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História Reciprocal - Vinte e dois


Escrita por: Exospirit

Notas do Autor


E aê galera c=
Pois é, capítulo 22... Muita coisa aconteceu nesse tempo.
Tenho uma notícia bem triste para dar a vocês. Esse capítulo é o antepenúltimo. =c
Eu realmente não sei como reagir a isso e meu coração aperta porque eu sou dessas que sofre por antecipação. Eu já estou concluindo o último capítulo sendo que parece que meu cérebro se nega a continuar a escrever e simplesmente buga e eu não consigo escrever mais nada.
Pois é, estou passando por um colapso mental muito grande e socorro ;A;
Mas enfim, deixando meu colapso mental para trás, vão ler porque acho que esse capítulo é o meu preferido, e tipo... Eu queria escrevê-lo desde que comecei a história. Estou esperando por esse momento faz muitos e muitos meses ^^
Enjoy!

Capítulo 23 - Vinte e dois


BaekHyun esperava que ChanYeol voltasse no dia seguinte.

Mas ele não voltou.

BaekHyun esperou o dia todo, olhando esperançoso para a porta toda vez que ela se abria, esperando que fosse ChanYeol.

Mas ele não voltou.

 

 

Eram sete horas da noite quando a porta do quarto se abriu pela enésima vez naquele dia. E mesmo que BaekHyun soubesse que não seria ChanYeol, de todo jeito olhou para a porta com as mínimas esperanças de que o seu namorado entrasse no quarto, com o mesmo sorriso cansado de sempre. Mas claro que não era ChanYeol.

Era JunMyeon.

– Boa noite, Bacon. – o mais velho disse com um sorriso amigável. BaekHyun sorriu um pouco decepcionado.

– Boa noite, Suhinho. – ele falou tentando esconder a tristeza na voz.

– Não fique chateado. – disse JunMyeon sentando-se na cadeira ao lado da cama de BaekHyun.

– Por que acha que estou chateado? Porque te chamei de um nome fofinho? – BaekHyun perguntou, rindo baixo.

– ChanYeol me contou sobre a conversa que vocês tiveram. – disse JunMyeon, fazendo o sorriso de BaekHyun morrer instantaneamente. – Ele pediu para eu vir dormir aqui com você no lugar dele por hoje.

– Ele não entende. – disse o mais novo desviando o olhar.

– Sinceramente, acho que ele está certo, BaekHyun. – disse, fazendo o outro voltar a encará-lo.

– Já conversamos sobre isso. – BaekHyun disse com a voz triste.

 – Sim, já conversamos e eu, o MinSeok e o WuFan já deixamos bem claro o que pensamos sobre isso.

– E eu já deixei bem claro que já fiz minha decisão. Você disse que não iria mais insistir nesse assunto. – BaekHyun encarava JunMyeon com impaciência e determinação. O mais velho não se deixou intimidar.

– Porque antes eu sabia que não tinha nada que o fizesse mudar de ideia. Mas agora tem. – JunMyeon cruzou os braços.

– E o que é, então? – BaekHyun perguntou irritado.

– ChanYeol. – respondeu breve. BaekHyun não disse nada. O mais novo abaixou o olhar, triste.

– Não quero enchê-lo de esperanças, JunMyeon. – BaekHyun falou receoso, com medo de que as lágrimas voltassem.

– Mas ele sabe dos riscos que você corre.

– Mas vai se encher de esperanças de todo jeito! – BaekHyun voltou a encarar o mais velho com os olhos já molhados. – Querendo ou não, ele vai ter esperanças de que exista alguma possibilidade de tudo dar certo, e vai se abraçar à essa pequena possibilidade e vai sofrer depois.

– Mas o que garante que não vai dar certo? – perguntou JunMyeon encarando o mais novo de volta com ternura nos olhos. – Deu certo da primeira vez, não deu? Você foi corajoso e no fim das contas, tudo deu certo.

– JunMyeon... – BaekHyun esfregou o rosto. – Eu não vou conseguir de novo. Você sabe que não.

– Oque garante que não?!

