História RebeldeS - Encontro e desencontros

      Pov Jay

      Acordei com a porcaria do telefone tocando. Tentei achá-lo na bagunça que tava a minha cama. Olhei o visor com um olho aberto e outro fechado. Vick, ninguém merece.
– O que você quer Victoria? – atendi ao telefone deitando de novo na cama.
– Bom dia pra você também Jayden. – falou irônica e eu pouco me importei. – Só liguei pra avisar que o trabalho de história ta pronto, minha prima fez ontem à noite.
– Legal, quando eu te devo?
– Eu já paguei pra ela, segunda a gente acerta no colégio.
– Certo, até mais.
– Tchauzinho.     

      Joguei o celular pra lá e me enrolei no edredom pretendendo dormir de novo, mas a porta do meu quarto foi aberta.
– Bom dia Jayden, levanta. – Grace disse abrindo as cortinas e a luz do sol entrou.
– Ninguém merece. – falei gemendo e escondendo a cabeça debaixo das cobertas. – Me deixa dormir.
– Levanta preguiçoso, seu pai e seu irmão já estão lá embaixo, falta você.
– To nem ai. – falei ainda debaixo da coberta.
– Ou você levanta ou vou puxar sua coberta.

      Tirei o edredom da cabeça e olhei pra ela.
– Eu to pelado.
– Grande coisa, eu já troquei suas fraldas garoto.

      Mandei um olhar atravessado pra ela que sorriu e saiu do quarto.
– Não demora.

      Levantei da cama e tranquei a porta indo pro banheiro. Tomei um banho rápido e vesti uma bermuda e uma camisa sem mangas, calcei chinelos, hoje tá calor. Coloquei o celular no bolso e fui tomar café. Meu pai e meu irmão já estavam à mesa como Grace tinha dito.
– Bom dia. – falei simplesmente e sentei.
– Até que enfim Jayden, eu achei que fosse dormir o dia todo. – meu pai estava sério como sempre.
– Oi pai. – trocamos um rápido abraço e ele sentou de novo, sentei a esquerda dele, meu irmão estava a minha frente.
– Grace deve ter avisado a vocês dois que vou passar mais tempo em casa dessa vez.
– Avisou sim. – Ethan disse e concordei.
– É verdade, vou ficar um longo período em casa, vou trabalhar apenas no escritório de Miami, que está em reforma. Quero acompanhar como anda a vida de vocês meus filhos.

      Ferrou! Olhei para meu irmão que tinha ficado tão frustrado quanto eu.
– Vai tudo bem pai. – falei enquanto colocava um pouco de suco de laranja.
– Isso é o que vamos ver. – ele disse olhando de um para o outro. – Quero ver como andam as coisas no colégio, eu vou conversar com o diretor Lokwood. Grace também me disse que seus amigos vinham muito aqui.

      Grace às vezes tem a boca grande demais!
– De vez em quando pai. – Ethan disse. – Nem sempre.
– Certo. E Nathan e Leo como vão? As namoradas de vocês, Deborah e Emily estão bem?
– Todos estão bem.
– Pai o que você quer perguntar? Para de fazer rodeio! – diferente do Ethan eu não tenho paciência nenhuma pra joguinhos.

      Meu pai me olhou enquanto Ethan ficou quieto no lugar, dava pra ver no olhar dele que ele me censurava, mas eu não tava nem ai.   
– Você vive ausente, viajando e agora quer pagar de bom pai? Pra mim não doutor Franco Marshall. – falei o nome dele com desprezo. – Pra mim tanto faz o que você veio fazer aqui ou não, eu cansei. – levantei da mesa e fui pra escada.
– Jayden eu ainda não terminei! – meu pai gritou, mas eu não estava nem ai. Fui direto pro meu quarto e fiquei trancado lá.

