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História Reciprocal - Vinte e um


Escrita por: Exospirit

Notas do Autor


Gente, que saudades eu estava de postar ^^
Não queria, porém... Deixei vocês esperando por tempo demais c= resolvi acabar com o sofrimento de vocês! E aí? Felizes pela surpresa? ^^
Capítulo importante. Estamos em um ponto crítico da história e estamos chegando à reta final...
Qual é a sensação de estar chegando ao fim? Aish, nem sei o que dizer porque odeio despedidas >n<
Mas não vamos pensar nisso agora porque ainda falta um tempo para chegarmos ao fim, e não vamos sofrer antecipadamente, não é?
Okay vou calar a boca e deixar vocês lerem porque sei que tá todo mundo aflito!
Enjoy!

Capítulo 22 - Vinte e um


ChanYeol cumpriu sua promessa.

Todos os dias, ele cumpriu.

O hospital passou a ser sua segunda casa, porque o seu bem mais precioso estava ali. E BaekHyun não precisava de mais nada, porque o seu bem mais precioso ia vê-lo todos os dias. Muitas vezes dormindo lá. Isso de certa forma lhe dava forças de uma forma inexplicável, mas por outro lado, o deixava mais triste do que já estava. ChanYeol fazia de tudo para fingir que não, mas BaekHyun podia perceber muito bem o quanto ele estava sofrendo. Ver o maior assim o deixava muito triste, porque não conseguia nem imaginar o estado de ChanYeol quando chegasse a sua hora de partir. Houve tantas vezes que tentou convencê-lo de ir para casa descansar de forma decente, chegando até mesmo a gritar com o maior e mandá-lo ir embora e nunca mais voltar. Mas sempre que BaekHyun fazia isso, ChanYeol apenas o abraçava forte e ficava ali, calado, até o menor cessar as lágrimas e adormecer em seus braços.

Duas semanas naquela rotina. Quase sempre todos os seus amigos iam visitá-lo para fazê-lo companhia e mostrá-lo que ele não estava sozinho. BaekHyun queria gritar, mandar todos eles irem para casa e deixá-lo sozinho. Não que não gostasse de ver seus amigos e sentir o quanto se preocupavam com ele, mas porque sabia o quanto eles estavam sofrendo, e que sofreriam muito mais se continuassem a vir.

Era seu lado egoísta e ao mesmo tempo altruísta se apoderando novamente.

Mas independente do quanto BaekHyun pedisse, seus amigos apenas o ignoravam ou o mandavam parar de falar tantas besteiras. Eles continuaram a ir. ChanYeol, JunMyeon, MinSeok, WuFan, JongDae, LuHan, JongIn e KyungSoo. Todos eles. Quase todos os dias. Nem que fosse por dez minutos, eles sempre faziam questão de ir. Faziam questão de fazê-lo rir de qualquer besteira. Ao mesmo tempo em que seu coração apertava de tristeza, ele também se iluminava. Principalmente por ChanYeol. Não importa o dia, ou a hora, ele sempre acordaria cercado pelos braços do maior.

Seu anjo protetor.

Ao mesmo tempo em que sentia suas forças esvaírem aos poucos a cada dia que passava, era como se ChanYeol as trazia de volta, fazendo-o suportar qualquer coisa ou qualquer destino a que estivesse fadado. Ajudando-o mesmo que também precisasse de ajuda. Confortando-o, mesmo que precisasse ser confortado também.

Independente do dia ou da hora, independente do momento em que despertasse, sabia que acordaria nos braços de seu anjo, que o olharia nos olhos com um sorriso e sussurraria:

“Eu te amo.”

Era isso que o dava forças para acordar todos os dias.

 

 

Quando os garotos iam visitar BaekHyun, ChanYeol aproveitava para dar uma volta e passear pelo pequeno jardim do hospital. Eram os poucos momentos que tinha para refletir um pouco e extravasar a tristeza que não poderia mostrar na frente de BaekHyun. Ele costumava sentar em um dos bancos de pedra que lá havia e chorava silenciosamente. Às vezes na companhia de JunMyeon.

Naquele dia estava sozinho. Aproveitara a chegada dos garotos para ir em casa tomar um banho e trocar de roupa. Coisa que só fazia uma vez ao dia porque BaekHyun ralhava com ele até que fosse. Quando voltou, os garotos ainda não haviam saído, então ele foi para o jardim, sentando-se em um dos bancos de pedra.

