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História Rebel Heart - Hitchhiker


Escrita por: MillyFerreira

Notas do Autor


√ Olha quem teve a cara de pau de aparecer! Trazendo boas e más notícias. A boa é que, depois de duas semanas sem postar, venho aqui retribuir com mais de oito mil palavras! A má notícia... fica para as notas finais.

√ Aproveitem. E desculpem-me qualquer erro.

Capítulo 24 - Hitchhiker


Fanfic / Fanfiction Rebel Heart - Hitchhiker

— Isso não faz muito o seu estilo — Easton opinou, enquanto eu dava uma olhada nas saias lápis modernas penduradas nas araras de uma das inúmeras lojas do shopping center.

— Do que você está falando? É claro que faz. — Retruquei, virando-me sobre o próprio eixo para encará-lo, tendo a oportunidade de ver o seu olhar avaliativo para as minhas roupas.

Eu usava um short jeans justo que dividia minhas coxas ao meio, uma camiseta branca que desenhava bem os meus seios e marcava o sutiã Push Up preto, com uma camisa xadrez presa nos quadris. Nos pés, uma bota de salto na altura do calcanhar.

— Vamos se dizer que você não me conhece cem por cento — defendi-me.

— Para quê tantas roupas? — Ele ergueu as sacolas em suas mãos das últimas seis lojas que entramos. — E por que não chamou a Rosie para fazer essas coisas de menina?

— Não seja machista, homens também podem fazer compras. Se você não percebeu, estou renovando meu guarda-roupa. Eu até chamaria a Rosie, mas ela está ocupada com o novo estágio. Eu queria te tirar de casa, e queria alguém com músculos firmes para carregar as sacolas por mim — acrescentei com um sorriso.

— Deveria chamar o seu namorado então — resmungou a contragosto.

— Não seja azedo, Easton. E o Justin não é meu namorado — murmurei. — Aqui, essas estão ótimas — tirei as saias da arara e segui para o provador, com ele ao meu encalço carregando as sacolas.

Depois de vestir as saias e ter sua aprovação, segui para o caixa e paguei pelas compras, ajudando Easton com as inúmeras sacolas. Passamos no MC Donald’s e sentamos na praça de alimentação para comer os sanduíches que compramos, acompanhados de dois copos enormes de milkshakes de chocolate.

— Se a Amélia me visse comendo isso, ela morreria — comentei depois de engolir o último pedaço do hambúrguer super gorduroso.

— Ela é do tipo fitness? — perguntou ele, despreocupado.

— Essas pessoas que estudam moda, sabe como é. O corpo dela sempre tem que estar sob medida, no peso certo — revirei os olhos e saboreei o líquido cremoso do milkshake.

— E você? Não se importa com esse tipo de coisa?

— Gasto as calorias no sexo depois — dei de ombros, fazendo-o dar risada. — Que foi?

Ele balançou a cabeça, o sorriso brincalhão ainda em seus lábios.

— Você é uma figura, Meri.

Abri um sorriso.

— Então, que história toda é essa de renovar o guarda-roupa?

— Ah — dei de ombros —, deu vontade de mudar o visual, qual é o problema?

— Tirando o fato de que são roupas com o dobro de tamanho que você costuma usar, problema nenhum — brincou ele, fazendo-me rir. — É o Justin, não é? — Agora, a sombra de um sorriso brincava em seus lábios, um tanto apreensivo, eu diria.

— O que o Justin tem haver com isso? — juntei as sobrancelhas.

— Eu deveria te fazer essa pergunta, não? — indagou. — Mas eu diria que o Justin te faz sentir como a sua antiga eu.

— Antiga eu?

— É, um lado seu que talvez poucas pessoas conheçam. E ele faz essa sua vida radical parecer muito sem graça, não é? Faz com que o sexo sem compromisso seja sem sentido; ele está mudando você, América. O Justin desperta algo que nunca deveria ter sido tirado de você.

Recuei na cadeira, sua colocação atingindo em cheio a minha ferida, fazendo meu raciocínio paralisar, fui pega de surpresa. Queria poder negar tudo isso, mas se eu tinha admitido para mim mesma meus sentimentos por Justin — por mais que fosse apavorante —, porque não admitir para o resto do mundo e para o próprio?

— Caramba, estou atrasado! — Exclamou depois de uma breve olhada no relógio de pulso, levantando-se depressa em seguida.

— Espera, aonde você vai? Te dou uma carona. 

— Hum, eu estou indo para uma reunião — coçou a nuca em claro sinal de desconforto. — Um grupo de apoio — acrescentou em tom baixo, tentando passar despercebido da atenção das pessoas. 

— Não sabia que você frequentava um grupo de apoio — eu estava surpresa. 

— Hum, é coisa da minha mãe. Ela acha que… — gesticulou com as mãos, tímido — eu devo conviver com pessoas que passam pelo mesmo problema que eu. É algum tipo de metáfora para me fazer seguir em frente e lutar contra o meu problema.

— Easton, isso é ótimo. Eu vou com você. — Disse eu, me levantando.

— Meri, você não precisa fazer isso — hesitou.

— Eu quero. — Encarei-o, convicta. — E isso não é um pedido — abri um sorriso de lado, fazendo-o engolir qualquer tentativa de me fazer desistir. Era importante para mim também.

Dirigi sete quilômetros até estacionar o carro em frente a um prédio de oito andares, com janelas envidraçadas e pintura azulada. Havia algumas árvores plantadas no estacionamento a céu aberto, e as pessoas que circulavam por ali eram, de maioria, jovens de aparentemente nossa idade. Todos ofereciam sorrisos acolhedores para Easton quando ele passava, sendo cumprimentado por todos que estavam perto.

— São seus amigos? — perguntei quando adentramos o saguão simples, com paredes brancas.

— Conhecidos. — Respondeu ele, apertando o botão do elevador.

O quadrado metálico nos levou rangendo até o sétimo andar. Minhas mãos suavam de ansiedade, pois nunca estive em um lugar como aquele, com pessoas como aquelas. O mais perto de que eu tinha chegado de uma doença era Easton, e mesmo que isso não me incomodasse ou tornasse minha visão em relação à ele diferente, eu me sentia meio deslocada.

Quando paramos em frente a uma porta branca no fim do corredor, vesti a camisa xadrez, achando-me um pouco vulgar usando aquela blusa justa, e ajeitei as mangas sobre os cotovelos ao mesmo tempo que uma mulher de cabelos curtos e olhos negros surgiu na porta com um sorriso enorme e acolhedor, destacando os dentes brancos alinhados.

— Querido, chegou bem na hora — ela o abraçou, carinhosa, o que, de certa forma, me confortou.

— Oi, Margot — cumprimentou ele. — Eu trouxe uma amiga, tudo bem? — olhou para mim com um sorriso, encorajando-me.

Margot, uma mulher de, eu diria, quarenta anos, olhou para mim com um pouco de surpresa — o que me levou a crer que Easton não trazia muita gente aqui — e sorriu tão largo que pensei que seu rosto ia rasgar ao meio, claramente feliz pelo progresso do meu amigo.

— Oi — cumprimentei-a, um pouco tímida, com um aceno e um sorriso pequeno.

— Olá, querida — ela me abraçou, pegando-me de surpresa. — E você é....?