      Quando mais precisei do meu pai ele não estava presente, quando minha mãe morreu meu mundo e do Ethan desabou, ao invés de ficar com a gente ele preferiu se enfiar no trabalho e esquecer que tinha dois filhos pequenos e carentes em casa, se não fosse a Grace nem sei o que tinha sido da gente. Agora quer voltar pra casa e recuperar o tempo perdido? Comigo não! Eu sou muito diferente do Ethan, que aceita as coisas passivamente. Do meu pai eu só quero uma coisa, o dinheiro e a vida boa que ele sempre me deu, por mim ele pode sumir do mapa que não vai fazer diferença!

      Pov Lexy

– Vai Kim! Presta atenção! – gritei pra ela se concentrar na coreografia e na música.
– Eu não consigo! – ela gritou sorrindo.
– Consegue sim, vai garota.

      Estávamos jogando Just Dance no Xbox, eu e ela contra Sam e Lola, e claro minha prima tava ganhando.
– Ai gente chega! Pra mim já deu. – Sam falou se jogando no sofá e fizemos o mesmo, estávamos fazendo isso à manhã inteira.
– Meninas vão se arrumar, daqui a pouco o almoço está pronto. – Iolanda apareceu na sala.
– Ela tem razão. – Lola comentou. – E vocês duas tem que ir fazer o trabalho com os dois idiotas, e nós vamos esperar Tyler e Liam aqui.

      Sam fez uma careta e Kim ficou quieta, ela tentava disfarçar, mas a gente sabia que ela tava adorando fazer esse trabalho com o Leo, tadinha, tão apaixonada, espero que ela não se machuque novamente.        
– Ainda não entendi porque não fazem os trabalhos todas aqui. – Iolanda comentou. – Essa casa é grande o suficiente pra cada uma fazer o trabalho em um lugar.
– Boa pergunta Ioiô, pergunta pras duas retardadas.
– Lola! – às vezes minha prima parecia não ter coração, eu hein!
– O que? Falei alguma mentira?
– Vão tomar banho meninas, chega. Samantha e Kimberley, o motorista vai levar vocês duas e depois vai buscar.
– Não precisa Iolanda, eu pego um taxi. – Sam disse.
– Eu também. – Kim concordou.   
– Ordens de dona Soraya, e sem discussão, vão se arrumar.

      Sorrimos enquanto ela voltava pra cozinha.
– Acostumem-se meninas, minha mãe odeia ser contrariada.

      Sorrimos novamente e fomos tomar banho.

      Enquanto me arrumava fiquei pensando um pouco, fazer o trabalho com o Liam não vai ser tão ruim, eu gosto dele, é gente boa, melhor que o Kyle, fiz uma careta. Mas me pergunto mesmo como seria se eu fizesse com o Jay, ainda lembro aquele beijo que ele me deu, foi o primeiro depois de tudo que aconteceu. Não sei o que pensar ou como reagir, mas de uns dias pra cá ele não sai do meu pensamento, sempre procuro manter minha mente ocupada pra não pensar besteira, mas é só vê-lo ou lembrar o sorriso dele para o meu coração disparar. Jay é lindo, mas eu não posso me apaixonar por ninguém, e além do mais, ele é comprometido, e a gente já tem problemas demais com aquelas meninas, não quero briga com a namorada dele.

      Vesti um short jeans claro de cintura alta e uma camiseta vermelha, calcei meu all star branco e coloquei um bolero de renda rosa por cima da camiseta. Arrumei meu cabelo e dei uma última olhada no espelho, gostei. Quando ia fechando a porta do meu (enorme!) closet, meu olhar caiu em um vestido florido rosa que nunca usei, acho que ele ficaria bem em certa menina loira. Se ela quer mesmo ir, porque não ajudá-la a ficar bonita? Pensei com um sorriso. Peguei o vestido e fui para o quarto que Kim ficava, bati na porta.
– Pode entrar! – ela disse lá de dentro e escondi o vestido atrás de mim entrando.
– Oi. – falei e vi que ela tava de calça jeans, blusa de manga comprida e all star e penteava o cabelo.
– Oi. – disse sorrindo.
– Já ta pronta? – perguntei pra disfarçar.
– Sim, acha que tá bom? – Kim perguntou dando uma voltinha.    
– É pra ser sincera? – perguntei sentando na cama.
– Eu sei to horrível.