Estava mergulhado em seus pensamentos triste novamente, até que foi despertado de seus devaneios ao sentir alguém sentar-se do seu lado. Discretamente fechou a cara ao ver quem era.

– Como ele está? – perguntou a JongDae, tentando parecer casual.

– Está bem. – disse JongDae. – LuHan e MinSeok estão ocupados na tarefa de fazê-lo rir a todo instante. E você, como está?

– Estou bem, obrigado por perguntar. Mesmo que esteja cansado.

– Entendo. Todos nós estamos. – disse JongDae, e ChanYeol concordou com a cabeça, triste.

Ficaram em silêncio por um tempo. Alguns minutos.

– JongDae... Posso te fazer uma pergunta? – sussurrou ChanYeol um pouco desconcertado.

– Hm... Sim.

– Você ainda ama o BaekHyun? – perguntou ChanYeol. JongDae ficou em silêncio por alguns segundos, dando um longo suspiro e um pequeno sorriso.

– Defina amar...

– O que você quer dizer?

– BaekHyun foi a primeira pessoa por quem me apaixonei. Éramos jovens, inocentes, inexperientes. Mais do que ainda somos hoje. Desde que BaekHyun me deixou sem uma explicação concreta eu não conseguia esquecer aquilo. Esquecê-lo. Não importa onde estivesse, com quantas pessoas me relacionasse... Quantas vezes me apaixonasse de novo. Ele continuava lá, vagando pela minha mente e me deixando frustrado. Não sei se aquilo ainda podia ser considerado “amor”, mas que BaekHyun não deixava a minha mente, é um fato. – JongDae deu uma pausa para respirar e ChanYeol pôde perceber pelo seu rosto que ele estava pensativo, como se fizesse uma auto avaliação para responder a sua pergunta. – E então... Eu voltei. Voltei e o encontrei. Não esperava que isso acontecesse tão cedo. Ao menos achava que aconteceria. E bem... Me fiz essa mesma pergunta por um bom tempo. Bem... Depois de beijá-lo de novo... Finalmente pude ter minha resposta.

– E... Qual é? – perguntou ChanYeol receoso.

– Eu ainda o amo, sim.

– O-o que? – perguntou ChanYeol surpreso.

– Bem... Há várias formas de amar alguém, não? O amor que você sente pela sua família, por um ídolo, pelos seus amigos, ou por uma pessoa em especial... Antigamente, amava BaekHyun como alguém especial. Amava-o muito. Muito mesmo. Mas... Percebi que as coisas mudaram, ChanYeol. Não somos mais aqueles garotos do segundo ano. Beijá-lo me fez perceber que... Tudo mudou. Amo o BaekHyun, mas o amo apenas como um amigo. Um bom amigo. Um amigo que quero bem. – explicou JongDae com um pequeno sorriso. – ChanYeol... Acredite, você faz um bem muito grande para o BaekHyun. Se não fosse por você, ele não estaria suportando passar por tudo isso de novo. Sou muito grato a você, ChanYeol. Todos nós somos. Até o MinSeok, pois é. Não quero que me veja como um “rival” nem guarde ressentimentos por mim. Espero que possa, pelo menos com o tempo, ter uma boa relação com você.

Ouvir aquilo tudo deixou ChanYeol surpreso, e feliz. Não só feliz por saber que JongDae não seria um problema a mais na sua vida, e também por suas palavras. Sorriu para o outro, que retribuiu. ChanYeol queria agradecê-lo, dizer-lhe alguma coisa a altura das palavras que acabara de ouvir. Dizer que não guardava ressentimentos e que deviam ficar todos unidos naquele momento, por BaekHyun, mas o aparecimento de uma terceira pessoa no local o impediu de realizar esses dizeres.

– ChanYeol-ah? – ouviu seu nome ser chamado de forma tímida. Surpreendeu-se ao ver quem o chamava, arqueando as sobrancelhas.

Era SeHun.

– J-JunMyeon estava na recepção e me disse q-que você estava aqui... – disse o mais novo se aproximando receoso. JongDae se levantou.

– Vou deixá-los conversarem a sós. Até mais, ChanYeol. – disse JongDae, cumprimentando SeHun com a cabeça antes de sair, que o retribuiu timidamente da mesma forma. Assim que JongDae se foi, SeHun pigarreou envergonhado, encarando os pés. ChanYeol o olhava descrente, ao mesmo tempo que também não sabia como agir.