— América. América Greene.

— Pois bem, América Greene, seja bem-vinda — ela sorriu e eu retribuí.

— Meri, a Margot é a organizadora do grupo de apoio que te falei — Easton explicou.

— É bem legal isso que você está fazendo — disse eu.

— Não faço nada demais. Conversar é sempre bom — ela abriu um espaço e nos convidou a entrar. — Vamos, entrem.

O apartamento era amplo, espaçoso e com paredes totalmente brancas. Nas paredes do hall, havia alguns quadros de paisagens pendurados, dando um belo contraste com a luz que refletia do sol. Chegamos à uma sala espaçosa, com uma bela vista para um campo verde e cheio de árvores, com móveis de cores mais escuras e algumas fotos espalhadas pela mesa de centro e de abajur. No centro da sala, havia um espaço com cadeiras arrumadas em círculos, e em algumas delas, seis pessoas sentadas.

— Quem é vivo sempre aparece — disse um rapaz alto, de cabelos castanhos, olhos claros e sardas nas bochechas, com um sorriso um pouco cansado, no entanto.

— Ruy, você está ótimo, cara — Easton fez um hi-five com ele.

— Você me parece muito bem, cara.

— Eu estou — confirmou Easton. — Oi, pessoal — cumprimentou as outras pessoas que estavam ali, recebendo um “Olá, Easton”, em coro.

Duas cadeiras depois de Ruy, duas meninas estavam sentadas, ambas de cabelos ruivos e com características semelhantes. Um pouco mais distante, uma cadeira depois, havia outra garota de cabelos curtos e negros, destacando os belos olhos verdes que pareciam esmeraldas. Logo depois dela, mexendo em um celular de última geração, um garoto estava concentrado em, eu diria, um joguinho, com uma expressão tediosa no rosto. E, logo depois dele, um outro rapaz que preferia encarar o campo abaixo de nós.

— Namorada nova, Easton? — Ruy perguntou, inclinando-se um pouco para o lado para poder encarar-me atrás do corpo másculo do meu amigo.

— Essa aqui é a Meri — ele me puxou para o seu lado, percebendo que eu estava meio deslocada. — Uma amiga — acrescentou.

— Oh, então isso significa que eu posso convidá-la para um chá, certo? — brincou ele, arrancando risinhos alheios e um sorriso divertido meu.

— Quase deu certo, mas eu não gosto de chá — brinquei de volta, arrancando-lhe um sorriso.

— É uma pena, formaríamos um belo casal — flertou ele, presunçoso, fazendo-me rir.

— Tirando o fato de que você vai morrer logo… — disse Easton, fazendo-me arregalar os olhos, mas diferente da minha reação, Ruy abriu um sorriso divertido e jovial.

— Fico me perguntando quem vai morrer primeiro: eu ou você — retrucou ele, fazendo Easton erguer as mãos em forma de rendimento.

— Quê isso, cara? Primeiro as damas.

Ambos riram, o que me fez perceber que era apenas brincadeira, e vendo-o assim, eu poderia dizer que Easton se sentia em casa. Era um pouco triste, mas confortador ao mesmo tempo. Saber que ele tinha pessoas que passavam pelo mesmo problema que ele — ou parecido — era reconfortante. Eu sempre busquei entendê-lo, compreender a sua dor, mas eu acho que nunca conseguiria entender como ele se sentia, de fato.

Sentamos ao lado de Ruy, eu ao lado de Easton, e Margot serviu cookies — que estavam uma delícia — e suco de laranja. Descobri que Ruy sofria de câncer pulmonar, mas que estava se recuperando bem com o tratamento. A doença ia e voltava, assim como a de Easton. Mas ambos não pareciam incomodados de fazer piadinhas com a própria desgraça, divertindo a todos.

As garotas ruivas eram irmãs, como eu desconfiava. A de cabelo curto, Anastasia, era portadora de câncer nos olhos, e estava quase cega. Segurei-me bastante para não chorar ali na frente de todo mundo com a sua luta contra a doença e o quanto ela estava otimista com tudo isso. A de cabelo mais longo, Luna, estava ali apenas para acompanhar a irmã. A garota de cabelos curtos negros e olhos verdes, Daiana, era portadora de lúpus, e ela parecia um pouco tímida a ter que compartilhar sua dor com todos. O garoto que antes mexia no celular, Simon, ao se apresentar, alegou ter hemorroida, arrancando risos de todos. Mas logo descobri que ele, assim como Ruy, sofria com câncer pulmonar. E, por último, o garoto meio sério chamado Noah, contou-nos que tinha leucemia, mas que estava se dando bem com a doença e que a acolheu como uma velha amiga.

— Você não vai falar nada? — cochichei para Easton depois de limpar os vestígios de lágrimas no canto dos olhos.

— Eles já me conhecem — respondeu ele com um semblante triste.

Escorreguei meus dedos entre os seus, entrelaçando nossas mãos. Easton virou o rosto para me encarar, e sorriu agradecido ao encontrar meu sorriso de conforto. Permanecemos assim, de mãos dadas, enquanto eu descansava a cabeça em seu ombro, escutando atentamente cada história ali contada, cada experiência, cada dor e cada superação. Eu queria ser corajosa e forte como cada um deles, e depois de escutar a história de cada um, percebi que a vida é uma bênção, um presente e que devemos viver cada dia como se fosse o último. Que todos merecem amar e ser amados, que não precisamos deixar para amanhã aquilo que podemos dizer hoje.

Depois das palavras de conforto de Margot — que me arrancou belas lágrimas, as quais eu não queria admitir —, ficamos à vontade para comer mais alguns biscoitinhos e tomar suco de laranja e conhecer uns aos outros. Ruy era um cara muito divertido, mas não ficou muito, pois estava ocupado demais flertando com as irmãs ruivas.

— Esses biscoitinhos estão ótimos — disse eu de boca cheia, fazendo Easton rir. — Que é? — perguntei risonha.

— Você deve ter engordado uns dez quilos comendo essa coisa — provocou, e devolvi com um dar de ombros, levando mais um pedaço de biscoito á boca.

— Easton?

Ele virou-se sobre o próprio eixo, uma figura mediana de longos cabelos castanhos e olhos verdes surgindo por trás do seu corpo másculo, com um sorriso tímido que passou a ocupar, também, os lábios dele.

— Ah, Helena, oi — ele se embaraçou um pouco com as palavras, fazendo-me observar a cena com um olhar mais estreito.

— Quanto tempo — ela riu um pouco sem jeito, dobrando a ponta de uma mexa do cabelo no dedo.

— Eu não tive muito tempo de vir aqui por causa dos estudos, sabe como é. Mas não faz tanto tempo assim — sorriu de canto de boca, as bochechas coradas.

Ai, meu Deus! Isso é mesmo o que eu estou pensando?

— Sei como é isso — disse ela, e depois de breves segundos em silêncio, o que pareceu constrangedor para ambos, ela acrescentou: — Você parece ótimo!

— Ah, você sabe: a doença vai e volta. Parece que ela resolveu dar uma trégua.

— Apenas continue se cuidando, bebendo os remédios, seguindo os procedimentos que ela vai parecer ter sumido de vez da sua vida — recomendou ela com uma preocupação aparente.