      Ela ficou desanimada e sentou do meu lado.
– Você é linda Kim, só precisa se arrumar mais, esse look é mais pra ficar em casa e não pra ir... – pensei um pouco. – Se divertir! 

      Fiz cócegas nela que sorriu.
– Eu trouxe uma coisa pra você.
– O que? – seu rosto se iluminou e ela arregalou os olhos quando mostrei o vestido. – É seu.

      Kim pegou o vestido e abriu, dava pra ver que ela gostou.
– Eu não posso aceitar Lexy, o que sua mãe vai pensar se me vê usando ele?
– Provavelmente, ela não vai nem lembrar. – sorrimos. – Mas se lembrar, eu tenho certeza que ela gostar e achar que eu sou uma ótima amiga, eu tenho mais roupa naquele closet do que vou usar um dia!

      Ela riu muito.
– Eu sei que você quer impressionar o Leo, não precisa mentir pra mim. – Kim ficou envergonhada. – Veste pra ver como fica.
– Tudo bem. – ela tirou o all star e correu pro banheiro.

      Quando voltou fiquei surpresa em ver como ela tinha ficado bonita de vestido. Kim tinha o corpo lindo, a cintura fina, e qualquer roupa ficaria bem nela. No começo ela ficou tímida, mas quando me viu sorrir, sorriu também.
– Como ficou?
– Venha se vê. – estendi a mão pra ela e a trouxe até o espelho, ela mesma ficou surpresa com o efeito. – Posso? – perguntei tocando no cabelo e ela assentiu sorrindo. – Eu já volto, enquanto isso calça o all star.

      Fui ao meu quarto pegar minha maleta de maquiagem e alguns acessórios.

      Virei à poltrona de costas pro espelho e fiz Kim sentar. Desmanchei a trança e fiz uma lateral, mais solta, mais romântica, prendi com uma presilha em forma de flor da cor do vestido. Passei um pouco de base no rosto dela, não precisava muito para deixá-la bonita, a pele dela era saudável e sem nenhuma marca. Fiz uma maquiagem bem clara e passei um pó iluminador, por último um par de brincos dourados e uma pulseira.
– Fique de olhos fechados.

      Kim assentiu e ajudei-a a levantar e a virei de frente pro espelho.
– Pode abrir.

      Kim abriu os olhos devagar e ficou surpresa com a própria transformação. O vestido acima dos joelhos e de alças finas deixava seu corpo mais feminino e mais sensual. A maquiagem apenas acentuou o que ela tinha de mais bonito, o sorriso e os olhos.
– Gostou?
– Não parece comigo. – vi pelo espelho que seus olhos encheram de lágrimas, fiquei emocionada e abracei-a por trás.
– É você amiga. Eu te disse uma vez que você é linda, só precisa se arrumar mais.

      Ela assentiu sorrindo em meio às lágrimas.
– Pode chorar, a maquiagem é a prova d’água. – sorrimos mais ainda. – Você pode ficar mais bonita que isso Kim.
– Eu não sei como te agradecer Alexia.
– Não precisa. É isso que amigas fazem, ajudam umas as outras, ter sua amizade pra mim já é um presente.
– Muito obrigada.

      Abraçamo-nos apertado.
– Eu só quero te ver feliz.

      Depois de ela me agradecer, fomos almoçar e todos ficaram impressionados com a mudança.
– Kim cara você ta muito linda.
– Obrigada Sam.
– Filha você tem o dom, é impressionante. – minha mãe comentou, ela tinha chegado enquanto a gente tava se arrumando.
– Thank you mamy! – agradeci toda boba.  

      Almoçamos no maior clima de diversão, minha mãe às vezes parecia ter nossa idade.
– A esqueci de avisar filha, tenha uma ótima noticia pra você.
– Qual? – perguntei enquanto comia a mousse de limão de sobremesa.
– O Danilo conversou comigo ontem, ele vai vir morar com a gente.
– Ai que noticia maravilhosa!