– Er... Hm... Bem... Er... E-eu... Er... Bem... – SeHun coçou a nuca, sem nem saber o que dizer. ChanYeol apenas esperava, sentado no banco, encarando. – M-me desculpe vir sem avisar, é que... Bem... M-minha mãe estava chorando em casa. Chorando muito, muito mesmo. Eu perguntei a ela o que havia acontecido e ela disse... Disse que o pai do BaekHyun havia ligado e explicado o porquê das faltas dele nas aulas de canto e... Ela me disse. E-eu fiquei surpreso no começo e depois me lembrei de você e... E-eu fui até a sua casa, e o seu pai me disse que você não saída do hospital e dizia que um amigo estava internado e que não poderia abandoná-lo porque ele era muito importante para você e... Me deu o endereço do hospital... E bem... E-estou aqui.

SeHun concluiu sua explicação sem levantar a cabeça um minuto. ChanYeol podia sentir seu nervosismo e vergonha de longe. Mas não era como se ele não estivesse da mesma forma.

– E... Por que você veio? – ele perguntou breve e calmo. SeHun pigarreou novamente, desconcertado.

– E-eu apenas... Eu... Me desculpe, ChanYeol. Me desculpe por tudo. Me desculpe por abandoná-lo e... E... E por ter te falado aquelas coisas, eu... Eu sou um babaca. Me perdoe, ChanYeol. Eu sinto sua falta. Sinto falta do meu... Do meu irmão. – SeHun finalmente levantou os olhos ao terminar de falar, e surpreendeu o maior ao começar a chorar. – Você o ama de verdade, não é?

ChanYeol respirou fundo, ajeitando-se no banco.

– BaekHyun me mudou, SeHun. Me mudou completamente. Antes de BaekHyun, eu era um babaca. Um babaca que não sabia amar. De nenhuma forma. Não entendia o amor, e ridicularizava esse sentimento. Até que o amor resolveu caçoar de mim. Apaixonado pelo garoto que mais odiava, pois é. O amor resolveu se vingar de mim, de tanto que o menosprezei. E hoje, SeHun, posso dizer que amo o BaekHyun ao ponto de ficar ao seu lado independente de qualquer coisa. Ficar ao seu lado, mesmo sem saber por quanto tempo ele ficará do meu. E eu estou disposto a enfrentar qualquer dor, apenas para amá-lo nem que seja para ele ser arrancado de mim sem mais nem menos. O amo, SeHun. O amo mesmo com minha inconstância. O amo mesmo que não seja digno de ser amado de volta. O amo e sempre vou amar. – disse ChanYeol. Ele não sentiu vergonha, como da primeira vez. Disse tudo o que se passava em seu coração. Não abaixou os olhos, nem temia a reação do outro. Apenas disse, encarando o mais novo nos olhos tranquilo. SeHun voltou a chorar.

– Me desculpe, ChanYeol. Me desculpe. Isso não é uma doença. BaekHyun não é uma aberração. A-acho que parte de mim falou tudo aquilo por puro ciúme. Me senti abandonado, traído. Senti que você estava distante e não me tratava mais da mesma forma. Senti que você estava diferente, que tudo estava diferente. E quando você me disse sobre o BaekHyun eu... Eu não pude aceitar ser trocado, e ainda mais dessa forma. Nossa amizade trocada pelo amor... Não estava certo. Entendo se quiser que eu vá embora agora e nunca mais te procure. Vou entender se nunca mais me quiser ao seu lado. Vou entender e não vou te julgar. Eu não mereço mais sua amizade.

– SeHun... – ChanYeol levantou-se e segurou o menor pelos ombros.

– Não vou mandar meu irmão embora. – disse ChanYeol, começando a chorar também. SeHun soluçou e abraçou o maior forte, afundando o rosto no peito alheio. ChanYeol retribuiu o abraço na mesma intensidade.

– Desculpe não estar do seu lado nesses dias. Desculpe, desculpe!

– Pare de se desculpar, SeHun. Você está aqui agora, não está? Meu irmãozinho está aqui. E eu estou muito feliz por isso. – disse ChanYeol com um pequeno sorriso no rosto. SeHun sorriu também, contra o peito do maior.

 

 

 

BaekHyun ouviu alguém bater na porta do seu quarto, e logo em seguida ChanYeol adentrou o quarto, sem fechá-la.

– Baekkie, você tem visitas! – ele disse animado.

– Eles voltaram? – perguntou BaekHyun, referindo-se aos seus amigos, que há pouco tempo haviam deixado o quarto.