Ela sorriu para ele, as bochechas coradas, e ele retribuiu com o mesmo rubor no tom de pele pálido. Quase tive vontade de rir; eram tão óbvios. Mas ao perceber que o silêncio estava se tornando constrangedor para ambos, associado ao fato de que eu tinha sido excluída descaradamente da conversa, resolvi me apresentar, e como eu era um amor de pessoa, ser inconveniente e deixá-los ainda mais envergonhados.

— Oi — disse eu, acenando, atraindo a atenção de ambos que me olharam como se eu tivesse brotado do chão de repente, quando na verdade, eu estava ali o tempo todo, debochando de ambos mentalmente.

— Oh, Meri, você está aí — Easton coçou a nuca como se só agora tivesse se dado conta do seu erro.

Revirei os olhos.

— Já que você não vai nos apresentar formalmente, eu mesma faço isso. América Greene, muito prazer — estendi a mão para, pelo que ouvi, Helena, e meio surpresa, ela apertou a minha mão.

— Helena Price — ela tentou ser simpática, mas estava claramente se sentindo intimidada com minha presença.

— Hum, a Helena é filha da Margot, às vezes participa das reuniões — explicou Easton.

— É muito legal o que vocês fazem aqui — disse eu.

— Eu tento ajudar a minha mãe no que posso, mas com os estudos caminhando para o fim, tudo fica mais corrido e o tempo se torna curto para outros afazeres — Helena colocou uma mecha do cabelo para trás da orelha. — Você é uma nova participante do grupo? — tentou parecer desinteressada, mas eu tinha despertado sua curiosidade.

— Oh, não. O Easton estava vindo para cá e eu resolvi conhecer, só isso.

— Ah.

— Meri, acho que está na hora de irmos — disse Easton, atraindo a atenção da garota imediatamente, um olhar decepcionado que ela tentou disfarçar olhando para outro ponto que não fosse o seu rosto.

— Ah, claro — inclinei-me um pouco para o lado e coloquei o copo que antes eu segurava, em cima da mesa. — Ei, Helena, escuta, você gosta de festas universitárias? Do tipo baile?

Easton arregalou os olhos e olhou para mim, e tudo que fiz foi dar um sorriso cínico. Oh, não, meu amigo, você não vai estragar isso.

— Ah, eu… bem, eu gosto — respondeu ela, claramente surpresa pela pergunta.

— Vai ter uma festa de outono na nossa universidade, você deveria ir.

Easton estava inquieto ao meu lado, nervoso, e eu estava me divertindo com toda situação.

— Ah, eu… eu não sou da casa, acha que vão me deixar entrar? — Ela riu uma única vez, seu dedo enrolando no cabelo com mais intensidade.

— Ah, não tem problema, o Easton te leva. Ele não tem um par mesmo — dei de ombros enquanto o meu amigo parecia que iria cair duro no chão pela proposta.

Helena olhou para ele, sorrindo toda envergonhada. Vamos lá, campeão, agora é com você.

— Tudo bem por você, Easton?

Cutuquei a costela dele disfarçadamente, implorando para que ele não estragasse isso.

— N-não. Claro que não.

Ela abriu um sorriso tão largo que parecia querer rasgar o seu rosto ao meio a qualquer momento.

— Então eu vou!

— Ótimo! — Exclamei, mas quando olhei para a expressão melancólica de Easton, minha expressão se desfez.

— Eu te mando uma mensagem de confirmação, ok? Tchau, Helena. — Ele a beijou no rosto, e sem olhar para trás seguiu o caminho até a porta de cabeça baixa.

Droga, o que houve?

— Hum, eu preciso ir. Tchau. — Despedi-me dela rapidamente e me apressei para alcançar Easton. — Ei, espera. Easton! — chamei-o e, perto do elevador, ele parou. — Ei, o que foi?

Depois de breves segundos, ele se virou para mim, e seu olhar pesaroso era como uma faca enfiada em meu peito. O que eu havia feito de errado?

— Você não deveria ter feito isso, América.

— O quê? Por quê?

— Você nem me perguntou o que eu queria — ele estava chateado.

— Mas eu pensei que vocês se gostavam — retruquei um pouco baixo.

Ele respirou fundo, e esperei a sua resposta com os ombros encolhidos.

— Eu gosto dela, tá legal? Gosto muito. Mas olha para mim, América…

— Tô olhando. — Respondi séria.

Easton me encarou por breves segundos e depois suspirou.

— Acha que já não tentei fazer isso? Convidá-la para sair? Eu não sou homem para ela, Meri.

— O que você está falando? Será que você consegue se ouvir? — Eu estava indignada por ele reprimir a si mesmo por causa de uma maldita doença, por se achar insuficiente para o restante do mundo.

— Pode parecer fácil para você, mas não é fácil para mim. Como você acha que me sinto ao saber que não posso dar o que ela precisa? — Lágrimas surgiram em seus olhos, fazendo-me usufruir da sua dor.

— Ela não se importa com sua doença, East. — Tentei retrucar. — Ela gosta de você, é óbvio.

— Não se trata disso, América. Caramba!

— Sabe o que é engraçado, Easton? — segurei as lágrimas. — Você está tão preocupado em ser e não ser, que está esquecendo do mais importante: viver. Está desperdiçando a chance de ser feliz, nem que seja por um segundo. Está se reprimindo, se trancando para o mundo, por ter medo de ser insuficiente para alguém que mostrou não se abalar com a sua doença, assim como não me afeta em nada. É isso mesmo que você quer? Gastar o tempo que lhe resta pensando no que poderia ter feito, sem realmente fazer? Em pensar em como seria se tivesse feito outra escolha, sendo que a opção está em suas mãos? Você fala que eu tenho que deixar o meu passado para trás, que preciso dar uma nova chance para o amor, mas como posso ter esperança se nem você acredita nisso? Você só tem uma vida, e é o seu dever viver o mais plenamente possível.

Ele piscou sob os cílios, como se uma chuva de realidade tivesse o atingido com força, e o impacto fosse tão grande que tivesse lhe tirado as palavras. Eu não o culpava, às vezes eu me sentia exatamente como ele quando estava perto do Justin: perdida. O amor não é convencional ou previsível, ele é repentino, às vezes doloroso, mas é a única coisa que conheço que nos faz sentir vivos.

Passei por ele e as portas duplas metálicas se abriram para mim enquanto eu ocupava um espaço no pequeno quadrado. Olhei para ele que continuava parado lá, perdido, várias emoções tomando o seu rosto.

Depois de um suspiro, perguntei:

— Você não vem?

Easton me encarou por breves segundos e, com os ombros caídos, acomodou-se no espaço ao meu lado e as portas metálicas se fecharam, levando-nos para baixo rangendo da mesma maneira de quando nos levou para cima.

                                     ≈ ≈ ≈

— Isso não está certo — Justin resmungou do outro lado da linha enquanto eu me virava em mil para apoiar o celular entre o ombro e o rosto e calçar os saltos preto de solado vermelho.

— Ah, para com isso. Em que século você vive? — debochei.