– Você sabe que não, JunMyeon! Pare de se iludir também, pelo amor de Deus! Eu tive sorte de ter conseguido da primeira vez e agora só está mais complicado! As chances de eu sair ileso da sala de cirurgia são... Uma em um milhão!

– Você consegue, BaekHyun!

– Não, eu não consigo! – encarou o mais velho desesperado, as lágrimas caindo mais uma vez. JunMyeon suspirou, ficando em silêncio por um tempo. BaekHyun encarava o próprio colo.

– Eu acho que... Acho que existe um porquê do ChanYeol ter entrado na sua vida justo agora, BaekHyun. – ele disse finalmente.

– O-o que você quer dizer? – perguntou BaekHyun confuso, com a voz trêmula.

– Sabe... Eu acho que deve existir uma razão para vocês terem se apaixonado. Quem sabe... Ele não entrou na sua vida justo agora para te salvar?

– Que loucura que você está falando, JunMyeon? – perguntou BaekHyun voltando a encarar o mais velho, enxugando as lágrimas.

– Talvez o destino soubesse que você iria desistir de lutar de novo. Talvez, o tenha colocado na sua vida para te dar forças para lutar. Te dar um motivo para tentar de novo. – disse JunMyeon encarando o menor com os olhos apreensivos. BaekHyun não respondeu, encarando o maior com os olhos marejados. Lágrimas novamente caindo.

– Eu tenho tanto medo, JunMyeon! Tanto de que tudo dê errado, e o ChanYeol sofra! – BaekHyun enxugou os olhos com as costas da mão. – Tenho tanto medo que ele se veja obrigado a ficar preso a mim se eu virar um boneco sem vida. Mas também, tenho medo que ele me abandone...

BaekHyun trouxe as pernas para perto de seu corpo, abraçando-as e escondendo o rosto entre elas, fazendo seus soluços saírem abafados. Ouviu JunMyeon suspirar e o sentiu acariciar o topo de sua cabeça.

– Realmente é um grande risco que você corre, eu sei. Serei realista. Mas... E se der certo? – os soluços do mais novo ficaram mais altos.

– Eu tenho tanto medo... – a voz de BaekHyun saiu abafada.

– Por favor, não deixe que o medo te impeça de ter a chance de ser feliz. – JunMyeon puxou o rosto do menor, beijando-o na testa e o abraçou. BaekHyun escondeu seu rosto na camisa de seu amigo, molhando-o com suas lágrimas. Mas este não se importou. – Pense bem sobre isso, okay? Nós só queremos o melhor para você.

Ficaram ali um bom tempo. BaekHyun dormiu abraçado à JunMyeon, da mesma forma que fazia com ChanYeol. Mas JunMyeon era completamente diferente. O abraço de JunMyeon era morno e acolhedor, como um abraço de um  pai. Bem diferente do abraço terno e amoroso de ChanYeol. Mas ambos eram bons. Ambos faziam BaekHyun sentir-se protegido e reconfortado. Ambos o passavam um calor gostoso e confortável.

Em pouco tempo BaekHyun adormeceu. JunMyeon se impressionara por ChanYeol quase sempre dormir ao lado de BaekHyun, pois não era nada confortável dormir sentado na poltrona, abraçado a ele. Via até naquele ato o quanto o maior o amava, e isso só concretizava mais suas razões para pensar que ChanYeol entrara na vida de BaekHyun para dá-lo forças para não desistir. Para lutar mais uma vez.

Aquela conversa acendera uma pequena chama de esperança no coração do garoto. Esperança de que ChanYeol realmente fosse capaz de convencer BaekHyun a fazer a cirurgia e correr o risco mais uma vez. Convencer de que o amigo não podia desistir de sua vida daquela forma, algo que nem ele mesmo nem ninguém conseguia, por mais que tentassem.

Mas do que nunca, confiava em ChanYeol.

 

 

 

 

 

Ele voltou no dia seguinte.

BaekHyun já imaginava isso, mas de qualquer forma não pôde evitar de ficar com um pouco de receio. Quando viu o maior entrar no quarto, no dia seguinte, seu coração iluminou ao mesmo tempo em que acelerou, de nervosismo. ChanYeol lhe deu um pequeno sorriso, sentando-se na poltrona ao seu lado e o beijando na testa.