– Não são eles, BaekHyun. São outras pessoas. – disse ChanYeol com um sorriso, dando passagem para que as pessoas pudessem adentrar o quarto. BaekHyun se surpreendeu ao ver SeHun entrar, seguido pela mãe. O garoto estava tímido, não olhava em seus olhos e sorria fraco. Já a Sra. Oh tinha os olhos marejados.

– Oh, BaekHyun! – ela começou, enxugando os olhos. – Me desculpe por não ter vindo antes, eu... Oh, BaekHyun!

A mãe de SeHun começou a chorar, escondendo o rosto com as mãos.

– Professora, não precisa chorar! – disse BaekHyun sorrindo, mesmo que sentisse uma grande vontade de chorar também, vendo que sua tão amada professora estava ali.

– Mãe... – sussurrou SeHun revirando os olhos. BaekHyun olhou em sua direção, fazendo olhar para baixo, enrubescido.

– Fico surpreso em te ver, SeHun. E feliz. – disse BaekHyun com um pequeno sorriso. SeHun coçou a nuca, envergonhado.

– E-eu gostaria de pedir desculpas por... Hm... Não ter vindo antes. – o garoto disse desconcertado.

– O que importa é que veio. ChanYeol precisava de você. – disse BaekHyun ainda com o pequeno sorriso. ChanYeol também sorriu para SeHun, dando tapinhas encorajadoras nas costas do menor.

– Bem, acho melhor deixar a Sra. Oh conversando um pouco com você. Ela parece que estava sentindo a sua falta. – disse ChanYeol direcionando para a porta. – O que acha de irmos a alguma lanchonete, SeHun?

O menor concordou com a cabeça, despedindo-se de BaekHyun e da mãe, que sentou-se na cadeira ao lado da cama e pegou na mão do garoto deitado, ainda chorando.

 

 

– Ela sossegou quando eu disse que a traria comigo. – disse SeHun com um sorriso divertido no rosto enquanto tomava um suco com ChanYeol em uma lanchonete próxima ao hospital.

– Acho bom que ela tenha vindo. Ele também está feliz em te ver. Pude notar isso. Acho que mais por minha causa do que por ele mesmo. – disse ChanYeol feliz. – Isso está fazendo bem ao BaekHyun. Ver que não está sozinho.

– Ele está... Muito mal? – perguntou cauteloso.

– Bem... Ele não está melhorando. A cada dia ele parece mais e mais doente. – ChanYeol deu uma pausa e suspirou. – Eu... Estou com medo.

– ChanYeol... Eu entendo que você realmente gosta dele mas... Você sabe o quanto vai sofrer, não sabe? – SeHun perguntou receoso, olhando cauteloso para o amigo.

– Sim, eu sei. – ChanYeol respondeu triste e cabisbaixo. SeHun suspirou.

– Você acha que realmente vai conseguir aguentar?

– Eu... Não sei, SeHun.

– Você realmente está disposto a passar por todo esse sofrimento, ChanYeol? N-não que esteja insinuando que...

– Está tudo bem, SeHun. Eu entendi. – disse ChanYeol com um sorriso triste. – Bem... Eu não sei se estou preparado para isso, nem se vou conseguir aguentar a dor que vai ser... Na verdade mal estou aguentando agora.

– Então por que está fazendo isso? T-talvez você devesse começar a tentar se desapegar dele agora e...

– Nunca! Eu nunca conseguiria me desapegar dele, SeHun.Vou ficar ao lado dele até o último momento, nem que seja para sofrer. Guarde minhas palavras. – ChanYeol alargou o sorriso, mostrando-se confiante ao mais novo. SeHun suspirou novamente, ainda duvidoso.

– Eu não quero te ver sofrendo, Hyung. – disse SeHun triste. ChanYeol respirou fundo, seu sorriso morrendo aos poucos.

– Eu sofrerei muito mais se olhar para o passado e ver que joguei fora a oportunidade de ficar com ele o quanto ainda podia. – disse ChanYeol sentindo seu coração apertar só de pensar na possibilidade de se afastar de BaekHyun. – Eu o fiz uma promessa e vou mantê-la até o final. Não irei abandoná-lo.

– Você realmente o ama, não é? – SeHun perguntou pensativo. – Digo, realmente, realmente o ama.

– Nunca tive tanta certeza de algo na minha vida. – ChanYeol voltou a sorrir. – Eu faria qualquer coisa por ele.

