — mas quando pus os olhos nela, só consegui me lembrar de você.

— É linda. Eu amei — falei sincera, com um sorriso rasgando o rosto, e lhe dei um rápido abraço, virando de costas para ele logo em seguida. — Coloca para mim? — pedi, afastando o cabelo do pescoço e erguendo o presente.

Easton segurou a gargantilha entre os dedos e, com um toque suave na pele do meu pescoço, prendeu a mesma ao redor da garganta, o que fez o pingente solitário ficar pendurado.

Virei-me para ele novamente, sorrindo.

— Ficou ainda melhor do que eu imaginei — disse ele.

— Obrigada. Vem, vamos beber alguma coisa — puxei-o pela multidão, e quando dei conta do que deixei para trás, ao olhar para a pista de dança improvisada, Justin já não estava mais lá.

A cozinha estava cheia, e já era possível ver pessoas caídas nos cantos. Carl jogou uma cerveja para mim, a qual eu entreguei a Easton, e dei a volta no balcão para virar mais uma dose de vodca na garganta. Ainda me restavam nove doses.

— Ei, o que é isso? — perguntou Easton, franzindo a testa para a fileira de copos arrumadas para mim.

— Bebidas, ora — respondi com um sorriso bêbado. — Cada copo vale cem paus — acrescentei. — Todos eles, mil e quinhentos dólares.

— América, isso é muito perigoso. Você não pode beber quinze copos de vodca de uma só vez — disse ele com tom de sermão.

— Tão careta… — debochei. — Você não me conhece, East. Não de verdade. Vem, vamos dançar.

— Eu não sou muito bom com dança — ele gritou por cima da música alta quando chegamos no centro da sala, a voz de Demi Lovato em Sorry Not Sorry explodindo para todos os lados, fazendo as estruturas da casa tremerem.

Comecei a dançar ao ritmo da música, balançando o quadril em cada batida, jogando os braços para o ar em forma de relaxamento. Easton abriu um sorriso divertido, e ao deixar sua cerveja — que ele não tinha bebido um gole — de lado, ajuntou-se à mim na dança. Então percebi o quanto ele estava sendo modesto ao dizer que não sabia dançar, pois ele mexia o quadril muito bem. Era tão bom vê-lo relaxado, se misturando com pessoas e interagindo com elas, que eu quis congelar aquele momento para sempre. Coloquei os braços ao redor do seu pescoço, ao mesmo tempo que a música acabou e começou uma nova batida, na voz de Jessie J, Ariana Grande e Nicki Minaj, Bang Bang. 

O público gritou em aprovação e logo estávamos pulando feito loucos, tentando acompanhar o ritmo envolvente. Easton ria da minha jogada de cabelo e mexida de ombros, enquanto eu não perdia a oportunidade de flertar com ele, por brincadeira. Ao som de 24K Magic, puxei-o de volta para a cozinha onde bebi mais dois copos de vodca, e acabei tropeçando na porta da cozinha, e agradeci á Easton com um sorriso por ele ter me segurado antes do meu rosto ir de encontro ao chão. No entanto, ninguém pareceu ter percebido.

— Acho que você precisa da sua cama agora — ele disse no meu ouvido. — Preciso ir para casa agora, te dou uma carona.

— Não. — Afastei-me dele, empurrando seu peito para longe. — Eu vou ficar.

E só consegui ver sua boca aberta para falar algo antes de sumir entre os corpos dançantes ao som de California Gurls. Por um momento, senti a cabeça pesar e o estômago afundar. Parei no meio da confusão, do barulho, e respirei fundo, tentando controlar o enjoo. Quando meus olhos se abriram novamente, foram cobertos por uma manta de raiva ao vê-los tão perto. Saí abrindo caminho entre as pessoas, os passos endurecidos no chão de madeira, tentando chegar a tempo de impedi-la de colocar a boca no que era meu.