— Não é porque os tempos de hoje estão uma loucura que não exista cavalheirismo e bons modos — retrucava ele enquanto eu revirava os olhos com um sorriso nos lábios. — Eu deveria te buscar em casa, te dar uma flor e bater uma foto para registrar esse momento. Seu pai diria “quero a minha filha em casa antes das onze” e me lançaria um olhar de “você está morto” enquanto sua mãe ficaria orgulhosa por sua filha ter arrumado um bom partido para o baile.

— Bom partido? — perguntei entre risos.

— Claro, eu sou o sonho de qualquer garota — tinha um sorriso presunçoso em suas palavras.

— Você é uma figura, Justin — balancei a cabeça, rindo. — Espero que esteja pronto, estou indo buscar a donzela em casa.

— Isso não tem…

Encerrei a chamada antes que ele concluísse, rindo. Por que os garotos eram tão bobos? Mas, por outro lado, eu pensava que eram essas bobagens que fazem dele único. Sua capacidade de me fazer rir, de sorrir mesmo que estivesse do outro lado da linha era incrível. Eu o amava. E não cansava de admitir isso para mim mesma.

Parei em frente ao espelho uma última vez para ter certeza de que tudo estava no lugar certo. Eu usava o vestido vermelho esvoaçante que comprei com Rosie e meu cabelo estava arrumado em um coque despojado preso no alto da cabeça, algumas mechas caindo em cada lado do meu rosto, deixando o visual ainda mais despojado, mas sem perder o toque gracioso. No rosto, eu usava uma sombra dourada e um batom vermelho. Para fechar com chave de ouro, alguns acessórios como um colar que descia em prata prendendo um lado ao outro pelo símbolo do infinito, descendo a corrente até um pingente solitário de flor de lótus polido e delicado. Os brincos, pequenos aros prateados que se fundiam em uma linha brilhante discreta, deixando penderem leves linhas com duas pérolas ao final, tão finas que as mesmas pareciam flutuar ao lado do meu pescoço. E por último e não menos importante, a pulseira banhada a ouro que Justin me dera no meu vigésimo aniversário estava ao redor do meu pulso, e desde aquele dia, tinha se tornado minha seguidora inseparável, um lembrete de que ele sempre estaria comigo, não importava o quão longe estivesse.

Toda minha família — com exceção de Amélia que me ajudou com o penteado — estava fora de casa, poupando-me de explicações. Minha irmã ainda insistiu para saber quem era o meu tão misterioso acompanhante — mesmo eu mentindo descaradamente dizendo que eu ia sozinha, o que ela não acreditou, é óbvio —, mas se dependesse de mim, ela nunca saberia; não agora. Eu queria sim poder apresentar Justin á minha família, mas para que isso fosse possível, eu precisava resolver de uma vez por todas a minha vida amorosa.

Dirigi ao som de One Last Night, Vaults, até a casa de Justin que não era tão longe dali. Dez, talvez quinze minutos — dependendo do trânsito, que na maioria do tempo era livre — para chegar lá. Pela primeira vez, eu estava nervosa para ir a uma festa com um garoto. Eu nunca tinha ido á um baile — mesmo que não fosse totalmente — antes. Esse tipo de festa não era a minha praia, pelo menos não a versão nova de mim. Ou talvez, eu só não tivesse encontrado a companhia certa.

Estacionei em frente a casa de fachada cinza, e por um momento, senti-me insegura. Minha roupa estava boa? A maquiagem estava muito simples? Exagerei nos acessórios? Meu perfume era enjoativo? Eu tinha caprichado tanto para estar apresentável, para não parecer a vadia com quem todos estavam acostumados, que havia me esquecido de que quem estava me esperando do outro lado da porta não se importaria com o que eu estava vestida, contando que eu fosse eu mesma.

O clique da porta da frente se abrindo me fez despertar dos pensamentos embaraçosos. A imagem de Justin surgiu através do vidro da janela do carro, usando roupas sociais, com direito a terno — que estava abotoado, e ainda assim, deixava a camisa branca de botões à mostra, as sombras das tatuagens formando desenhos sob o tecido — e gravata borboleta. Por Deus, Justin Bieber de roupas normais era um pecado, mas ele usando smoking era uma gostosura!

Abri a porta do carro e pisei na calçada para poder sair do mesmo, passando a mão no vestido vermelho como se estivesse amassado, e quando ergui o olhar, pude presenciar mais de perto sua imagem perfeita caminhando até mim, e foi como se o mundo tivesse parado de girar e eu estivesse a um passo do céu.

— Parece que não fui avisada do Oscar — brinquei, e com a sombra de um sorriso nos lábios e um olhar de adoração, ele parou em minha frente.

— Parece que fui eu que não fui avisado do evento — seus olhos me avaliaram com calma, o que fez minhas bochechas corarem involuntariamente. Céus, era apenas o Justin! Ele ergueu o olhar novamente, e então abriu um sorriso largo. — Você está… uau! Linda? Expetacular? Não tenho a palavra certa.

Sorri um pouco sem jeito.

— Vermelho lhe cai bem. Muito, muito bem — ele umedeceu os lábios com a língua, deixando-me sedenta por morder aquela boquinha linda.

Abri um sorriso.

— Roupas sociais lhe cai bem também. Belo smoking aliás, deveria usar mais vezes.

Ele me olhou com o mesmo sorriso largo de antes, brilhante, que deixava todos os seus dentes brancos expostos, um sorriso lindo o qual eu guardaria para sempre na minha memória, como aquela noite em si.

— Para você — Justin me ofereceu uma flor que eu não percebi que ele segurava, uma única tulipa vermelha, a minha favorita. Peguei-a da sua mão, embasbacada. — Você não me deixou buscá-la em casa, mas ainda dá para fazer, pelo menos, alguma coisa do meu jeito. — Ele estendeu a mão para mim. — Posso levá-la ao baile?

Ah, filho da puta, assim fica difícil não se apaixonar!

Joguei-me em seus braços e beijei os seus lábios logo em seguida enquanto suas mãos fortes seguravam minha cintura e me puxavam para mais perto; um beijo leve, suave, sem pressa.

Colei nossas testas, nossos narizes se tocando, enquanto eu estava fazendo papel de idiota agindo daquele jeito. Quando se está apaixonado, ser idiota vem junto com o pacote, era inevitável.

— Sim. — Respondi enfim.

Pedi para Justin ir dirigindo desta vez, e mesmo que eu não me importasse com essas coisas de que é sempre o garoto que tem de buscar a sua acompanhante para ir ao baile, deixei que ele vivesse o sonho dele.

Não havia muitas vagas no estacionamento da universidade quando chegamos, mas por sorte, conseguimos encontrar um espaço apertado entre duas caminhonetes. Justin fez questão de abrir a porta do carro para mim e me ajudar a descer. Agradeci com um sorriso e quando demos um passo em direção a entrada, pude perceber a aura de atenção que se formou ao nosso redor, e isso só se intensificou quando Justin entrelaçou nossos dedos, despreocupado.

— Vamos? — Incentivou-me quando meus pés travaram no lugar.

— Está todo mundo olhando — disse eu, baixo.

— Você está linda — ele me olhou com um sorriso.

— Não acho que é por causa do vestido — olhei para nossas mãos entrelaçadas.

Ele parou em minha frente, sua mão ainda sobre a minha.