– Olá, meu amor. Como você está? – ele perguntou carinhoso. BaekHyun retribuiu o sorriso de forma acanhada, coçando a nuca.

– Estou... Bem. – ele respondeu receoso. ChanYeol arqueou uma sobrancelha.

– “Bem.” – ele repetiu descrente.

– E-eu pensei sobre o que você me disse. – BaekHyun disse em um sussurro quase inaudível. ChanYeol levou um tempo para absorver o que o menor dissera.

– Pensou? –se ajeitou na cadeira, coçando a nuca. – E então?

BaekHyun respirou fundo antes de encarar o maior nos olhos.

– Eu pensei não só sobre o que você me disse. Eu pensei sobre tudo. Sobre... A minha vida. – BaekHyun respirou fundo mais uma vez, como se tomasse coragem antes de falar. – Eu pensei e percebi que antes a minha vida era vazia, entende? Nunca aconteceram coisas incríveis ou interessantes... Eu sempre fui uma pessoa completamente normal. Quando descobri do tumor eu... E-eu vi a minha vida desabar diante dos meus olhos. Logo quando tudo estava começando a dar certo. Logo quando minha vida estava se tornando interessante. Quis desistir de tudo. Me afastei do JongDae, e de qualquer outro vínculo que não fosse o JunMyeon, o MinSeok e o WuFan. Mas depois de um tempo, eles me convenceram a fazer a cirurgia. Disseram para eu ser corajoso. Eu não via um grande motivo que me fizesse querer fazer a cirurgia. Nenhum motivo que me fizesse realmente querer lutar. Mas eu fiz. E achei que realmente estava livre. Nossa, como eu estava enganado!

BaekHyun riu triste, segurando as lágrimas para que elas não caíssem. ChanYeol o escutava calado, cabisbaixo

– E novamente eu não vi um motivo que me fizesse querer lutar. Não de novo. Não via motivos que me dessem forças para passar por aquilo tudo, todos os riscos, mais uma vez. Eu tomei uma decisão que nem JunMyeon, WuFan e MinSeok seriam capazes de mudar. Ninguém era capaz de mudar. Até eu me apaixonar por você. – ChanYeol levantou o olhar rapidamente, encarando o menor. – Nossa, você não sabe o quanto eu lutei contra esse sentimento. Primeiramente eu não conseguia aceitar o fato de passar a amar a pessoa que eu mais odiava na vida. Não queria acreditar e muito menos aceitar esse sentimento. Mas porque eu tinha medo de tudo, ChanYeol. Eu tinha medo que poderia acontecer por causa disso. Eu tinha medo de me apegar, porque sabia que no final nunca ficaríamos juntos. Só que você não permitiu que eu fugisse. Você simplesmente não permitiu que eu continuasse a ser um idiota, e eu te odiei tanto por isso, ao mesmo tempo em que passava a te amar cada vez mais.

ChanYeol deixou uma lágrima escapar de seus olhos e pingar em seu colo. Ao ver, BaekHyun também não pôde segurar as suas e desviou o olhar, enxugando o rosto rapidamente.

– Só que... Agora eu só posso te agradecer, ChanYeol, por nunca ter desistido de mim. – BaekHyun segurou a mão do maior, voltando a encará-lo nos olhos. – Antes de você, ChanYeol, eu não tinha um motivo para lutar. Eu não tinha um motivo pelo qual valesse a pena quebrar todas as minhas regras, pelo qual correr tantos riscos. Antes de você, minha vida era tão vazia, antes de você eu simplesmente não sabia qual era o verdadeiro sentido de viver. Na verdade antes eu nem ao menos fazia questão de estar vivo. Quando tudo aconteceu, a única coisa que eu queria era morrer. Morrer de uma vez, para ver se todo esse sofrimento passasse. Mas agora, depois de você, eu não quero morrer, ChanYeol. Eu quero ficar vivo, eu quero ficar vivo para ficar com você. Agora eu vejo que vale a pena passar por todo esse sofrimento de novo e correr todos os riscos de novo, porque qualquer coisa vale a pena se é para ficar com você.