      Começamos a gritar igual um bando de louca! Lola era a mais animada, ela acha que eu não sei que ela tem uma queda pelo meu irmão desde criança.

      Pov Kim

      Eu amei a mudança que Lexy fez em mim, fiquei muito diferente e pela primeira vez na vida me senti bonita e feminina, queria que minha mãe me visse agora, com certeza ela ia gostar. Tirei uma foto com o celular pra depois mostrar a ela.

      Depois de almoçar escovei os dentes e peguei minha bolsa e um casaco leve.
– Estão prontas? – Soraya perguntou.

      Eu e Sam assentimos.
– O motorista vai levar vocês, dêem os endereços a ele, e na hora de vir embora liguem e James vai buscá-las também.
– Soraya realmente não precisa, a gente pode de ir taxi. – Sam assentiu concordando comigo.
– Meninas eu amo as duas e vocês são melhores amigas das minhas filhas, o que eu quero pra elas, eu quero pra vocês, não tem discussão.

      Nessa hora a campanhia tocou e Iolanda foi abrir.
– Obrigada, por tudo. – Sam disse.
– Boa tarde. – Liam disse entrando na sala, quando olhou pra mim ele ficou surpreso. – Oi Kim...  
– Oi Liam.

      Ele só me olhava e fiquei encabulada. Então é assim que as meninas bonitas ficam quando os caras olham pra elas. Tenho que admitir, a sensação é boa. Olhei pra Lexy e ela piscou pra mim, sorri.
– Kim melhor irmos. – Sam disse pegando a bolsa e fiz o mesmo.
– Tchau Liam. – passei por ele e lhe dei um beijo.
– Tchau... Kim...

      Sorri comigo mesma e fomos para o carro.
– Acho que o Liam ta afim de você.
– Não fala bobagem Samantha! – me fiz de indignada e ela sorriu.
– Era só olhar pra cara dele quando te viu.
– Eu não to tão bonita assim.
– Lógico que ta Kim, deveria seguir os conselhos da Lexy e mudar de vez seu visual.
– Pra onde senhoritas? – James, o motorista, perguntou e passamos os endereços pra ele.
– É perto um do outro.

      Olhamos uma pra outro sorrindo. Porque não nos surpreende eles morarem perto um do outro?

      Durante o caminho fiquei pensando no que Sam falou, será que mudar meu visual me ajudaria mesmo?
– O que mais me incomoda são esses óculos e esse aparelho! – falei dando uma olhada no espelho portátil que trazia na bolsa.
– Tira ué! – Sam disse rindo.
– Ai que não vou enxergar um palmo diante do nariz e vou ser mais desastrada do que já sou.
– Já ouviu falar em lente E.T? – sorrimos mais ainda.

      James dirigiu por uns vintes minutos e parou em frente um condomínio fechado e muito chique.
– Senhorita Kimberley é aqui o seu endereço.
– Certo. Boa sorte amiga. – dei um abraço em Sam.
– Boa sorte também.
– Obrigada. James pode esperar eu entrar no condomínio e depois ir embora? – eu tava com medo de ficar ali sozinha na rua, que estava completamente deserta.
– Claro, eu espero. – ele sorriu e agradeci com um sorriso também, descendo do carro em seguida.

      Toquei a campanhia e o interfone pediu pra eu me identificar.
– Kimberley Danforth, eu sou colega de escola de Leonardo Wilkie e vim fazer um trabalho com ele.

      A porta foi aberta e acenei pra James, ele buzinou e partiu. Entrei na portaria e um homem uniformizado sorriu pra mim.
– Ele avisou que a senhorita vinha, fique a vontade.
– Obrigada.

      Já ia perguntar em qual apartamento ele morava ou casa quando virei e fiquei de boca aberta. Não era um condomínio, era apenas uma mansão enorme! A grama bem cuidada, o caminho de pedras até a mansão, ao lado uma garagem que devia ter carros importados, na frente estava estacionada a Ferrari amarela do Leo. Meu coração tava quase saindo pela boca enquanto andava pelo caminho de cascalhos. A mansão era impressionante e o jardim e a piscina nem se fala.