— Não precisa ter medo de encarar as pessoas por medo do que elas vão dizer ou inventar. Eu estou do seu lado agora, e se eu tiver que socar a cara de um monte de babaca para essa noite ser perfeita, eu o farei — brincou ele, fazendo-me rir. — É esse sorriso que quero ver no seu rosto — segurou o meu queixo. — Vamos? — tornou a perguntar, olhando em meus olhos.

Balancei a cabeça positivamente. Depois de depositar um beijo sobre o nó dos meus dedos, Justin voltou a entrelaçar nossos dedos e caminhamos lado a lado em direção a porta de entrada, ignorando os olhares e cochichos sobre nós dois, adentrando a multidão que surgia de todos os lados.

A festa estava sendo organizada no salão de eventos, um espaço enorme que foi aproveitado com decoração branca e brilhante, com acessórios pendurados no teto, fitas que desciam com estrelas penduradas nas pontas, e a iluminação baixa transformava tudo aquilo num céu estrelado. Também haviam reservado um espaço para a comida e bebidas, e as paredes foram forradas com uma decoração de flores e folhas laranjas que me lembrava muito o outono, quando as folhas começavam a despencar das árvores e se acumular no chão. E, no fundo do salão, um palco foi montado com alguns instrumentos musicais. Em uma das paredes foi montado um mural onde os casais podiam tirar fotos com o fotógrafo exclusivo da universidade. Uma música baixa, apenas aquecendo o local, preenchia todo o ambiente enquanto as pessoas não paravam de chegar, tornando o ambiente colorido pelos diferentes tons e cores de vestidos.

— Aí estão vocês! — Eggsy se aproximava vestido com terno e gravata, com o braço entrelaçado ao de Rosie que estava linda, usando o vestido azul que comprou no dia do meu aniversário.

— Oi, casal — Rosie alfinetou, fazendo-me revirar os olhos; ela não cansava de ser indelicada.

— Você está linda, Rosie — Justin a cumprimentou com um beijo no rosto, já não se importava mais com suas indiretas bem diretas.

— E você está um gato! — Elogiou ela, fazendo o loiro dar risada.

— Já que você tomou a liberdade de elogiar a minha namorada, posso fazer o mesmo com a sua, não é? — Eggsy alfinetou desta vez, olhando para o primo.

— Eg… — avisei.

— Você está linda, Meri. Se eu já não fosse apaixonado por essa gostosura aqui, juro que te pegava — brincou ele, abraçando a namorada por trás e arrancando risos alheios.

— Valeu, Eg. Você também está bonito.

— Eu sei, nasci assim — deu uma piscadela, arrancando mais risos. Eggsy era, definitivamente, uma figura. — Vamos beber alguma coisa, vocês vem?

— Quer beber algo, ruivinha? — Justin virou-se para mim.

— Eu estou bem por enquanto — dei de ombros.

— Vamos ficar por aqui então — Justin passou a mão ao redor da minha cintura.

— Nos vemos por aí — Eggsy se despediu e saiu puxando a namorada pela mão.

— Que tal uma foto? — Justin apontou com a cabeça para onde um casal pousava para a câmera, com um sorriso de canto de boca.

— Se é para ter a experiência, que seja completa — disse eu, rindo fraco, enquanto segurava em sua mão e, juntos, entramos na fila por uma foto.

Quando chegou a nossa vez, nos posicionamos em frente ao mural decorado, e Rinch, um garoto que eu tinha ficado há alguns semestres atrás, resolveu fazer uma gracinha antes de bater a foto:

— Vejam só se não é a América Greene, a garota que agora arrumou um namorado — alfinetou ele, e o sorriso no rosto de Justin desapareceu, dando lugar a um olhar assassino.

— Isso não é da sua conta, babaca — Justin revidou, seu corpo se aquecendo de uma forma inexplicável. — É melhor fazer logo a porcaria do seu trabalho ou eu mesmo trato de ir aí fazer você engolir essa câmera.

— Calma, cara — ergueu as mãos em forma de rendimento, claramente intimidado —, eu estava só brincando.

— Então. Não. Brinque.

— Foi mal, cara.

— Ei, calma — segurei em sua mão. — Esqueceu? Não precisa ter medo de encarar as pessoas por medo do que elas vão dizer ou inventar. Eu estou do seu lado agora, e se eu tiver que socar a cara de um monte de babaca para essa noite ser perfeita, eu o farei — usei as mesmas palavras que ele usou antes de entrarmos, fazendo-o abrir um sorriso involuntariamente, e eu fiz o mesmo, nossos olhos focados um no outro, o momento exato que o flash da câmera nos trouxe de volta para a vida real.

— Aqui está sua foto — Rinch estendeu a polaroid, e Justin praticamente a arrancou da mão dele.

— Ei, deixa eu ver — peguei a foto da sua mão enquanto ele me puxava para fora dali.

— Isso que dá colocar um amador atrás da câmera — resmungou.

— Ei, para com isso — empurrei seu ombro por brincadeira —, você nem viu a foto.

— Não preciso olhar para saber — revirou os olhos.

— Ah, é? E pode me dizer quem faria melhor? — mordi o lábio inferior, entrelaçando os braços ao redor do seu pescoço.

— Eu faria — ele entrou no jogo, puxando-me pela cintura. — Eu faria muito melhor — sussurrou, os lábios roçando nos meus.

— Mesmo? Então acho que você vai ser o meu fotógrafo particular de agora em diante — eu alternava entre seus olhos e seus lábios convidativos.

— Pensei que já soubesse, ruiva: o único que pode registrar esse sorriso, esse olhar e — aproximou a boca do meu ouvido e sussurrou, me dando arrepios: — esse corpo, sou eu. — Afastou-se, mordendo meu lóbulo.

— Ei, Bieber, deixa o namoro para depois, cara. Hora de trabalhar! — Um garoto que eu conhecia apenas de vista, mas sabia que fazia parte do grupo musical da universidade, abriu os braços, fazendo-nos olhá-lo, um pouco distante, um sorriso sardônico brincando em nossos lábios pelo clima quebrado, mas nada que não pudéssemos recuperar mais tarde.

— Olha só, eu preciso ir trabalhar agora — ele voltou-se para mim.

— Hum-hum, sei disso — ajeitei a gravata borboleta ao redor do seu pescoço. — Que foi? — percebi sua inquietação.

— Não quero te deixar aqui sozinha no meio dessa jaula de leões — disse ele, me fazendo rir.

— Eu sei me cuidar, tá legal?

— Eu sei, é só que…

— Eu vim com você, não foi? E vou permanecer com você até o fim da festa — tranquilizei-o. — Vou estar aqui embaixo te assistindo, agora sobe lá e arrasa! — Roubei-lhe um selinho.

Ele segurou cada lado do meu rosto e pressionou os lábios nos meus; eu desconfiava que precisava retocar o batom.

— Já volto. — Sua mão escorregou pelo meu rosto e ele se foi, sumindo entre a porta lateral ao lado do palco.

— Meri?

Virei-me sobre o próprio eixo, e abri um sorriso ao ver Easton se aproximando, usando calça social, camisa de botões e paletó, o cabelo penteado de um jeito mais despojado que o de costume. Mas o que me fez feliz, de fato, foi ver que ele estava ali, e melhor: acompanhado de Helena, a garota do grupo de apoio, que usava um lindo vestido azul escuro com decote ombro a ombro, acinturado, com uma saia esvoaçante e uma cauda traseira.