BaekHyun parou de falar por um instante, respirando fundo e apertou mais a mão do maior na sua antes de continuar.

– Eu decidi que vou fazer a cirurgia. – disse BaekHyun decidido. ChanYeol encarou o menor boquiaberto, sem crer cem por cento no que acabara de ouvir.

– V-você vai? – ChanYeol pergunto incrédulo. BaekHyun afirmou com a cabeça, sorrindo para o maior enquanto suas lágrimas molhavam seu rosto.

– Sim, ChanYeol. Eu irei. – disse o menor com a visão embaçada. ChanYeol sentiu o aperto em seu coração, o aperto que sentia todos os dias desde que BaekHyun fora internado, finalmente deixá-lo. Sentiu a dor em seu coração finalmente aliviar-se, e a única coisa que sentia era... Alívio.

Finalmente o pesadelo iria acabar.

ChanYeol surpreendeu BaekHyun ao puxá-lo bruscamente para um abraço apertado, afundando o rosto na curva de seu pescoço, soluçando e molhando seu pijama. BaekHyun apertou o maior contra si, beijando-o no ombro enquanto também o molhava.

– Vai dar tudo certo, BaekHyun. Eu tenho tanta fé que vai. – disse ChanYeol contra seu ouvido, abraçando-o mais forte.

– Eu espero que sim, ChanYeol. – sussurrou BaekHyun com a voz trêmula.

– Eu sei que vai, BaekHyun. Eu sei. Vai dar tudo certo e nós vamos ficar juntos.

– ChanYeol... Se eu morrer...

– Não diga isso, BaekHyun.

Se eu morrer, por favor, prometa que nunca vai se esquecer de mim. Por favor. – BaekHyun pediu, alisando o braço do maior carinhosamente.

– Eu nunca poderia me esquecer de você, pare de falar besteiras. E você não vai morrer, BaekHyun.

– Morrer não é o único risco que eu corro, ChanYeol. – disse BaekHyun triste, fazendo ChanYeol abraçá-lo mais forte ainda.

– Shhh. Eu vou ficar com você até o final. Não importa o que aconteça. Eu te amo, BaekHyun. Nada nesse mundo vai nos separar. – ChanYeol levou o rosto até o do menor, roçando seus lábios em um pequeno carinho. – Nada.

BaekHyun acariciou o rosto do maior com o polegar, suas respirações se chocando. O menor selou seus lábios de forma demorada. ChanYeol levou as mãos até o cabelo do outro, acariciando com ternura o seu pequeno garoto. BaekHyun separou-se e fechou os olhos, deixando mais algumas lágrimas caírem. ChanYeol as limpou com os lábios, beijando o rosto do menor onde as lágrimas passavam.

– Não tenha medo, por favor. Mandarei meu pai ligar para o nosso médico hoje, e o mais rápido possível você será transferido para o outro hospital o mais rápido possível.

– Você não precisa pagar, ChanYeol.

– Eu vou pagar. Por favor, não discuta comigo. Eu vou pagar o melhor médico de Seul para você. – ChanYeol interrompeu o menor, que apenas suspirou e descansou a cabeça em seu ombro, ajeitando-se ali.

– Você me dá forças, sabia? Me dá forças e coragem para passar por isso. – BaekHyun confessou em tom de segredo, fazendo ChanYeol abrir um grande sorriso.

– E pensar em nós dois juntos para sempre me dá forças para ficar do seu lado. – disse ChanYeol com um sorriso largo. O sorriso que iluminava BaekHyun e sempre o fazia sentir um frio bobo na barriga.

BaekHyun acariciou a bochecha de ChanYeol com a ponta do nariz, beijando-o no rosto logo em seguida.

– Sabe, eu realmente acho que tudo vai dar certo. – confessou ChanYeol. – Eu realmente sinto, BaekHyun. Eu sinto que tudo vai dar certo. Por isso eu não tenho medo.

– Eu gostaria de ter seu otimismo. – disse BaekHyun triste.