      Quando cheguei à varanda o próprio Leo saiu, o porteiro deve ter interfonado avisando que eu cheguei. Ele ficou parado me olhando quando me viu.
– Oi. – falei timidamente.
– Ow! Nossa Kim, você ta... Diferente.
– Obrigada, espero que um diferente bom.
– Definitivamente muito bom. – ele sorriu e meu coração que antes já estava pulando agora enlouqueceu dentro do peito, e pra completar o menino me deu um beijo no rosto, quase derreti. – Bem vinda a minha casa.
– Obrigada. – tive que me concentrar pra me lembrar com respirar e falar. Cara ele tá muito cheiroso! Devia ser crime ser bonito e cheiroso assim!        
– Vem vamos entrar.

      Acompanhei-o e fiquei ainda mais impressionada com a mansão por dentro, era tudo lindo.

      Pov Leo

      Fiquei parado observando enquanto a nerd literalmente babava pela minha casa, parece até que nunca viu nada assim. Mas fiquei surpreso mesmo com a mudança dela, nunca tinha visto Kim de vestido e maquiada e devo dizer que o resultado me agrada, e muito. Cruzei os braços e alisei o queixo enquanto ela deixava a bolsa no sofá e foi até uma mesinha cheia de retratos.

      O corpo dela até que é bem bonito. Seios grandes, bumbum firme, cintura fina e com certeza deve ser virgem, seria até bem prazeroso ser o primeiro a conhecer esse corpo.

       Sacudi a cabeça pensando com clareza. Concentre-se Leo, você tem uma missão! Como Kat deixou bem claro mais cedo, ela não me deixou em paz hoje de manhã, toda hora me ligando falando um novo detalhe do seu “tão elaborado plano” pra se vingar da nerd.
– Quer comer ou beber alguma coisa? – perguntei me lembrando da minha educação.
– Não, obrigada. E seus pais?
– Meu pai ta trabalhando e minha deve ta no shopping, eles saíram faz pouco tempo.
– Vamos começar o trabalho?
– Vamos sim, vamo lá pro me quarto, a gente fica mais a vontade e ninguém interrompe.

      Ela assentiu e subi na frente, abri a porta e dei passagem pra ela entrar.

      Kim colocou a bolsa em uma poltrona e ficou observando meu quarto, todo decorado em azul escuro e branco. Depois foi até a janela com portas de vidro e cortinas escuras, a vista é para o jardim e a entrada.
– Gostou? – perguntei sentando e ligando o notebook.
– Sim, é muito bonito.

      Depois desse pequeno dialogo nos concentramos no trabalho, tenho que admitir, ela é muito inteligente. A garota parecia uma enciclopédia do antigo Egito. Depois de uma hora inteira fazendo pesquisas e falando sobre esse assunto eu precisava de uma pausa. Senti meu celular vibrar no bolso, era uma mensagem da Kat.
– Kim eu vou pegar alguma coisa pra gente comer. – disfarcei.
– Tá bom. – ela disse com um sorriso.        

      Sai do quarto fechando a porta e liguei pra Kat.
– O que você quer? – perguntei descendo a escada quando ela atendeu a ligação.
– Até que enfim senhor Wilkie! E ai? Como tá com a nerd ai? – a voz dela era puro deboche.      
– Fazendo o trabalho. – respondi sem muito interesse. – Preciso de nota nessa matéria.
– Você tem uma missão a cumprir Leo, não se esqueça disso. JÁ VOU JERRY! – ouvi a voz do Jerry do outro lado da linha e dei risada, Kat deve ta em apuros com ele, ela bem que merece um pouco.
– Eu sei disso.
– Ok e mantenha-me informada. Beijinhos.