— Easton, você veio! — abracei-o apertado.

— Ei, gatinha — ele riu fraco, surpreso pelo abraço, mas retribuiu com o mesmo gás. — Você está linda.

Afastei-me, sorrindo.

— Obrigada. Estou muito feliz que você veio. — Olhei para a mulher que sorria um pouco tímida ao seu lado. — Helena, não é? Você está linda, adorei o vestido.

Ela sorriu.

— Adorei o seu vestido também. Você está… deslumbrante.

Sorri em agradecimento.

— Você está aqui sozinha? — perguntou Easton, franzindo o cenho.

— Não, estou com o Justin. Ele vai cantar, lembra?

— Ah — ele levou a mão à testa, como se fosse idiota por ter esquecido, arrancando risos alheios.

— É o seu namorado que vai cantar? — perguntou Helena, inocente.

— Ah… — troquei um olhar com Easton. — É…

— Complicado — completou ele.

— É, é isso — dei risada uma única vez.

— Oh, me desculpe, eu não quis ser… — ela gesticulou com as mãos, envergonhada, tentando se desculpar.

— Não se preocupe com isso — confortei-a.

— Vamos dar uma volta, vem com a gente — convidou Easton.

— Oh, não se preocupe. Eu realmente vou ficar aqui e esperar o Justin subir ao palco — sorri fraco, querendo deixá-lo à vontade para que eles pudessem conversar e aproveitar a noite, juntos.

— Tem mesmo certeza? — Ele hesitou.

— Hum-hum. Eu estou bem, relaxa.

— Nos vemos por aí então — despediu-se com um beijo em meu rosto.

— Tchau, América — Helena me deu um abraço, a oportunidade perfeita.

— Cuide bem dele, é um bom rapaz — sussurrei, e ela se afastou, sorrindo, entendendo perfeitamente o recado. — E pode me chamar de Meri.

— Certo.

Eles se despediram e se foram, mas antes de sumirem entre a multidão espalhada, o moreno de olhos azuis olhou por cima do ombro e sorriu para mim, o nervosismo no canto direito dos seus lábios era visível, e ele disse, sem som algum, um agradecido e claro “obrigado”, referindo-se à Helena, e tudo o que eu fiz, com um sorriso presunçoso no canto dos lábios, foi dar-lhe uma piscadela, arrancando-lhe um sorriso maior, e isso foi a última coisa que vi antes de ele voltar a atenção para a mulher que tagarelava com o braço entrelaçado ao seu.

Murmúrios ecoaram por todo o salão e as mulheres ali presentes, acompanhadas ou não, abriram sorrisos largos e admirados enquanto todos olhavam na direção contrária a minha. Virei sobre o próprio eixo e então pude entender o motivo de tanto alvoroço da parte feminina ali presente: Justin havia subido ao palco, e mesmo que os instrumentistas estivessem ali presentes, era como se ele tivesse roubado toda a cena com seu brilho de ofuscar o próprio sol e fazer a lua se ajoelhar aos seus pés.

Aproximei-me do palco para ter um bom lugar para assistir o show, e uma ótima visão do protagonista. Justin ajeitou o microfone e cumprimentou a todos:

— Boa noite, pessoal — ele sorriu com o uníssono que se formou em resposta. — Fico feliz que estejam animados para essa noite tanto quanto eu. Para quem não me conhece, eu sou o Justin, e para quem não sabe, vou cantar um pouco para vocês esta noite — a platéia vibrou em animação. — Espero que continuem animados depois de me ouvirem cantar — ele fez uma gracinha, arrancando risinhos alheios. — Bem, espero que curtam a noite, e agora vamos deixar de papo e cantar! Vamos lá, pessoal.

Os primeiros acordes de música surgiram, e ao reconhecer o som, a platéia vibrou em aprovação. Os olhos de Justin vasculharam, ansiosos, pela multidão, e ele sorriu quando os mesmos pousaram em mim. Depois de me lançar uma piscadela — a qual retribuir com um sorriso —, ele começou a cantar I don’t Know Why. Logo depois, a letra de Believe pareceu um milagre ao som da sua voz doce, fazendo as pessoas ali cantarem junto e pularem ao ritmo da música.

Eggsy e Rosie surgiram pela multidão e se juntaram a mim entre os corpos dançantes e elétricos. Um tempo depois, Easton e Helena se juntaram à nós, e eu não podia estar mais feliz ao lado dos meus amigos, nos divertindo com o talento do homem que eu amava e venerava. Mais músicas do Imagine Dragons, como Mouth of the River, Whatever It Takes, Walking the Wire, foram tocadas, e cantamos juntos com Justin, como se a letra estivesse gravada em nossas veias. E não parou por aí: Justin também cantou algumas músicas do OneRepublic, como Future Looks Good, Kids, Let's Tonight e Heaven, lançando-me um sorriso, e eu sabia que ele tinha feito aquilo por mim, pois sabia o quanto eu adorava a banda. Eu não lembrava de ter gritado tanto quanto naquela noite, cantando com tudo de mim, esquecendo quem eu tinha me tornado e vivendo quem eu realmente era. Os fãs de The Vampire Diaries vibraram quando Justin cantou uma das faixas que marcou a série, Belong do Cary Brothers. E para finalizar o show, Paradise do Coldplay, uma música que todos conheciam e que era impossível não amar e cantar junto.

— Uau — Justin exclamou, ofegante, no microfone, fazendo todos vibrarem em animação. — Vocês são foda pra caralho, amo vocês — com essas palavras, mais gritos foram ouvidos. — Pessoal, muito obrigada por essa noite incrível e por ter compartilhado comigo todas essas músicas de grandes e talentosos artistas. Mas o show ainda não acabou. Ainda há uma música que quero compartilhar com vocês esta noite — o público foi à loucura. — A próxima música não foi composta pelo Dean Reynolds nem pelo Ryan Tedder ou o Chris Martin, mas ainda assim, eu a compus com muito carinho e ela significa muito para mim — seus olhos encontraram os meus, e ele sorriu fraco enquanto eu continuava parada ali, surpresa, me perguntando: desde quando Justin tinha uma música? — Eu trabalhei nela durante alguns meses, e fiquei muito feliz com o resultado final, pois a pessoa para quem escrevi essa música merece muito, muito mais

O guitarrista jogou o violão para Justin e ele se sentou no banco que esteve no palco o tempo todo, mas ele não usou. Ajeitou o microfone à sua frente enquanto o público — e eu, principalmente — esperava ansioso para o que estava por vir. Meu coração batia acelerado no peito e me encontrei sozinha, perdida em meio a tantos casais apaixonados. De de repente, todos tinham desaparecido, e só havia um lugar para onde eu podia olhar: para o meu par em cima do palco.

— Espero que vocês gostem — foi a última coisa que ele disse antes de tomar as rédeas da música sozinho; agora era apenas ele, eu e seu violão.