– Não é otimismo! Eu realmente sinto que tudo vai dar certo. Eu sinto que vamos ficar juntos, para sempre. Sinto que nossa história está apenas começando, BaekHyun. Nossa vida juntos ainda está começando. Não é apenas otimismo. É como... Se eu soubesse disso. – ChanYeol sorriu para BaekHyun, que levantou a cabeça e o encarou com um pequeno sorriso triste no rosto.

– Então, eu gostaria de sentir isso também. – ele disse alisando o rosto do maior, que apenas riu e segurou seus dedos, levando-os até os lábios e dando um pequeno beijo.

– Eu te prometo, meu amor. Eu te prometo que tudo vai acabar bem.

– Você não deveria prometer uma coisa em que não pode interferir.

– Eu te prometo que você não vai se arrepender de acreditar nas minhas palavras. – ChanYeol sussurrou no ouvido do menor, em seguida fazendo-o deitar a cabeça no seu ombro de novo. BaekHyun não chorava mais, nem ChanYeol. Ambos tinham um pequeno sorriso nos lábios, enquanto brincavam com seus dedos entrelaçados e ouviam a respiração calma um do outro.

BaekHyun queria muito acreditar nas palavras de ChanYeol.

 

 

 

 

Como disse, ChanYeol falou com seu pai naquele mesmo dia. Três dias depois e BaekHyun já havia sido transferido para o outro hospital. O Dr. Kwon – o médico da família Park – chegaria no dia seguinte de uma viagem. BaekHyun tinha um quarto bem mais espaçosoe bem mais aconchegante agora. Todos os seus amigos podiam entrar de uma só vez e podiam todos sentarem-se no grande sofá que tinha no quarto de luxo.

Seus amigos foram visitá-lo pela primeira vez antes da cirurgia, logo depois que o Dr. Kwon encontrou-se com BaekHyun e marcou a cirurgia para o dia seguinte. O clima na sala não era triste, mas também não era de festas. BaekHyun sentia que era praticamente uma despedida daqueles garotos que o faziam tão feliz. Para sua felicidade, mesmo que todos tivessem os olhos marejados, todos sorriam e nenhum deles, nem mesmo MinSeok, começou a chorar. Eles conversaram e se divertiram por várias horas. BaekHyun achava que algum acordo foi feito entre eles, de que aquelas horas eram especiais e ninguém podia ficar triste. Precisavam aproveitar a companhia de BaekHyun literalmente como se fosse a última vez. Na hora de se despedirem, o coração de BaekHyun apertou tão forte que ele pensou que podia sangrar. JunMyeon beijou-lhe na testa, antes de sair por último.

  – A gente se vê depois, filho. – o mais velho sussurrou com um pequeno sorriso e de olhos marejados. As palavras de JunMyeon atingiram BaekHyun de forma intensa e seus olhos também se encheram de lágrimas.

Será que se veriam de novo?

 

 

 

ChanYeol dormiria com BaekHyun novamente naquela noite, como sempre fazia. Mas naquele momento, BaekHyun sentia como se fosse a última vez que dormiria ao lado do seu namorado.

Não podia evitar o sentimento de que tudo naquele dia fosse uma despedida.

ChanYeol entrou no novo quarto do menor, encontrando-o coberto até a cabeça pelo lençol da cama.

– Baekkie? – chamou, estranhando a atitude do menor. BaekHyun não respondeu, encolhendo-se mais na cama. – Baekkie, o que houve? Saia daí.

– Não. – BaekHyun respondeu rapidamente, com a voz um tanto desesperada. ChanYeol franziu o cenho.

– BaekHyun, o que aconteceu? – ChanYeol sentou-se na beirada da cama, tocando no menor que se encolheu rapidamente pela segunda vez.

– Saia daqui, ChanYeol.

– Mas por que? O que aconteceu? Saia daí debaixo! – ChanYeol tentou puxar o lençol, mas BaekHyun o impediu.

Saia daqui, ChanYeol! Você não pode me ver! – disse desesperado, encolhido embaixo do lençol, parecendo uma criança.