– Mas ChanYeol... Não é como se um tumor fosse incurável, não é? Por que ele não faz a cirurgia?

– É uma longa história... – começou ChanYeol, explicando para o amigo sobre tudo o que JunMyeon havia falado sobre a doença de BaekHyun.

SeHun ouviu tudo atentamente, parecendo chocado e até mesmo arrependido pelo que já fez com o menor.

– É tudo muito arriscado. Ele não quer passar por isso de novo. – o maior concluiu. – É uma cirurgia muito arriscada, não se confia em qualquer médico para fazê-la.

– Bem, então por que ele não procura um bom médico? – perguntou SeHun quando o amigo terminou.

– É muito caro, SeHun. Você sabe disso.

– Oh... – SeHun concordou com a cabeça, abaixando o olhar de forma pensativa, logo em seguida voltando a encarar o maior rapidamente – Por que você não paga para ele?!

ChanYeol o olhou surpreso.

– P-pagar para ele? – ChanYeol perguntou com o cenho franzido.

– Sim! Bem, dinheiro nunca foi problema para você, não é? Seu médico, não é o melhor de Seul? Você podia falar com seu pai e pagar!

– N-não, isso é uma ideia ridícula, SeHun. Nunca que BaekHyun aceitaria uma coisa dessas. Você não imagina como esse menino é orgulhoso e...

– Você disse que faria tudo por ele. – SeHun disse com uma sobrancelha erguida. ChanYeol abriu a boca para falar, mas se pegou sem palavras. Não era algo em que ele tinha pensado antes. ChanYeol apenas encarou o amigo um pensativo, refletindo sobre as suas palavras.

– Não, não! – ChanYeol riu baixo. – BaekHyun nunca aceitaria uma coisa dessas...

– Bem, é a vida dele que está em jogo. – insistiu SeHun. – É difícil ele aceitar, mas o que custa tentar?

ChanYeol continuou a encarar o amigo calado, surpreso por ele ter essa ideia, se julgando por não ter pensado nisso antes. Uma pequena pontada de esperança cresceu no seu peito. Se BaekHyun aceitasse e tudo desse certo, seria a solução para todos seus problemas. Se BaekHyun aceitasse, poderiam passar o resto de suas vidas juntos, assim como havia sonhado por todo esse tempo.

– Não... Não vai dar certo. BaekHyun não quer passar por isso de novo. E além do mais, não vou pedir favor nenhum ao meu pai. – ChanYeol balançou a cabeça.

– ChanYeol! Realmente vai desperdiçar a chance de viver a sua vida ao lado da pessoa que ama apenas por causa desse ódio? Bem, sinceramente eu acho que o seu pai já aprendeu a lição, não acha?

– Ele é um assassino, SeHun.

– Eu sei o que ele fez, ChanYeol. Mas... Acho que a vida já o fez pagar pelos seus atos... Pense no BaekHyun. Pense em vocês dois juntos, felizes, sem se preocuparem em quanto tempo poderão ter um ao outro. – SeHun deu um sorriso. – Sabe... Eu poderia até mesmo me tornar mais próximo do BaekHyun e um dia me acostumar com essa história toda de... Hm... Você amar ele...

ChanYeol também sorriu pensativo, imaginando como seria uma vida com BaekHyun ao seu lado. Sem todas essas complicações. Uma vida feliz, ao lado de seu Baekkie. Para sempre.

 

 

ChanYeol foi para casa naquele dia. Despediu-se de BaekHyun prometendo voltar o mais rápido possível. O menor não só disse que estava tudo bem como também tentou convencê-lo a dormir em casa. ChanYeol, óbvio, o mandou calar a boca e deixar de ser idiota.

Chegou em casa na hora que sabia que seu pai já tinha voltado do trabalho. Este se surpreendeu ao ver o filho em casa.

– ChanYeol! Então você lembrou que tem uma casa. Você veio dormir aqui? – ele perguntou quando o filho chegou.

– Não... Na verdade e-eu vim aqui conversar com o senhor. – disse ChanYeol um tanto nervoso e receoso. O Sr. Park se surpreendeu tanto pela forma incomum que fora tratado quanto pelo que ChanYeol falou. Este sentou-se no sofá em frente ao que o pai estava. O Sr. Park fechou o livro que estava lendo, prestando atenção no filho.

– E... O que aconteceu?

– É justamente sobre o BaekHyun.

– Seu amigo que está no hospital?

– Sim.