      Desliguei o celular e por um momento me perguntei se isso era certo mesmo. Mas se eu não fizesse Kat ia destruir minha reputação naquele colégio, o time, a Vick, eu não posso perder tudo isso, não agora nesse último ano, somos os astros daquela escola e não vou perder isso por nada.

      Fui pra cozinha e preparei um lanche rápido, ta na hora de colocar o plano em pratica.

      Abri a porta devagar e Kim estava sentada na minha cama com o notebook no colo, ela ouvia a música Sorry do Justin Bieber.
– Tudo bem? – perguntei entrando no quarto e colocando a bandeja ao lado dela.
– Ta sim, já to quase terminando.

      Sentei do outro lado e percebi ela ficar um pouco nervosa, ótimo.
– Você realmente ficou muito bonita com esse visual.
– Você acha? – ela perguntou olhando tímida pra mim.
– Sim.

      Percebi suas bochechas ficarem rosadas e me aproximei mais um pouco. 
– Deveria se arrumar assim mais vezes. – falei pegando em sua mão, mas ela puxou de volta levantando da cama.
– Obrigada.

      Levantei também indo atrás dela.
– Porque ta fugindo de mim? – cheguei perto dela que tinha ido até a varanda.  
– Eu não to fugindo de você. – ela respondeu tão baixo que quase não consegui escutar. Peguei em seu rosto delicadamente e a fiz olhar pra mim.
– Ta sim, e eu sei por quê.
– Sabe? – vi a surpresa estampar seu olhar e sorri.
– Eu sei que você é afim de mim Kim.
– Eu... – seus olhos se encheram de lágrimas e me aproximei mais colando nossos corpos.
– Eu não acho isso ruim. – coloquei uma mão em sua cintura e a outra em sua nuca puxando-a pra mim. – Muito pelo contrario.
– Leo eu...

      Aproveitei sua reação de susto e beijei seus lábios rosados ouvindo-a gemer baixinho. Sua boca era macia e doce e sem perceber acabei aprofundando o beijo apertando-a mais contra mim.

      Pov Ethan

      Nem preciso dizer o quanto estou feliz da Samantha vir aqui! To gritando por dentro. Ainda bem que depois daquele café da manhã meio agitado meu pai saiu, disse que ia ver como andava a obra do novo escritório dele aqui em Miami. Eu até tinha gostado dessa ideia de ter meu pai por perto, já o Jay tinha odiado, bom eu tenho meus motivos, ele tem os dele.

      Passamos boa parte da manhã jogando vídeo game, depois fomos almoçar e logo depois fui tomar banho, eu queria ficar bonito e cheiroso pra receber a Sam. Debby tinha me mandado uma mensagem avisando que ia fazer o trabalho com o imbecil do Max, to nem ai. Tava terminando de me arrumar quando o idiota do meu irmão entrou no meu quarto.
– Caralho pra que tanto perfume? – ele perguntou tossindo.
– Saber bater não otário? – devolvi a pergunta.
– Vim pedir aquele seu jogo emprestado.
– Não vai sair não?
– Não. – ele respondeu se jogando na minha cama. – Emily ligou dizendo que ta fazendo o trabalho na casa do Kyle, a Vick pagou pra prima dela fazer o nosso, pelo menos me livrei dessa.
– É, mas se fosse a Lexy você fazia questão de ajudá-la. – falei na malicia e ele riu.
– Com certeza. – rimos muito. – E ai Zé Mané rola ou não o jogo?
– Deve tá ai na estante, procura seu folgado.

      Joguei o cabelo pra lá e pra cá e tava ótimo.
– Achei.
– Ótimo, agora vaza e fica trancado no seu quarto.
– Vai aproveitar hein mano. – meu irmão era muito idiota.
– Some imbecil, não aparece, faz de conta que você nem ta em casa. Ela já deve ta chegando.
– Ok, eu fui.

      Podíamos brigar muito e se ofender mais ainda, mas eu e Jay nos entendemos muito bem, somos irmãos e ajudamos um ao outro, Nathan e Leo também fazem parte do grupo, quer dizer o Leo tá meio estranho depois que aceitou ajudar Kat a humilhar a nerd pra escola inteira, não vejo nenhuma vantagem nisso, mas cada um sabe de si.
– Agora vou descer e esperar a minha gatinha chegar.     