– Vamos, BaekHyun. Saia daí! O que aconteceu? – ChanYeol puxou o lençol com força, finalmente descobrindo BaekHyun. O menor encolheu-se mais ainda, tentando cobrir a cabeça. Então ChanYeol percebeu.

BaekHyun estava careca.

– S-seu cabelo! – ChanYeol exclamou incrédulo, começando a rir logo em seguida. – Cadê seu cabelo?!

– Pare de rir de mim! – BaekHyun exclamou com raiva, sem olhar para o maior, fazendo ChanYeol rir mais ainda.

– Deixa eu olhar para você! – ChanYeol puxou o menor pelo braço, forçando a sentar-se. BaekHyun tinha o rosto vermelho de vergonha e olhava para baixo, com os braços cruzados. ChanYeol jogou a cabeça para trás em uma gargalhada.

– VOCÊ TÁ PARECENDO O DUNGA! – ChanYeol ria alto, fazendo BaekHyun soltar fumaça pelas orelhas de raiva.

– NÃO TEM GRAÇA! – gritou, socando ChanYeol no braço e voltando a se cobrir com o lençol. ChanYeol puxou o menor de volta, beijando-o no rosto ainda rindo.

– Você tá engraçado! – ChanYeol apertou as bochechas de BaekHyun, que cruzou os braços novamente e bufou. – Tão adorável.

ChanYeol sorria largamente, voltando a rir novamente em alguns segundos.

– Pare de rir de mim! –reclamou com um bico. ChanYeol riu novamente e roubou-lhe um pequeno beijo. BaekHyun o empurrou com raiva, voltando a cruzar os braços.

– Mas você está tão adorável! Você devia ver sua cara! – ChanYeol ria alto, fazendo o menor ficar cada vez mais irritado.

– Estou ofendido. – BaekHyun virou-se na cama, sentando-se de costas para ChanYeol ainda de braços cruzados. ChanYeol gargalhou novamente e sentou-se na cama por inteiro, abraçando BaekHyun por trás.

– Você devia adotar esse estilo. – ChanYeol disse em um tom divertido, sentindo o menor tentar empurrá-lo.

– Vá para o inferno, ChanYeol! – exclamou. ChanYeol puxou o menor, obrigando a deitar-se consigo na cama, que era suficientemente grande para os dois dormirem juntos, rindo.

– Você continua lindo, sabia? –sussurrou no seu ouvido, beijando-o no pescoço logo em seguida.

– Não quero mais falar contigo. Você me ofendeu. – BaekHyun respondeu teimoso. ChanYeol continuou a beijá-lo no pescoço, até que BaekHyun se rendesse e voltasse a ficar de frente para si, beijando-o nos lábios.

– Você não devia ter vergonha de mim. – sussurrou ChanYeol.

– E-eu não queria que essa fosse a última lembrança que tivesse de mim. – BaekHyun sussurrou em resposta, desviando o olhar do maior. O sorriso de ChanYeol morreu e o maior se levantou, andando até o interruptor, apagando as luzes antes de voltar a se deitar. Ele abraçou o menor, ainda sério.

– Essa não será a última lembrança que terei de você. – ele murmurou contra o rosto do menor. – A última lembrança que terei de você é a de um velhinho magrinho, rabugento e de cabelos brancos. Ou talvez careca.

O maior deu um pequeno sorriso, fazendo BaekHyun rir baixinho. O menor aproximou mais o corpo do mais velho.

– Não quero te ver se enchendo de esperanças e sofrendo depois. Me machuca. – sussurrou BaekHyun em um tom triste.

– Eu não vou sofrer, porque eu sei que tudo vai dar certo. A única maneira da gente se afastar seria se você se cansasse de mim algum dia e me desse um pé na bunda. – ChanYeol riu baixo, e BaekHyun o imitou.

Os dois se calaram, ajeitando-se para ficarem mais próximos enquanto tentavam dormir. Vários minutos se passaram, e BaekHyun sentia o seu coração apertando de medo e nervosismo. O dia seguinte seria o dia decisivo. Poderia dizer adeus a todos os seus problemas.

Ou poderia ser o dia em que tudo estaria acabado.