Parei ao lado de ambos, chamando suas atenções, empinando o nariz em forma de superioridade, estragando o olhar sedutor que ela lançava á ele. Justin abriu a boca para falar, mas antes que pudesse fazê-lo, parei-o com um gesto de mão seco e virei-me para a loura cinco centímetros mais alta que eu, mas lancei um olhar assassino para ela, sem medo.

— Que tal procurar outro homem para dar em cima, vadia?

Sua boca abriu em surpresa, e ela me lançou seu olhar mais ofendido. Antes que Justin pudesse fazer alguma coisa para fazê-la ficar, a loura de pernas longas já tinha sumido com seu corpo magricela entre as pessoas. Justin voltou-se para mim, exasperado. Lancei-lhe um sorriso cínico e, sem dar nenhuma explicação, voltei para a cozinha, me preparando para beber logo de uma vez as sete doses restantes.

— Eu estava me divertindo, sabia? — ele reclamava, enquanto eu virava o quarto copo.

Vamos lá, América… Mais três, você consegue. Justin continuava reclamando, uma, duas, três vezes, e me senti prestes a explodir ao beber o último copo de vodca, mas estranhamente feliz por ter ganhado mil e quinhentos paus em uma só noite.

— Vamos lá, pessoal, coloquem a mão no bolso — disse Carl, desanimado, enquanto cada um deles me pagavam cem dólares.

— Foi um prazer fazer negócios com você… meninos. — As palavras saíram emboladas e arrastadas.

Com um sorriso extremamente bêbado, cambaleei para trás, e para minha segurança, Justin envolveu minha cintura com os braços e guardou o meu dinheiro dentro do bolso traseiro da sua calça, alegando que eu precisava colocar tudo para fora, e não deixando de passar na minha cara que tinha avisado que aquilo não daria certo. E, sinceramente, ele tinha toda razão.

— Preciso dançar um pouco — sussurrei com o rosto repousado em seu peito, quase cochilando. — Gastar energia… — acrescentei com a língua embolada.

— Tudo que você precisa agora é de um banho gelado — suas mãos estavam no meu cabelo.

— Você vai tirar a minha roupa, Justin Bieber? — as palavras cada vez mais distantes.

Ele riu baixo.

— Mais uma dança… — pedi. — Preciso de mais uma dança.

— Tudo bem — ele concordou por fim. — Mais uma dança, e apenas uma.

Justin me conduziu até a sala, minha energia restaurada pela eletricidade da adrenalina que corria nas minhas veias. Era a minha última chance de provocá-lo. E, para a minha sorte, OMG da Camila Cabello começou a tocar, uma batida sensual e envolvente. Perfeita. Abri um sorriso, mordi o lábio inferior, e meus quadris se movimentaram lentamente, sensualmente ritmado. Minhas mãos passeavam pelo meu corpo, arrastando o tecido para cima, revelando muito mais pele das minhas coxas.

Os olhos de Justin se acenderam, uma mistura de desejo e luxúria, enquanto seus olhos seguiam cada movimento meu, como se estivessem hipnotizados. Joguei o cabelo para o lado, deixando um espaço do meu pescoço a mostra, nossos corpos perfeitamente encaixados.

— Não me provoque, América — ele sussurrou, rouco, sua voz um fiasco.

— Me obrigue — provoquei em um jogo sensual, rebolando com sua perna entre as minhas, enquanto minhas mãos passeavam pelo seu peito rígido.

Ele estava fodidamente quente, seu olhar, sua boca, seu toque… Eu estava molhada só de imaginá-lo sem roupas, enquanto possuía o meu corpo. O roçar do seu jeans no pano fino da minha calcinha me fez gemer. Justin me puxou para mais perto, um choque elétrico dos nossos corpos se encontrando, nossas bocas a centímetros de distância… E tudo que eu conseguia pensar era: Oh. Meu. Deus.

