História Recaídas - Capitulo Cinco

-QUE PORRA É ESSA?- Henrique estava gargalhando, ele e todas as pessoas que estavam nesse maldito churrasco

- Você tinha que ver sua cara, foi hilário, acho que vou fazer de novo só pra gravar

- Corre- agora ele me deixou puta

- Que?- ele disse ficando sério

- Eu disse, corre

- Que cara é essa Bia?- ele foi se afastando

- C O R R E – e já fui nadando atrás dele. Ele não perdeu tempo e já saiu da piscina

- Biazinha, foi uma brincadeira- ele falou fazendo sinal de calma com as mãos. Não esperei ele terminar de falar e corri atrás dele. Nessa brincadeirinha, bem idiota confesso, ele foi pra garagem. Eu já disse que sou desastrada? Pois é, não demorou pra eu escorregar e cair de bunda no chão.

-Ai meu Deus! Você ta bem?- ele estava fazendo um grande esforço pra não rir

- Ta legal, pode rir, eu deixo- ele começou a gargalhar. Deve ter sido bem engraçado, até chorando ele estava- Ta bom, já pode parar. É serio, ajuda aqui

-Desculpa- e começou a secar as lágrimas- Ta doendo muito?

- Acho que quebrei a bunda

- Mas não tem como quebrar a bunda Bianca

- Tem sim, a minha quebrou

- Vem ca, deixa eu ver- ele me ajudou a levantar

-Ei, não é pra você olhar a minha bunda

- Sinto lhe informar, mas estou olhando pra ela o dia inteiro

- Isso é um flerte?

-Talvez- e deu uma piscadinha- Vem cá, vamos passar um gelol

- Me carrega no colo. O mínimo que você pode fazer depois de quebrar minha bunda- ele deu uma risadinha

- Tá legal, vem -E não é que ele me carregou mesmo?- Não vai se acostumando

-AH vou sim

Ele me carregou até o seu quarto e me deitou de bruços na cama

- Já volto- ele saiu pra buscar o gelol e quando voltou  sentou do meu lado na cama

- Quem diria. Te detestava até umas horas atrás e agora estou massageando sua bunda

-Acho que esse é o inicio de uma linda tolerância mútua

- Ouche, doeu – passou a mão no peito fazendo drama

- Era você que me odiava

- Odiar é uma palavra forte, eu só não ia com a sua cara mesmo- ele parou a massagem, que estava excelente . A parte boa dele ter parado era que agora eu estava prestando atenção no que ele dizia, não nas suas mãos na minha bunda, e que mãos. Foco Bianca, foco

- E o que mudou?

- Percebi que você é legalzinha- deu de ombros

-Legalzinha? Amor, eu sou a definição de legal- joguei meus cabelos pro lado pra dar mais efeito

- Não precisava jogar esse cabelo na minha cara, mas é beleza. Vamos voltar?

- Ainda ta doendo, e sua cama é confortável. Prefiro ficar aqui

- Mas é folgada né. Chega pra la, ta ocupando muito espaço- ele nem esperou e já foi me empurrando. Ficamos conversando, ele contou sobre a vida dele, seus sonhos, suas metas, sua infância. Chorei de rir quando ele contou que cagou na porta da vizinha, até que Henrique era legal. Contei um pouco sobre mim e ele ficou encucado com o fato de eu nunca ter namorado

- Como assim Bia? Você é linda, inteligente, simpática. É o sonho de qualquer homem

- Hummm, Ricelly me elogiando

- Se for pra aumentar seu ego, retiro tudo que eu disse

- To brincando palhaço. Acho que o problema esta em mim, nunca consegui me relacionar com alguém. Já tive uns rolos que demoraram um tempo, mas nunca passou disso, um rolo.

- Um dia você vai encontrar a pessoa certa, você vai ver. Vai casar, ter uma dúzia de filhos, e ser essas velhas que furam a bola da criançada

- Credo Henrique- comecei a rir do que aquele idiota tinha falado, mas aos poucos fui ficando seria- Mas e se eu não quiser? Nunca sonhei em casar, ter filhos, envelhecer ao lado de alguém. Nunca faço planos que dependam de outra pessoa

- Você é completamente o oposto de mim

- E é por isso que não corro o risco de você dar em cima de mim

- Será? – ele colocou a mão no meu queixo e foi me puxando. É isso mesmo produção? Ele vai me beijar?- É tem razão. Nunca faria isso- e se afastou. Murmurei um autista mas acho que ele ouviu

- Para de murmurar – revirei os olhos- e de revirar os olhos

- Para de ser chato então- estava olhando o quarto dele. Sim, só fiz isso agora, acho que a autista sou eu. Tinha um porta retrato de uma menina com ele, a mesma da boate

- Ela mesma- me assustei e quando olhei pra ele , ele estava observando a foto

- O que?

-A menina da boate, Vanessa. Você falou

- Falei?

-Sim- e olhou desconfiado

- Sua ex?- ele só balançou a cabeça- Se é sua ex, porque você guarda foto dela?

- Terminamos hoje. Acho que foi a sétima vez em três meses

- Curuzes

- Mas dessa vez não tem mais volta

- Porque?- ele estava tão distante, perdido em lembraças

- Oxi, chega de falar sobre mim. Vamos falar de você

- Mas já falamos sobre mim

-Eu quero saber mais- ele só ficou me encarando

-Essa é a parte que você pergunta

- Ah, verdade... Bom, quantos anos você tem mesmo?

- 20, e você ?

- É a sua vez de responder, mas tudo bem. Tenho 28

- Ta velhinho hein- ele me deu um olhar mortal- Ta entendi, calei a boquis

- É da onde?

- Daqui do Rio mesmo

- Pensa em fazer faculdade?

- Já fiz, sou formada

- Sério? Em que?

- Artes Cênicas

- Mas você não e muito nova não ?

-Sou um ano adiantada. Terminei o ensino médio com 16, entrei na faculdade e me formei com 19

- Sabia que minha mãe é sua fã ?

- Sério ? Que linda

- Aham. Nunca entendi, quer dizer, você é uma boa atriz. Mas sempre falaram “mal” de você- ele fez aspas com as mãos

- O que você quer dizer com isso?

- Sempre te retrataram como uma pessoa fútil, mesquinha, egoísta

- Ta legal, acabou o papo- Me levantei e praticamente corri de la. Henrique me chamou mas estava tão puta que só pensei em ir embora. Me despedi do pessoal e falei que Caio estava me esperando, mentira pura. Só não queria ficar perto do Henrique, ele mexeu em uma ferida aberta.