– Eu não consigo dormir. – Ele sussurrou ao perceber que ChanYeol também estava acordado.

– Eu também não. – o maior sussurrou em resposta.

– Estou com medo, ChanYeol. – BaekHyun sussurrou em um tom choroso.

– Eu admito que também estou. – admitiu com um pequeno sorriso.

– Me ajude a dormir. – BaekHyun pediu sonolento.

– Como farei isso?

– Eu não sei. Me ajude. – BaekHyun abraçou mais ChanYeol contra si.

– Hm... Quando eu era pequeno, minha mãe costumava cantar para eu dormir. Acho que todas as mães fazem isso. – ChanYeol sorriu ao se lembrar da mãe. BaekHyun arqueou uma sobrancelha.

– Vai cantar para mim?

– Se você quiser... Mas eu não canto bem. – confessou ChanYeol tímido.

– Eu quero te ouvir cantar, ChanYeol. – disse BaekHyun com um sorriso sonolento. ChanYeol riu desconcertado, antes de se aproximar do ouvido do menor, para começar a sussurrar a música que, repentinamente, veio à sua cabeça.

 

Never knew I could feel like this

Like I have never seen the sky before

I want to vanish inside your kiss

Every day I love you more and more

 

A voz de ChanYeol soava baixa e grossa. O garoto murmurava a música contra o ouvido do menor.

Listen to my heart, can you hear it sings?

telling me to give you everything

Seasons may change, winter to spring

But I love you until the end of time

 

ChanYeol pausou a música por alguns segundos, abraçando o menor para alcançar melhor seu ouvido, depositando um pequeno beijo em seu rosto antes de continuar.

 

Come what may

Come what may

I will love you...

 

ChanYeol se calou de repente, suspirando de forma triste.

– E-eu me esqueci. – sussurrou com a voz fraca. BaekHyun sabia que ele estava mentindo.

O menor puxou seu rosto e levou os lábios até o ouvido do maior, passando a acariciar seus cabelos assim como ChanYeol fizera consigo muitas vezes antes de cortar os fios.

Pela primeira vez, decidiu seria ele quem cuidaria de ChanYeol agora.

 

Suddenly the world seems such a perfect place

Suddenly it moves with such a perfect grace

Suddenly my life doesn't seem such a waste

It all revolves around you

 

BaekHyun deu continuidade à música, com sua voz bela e harmoniosa, que enchia os ouvidos de ChanYeol e este percebeu que era a primeira vez que ouvia BaekHyun cantar. BaekHyun tinha a voz mais bela que já tinha ouvido em toda a sua vida. Para ChanYeol, era a voz de um anjo.

 

And there's no mountain too high

No river too wide

Sing out this song and I'll be there by your side

Storm clouds may gather

And stars may collide

But I love you until the end of time

 

Come what may

Come what may

I will love you until my dying day

 

Uma lágrima silenciosa caiu dos olhos de BaekHyun ao mesmo tempo em que outra caía dos de ChanYeol. O menor se calou naquele momento. ChanYeol também nada falou. Queria dormir com a voz angelical de BaekHyun ecoando em sua cabeça e qualquer som arruinaria aquele pequeno fragmento de paraíso. BaekHyun se encolheu, afundando o rosto no peito do maior, puxando-o pela camisa para mais perto de si. BaekHyun acariciava os braços de ChanYeol em resposta. E em pouco tempo ambos dormiram abraçados, sem saber se seria a última vez que faziam aquilo.

ChanYeol dormiu cariciando seu pequeno motivo de viver.

E BaekHyun dormiu acariciando seu anjo guardião.


Notas Finais


Bem, esse final é a minha parte preferida de toda a história. Tinha pensado em várias músicas para esse momento, e depois de muito escolher decidi que essa música era a que melhor se encaixava. Ela descreve exatamente o amor dos dois, mais do que qualquer coisa no mundo. Para quem nunca ouviu e quer ouvi-la, pesquisem por Come What May, trilha sonora do filme Moulin Rouge!
Enfim, será que darão adeus a todos os problemas? Torçam pelo Baekhyun! Até sexta que vem, nos vemos no penúltimo capítulo!


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