Mas para acabar com o clima, uma ânsia de vômito me atingiu, e minhas pernas fraquejaram. Mãos firmes envolveram meu corpo, me mantendo de pé, enquanto meu estômago afundava cada vez mais. Meus pés foram tirados do chão, e quando consegui alcançar um fiasco de raciocínio na minha mente conturbada, percebi que estava sendo carregada para o andar de cima, os quartos. Fechei os olhos, me permitindo ser levada pelos braços tão familiares, aquecida no calor do seu corpo.

Mas o encanto foi quebrado quando senti o piso gelado nas minhas pernas, deixando todo o meu corpo retesado. Meus olhos não tinham uma boa visão, as lentes pareciam ter escorregado da minha íris, restando apenas os borrões. Não tive tempo para protestar, pois quando dei conta da situação, estava colocando litros de álcool para dentro da privada, as ânsias que faziam minhas entranhas darem um nó mais pareciam soluços de um animal a beira da morte tentando buscar por ar.

Mãos fortes e quentes puxaram meu cabelo para trás dos ombros, afagando minhas costas logo em seguida, enquanto eu buscava um pouco de dignidade para escapar impune daquela situação. Céus, eu devia estar sendo patética. Mas não consegui me controlar até que meu estômago estivesse vazio, se contorcendo de dor.

— Desculpa — sussurrei quando tive coragem de olhar para ele, o álcool ainda em peso na consciência.

Entretanto, Bieber abriu um sorriso gentil, e me puxou para o aconchego dos seus braços. Deitei a cabeça em seu peito, e pensei que poderia adormecer ali pelo resto da vida.

— Está tudo bem, Ruivinha.

— Devo parecer patética — suspirei com os olhos pesados, quase se fechando.

— Eu já vi várias mulheres vomitando, e, acredite: você é a única que continua bonita fazendo isso — disse ele, calmo e sereno.

— Claro que sim — debochei.

— Não estou mentindo — seu tom era o mesmo, enquanto ele beijava o meu pescoço, meu corpo mais uma vez se retesando. — E cheirosa — acrescentou baixo e rouco.

— Eu preciso tomar um banho — custou-me um pouco dizer. — Bem gelado, de preferência. Mas não consigo sozinha — minhas palavras saíram mais necessitadas do que eu pretendia.

— Posso te ajudar nisso — ele respondeu no mesmo tom.

Meus olhos permaneceram fechados enquanto ele tirava minha roupa. Eu aproveitava seus toques quentes e o que eles causavam na minha pele fria. Ergui um pouco o quadril para que ele pudesse deslizar o tecido pelas minhas pernas, e lá estava eu, usando apenas uma calcinha que mais parecia uma brisa sobre minha pele. Virei-me para ele, minhas pernas atrás dos seus quadris, meus peitos duros de desejo ao seu dispor. A excitação contra minha calcinha doía tanto que eu temia que apenas um toque pudesse me fazer gozar. Seu olhar não ajudava muito, não quando ele estava prestes a me devorar como uma presa fácil perdida na noite.

Seus olhos escuros de desejo desceram pelo meu corpo desnudo, suas mãos subindo lentamente pelas minhas pernas, o ar me faltando, como se meu pulmão estivesse entrando em colapso. Suas mãos alcançaram o tecido fino da minha calcinha, separando a umidade da minha poça de excitação, deslizando-a pelas minhas pernas. Minhas células estavam explodindo em mil pedaços, pecaminosas pelo seu toque, desejando sua boca no meu ponto mais sensível.

— Você está tão molhada… — sussurrou ele, tocando minha virilha, o que só piorou meu latejar e a respiração forte.

— Você me deixa assim, molhada — devolvi, os sentidos explodindo em desejo.

Justin afagou o meu rosto, um toque tão suave e quente, que fez meu coração começar a pular contra o peito, louco para escapar e sair por aí dando cambalhotas. Seus toques pecaminosos na minha pele nua, uma simples pressão para me levar ao paraíso. Seu rosto tão perto…

— Me faça sua — pedi como uma súplica, os olhos transbordando em chamas.