Os primeiros acordes do violão parecia tão doce quanto açúcar. A melodia que preencheu o lugar era tão suave que parecia me fazer flutuar, meu mundo parecia girar mais devagar quando as primeiras palavras escaparam da sua boca como um milagre:


Well, let me tell you a Story

(Bem, me deixe te contar uma história)


About a girl and a boy

(Sobre uma garota e um garoto)


He fell in love with his best friend

(Ele se apaixonou por sua melhor amiga)


When she’s around, he feels nothing but joy

(Quando ela está por perto, ele não sente nada além de alegria)


But she was already broken

(Mas ela já estava quebrada)


And it made her blind

(E isso a fez cega)


But she could never believe that love

(Mas ela nunca poderia acreditar que o amor)


Would ever treat her right

(Iria tratá-la bem)


Did you know that I loved you

(Você sabia que eu te amei)


Or were you not aware?

(Ou que você não estava ciente?)


You’re the smile on my face

(Você é o sorriso em meu rosto)


And I ain’t going nowhere

(E eu não vou a lugar nenhum)


I’m here to make you happy

(Eu estou aqui para te fazer feliz)


I’m here to see you smile

(Eu estou aqui para te ver sorrir)


I’ve been wanting to tell you this

(Eu tenho esperado para lhe dizer isto)


For a long while

(Por um longo tempo)


What’s gonna make you fall in love?

(Quem vai fazer você se apaixonar?)


Oh, I know you got your wall wrapped all the way around your heart

(Eu sei que você tem sua parede envolvida em torno do seu coração)


Don’t have to be scared at all, oh, my love

(Você não precisa ter medo algum, oh, meu amor)


But you can’t fly unless you let yourself

(Mas você não pode voar, a menos que se deixe)


You can’t fly unless you let yourself fall

(Você não pode voar, a menos que se deixe cair)


Well, I can’t tell you’re afraid of

(Bem, eu posso dizer que você tem medo)


What this might do

(Do que isso pode fazer)


‘Cause we got such an amazing friendship

(Porque nós temos uma amizade incrível)


And that you don’t wanna lose

(E que você não quer perdê-la)


Well, I don’t wanna lose it either

(Bem, eu não quero perdê-la também)


And I don’t think I can stand

(E acho que não posso ficar)


Sitting around while you’re hurting, babe

(Sentado enquanto você está se machucando, baby)


So take my hand

(Venha, pegue minha mão)


Well, did you know you’re an angel

(Bem, você sabia que você é um anjo)


Who forgot how to fly

(Que se esqueceu de como voar?)


Did you know that it breaks my heart

(Você sabia que parte meu coração)


Every time to see you cry?

(Toda vez que te vejo chorar?)


‘Cause I know that a piece of you’s gone every time he done wrong

(Porque eu sei que um pedaço de você se vai toda vez que ele faz algo errado)


I’m the shoulder you’re crying on

(Eu sou o ombro que você está chorando)


And I hope by the time that I’m done

(E eu espero que quando eu terminar)


With this song that I figured out

(Com essa música eu descubra)


What’s gonna make you fall in love?

(Quem vai fazer você se apaixonar?)


Oh, I know you got your wall wrapped all the way around your heart

(Eu sei que você tem sua parede envolvida em torno do seu coração)


Don’t have to be scared at all, oh, my love

(Você não precisa ter medo algum, oh, meu amor)


But you can’t fly unless you let yourself

(Mas você não pode voar, a menos que se deixe)


You can’t fly unless you let yourself fall

(Você não pode voar, a menos que se deixe cair)


I will catch you if you fall

(Eu vou te segurar se você cair)


I will catch you if you fall

(Eu vou te segurar se você cair)


I will catch you if you fall

(Eu vou te segurar se você cair)


But if you spread your wings

(Mas se você abrir suas asas)


You can fly away with me

(Você pode voar para longe comigo)


But you can’t fly unless you let ya…

(Mas você não pode voar, a menos que você se deixe)


You can’t fly unless you let yourself fall

(Você não pode voar, a menos que você se deixe cair)


What’s gonna make you fall in love?

(Quem vai fazer você se apaixonar?)


Oh, I know you got your wall wrapped all the way around your heart

(Eu sei que você tem sua parede envolvida em torno do seu coração)


Don’t have to be scared at all, oh, my love

(Você não precisa ter medo algum, oh, meu amor)


But you can’t fly unless you let yourself

(Mas você não pode voar, a menos que se deixe)


You can’t fly unless you let yourself fall

(Você não pode voar, a menos que se deixe cair)


What’s gonna make you fall in love?

(Quem vai fazer você se apaixonar?)


Oh, I know you got your wall wrapped all the way around your heart

(Eu sei que você tem sua parede envolvida em torno do seu coração)


Don’t have to be scared at all, oh, my love

(Você não precisa ter medo algum, oh, meu amor)


But you can’t fly unless you let yourself

(Mas você não pode voar, a menos que se deixe)


You can’t fly unless you let yourself fall

(Você não pode voar, a menos que se deixe cair)


I will catch you if you fall

(Eu vou te segurar se você cair)


I will catch you if you fall

(Eu vou te segurar se você cair)


I will catch you if you fall

(Eu vou te segurar se você cair)


But if you spread your wings

(Mas se você abrir suas asas)


You can fly away with me

(Você pode voar para longe comigo)


But you can’t fly unless you let ya…

(Mas você não pode voar, a menos que você se deixe)


You can’t fly unless you let yourself fall

(Você não pode voar, a menos que você se deixe cair)


O último acorde sumiu entre as ondas sonoras, dando lugar aos aplausos ensurdecedores e a sua voz doce agradecendo ao público, mas eu já não estava mais ali, minha mente estava vagando pela letra daquela música enquanto meus olhos, a maioria do tempo, se mantiveram fixos no chão de madeira polido, agora manchados por algumas lágrimas minhas que pingaram pela ponta do meu nariz. Eu sentia algo, algo arrebatador, só não sabia exatamente o que era. Aquela letra, aquela música… Não, não era possível. Mas, para quem ele faria aquela música se não para mim? Foi olhando para mim que ele cantou, olhando no fundo dos meus olhos, até o momento que desviei o olhar para o chão. Mas se era realmente para mim, se eu causava nele tudo aquilo que ele disse, por que não falar diretamente para mim? Por que não ser mais claro, usar todas as letras, usar o meu nome? Talvez… fosse só comigo. Tantos “e se” se formavam na minha cabeça, que era impossível chegar a uma conclusão exata.

Limpei os vestígios de lágrimas no canto dos olhos e ergui a cabeça, a tempo de vê-lo jogar o violão de volta para o guitarrista e descer do palco, seus olhos buscando os meus. Ele parou um momento, até conseguir prender o meu olhar, e quando isso aconteceu, sua imagem surgiu em câmera lenta entre os casais, como se o mundo tivesse parado de girar e só restasse nós dois ali, paralelos em relação a gravidade que nos acolhia e nos prendia no mesmo espaço, e naquele momento, senti que eu era metade de um coração, e a outra metade estava pulsando bem na minha frente, dentro do seu peito.

Segui-o com o olhar até ele parar em minha frente, e o ar parecia rarefeito naquela parte do salão ao ritmo lento dos casais que dançavam ao som de Hitchhiker, tornando o ambiente uma aura de romantismo com a iluminação baixa que substituiu a eletricidade de adrenalina logo depois que o show acabou.

Justin estendeu a mão e perguntou:

— Será que dá tempo para uma última dança?