      Liguei a TV e fiquei passando de canal em canal, a ansiedade já tava me consumindo, nunca fiquei assim por causa de nenhuma garota, eu hein, to me estranhando!

– A menina não chegou ainda? – Grace perguntou vinda da cozinha.
– Não, mas ela não deve demorar.
– Tudo bem, eu vou ao mercado, eu deixei um lanche pronto pra vocês, avisa ao seu irmão.
– Ok.

      Melhor ainda. A casa ia ficar só pra gente. Pensei maldoso esfregando as mãos, agora só falta ela chegar. Depois de longos quinze minutos, e eu achando que ela não vinha mais, o interfone tocou, era o segurança avisando. Liberei a entrada da Sam e fui esperá-la com a porta aberta. Logo a vi caminhando pelo jardim, simples e linda como sempre. Ela usava um vestido roxo curto e sapatilhas da mesma cor, ela estava mais que linda, estava maravilhosa. Os cabelos soltos, mas com uma trança na cabeça como se fosse uma tiara. Contive minha empolgação e minha admiração enquanto ela chegava mais perto.
– Olá Ethan. – disse educada, mas sem sorrir quando parou a minha frente na varanda.
– Oi Sam, bem vinda, entra, fica a vontade. – fiz menção para que ela entrasse.
– Obrigada, sua casa é linda.
– Valeu. Vamos fazer o trabalho lá no meu quarto.

      Olhei pra ela que arqueou a sobrancelha.
– Relaxa gata, meu pai ta usando o escritório e aquilo lá ta uma bagunça, no meu quarto a gente vai poder estudar a vontade, só isso.

      Subi a escada e olhei pra trás de relance vendo que ela subia atrás de mim. Estava quieta, mas dava pra ver que tava contrariada. Abri a porta do meu quarto e a convidei para entrar, Jay com certeza há essa hora estava com o ouvido colado à porta tentando escutar alguma coisa, o quarto dele era em frente ao meu, aproveitei que Samantha entrou no meu quarto e dei um murro na porta do quarto dele, ouvi risos abafados. Idiota!

      Sam olhou pra mim com cara de interrogação. Ops! Ela tinha escutado.
– Devem ter sido os empregados lá embaixo. – inventei a primeira coisa que veio a mente.
– Empregados?
– Sim. – era obvio que ela não tinha acreditado, mas paciência. Entrei e fechei a porta do quarto. – Pode ficar a vontade pra usar o computador, o notebook.
– Ta. Você pesquisou alguma coisa sobre o tema, ou pelo menos escreveu alguma coisa sobre isso?
– Não. – respondi sorrindo e coçando o cabelo.
– Porque eu ainda pergunto.

      Fiquei olhando enquanto ela tirava um caderno e um pen drive da bolsa.
– Posso? – perguntou se referindo se podia conectar o pen drive ao PC.
– Claro.

      Fiquei só olhando enquanto ela trabalhava concentrada no PC. Liguei o som e tocou uma música do Bruno Mars, Just The Way You Are. Olhei pra ela que cantarolava a música e sorri achando linda a boca dela se movendo. Deitei na minha cama e fiquei apenas olhando-a e achando-a linda, sem que ela percebesse tirei uma foto sua com meu celular.

      Pov Sam

      Ethan ta quieto, quieto demais até. Meu celular vibrou avisando a chegada de uma mensagem. Era Lola.

      E ai como o idiota ta se comportando?

      Olhei pra trás rapidamente e ele estava olhando pra mim, virei de novo e sorri. Digitei uma resposta.

      Bem, um perfeito cavalheiro até agora. Você não tem um trabalho pra fazer sua louca? Cadê o Tyler?          

      Deixei o celular no meu colo e voltei atenção para o trabalho, já estava quase terminando. Mais uma mensagem da Lola.