Ele mordeu o lábio inferior, como se quisesse reprimir o desejo do meu pedido pecaminoso. Inclinou a cabeça para baixo, a respiração quente enviando ondas de prazer para o meu sexo, um beijo casto e ardente na junção da clavícula e do pescoço.

— Peça de novo quando estiver sóbria — sussurrou, a voz rouca contra a pele quente do meu pescoço.

E então se afastou, deixando-me sedenta por mais. Mas eu sabia que estava sendo uma tarefa difícil para ele também, seus movimentos eram atordoados enquanto se livrava das próprias roupas. Eu já não tinha forças para fazer qualquer movimento, então, a única coisa que me restava era olhá-lo, completamente nu na minha frente, com as tatuagens vestindo seus braços fortes.

Ele me ergueu do chão, nossos corpos se encaixando perfeitamente, e depois de me livrar dos assessórios, inclusive a gargantilha que Easton havia me dado, nos colocou debaixo da ducha fria. Refugiei-me em seus braços, encolhida pela tamanha violência jogada contra minha pele adormecida. Justin me abraçou com força, e permanecemos nós dois ali, a água escorrendo por nossos corpos, levando qualquer segredo pelo ralo e só restando a transparência. Suas mãos afagando meu cabelo molhado deixava minha mente leve, como se eu tivesse recebendo carinho de uma pluma.

Um tempo depois, eu estava sentada no colchão entre as pernas de Justin, usando apenas a camisa que antes estava em seu corpo, de dentes escovados, felizmente. Eu me sentia duas vezes mais leve, enquanto ele enxugava o meu cabelo com a toalha, fazendo carícias no couro cabeludo. Receber aquele tipo de carinho na cabeça era tão bom que eu me sentia aqueles cachorros sem dono sendo alimentado longe das ruas.

— Dorme um pouco, vai melhorar a dor de cabeça — disse ele, ajeitando o travesseiro no lado direito da cama.

Cansada, ou melhor, exausta, rastejei-me até o centro do colchão e descansei minha cabeça pesada em cima do travesseiro. Aquele era o quarto de Eggsy, e me perguntava onde ele iria dormir se me encontrasse em coma em sua cama, mas não tive forças para pensar numa solução para isso. Com os olhos pesados, observei Justin dar alguns passos no quarto, sem camisa.

— Justin? — chamei-o baixinho.

— Sim? — Ele me olhou com um sorriso cansado.

— Dorme aqui comigo… por favor.

Ele suspirou.

— Você é irresistível, Ruivinha. Ainda mais quando está tão frágil quanto agora… — Seu peso afundou o colchão e esperei até que ele se acomodasse ao meu lado. Meus olhos pesados, nossos rostos próximos, e eu poderia adormecer com a imagem do seu rosto pelo resto da vida.

— Pode me abraçar?

Ele abriu um sorriso.

— Um abraço? Você é mesmo a América que eu conheço? — brincou, a voz rouca carregada de cansaço.

— Estou bêbada, Justin. É a única desculpa que tenho.

Virei-me de costas para ele, ao mesmo tempo que seu corpo se encaixou no meu e seus braços me tomaram como uma fortaleza. Eu não podia me sentir mais protegida.

— Você não precisa de uma desculpa, América. Tudo que precisa fazer é pedir.

Os minutos seguintes foram de puro silêncio. Eu lutava contra o sono para poder desfrutar um pouco mais da sensação de estar em seus braços. E, prestes a adormecer, sendo puxada mais e mais pela névoa do cansaço, sua voz baixa e rouca ecoou pelo meu ouvido como um lembrete:

— São meia noite e um agora, Ruivinha. Isso significa que, oficialmente, você é a vencedora da nossa aposta… Pode fazer comigo o que quiser durante um mês… Ou até mais que isso. — Com o seu último suspiro, adormeci, ciente de que quando eu acordasse no dia seguinte, Justin Bieber seria inteiramente meu.


Notas Finais




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