Baixei o olhar para a sua mão e hesitei, mas coloquei a minha sobre a sua logo depois, e ergui o olhar para os seus olhos brilhantes quando ele me puxou para mais perto, o encaixe perfeito dos nossos corpos. Com uma mão em seu ombro, começamos a nos movimentar na mesma vibe, minha cabeça erguida para poder encará-lo, meio acovardada, e sua cabeça estava baixa por ele ser dez centímetros mais alto que, mas ao contrário de mim, não havia nada além de coragem em seus olhos.

— Estava chorando? — perguntou ele depois de um tempo encarando os meus olhos.

— Caiu um cisco no meu olho — sussurrei, mas não consegui desviar o olhar do dele um só segundo.

Ele me olhou meio desconfiado.

— Mesmo?

— Por que eu mentiria? — retruquei, a fim de encerrar o assunto. Olhei para outro ponto do salão, mas ainda sentia seu olhar me queimando.

— Eu já disse que você está linda?

Quis evitar o sorriso, mas foi completamente impossível, pois o mesmo escapou pelos cantos da minha boca, desfazendo a linha fina entre os lábios, e seu olhar me atraiu feito imã.

— Já, já disse — respondi.

— E vou dizer de novo. E de novo. Até essa noite acabar. E quando outro dia nascer, eu vou continuar dizendo o quanto você é linda.

Suspirei.

— Por que você está fazendo isso?

Justin me empurrou para longe e me trouxe de volta me girando no ar, arrancando-me um riso quando nossos corpos se chocaram, minhas costas descansando na sua parede de músculo enquanto eu sentia sua respiração na curva do meu pescoço.

— O que é que eu estou fazendo? — Sussurrou, sua respiração quente batendo contra a pele sensível do meu pescoço, fazendo-me fechar os olhos e apreciar os arrepios.

A letra da música preencheu todo o vazio do meu corpo, e por um momento, me permite perceber o quanto todas aquelas palavras tinham haver com nós dois.


I’ve been waitin’ all night, lookin’ for you headlights

(Eu estive esperando a noite toda, esperando por seus faróis)


I know that we’re strangers, but I’ll leave it all for you

(Eu sei que somos estranhos, mas deixarei tudo por você)


Go anywhere you wanna go

(Vou para onde você quiser)


I don’t really need to know if my hearts is in danger

(Eu realmente não preciso saber se meu coração está em perigo)


‘Cause as long as you’re the driver

(Porque enquanto você for o motorista)


I’m your hitchhiker, yeah

(Serei sua caroneira, sim)


I’m your hitchhiker, yeah, yeah

(Serei sua caroneira, sim, sim)


Ele me girou mais uma vez, mas desta vez, me trouxe para o calor do seu corpo, cara a cara.

— Você gostou do show? — perguntou ele, seu nariz roçando no meu, fazendo-me alternar entre seus olhos caramelados e seus lábios rosados.

— Você nunca me decepciona — sussurrei, hipnotizada pelo seu olhar ardente, e suas íris pareciam querer me dizer tantas coisas, mas continuavam ali, discretas.

Ele piscou sob os cílios, seus olhos ganhando mais brilho à medida que a iluminação ficava mais baixa.

— O que achou da minha música?

Perdi o ar.

— Ela é… — engoli em seco — bastante significativa. — Dei risada uma vez, mas na verdade, eu estava estranhamente nervosa. — A garota para quem você escreveu tem muita sorte — meus lábios tremeram ao formar um sorriso apreensivo.

Paramos no meio do salão ao fim da música, e logo Photograph, do Ed Sheeran, começou a tocar, fazendo os casais começarem novos passos, juntos, mas ao contrário deles, Justin não me conduziu a uma nova dança. Estávamos nós dois, parados no meio do salão, enquanto éramos rodeados de casais apaixonados envolvidos nos seus próprios mundos.

— Ás vezes eu me pergunto se você presta atenção em alguma coisa que eu digo — disse ele, e antes que eu pudesse responder, segurou cada lado do meu rosto e, fazendo eu esquecer completamente o que queria dizer, ele pressionou seus lábios nos meus. — E não, América — sussurrou á centímetros da minha boca, seus olhos permanecendo lá — sou eu que tenho sorte por tê-la na minha vida.

Mordi o lábio inferior, sentindo que, se eu demorasse mais um segundo para dizer, eu morreria. Durante esses meses que passei ao lado de Justin, aprendi que podemos fechar os olhos para o que não queremos ver, mas não podemos fechar o coração para o que não queremos sentir.

— Preciso te falar uma coisa — sussurrei, pois sabia que se tentasse falar mais alto, minha voz falharia e a coragem morreria.

— Estou ouvindo. — Ele sequer pestanejou.

Um, dois, três

— Justin, eu…

— Aí está você!

Desviamos o olhar ao mesmo tempo para Eggsy que andava ofegante em nossa direção, como se já estivesse nos procurando há muito tempo.

— Aconteceu alguma coisa? — perguntou Justin.

Meu coração batia tão rápido no peito que chega a doer. Caralho, porque sempre que eu tentava falar, surgia alguém para atrapalhar?

— Estão te procurando, é alguma coisa sobre o seu pagamento do show de hoje — respondeu ele depois de respirar fundo e retomar o fôlego. — Vem, vamos.

— Espera — Justin olhou para mim. — A ruivinha estava me dizendo uma coisa… O que você quer me dizer?

— É que… — tentei dizer, mas a coragem morreu no meu peito, e quando comecei a gaguejar, eu soube que aquele não era o momento certo; não mais. Por fim, abri um sorriso amarelo. — Não era nada.

Justin franziu o cenho, e seus olhos buscaram respostas nas minhas íris, mas mantive o meu foco longe das suas órbitas castanhas.

— Tem certeza? — Ele insistiu.

— Estão te chamando — olhei para o outro lado do salão.

Depois de breves segundos, ele finalmente disse:

— Ok. Eu já volto, tá bom?

Balancei a cabeça concordando, ainda sem olhá-lo. Virei o rosto para encarar suas costas enquanto ele se desviava dos casais que ainda dançavam por ali, distanciando-se de mim.

— Meri, hum, eu atrapalhei alguma coisa? — a voz de Eggsy soou um pouco envergonhada ao meu lado, e com os meus olhos cheios de lágrimas, eu mal podia encará-lo.

Eu estava começando a achar que era um sinal da vida mostrando que ela não nos queria juntos. Mas eu não podia aceitar isso. Pois Justin tinha se tornado a minha vida.

— Não — segurei as lágrimas. — Você não atrapalhou nada.  


Notas Finais


√ Então, a má notícia é que, por forças maiores, estarei postando Rebel Heart duas vezes por mês. Por favor, não fiquem chateadas, mas para chegar ao meu tão sonhado terceiro ano e dar adeus, logo depois, ao colégio, preciso me dedicar ás matérias que estou com dificuldade. Mas vou fazer de tudo para recompensar com capítulos grandes. Espero que me perdoem e entendam. E quanto ao Justin e a América... vamos ter paciência.

• No Promises: https://spiritfanfics.com/historia/no-promises-10076182

• Mistakes Of Love: https://spiritfanfics.com/historia/mistakes-of-love-6329863

• Secrets Truths: https://spiritfanfics.com/historia/secrets-truths-10076556


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