      Tem razão. (emoticon carinha safada)

      Lola não tem jeito. Digitei mais umas duas páginas e já tinha terminado.
– Terminei. – falei estalando os dedos.
– Já?

      Segurei-me pra não rir com a cara que o Ethan fez, eu precisava parecer dura pra ele, séria, só assim o erro que eu cometi com o Leo não ia se repetir.
– Sim, eu já tinha quase tudo pronto.
– Quer um lanche, alguma coisa?
– Não precisa. – respondi arrumando minhas coisas na bolsa.
– Não vai imprimir o trabalho?
– No colégio eu faço isso, vou dar mais uns retoques depois.
– Não quer fazer agora? – era impressão minha ou ele tava soando meio desesperado.
– Não, eu preciso mesmo ir. A Soraya pediu pra gente não chegar tarde.
– Eu te dou uma carona.
– Não precisa Ethan, muito obrigada. O motorista da Soraya vem me buscar.

      Terminei de colocar minhas coisas na bolsa e já ia ligar pro motorista, mas ele segurou em meu braço e olhei pra ele. Meu coração disparou com aquele olhar, com aqueles olhos que me fitavam intensamente. O toque em meu braço era uma caricia bem recebida.
– Fica mais um pouco.

      A mão dele foi subindo devagar indo para o meu ombro, fazendo pequenas caricias e chegando ao meu pescoço entrando entre meus cabelos e indo para a minha nuca. Eu sabia que estava errada, mas a atração por ele falou mais alto e me deixei experimentar aquela sensação por alguns segundos, não ofereci resistência quando a outra mão puxou minha cintura e me levou para mais perto dele.

      Fechei os olhos e senti seu hálito de menta. Eu sabia que estava errado, mas pelo menos uma vez eu queria sentir o beijo dele, pelo menos uma vez.
– Ethan eu... – a porta foi aberta e empurrei Ethan pra longe de mim.
– Sabe bater não?!
– Eu... Desculpe-me... Não imaginei... – a mulher tinha ficado sem graça. Pelo tom de voz que ele usou deve ser uma empregada, é bem típico dele, tratar seus empregados assim.   
– Tudo bem Grace.
– Eu tenho que ir embora. – peguei minha bolsa em cima da cama.
– Sam espera mais um pouco, por favor!
– Eu preciso ir Ethan.

      Sai do quarto e ouvi uma discussão entre ele e a empregada, eu só queria sair logo daquela casa, àquela mulher podia muito bem ser minha mãe.  
– Samantha espera!

      Desci a escada as pressas e só parei quando cheguei à sala porque ele puxou meu braço.
– Me solta, eu preciso ir. – tentei puxar meu braço.
– Espera mais um pouco, vamos conversar.
– A gente não tem nada pra conversar Ethan, eu só vim fazer esse trabalho porque não tive escolha.
– Eu sei que começou tudo errado, mas...
– Não começou nada Ethan, não tem nada, não podemos ter nada. – ele passou a mão pelos cabelos impaciente. – Olha onde você mora. – fiz um gesto amplo com as mãos.
– Isso não significa nada.
– Eu fui parar naquela escola porque sou boa aluna e passei na prova, sou bolsista e preciso continuar lá.
– Eu não quero atrapalhar sua bolsa, pelo contrario, quero te ajudar.
– Você tem seus amigos, sua namorada, sua vida, nós somos completamente diferentes Ethan e isso nunca vai mudar. Por favor, não me procura mais e apaga meu número.

      Fui até a porta e coloquei a mão na maçaneta.
– Sam. – respirei fundo antes de olhar pra ele. – Não somos tão diferentes assim, e eu vou te provar isso.  

      Sai daquela mansão sem olhar pras trás, só quando o segurança abriu o enorme portão de ferro foi que me permiti jogar tudo pra fora. Sentei na calçada e chorei deixando as lagrimas caírem.
– Eu não posso gostar dele! Não posso!

      Tenho que tirar esse sentimento do meu peito custe o que custar.