– Bem, ChanYeol... Eu estava mesmo querendo falar sobre isso com você. Acho que você está... Se preocupando demais com isso, filho. As aulas começam na próxima semana e... Sei que é seu amigo, e sei que não gosta quando me intrometo na sua vida, mas... Não acha que passar o dia todo lá e dormir lá não é um pouco de exagero?

– Bem... E-eu tenho algo a lhe dizer. – ChanYeol se ajeitou na cadeira, sentindo-se desconfortável.

– O que é então?

– BaekHyun... Ele não é apenas um amigo. E-ele é mais do que isso. – ChanYeol não olhava nos olhos do pai. Encarava as mãos, descansando em suas pernas. Independente de qualquer sentimento negativo que sentia em reação ao homem à sua frente, ele ainda era o seu pai. Seu julgamento, sua reação diante daquela confissão o assustava.

–C-como assim, filho? – o homem franziu o cenho.

– E-ele é mais do que um amigo para mim. E-eu... E-eu o... E-euo-o amo... – ChanYeol não conseguiu falar as ultimas palavras de forma audível. O garoto respirou fundo, tomando coragem e finamente encarando o pai nos olhos. – Eu o amo.

–V-você o ama? – o Sr. Park repetiu, confuso. – Um garoto?

ChanYeol apenas afirmou com a cabeça, voltando a desviar o olhar. Seu pai pigarreou, parecendo incrédulo.

– Vocês têm algum tipo de... Hm... Relacionamento?

– Sim. –ChanYeol sussurrou. Seu pai tossiu, engasgando-se.

– E-e há quanto tempo você... Você está com ele?

– Desde o mês passado. – ChanYeol sussurrou em resposta. Os dois ficaram em silêncio por longos segundos, que mais pareceram horas intermináveis para ChanYeol. Sua mão estava molhada de suor e sua garganta estava seca. Sentia o olhar de seu pai sobre si e tinha medo de ver sua feição naquele momento. Ele respirou fundo novamente, reunindo coragem para encarar o pai mais uma vez.

– Pai, você realmente me ama? – ele perguntou de repente. Seu pai, que o fitava incrédulo e completamente surpreso, arqueou as sobrancelhas para a pergunta inesperada.

– E-eu... Filho, bem... É claro que te amo, mas... Isso... É... Bem...

– Se você realmente me ama quanto insiste tanto em sempre me dizer, se realmente quer o meu perdão e se arrepende de todo o mal que causou, inclusive para mim, por favor, eu tenho algo a lhe pedir. – ChanYeol falou determinado, mesmo que ainda se sentisse envergonhado e com medo de ser julgado pelo pai.

– A-algo para me pedir? – o Sr. Park perguntou, a surpresa e a descrença em sua cabeça dando um espaço para a confusão.

– Pai... Eu preciso que você ligue para o Dr. Kwon. O mais rápido possível.

– O Dr. Kwon? – seu pai perguntou confuso.

– Pai, eu quero que pague o tratamento do BaekHyun. – ChanYeol disse, engolindo o orgulho. Seu pai arregalou os olhos, encarando o filho surpreso.

– P-pagar? O tratamento do seu... Seu...

– Meu namorado, pai. A pessoa mais importante para mim. A melhor coisa que já me aconteceu. A melhor coisa que já me pertenceu. O amor da minha vida. – disse ChanYeol encarando o pai nos olhos. O Sr. Park o olhava surpreso. ChanYeol se calou, olhando para o pai e esperando uma resposta.

– Meu filho... Todos esses anos, eu venho sofrendo por causa do que fiz. Todos esses anos, sufocado pela culpa e pela falta que sua mãe me faz, sufocado pelo medo de você descobrir da verdade e... E me odiar para sempre. Você é a única parte dela que me restou. Você, a única coisa boa que resultou de nosso casamento. A única coisa realmente valiosa que eu ainda tinha. Quando você era mais novo não gostava de ficar comigo. Preferia ficar com as empregadas... Você parecia ter medo de mim. Mesmo que fosse novo demais para entender como as coisas tinham acontecido, mas mesmo assim parecia que você olhava para mim e sabia... Sabia que a culpa era minha. E isso foi crescendo junto com você. Ao longo dos anos, você me tratava cada vez mais como o culpado de tudo o que aconteceu e... Eu não entendia. Como uma criança podia saber de tudo aquilo? Demorou um bom tempo para perceber. De uma forma ou de outra... Talvez pela própria intuição, ou talvez pelo modo que eu a tratava na sua frente... Ou talvez porque... Não sei... Só sei que você sabia que de alguma forma que eu era o culpado por isso tudo. – O Sr. Park enxugou os olhos. – Você cresceu, ChanYeol... E virou um adolescente complicado. Desobediente, rancoroso, difícil de lidar... E a culpa foi toda minha. Então você descobriu tudo. O maldito do seu tio apareceu e contou tudo o que eu sempre lutei tanto para esconder de você. E então eu vi que tinha te perdido para sempre. Pensei que nunca conseguiria o seu perdão, muito menos o seu amor, nunca mais. Sendo que... Eu venho percebendo, ChanYeol. Desde que as aulas acabaram, você mudou. Seus olhos, sempre tão tristes e sérios, tornaram-se brilhantes e vivos. Seu humor, seu jeito, sua espontaneidade... Até de forma menos fria você passou a me tratar. Me perguntava o que fazia tão bem para você. O que te dava aquela felicidade que eu nunca fui capaz de lhe dar... Foi esse garoto, não foi? Foi esse garoto que o mudou completamente?

ChanYeol confirmou com a cabeça, respirando fundo e continuando a encarar o homem de olhos marejados à sua frente.

– Oh, ChanYeol... E-eu não posso dizer que é uma notícia que me traz felicidade... Eu queria vê-lo formar uma família. Queria que me desse netos,  tivesse uma bela esposa com quem fosse feliz... Da forma que eu e sua mãe não pudemos ser. Por que não era para ser. – o Sr. Park enxugou os olhos novamente e ChanYeol desviou o olhar de maneira triste. Pensou que seu pai o trataria da mesma forma que SeHun quando o contara sobre a verdade. – Mas... Eu já te causei muito mal, meu filho.

ChanYeol levantou o olhar rapidamente, encarando o pai confuso.

– Eu não aguento mais vê-lo sofrendo, ChanYeol. Quero que seja feliz. Seja lá o tipo de família que deseja para si. Eu o amo, meu filho. Deus sabe o quanto amo. Você é o único bom resultado de minhas ações. Se é ele quem você ama, ChanYeol... Se ele é o motivo que te faz tão feliz, vou ajudá-lo a se curar. – ChanYeol sentiu uma chama acender em seu peito ao ouvir as palavras do pai. Seus olhos encheram-se de lágrimas e seu coração de felicidade e ansiedade. Pigarreou mantendo a compostura, ajeitando-se no sofá mais uma vez.

– E-eu não sei se poderia amá-lo algum dia. Não sei se posso esquecer do que fez, das suas atitudes... – ChanYeol começou, a voz embargada por causa do choro. – Mas... Um dia... A-acho que serei capaz de perdoá-lo.

O Sr. Park arqueou as sobrancelhas, surpreso pelo que ouvira, ainda descrente das palavras do filho.

– E-eu não o forço. ChanYeol. Sei que o que eu fiz não pode ser deletado de sua memória independente do que eu faça. Mas... Espero que um dia... Um dia, você realmente possa me perdoar. Eu respeitarei o seu tempo e esperarei o quanto tiver que esperar. Porque eu te amo, filho. – O Sr. Park escondeu o rosto com uma das mãos, limpando as lágrimas que escapavam de seus olhos. – Eu vou ligar para o Dr. Kwon assim que você quiser. BaekHyun será transferido para o outro hospital e eu cuidarei de todos os gastos que forem precisos.

– Eu ainda preciso falar com o BaekHyun sobre isso. Preciso convencê-lo.

– Tudo bem, espero apenas pela sua confirmação. – disse o Sr. Park determinado. ChanYeol levantou-se, enxugando os olhos e parando de frente ao seu pai, que também se levantara.

– Irei voltar ao hospital agora, prometi ao BaekHyun. – ChanYeol timidamente segurou a mão de seu pai com as suas, apertando-as de modo acanhado. – Obrigado, pai.

O Sr. Park puxou o filho carinhosamente para um abraço. Um abraço que há muito, muito tempo desejava. Fechou os olhos, feliz quando sentiu o menor timidamente retribuir o ato, apertando-lhe de forma fraca, mas demonstrando a mesma gratidão de sua última frase.

Talvez as coisas estivessem começando a dar certo agora, ele pensou.

 

 

 

 

ChanYeol voltou ao hospital, como havia dito. BaekHyun o esperara para poder dormir, e quando o maior entrou no quarto, ele sorriu ao ver que ChanYeol era mesmo um teimoso.

Ele sempre voltava, mesmo que sempre o dissesse para não voltar.

Mas BaekHyun notou algo diferente nos olhos e no jeito de seu namorado. Ele parecia ansioso, nervoso. Sentou-se na cadeira ao lado da cama e pegou na mão do menor, como sempre fazia.

– Precisamos conversar. – ele disse de forma ansiosa.

– O que houve? – BaekHyun perguntou confuso.

– BaekHyun... Você já imaginou como seria passar a vida toda ao meu lado? – a pergunta de ChanYeol pegou BaekHyun de surpresa. O garoto encarou o maior com as sobrancelhas arqueadas, pensando por um momento antes de responder.

– Bem... Eu não gosto de ficar pensando nessas coisas e ficar sofrendo por um futuro que não vai se realizar, mas... Sim, já imaginei isso. É inevitável. – ChanYeol deu um pequeno sorriso.

– BaekHyun... Eu entendo que isso tudo é muito arriscado e passar por tudo isso de novo é um inferno. Entendo que não queira correr os mesmos riscos, e sofrer tudo isso de novo e muito menos criar esperanças por algo que não tem certeza se vai acontecer. Mas... BaekHyun... Você quer mesmo desistir assim tão rápido?

– Por que estamos falando sobre isso?

– BaekHyun, por favor. – ChanYeol apertou mais a mão do outro com as suas. – E se eu pagasse? Pagasse qualquer tratamento e qualquer médico, o melhor de toda a Coreia? Eu faria isso por você e você sabe que eu faria.

BaekHyun  encarou ChanYeol com os olhos arregalados, surpreso.

– ChanYeol, que história é essa? Claro que não! Nunca aceitaria isso, você sabe que não! – BaekHyun balançava a cabeça rapidamente em sinal de negação. ChanYeol respirou fundo.

– BaekHyun, é a sua vida que está em jogo! Não é hora para esse seu orgulho desnecessário! Pense! Poder viver uma vida inteira sem se preocupar com mais nada. Sem se preocupar com o tempo.

– Não sei por que estamos falando disso, ChanYeol. Achei que você já estava ciente da minha decisão. – BaekHyun desviou o olhar, cruzando os braços em sinal de proteção e segurou as lágrimas.

– Mas você não tem nada a perder!

– Não tenho nada a perder? ChanYeol, você prestou atenção ao que o médico disse? – BaekHyun voltou a encarar o maior com os olhos marejados. – Não é só a morte que me assusta. E se eu não morrer? E se eu ficar com alguma sequela ou em estado vegetativo para o resto da vida? Eu não quero isso para mim, ChanYeol. Se isso acontecer? Você ainda me amaria se eu passar o resto da minha em uma cama, praticamente sem vida?

BaekHyun começou a soluçar, desviando o olhar rapidamente, soltando-se da mão de ChanYeol. Afastou-se bruscamente quando o maior tocou-lhe no ombro. Ficaram em silêncio por um tempo. O único som produzido eram os soluços abafados pelas paredes do quarto de hospital, cuja noite o trazia um aspecto triste e melancólico. ChanYeol puxou a mão do menor com as suas de novo, beijando-a com ternura.

– Eu nunca deixaria você. Eu te amo. Haja o que houver. – ChanYeol sussurrou contra a mão do seu pequeno garoto. Trouxe o rosto do menor, que olhava para baixo, e enxugou suas lágrimas carinhosamente, beijando-lhe a testa antes de se levantar.

– Vou dormir em casa hoje, okay? Acho que vai ser bom para você ficar um tempo sozinho, e refletir um pouco sobre as suas escolhas. – ChanYeol acariciou os cabelos do menor e caminhou até a porta, voltando a encará-lo antes de deixar o quarto. – Quero que pense em nós, BaekHyun. Nós dois, juntos. Para sempre. Felizes.

Dito isso, ChanYeol fechou a porta e foi embora.

Foi a primeira vez que BaekHyun dormiu sozinho no hospital.


Notas Finais


Vejam que a semente da dúvida foi plantada na cabecinha do Baekhyun...
Okay, não tenho muito o que dizer, apenas que estava morrendo de saudades de vocês sabiam? ^^
Sim eu sinto falta daqui, por isso sei que vou sofrer muito quando acabar... Mas o que eu tô fazendo eu disse que não ia sofrer antecipadamente AISH okay galera foi isso! Beijos e até o próximo capítulo!


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